segunda-feira, setembro 22, 2008

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11 de Fevereiro: O QUE SABE RAMOS HORTA QUE NÃO DIZ?

Por TIBÉRIO LAHANE - Publicado em inglês no TLN news in english

José Ramos Horta, Presidente de Timor-Leste, declarou aos jornalistas, no final da tarde de ontem, quinta-feira, que não é verdade que na área da sua residência tenham ocorrido as execuções de Reinado e de Leopoldino em 11 de Fevereiro, falta saber em que se baseia para fazer tais declarações, que contrariam aquilo que publicamente é conhecido e que consta no relatório da autopsia.

O Presidente afirmou aos jornalistas que Reinado ia para matá-lo e que não tinha sido executado mas sim morto à distância em troca de tiros com os militares que lhe faziam a segurança na sua casa.
Para o Presidente Ramos Horta, segundo suas palavras “ninguém disparou para Reinado a um ou dois metros de distância, nem ele foi detido antes de ser abatido”.

É caso para perguntar o que faz o Presidente ter estas certezas, como sabe quais os propósitos de Alfredo Reinado, porque razão os militares que ele diz estarem no perímetro residencial a protegê-lo não o protegeram na realidade e que terá ele a dizer sobre Leopoldino Exposto, também foi abatido numa troca de tiros? À distância?
Como pode o Presidente ter tantas certezas sobre o que não viu? Serão certezas ou uma enorme labuta para consolidar em “verdade oficial” uma enorme mentira?
Se assim é, o que faz o Presidente Ramos Horta mentir tão empenhadamente? O que sabia sobre a ida de Reinado a sua casa? O que correu mal?

Em Dili corre uma versão, a que sempre resisti dar crédito, de que o PR Ramos Horta havia acordado através de emissários um encontro na sua residência com Alfredo Reinado, com o propósito de ser apresentada a rendição de Reinado e dos seus homens, mas que Reinado deixou na retaguarda Salsinha e uns quantos dos homens que o acompanhavam para lhe assegurarem escapatória no caso de concluir que era uma armadilha…

Se resistir a dar crédito a esta possibilidade dos “mistérios” de 11 de Fevereiro era para muitos lógico, está a deixar de o ser, ao comprovarmos o empenho de Ramos Horta em testemunhar e afirmar sobre acontecimentos em que estava ausente. Aliás, o PR tem sido propenso a encontrar erradamente culpados. Acusou Marcelo Caetano de ter disparado contra ele… mas dali por uns tempos desdisse-se e ilibou Marcelo, acusando um outro… que parece não saber quem é.

Também acusou Angelita Pires com bastante energia. Mas, entretanto, tudo indicia que a montanha pariu um rato e a energia do Presidente esmoreceu nesta acusação. Pifou. Na “vertente indonésia”, que empenhadamente publicitou, também tudo esmoreceu e foi energicamente desmentido pelos seus congéneres do lá de lá da fronteira. A “vertente indonésia” também pifou.

Assim sendo, aquilo que se tem constatado é que o PR Ramos Horta vem desde há muito fazendo afirmações extemporâneas que acabam por não ser comprovadas, antes pelo contrário. Vão sendo desmentidas. Porque as faz? O que pretende ao gerar estas confusões? Contribuir para esclarecer não será certamente.

São este tipo de incongruências que desbastam a credibilidade de José Ramos Horta, nestes e noutros aspectos, para além de aparentar saber mais sobre a vinda do grupo de Alfredo Reinado a Díli do que aquilo que declara. O que eventualmente Ramos Horta não entende são os motivos porque em 11 de Fevereiro acabou por ficar às portas da morte. Talvez que a sua displicência e à-vontade dos seus seguranças em avançar para o local do tiroteio naquele dia explique que algo sabia e que afinal o pior já tinha passado, não prevendo que houvesse quem contra ele disparasse. Não estava no seu “programa”.

Evidentemente que por agora tudo isto não passam de especulações, mas não restam dúvidas que acabam por explicar as razões por que o PR anda desde sempre a apontar para pistas irrealistas e a fazer declarações de fé apesar de não ter testemunhado as circunstâncias das ocorrências.
Afinal, o que sabe Ramos Horta, sobre a descida de Reinado a Díli, que não nos diz? E quem é que o tentou abater? Se não foi Marcelo Caetano quem terá sido? A que distância dispararam contra ele? Essas balas pertencem a que arma? Quem a usava? Quem ordenou que o abatessem?

Perguntas e mais perguntas. Perguntas a que as verdades oficiais que estão a tentar impingir-nos não dão respostas aceitáveis. E o relatório? O Presidente já dispõe do relatório sobre o que se passou? Certamente que os atrasos terão a ver com os mais de quatro mil casos de cadáveres desenterrados de vez em quando, fruto da animalesca sanha assassina das polícias e exército indonésio… que o PR declara não ter importância na actualidade.

Se o Nobel de Desculpabilizador de Criminosos fosse instituído por certo que o nosso PR era um forte candidato. Foram assassinados trezentos mil… mas isso não interessa nada. A sua retórica sobre o assunto todos nós conhecemos, o que não conhecemos é aquilo que poderá saber Ramos Horta sobre o 11 de Fevereiro… que não diz.

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Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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