Lisboa, 04 Jul (Lusa) - Mari Alkatiri garantiu hoje que não utilizará a imunidade parlamentar para se "esquivar à justiça", salientando que quer ser ou vido rapidamente sobre a alegada distribuição de armas a civis em Timor-Leste para provar a sua inocência.
"Quero provar a minha inocência logo na primeira audiência. Não me vou esquivar à justiça, escudando-me no estatuto de parlamentar", disse Alkatiri, contactado telefonicamente pela Lusa.
"Para depor não preciso de levantar a imunidade que o estatuto parlamentar me confere", sublinhou o ex-primeiro-ministro e líder da FRETILIN.
Sobre a data da sua audição no âmbito do processo, que chegou a estar marcada para sexta-feira passada, Mari Alkatiri disse que está a acertar a questã o com o seu advogado, José António Barreiros.
Contactado hoje pela Lusa, José António Barreiros disse que aguarda a marcação do interrogatório a Mari Alkatiri para viajar para Timor-Leste.
"Estou a aguardar que seja marcado o interrogatório para agendar a minha viagem", afirmou o advogado português.
Confrontado com esta declaração do seu advogado, Mari Alkatiri admitiu haver "um erro de comunicação".
"O advogado tem a sua agenda sobrecarregada, tem que dizer quando está disponível. Os advogados deste nível não estão sempre disponíveis. Já se acertou praticamente um período possível, não quero para já avançar pormenores. Estamos a acertar as coisas", referiu.
"Assim que tiver o meu advogado em Díli, estarei pronto para depor e eu próprio solicitarei autorização ao parlamento para me deixar depor", acrescentou.
No mesmo dia em que apresentou a sua demissão do cargo de primeiro-mini stro, 26 de Junho, Alkatiri foi notificado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de Timor-Leste para prestar declarações no âmbito do caso da distribuição de armas a civis que envolve o seu ex-ministro do Interior Rogério Lobato, actua lmente em prisão domiciliária.
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Mari Alkatiri explicou que a sua audição nada tem a ver com um projecto de resolução apresentado segunda-feira, no Parlamento, por deputados da FRETILIN, em que se defende a reestruturação da PGR.
O texto, que não chegou a ser votado hoje por falta de quórum, foi considerado controverso por alguns deputados por entrar em áreas de competência da P GR, que responde constitucionalmente perante o Presidente da República, e por poder hipotecar a independência do Ministério Público perante os restantes órgãos de soberania.
Para Alkatiri, "a resolução nada tem a ver com qualquer tentativa de influenciar ou condicionar a Procuradoria-Geral da República" e "pretende evitar a penas problemas futuros".
"É pura e simplesmente uma chamada de atenção para que eventuais ilegalidades não sejam posteriormente questionadas. Se o mandato do procurador expirou , é bom que resolvam a questão para que não se possa no futuro argumentar com ilegalidades", sublinhou.
Segundo Mari Alkatiri, o mandato do procurador-geral "expirou no ano pa ssado e devia ter sido renovado, mas não foi".
"Há que o renovar ou nomear substituto", frisou.
Alkatiri admitiu ainda que a sua situação em relação ao processo "tem suscitado demasiadas interpretações".
"Cada um interpreta o que se passa como quer. Uns dizem que quero fugir da justiça, outros que querem afectar a minha imagem no período eleitoral. Não estou preocupado com as interpretações, quero apenas provar a minha inocência", afirmou.
Sobre o seu regresso formal ao Parlamento, Alkatiri disse preferir que aconteça apenas depois da audição com o procurador.
"Estou a pensar se devo ir antes ou só depois de depor no tribunal. Prefiro ir apenas depois, mas tenho que escrever ao parlamento a pedir autorização para a minha ausência antes da primeira audiência com o procurador", disse.
Questionado sobre se aceitaria uma eventual acareação com o ex-ministro do Interior, que confirmou a distribuição de armas ao grupo de Railos, Alkatiri foi peremptório: "Não tenho medo de ninguém, e ninguém é ninguém mesmo".
Relativamente ao seu sucessor na chefia do governo timorense, o ex-prim eiro-ministro afirmou que espera que o nome seja definido "ainda esta semana", considerando que "o país não pode viver esta incerteza por mais tempo".
"Pessoalmente, não apoio ninguém. Apoiarei o que o partido apoiar", acrescentou.
ASP/MDR/EL/PNG.
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quarta-feira, julho 05, 2006
Alkatiri garante não usar imunidade para se "esquivar à justiça"
Por Malai Azul 2 à(s) 01:17
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Traduções
Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
8 comentários:
"Assim que tiver o meu advogado em Dili, estarei pronto para depor e eu proprio solicitarei autorizacao ao parlamento para me deixar depor", acrescentou."
Espero que nao se venha revelar como uma repeticao do episodio sobre a sua demissao. Estava entao pronto para se resignar mas ouvida a CCF nao aceitaram a sua demissao. Pede para depor mas o Parlamento rejeita o seu pedido. Espero que nao...
E apesar de no dia 25/06 o Comité Central da Fretilin não ter aceite a sua demissão, veja lá que no dia 26 ele teve a dignidade de fazer a declaração onde às tantas diz: (...) "Declaro: Pronto a resignar-me do meu cargo de Primeiro-Ministro e do Governo da RDTL para evitar eventual resignação do Presidente da República (...)".
a CCF nao aceitou que se demitisse, mas mesmo assim o fez... portanto esteja up to date com as suas informacoes... e faco minhas as palavras de mau seran...
Para que e que foi entao aquela palhacada toda de submeter-se a CCF. Para dizer que nao podia resignar-se porque a CCF nao aceitou? Estava a espera que o PR retirasse a sua possivel demissao depois de a CCF fazer a decisao que fez? Foi isso mesmo! Mas nao resultou.
Nao senhores!! demitiu-se porque apercebeu-se que o PR nao estava em brincadeiras de crianca e porque estava a ver os seu proprio executivo a desmoronar-se com as demissoes em cadeia dos seus proprios minitros e Sec. de Estado. Se me disserem isso ainda aceito.
O Alkatiri ou mesmo voces so podem enganar-se a si proprios porque nao enganam a ninguem.
E estavam mais a prepararem-se para fazer o mesmo.
E estavam mais na bicha da resignacao...
Mas quer queiram quer não queiram o Comité Central da Fretilin apoiou o seu Secretário-geral, deu-lhe um voto de confiança e quem está a enrolar desde o dia 25 e já lá vão dez longos dias é o PR que até teve de mandar vir novamente o Vasconcelos porque não sabe como descalçar a bota! Parece portanto que com a apresentação da possibilidade de resignação do PM nas circunstâncias em que ele o fez, o PR ficou sem saber o que fazer...
Nao queriam que DR Vanconcelos continuasse a assessorar o PR porque ele dava pareceres que mexia com interesses de alguns. Nao queriam renovar o contrato, mandaram-no embora e agora chamam-no de novo para por fim aos atropelos. Obrigado por ter aceite Doutor!
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