quinta-feira, maio 10, 2007

Eu não te prendo se votares em mim...

Deputado Leandro Isaac vota em Ramos-Horta

Díli, 09 Mai (Lusa) - O deputado independente Leandro Isaac votou hoje no sul do país, escolhendo o candidato José Ramos-Horta na segunda volta das eleições presidenciais em Timor-Leste, admitindo que foi graças ao primeiro-ministro que conseguiu exercer o seu direito de voto.
Em declarações à Agência Lusa, por telefone, o deputado que está ausente de Díli desde que se juntou ao militar fugitivo Alfredo Reinado, no final de Fevereiro, em Same, no sudoeste do país, já fala em "grande alegria pela vitória da pessoa" que escolheu, considerando que Ramos-Horta já é o Presidente eleito.

Leandro Isaac admitiu mesmo que conseguiu votar "graças à pessoa de Ramos-Horta, no seguimento de um contacto a 18 de Abril".

Leandro Isaac votou em Alas, "uma das assembleias de voto mais remotas do país, propositadamente porque há lá um grupo de radicais da Fretilin", explicou, rindo, informando também que, "em Alas, há 600 votantes".

Fernando "Lasama" de Araújo, o terceiro candidato mais votado nas eleições de 09 de Abril e que agora apoia Ramos-Horta, ganhou em Alas na primeira volta.

"Cheguei tarde, cerca das 11:00. Fui bem recebido e os radicais foram-se embora. Não tiveram coragem para fazer nada", explicou Leandro Isaac.

"Como é possível alguém de tão longe vir votar aqui, perguntaram algumas pessoas. Quando cheguei à estação de voto, ficaram um bocadinho espantados. Mas direito é direito", afirmou.

O deputado não põe em dúvida a vitória do primeiro-ministro na segunda volta das presidenciais timorenses e justifica o seu entusiasmo dizendo que "quem luta é para ganhar".

Quanto a Alfredo Reinado, "não votou", adiantou Isaac Monteiro.

O deputado tem vivido algures nas montanhas de Manufahi desde que as Forças de Estabilização Internacionais (ISF) tentaram capturar o grupo de Alfredo Reinado em Same, na madrugada de 03 para 04 de Março.

Nos dias do cerco em Same e nas semanas depois do ataque, Leandro Isaac dirigiu palavras muito violentas contra o primeiro-ministro, chamando a José Ramos-Horta o "Prémio Nobel da Guerra".

A zanga com o candidato está resolvida, disse hoje Leandro Isaac, revelando que falou há dois dias com o primeiro-ministro por telefone, depois de ter estado pessoalmente com José Ramos-Horta num comício em Suai, na fronteira sudoeste, dia 03 de Maio.

"Eu considero herói não quem morre no campo de batalha mas quem reconhece um erro e pede desculpa", declarou Leandro Isaac à Lusa.

"Já anteontem lhe dei os parabéns pela vitória nas eleições de hoje", contou o deputado. "Vai vencer com 80 por cento dos votos".

Sobre o caso de Alfredo Reinado e dos peticionários das forças armadas, Leandro Isaac insiste que a via da negociação mediada pela Igreja católica é a única saída.

"Não queremos a intervenção do Estado e muito menos do Governo", sublinhou o deputado.

Se for eleito e falhar aos "contratos eleitorais" com os cinco candidatos que o apoiaram na segunda volta, José Ramos-Horta "terá outros peticionários".

"A luta continua" se as promessas não forem respeitadas, ameaçou Leandro Isaac, sem nunca colocar a vitória de Ramos-Horta no condicional.

O deputado salienta que "tudo podia ter sido resolvido na primeira volta, não fosse o egoísmo e o orgulho" dos timorenses. "A vitória de 'Lu Olo' serviu de lição e espero que os líderes tenham aprendido com o passado", concluiu.

PRM/JCS-Lusa/Fim

3 comentários:

Anónimo disse...

HeHeHe!
Para quem disse que sería o homem mais feliz e que faría uma festa caso perdesse as eleições... fez uma campanha de angariação e compra de votos dos diabos, sr.RH.
Sim, só pode ter sido mesmo dos diabos, porque os Deuses não entram em tanto esquema sujo.
Costuma-se dizer que "em terra de cego, quem tem olho é rei" ou "o diabo aproxima-se vestido de pele de cordeiro".
Enfim, cada um tem o que merece. Quem sabe o Karma do povo timorense e de Timor não é ser dominado pelos interesses de outros?! Só Deus sabe.
Apesar de tudo, desejo muitas felicidades para Timor e para o seu povo.
MP

Anónimo disse...

Ambos os concorrentes fizeram uma guerra de angariação de votos. Principalmente com acusações.
Acusações de intimidação da Fretilin. Acusações de imagens de compra de votos - imagens que nunca ninguém viu. Acusações de destabilização da ordem pública. Acusações de ideias vazias. Acusações de ideologias marxistas. Um extenso rol de acusações.
Mas já todos sabiam que RH é um político. Lu-Olo é um combatente.
RH utilizou marketing político para obter mais votos, através de imagens religiosas, de irreais promessas populares, de reputados contactos internacionais.
Lu-Olo utilizou o seu estatuto de membro do povo, de membro activo da Fretilin, de promessas nacionalistas pragmáticas.
E o povo escolheu. Sem margem para dúvidas.
Aposto que Lu-Olo conseguiu cativar uma classe mais jovem. RH cativou 82%.
Esperemos que, após as legislativas, Fretilin-governo e RH-presidente se entendam para bem do país.

Anónimo disse...

Se o Mané não viu as imagens foi porque aí em TL não exigiram que os media as mostrassem porque eu em Portugal vi-as e houve quem a ouvisse essa denúncia na rádio, inclusive um antigo MNE que disse deu testemunho como por aqui se relatou.
E uma coisa são as acusações bacocas e à toa do Horta, outra muito diferente são as denúncias fundamentadas da Fretilin, não só da compra de votos pelo Horta, como das intimidações e violências contra os seus apoiantes. Meter tudo no mesmo saco genericamente como faz não é correcto. E não se iluda com a propaganda pois RH nem 70% cativou, não há como aguardar os números finais.
E não deixo de sorrir ao constatar como afinal também você fala com toda a naturalidade: “Esperemos que, após as legislativas, Fretilin-governo e RH-presidente se entendam para bem do país.”

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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