quarta-feira, dezembro 06, 2006

Público
5.12.2006

O presidente da comissão parlamentar portuguesa dos Negócios Estrangeiros, que é o antigo ministro social-democrata José Luís Arnaut, defendeu ontem em Díli que a actual situação conturbada em Timor-Leste “poderá ser ultrapassada com as próximas eleições, a realizar em 2007”, noticiou a Lusa.

A visita que está a ser efectuada à capital timorense por um grupo de cinco deputados portugueses coincide com mais um surto de violência e ainda ontem à noite se notavam helicópteros a sobrevoar a zona do aeroporto do Díli, depois de mais confrontos violentos entre grupos rivais, conforme foi dito ao PÚBLICO num contacto telefónico estabelecido com o território.

“Toda a gente quer sossego. Estamos cansados”, sintetizou Ângela Carrascalão, dirigente regional da União Democrática Timorense (UDT), presidida por seu irmão João. Mas ressalvou que o problema é muito mais na capital do que “na montanha”, pois que no resto do país se consegue andar em relativa segurança, sem as constantes refregas citadinas, que muitas vezes envolvem grupos rivais de praticantes de artes marciais, como ainda segunda-feira aconteceu no bairro de Taibesse.

Bandos de jovens armados com pistolas, barras de metal e flechas têm-se digladiado em várias zonas de Díli, por vezes com cenas de autêntica selvajaria.

Maria Gonçalves, de 42 anos, contou ao jornal The West Australian, de Perth, que o seu irmão Eugino, de 27 anos, morrera no início desta semana depois de lhe terem cortado as orelhas e a língua, “como a um animal”.

Perante uma situação destas, um cidadão que assina Malai Azul defendia ontem no site Timor Online que as eleições sejem marcadas o mais cedo possível, de preferência para o mês de Maio. Tanto as presidenciais como as legislativas. Seis anos depois das primeiras, que tiveram uma afluência de 93 por cento da população com capacidade eleitoral.

A verdade, porém, como disse ao PÚBLICO Ângela Carrascalão, é que a generalidade da população não anda muito preocupada com o mês em que será a ida às urnas nem com os possíveis candidatos. Antes falando de temas como a violência quotidiana, “o comércio e consumo de droga e a corrupção”, fenómenos bem visíveis na capital timorense.

Jorge Heitor

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1 comentário:

Anónimo disse...

O depoimento de Angela Carrascalão é extremamente preocupante. O combate a corrupção passa pela transparência administrativa, pela ação do Estado em coibi-la e pela determinção política do governo Ramos-Horta. Neste "passo" caminham para o abismo.
Alfredo
Brasil

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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