Do Timor um blog do Publico.pt.
A marginal de Díli não está convenientemente arranjada mas, lá por isso, não deixa de ser bonita. Já não há muitos coqueiros mas, continua a haver os suficientes para que a praia junto das embaixadas mantenha o nome por que sempre foi conhecida, a Praia dos Coqueiros.
Lá mais ao pé do Palácio do Governo, defronte do Sporting e da Uma Fukun - a antiga Intendência do tempo português -, ainda se vêem os centenários gondoeiros a cujo sólido tronco se prendiam as amarras dos navios Índia, Timor e Niassa quando o porto de Díli ainda nem estava projectado. As carcaças enferrujadas dos navios do tempo dos japoneses dos quais eu, os meus irmãos e os nossos amigos demos uns quantos mergulhos quando éramos garotos e que jaziam à beira da praia, há muito foram removidas. As acácias vermelhas que embelezavam o jardim onde ainda hoje se vê o Monumento aos Descobrimentos Portugueses defronte do Palácio foram cortadas no tempo da ocupação indonésia e deixaram a praça mais nua, menos colorida.
De Lecidere à Praia dos Coqueiros, um bocado por toda a marginal, há hoje inúmeras bancas de venda de frutos, legumes, peixe. Apesar disso, é um passeio que se faz com prazer.
Mesmo quando vou ao centro de Díli com alguma pressa prefiro fazê-lo pela marginal, espraiar a vista pelo mar ora azul, ora esverdeado, pelas ilhas de Ataúro, Alor, Quissar, Lira, Veter que se erguem ao longe, cortando o horizonte… É muito mais agradável que a estrada interior!
Já me tinham falado dos incidentes no mercado que ocupa já uma rua inteira ao pé da Pertamina mas, aqui como em tudo na vida, persiste sempre o erro de que “essas coisas só acontecem aos outros.”
Esta tarde, ainda o sol não desaparecera por detrás de Alor, estava eu ainda deleitada com a paisagem, olhando em frente, guiando devagar, cuidadosamente, mal detendo um breve olhar nas bancas que se alinham junto à berma da estrada, quando, de repente, no passeio contrário vi um jovem empunhando um cano longo de ferro. Fixou o olhar ameaçador no meu jeep e avançou.
Não sei que me terá dado, mas talvez o susto me tenha levado a reagir mais depressa do que pensei ser capaz! Acelerei! Tinha os vidros fechados mas, mesmo assim, ainda me encolhi no assento, com medo da pancada.
O jovem rodeado de outros tantos aparentando não ter mais de 15, 16 anos, não foi suficiente lesto para me apanhar, bateu no ar e ficou-se num riso alvar, de quem nada mais sabe nem quer senão semear o terror, provavelmente ensaiando novo ataque a outro condutor tão absorto quanto eu!
Instantes depois, uns metros mais à frente, ainda me passou pela cabeça sair do carro e ir lá dizer-lhe umas verdades. Deve ter sido um instante muito breve, porque de imediato acordei e dei conta da asneira que estava quase a fazer…
Um bom bocado depois de dois copos de água, sentada na varanda da minha casa procurando a serenidade perdida, ainda eu sentia o coração a querer saltar-me do peito!
Maldita insegurança!
Angela Carrascalão Quinta-feira, Setembro 07, 2006
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sábado, setembro 09, 2006
Maldita insegurança!
Por Malai Azul 2 à(s) 12:54
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Traduções
Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
14 comentários:
D. Angela :
É muito bonito as saudades do passado, mas Timor-Leste de hoje não é o do passado. A senhora tem que ter mais cuidado nas ruas de Dili porque esses garotos não querem saber de nada nem de niguem. Basta ver o que tentataram fazer ontem a noite ao campo dos refugiados . Muito gostava de saber quem está por detrás desta trapalhada.
Era garoto ainda quando a praia dos coqueiros era famosa pelo seu ar paradisiaco, se e como a senhora diz então deve ter sido bonito. Ainda me lembro das acacias floridas no palacio das repartições e lamento que o tenham distruido. Era tão bonito especialmente aos domingos com a cerimonia da bandeira. Estava sempre cheia de gente e as arvores floridas... Os meus 12 anos eram suficientes para eu manter a minha linda da nossa terra. Tenho saudades da nossa terra como era e dos meus pais que mais de uma vez ja disse como foram mortos.
Obrigado pelo seu artigo
Maracuja ( com saudades da infancia cheia de acacias no palacio do governo)
É apesar de tudo, um gosto ler diariamente angela Carrascalão no blog do público.
Belo trabalho.
Parabéns e obrigado.
Caro Maracujá e outros amigos:
Também não gosto nada de ver o Palácio assim despido. Aquele jardim era de facto bonito e esses cantinhos verdes e floridos enchiam de orgulho os habitantes da cidade. Também gostava de ver as sentinelas timorenses em traje tradicional a "guardar" o Palácio, dando-lhe dignidade e um carácter local.
No 10 de Junho, a data servia de pretexto para uns dias de festa. No enorme terreno onde hoje se ergue o Parlamento Nacional fazia-se uma grande feira com barraquinhas de palapa em se mostrava o artesanato dos vários concelhos (actuais distritos). Outras barraquinhas tinham restaurantes improvisados, onde se podiam comer gostosos petiscos timorenses. No ar pairava um cheirinho a sassati. Havia ainda outras barraquinhas onde se vendiam rifas, que, com a colaboração dos comerciantes locais, ofereciam todo o tipo de bugigangas e cuja receita era colectada para fins de caridade. Havia sempre muita gente e muita animação. Dili era uma terra pequena e então na feira encontrava-se toda a gente conhecida: os parentes e amigos, mas também os indesejáveis. Mas como o recinto era grande, dava para passar ao largo...
Entristece-me muito as acácias que foram arrancadas um pouco por toda a cidade. Além de proporcionarem sombra, dão à cidade alguma cor e uma sensação de beleza e frescura.
Também nas casas do bairro do Farol os indonésios arrancaram todas as árvores (acácias, coqueiros, gondoeiros, etc.) e plantaram bananeiras em seu lugar. Esses quintais que eram cheios de sombra e bicharada agora são insuportavelmente quentes e inundados da crua luz do Sol timorense, inóspitos para humanos e bichos.
Alguns dos mais novos estarão certamente a pensar que nós somos saudosistas... não é isso. Gostamos de recordar o nosso querido Timor assim, bonito e tranquilo e gostávamos que assim continuasse a ser. Acho que Maracujá, a Ângela, etc, fazem bem em contar as suas memórias, para que sirvam de inspiração aos políticos de hoje e de amanhã.
Talvez assim Dili volte a ser bonita e tranquila, um dia.
pois, se tivesse a trabalhar nada disto lhe acontecia.
Peça responsabilidades aos seus familiares que estão por trás desta situação.
Isso nada tem a ver com familiares do cao ou do gato. Tem a ver com grande anarquia que vai no pais. As Acacieiras foram tiradas pelos indonesios porque acor era verda e vermelho- identico a bandeira lusa.
Quem podera estar por de traz disto tudo...pois pergunte ao Alkatiri e ao Lobato.... trataram de tudo como se Timor fosse so deles.
Ja disse uma vez que eu era da FRTLIN ate que discobri atraves das declaraçoes no CAVR c omo os meus pais foram mortos, e de maneira nenhuma posso apoiar um partido nem as pessoas que cometeram tal crime ( aos meus e a muitos outros so porque eram ou simpatizavam com outros parrtidos).
Fui levado para Portugal a partir de Atambua, era garoto e não tinh a noção do que se estava a passar....
E pare de deitar as culpas para A, B, e C.... o que nos queremos e o TL paraiso de então..
Maracuja ( Obrigado H Correira pelo seu comentario)
Isso nada tem a ver com familiares do cao ou do gato. Tem a ver com grande anarquia que vai no pais. As Acacieiras foram tiradas pelos indonesios porque acor era verda e vermelho- identico a bandeira lusa.
Quem podera estar por de traz disto tudo...pois pergunte ao Alkatiri e ao Lobato.... trataram de tudo como se Timor fosse so deles.
Ja disse uma vez que eu era da FRTLIN ate que discobri atraves das declaraçoes no CAVR c omo os meus pais foram mortos, e de maneira nenhuma posso apoiar um partido nem as pessoas que cometeram tal crime ( aos meus e a muitos outros so porque eram ou simpatizavam com outros parrtidos).
Fui levado para Portugal a partir de Atambua, era garoto e não tinh a noção do que se estava a passar....
E pare de deitar as culpas para A, B, e C.... o que nos queremos e o TL paraiso de então..
Maracuja ( Obrigado H Correira pelo seu comentario)
Anônimo das 10h25
Você deve de estar enganado. Não intressa atirar pó para os olhos dos timorenses. Nós desconfiamos quem é que sao os culpados. os familiares dela não tehem nada a ver com a situação. Também não precisa de pôr veneno a nós timorenses. A justiça se é certa ha de encontrar quem é que pôs a nossa terra nesta situação triste.
quem é que disse para você que a senhora não trabalha? Ou trabalhar tem de ser da fretilin no governo? para escrever senhor anónimo tem de saber a verdade completa. Se não fôr anônimo é mais melhor.
O comentário que eu já escrevi é para o anônimo das 10h25. Não é para Maracujá.
Minha família também foi morta no mato porque não concordavam com alguns frentes. Eu compreendo você, Maracujá. Por isso que eu quero justiça e verdade. E depois é que vem a reconciliação.
pergunta simples demais: as pessoas que escrevem aqui não gostam da Angêla Carrascalão, então porque o malai azul põe o que ela escreve neste blogg? era melhor não pôr.
Oh anónimo de 11:52:54 am , quem é que disse que nao gostamos da Angela Carrascalao? não foi quem mostrou aos trabalhadores da telecom os seus direitos eram iguais aos dos internacionais/ Não foi ela que deu a cara contra os engenheiros da ttelecom por tratarem mal os funcionarios nacionais? Não diga asneiras ela e a sua familia sãp timorenses de alma e coração e os irmãos todos trabalham com a excepção do senhor Manel que está muito mal da saude. Eu vi com os meus olhos eles a virarem a terra juntamene com os empregados.
Na verdade quem não gosta da Angela são os Frentes que não a conhecem, porque sim eles tem amigos da Frente embora nao conjugem as mesmas ideologia, amigos de longa data e que se mantem . Para de dzer que não gostamos dela , eu pessoalmente gosto dos seus artigos. Gostaria de a conhecer melhor. Conheço melhor a irmã da TV porque fizemos muito trabalhos em conjunto, é uma pesso extraordinária., pena não estar aqui em Timor agora.
Força D, Angela com os seus artigos ....fale sem ser tendenciosa e fale sempre só a verdade!
Maracuja ( tambem quero justiça primeiro so depois a reconciliação)
Forca D.Angela
Se tivessem mais a escrever com o seu estilo ajudavam mais Timor. Em contrapartida a quem usa este blog para vender o peixe podre e como nao tem argumentos tentam atacar a sua familia. Nao sei se sabem que a maioria dos estudantes formados devem as iniciativas do ENG.Mario Carrascalao. Ele aempre defendeu os Timorense quando foi Governador nao olhando a que partido pertenciam ate empregando muitos da Fretilin para cargos de responsabilidade. Quando dos conflitos de Alas ou 1999 nenhum foi refugiar se em caS DO Mari ou Luholo ou outro camarada foram sim a Casa do Katuas Manuel alias a cada dos Carrascaloes onde foram ninguem foi mandado embora. Todos os que la foram tiveram lugar comida e ate o filho do katuas Manuel morreu defendendo estes mesmos refugiados. Onde estavam os familiares do Mari? Na Indonesia assim como muitos camarada. Deviam [pensar duas vezes antes de atacarem mas nao pensam por que sao carneiros sem miolo por isso tocam a mesma musica do partido unico.
Forca Angela pois todo o Timorence com decencia gosta de ler o que escreves.
Aquiles Metebian( Primeiro Sargento da cavalaria de Atabai)
Sim Maracuja, concordo consigo. eu tambem conheço a mana da TVTL, é uma grande professional e ensinou muito os colegas dela com aquilo que aprendeu na Australia. Ela e uma pessoa muito simples e respeitadora dos colegas da TVTL. No tempo dela a televisao funcionava todos os dias e com muitos programas em tetum.Tenho alguns amigos que trabalham na TV e eles mesmo contaram que quando Faltava gasolio no gerador da TVTL e ela ia comprar com dinheiro dela para nao faltar noticias. Maracuja tem razao quando diz que a mana da TVTL é muito boa pessoa e eu acrescento mesmo profissional. Eu tambem li o artigos da D.Angela e e muito realista. Continia D.Angela que nos queremos ler.
Manecas de Araujo
Para o anonimo/a de 10:10:52PM eu compreendo o seu estado de alma quando escreve aqui as suas ideias e respeito-as, mas nao acha que eh rediculo pensar que os Timorenses perseguidos pela indonesia fossem refugiar-se em casa dos dirigentes da Fretilin a quem os indonesios combatiam? O Lu Olo estva no mato, na guerrilha e o Mari estava fora do pais como o Ramos Horta, o Luis Guterres, o Moises Amaral, o Cancio Noronha e muitos outros.
Logico, que o Timorense nao eh parvo nem estupido, quando perseguido vai a procura de refugio justamente junto dos amigos dos indonesios ocupantes que na altura governavam e se governavam a custa de todos!! Havia durante a ocupacao algum lugar mais seguro que a casa do bapa gobernur e dos seus?
gosto ler diariamente angela Carrascalão no blog do público.
Belo trabalho.
Se todos os habitantes de Timor tivessem o mesmo previlégio, não tenho duvidas que a actual situação em Timor seria melhor.
parabéns e obrigado.
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