quinta-feira, outubro 26, 2006

Relatório ONU talvez beneficiasse de mais investigação - Provedor

Lisboa, 25 Out (Lusa) - O Provedor de Direitos Humanos e Justiça de Timor-Leste considerou hoje que o relatório da Comissão de Inquérito da ONU sobre a crise no país "é bem feito e imparcial", mas talvez beneficiasse de uma investigação mais demorada.

"O relatório foi muito bem feito, é independente e imparcial, mas talvez o tempo de investigação não tenha sido suficiente para um bom resultado", afirmou Sebastião Ximenes à Agência Lusa.

"Para ter um bom resultado é necessário um tempo mais alargado, três me ses não é suficiente", considerou, adiantando que a instituição que dirige tomou a iniciativa de também investigar os acontecimentos de Abril e Maio em Timor-Leste, mas que não está "ansioso" por apresentar resultados.

Sebastião Ximenes está em Portugal desde o início da semana, a convite da Provedoria de Justiça portuguesa, para estudar formas de cooperação entre as duas instituições.

Segundo o relatório da comissão da ONU, liderada pelo brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, a violência ocorrida em Timor-Leste em Abril e Maio provocou mais de três dezenas de mortos.

Apesar da presença de forças policiais e militares internacionais no país, têm-se registado confrontos entre grupos rivais, sobretudo em Díli, e desde 15 de Outubro, foram mortos cinco timorenses, incluindo um em incidentes ocorrid os hoje.

A comissão recomendou a abertura de processos judiciais contra vários intervenientes na crise, incluindo dois ex-ministros e o comandante das forças armadas timorenses, e uma investigação adicional para apurar eventuais responsabil idades criminais do ex-primeiro-ministro Mari Alkatiri na distribuição de armas a civis.

Sobre a investigação da crise em Timor-Leste, que provocou ainda cerca de 180.000 deslocados, o Provedor de Justiça timorense disse que já foi recolhida informação das vítimas e testemunhas, faltando agora os dados das autoridades do país.

"Não queremos dar um prazo [para apresentar os resultados]. Queremos que seja um relatório bem feito e completo", afirmou.

Sobre os incidentes em Díli iniciados na tarde de terça-feira e que já provocaram duas mortes e levaram ao encerramento do aeroporto, Sebastião Ximenes comentou que a provedoria "apenas pode recomendar ao governo que ponha segurança nos bairros, que crie segurança para os cidadãos timorenses, sobretudo para os que ainda estão nos campos de refugiados".

Segundo o responsável timorense, os incidentes devem-se "a rivalidades entre grupos muitas vezes desconhecidos e também aquele sentimento de regionalismo, que ainda continua, da parte leste e da parte oeste" de Timor-Leste.

Sebastião Ximenes tomou posse das suas funções em Junho de 2005, mas os primeiros nove meses da instituição foram dedicados à criação da estrutura inicial, recrutamento e formação de funcionários e elaboração do plano de acção e orçamental.

Desde Março de 2006, altura em que "abriu as portas ao público", até agora, a Provedoria "recebeu quase uma centena de queixas, a maioria sobre a violação dos direitos humanos e, destas, a maior parte contesta a actuação da polícia contra os cidadãos", declarou.

Além dos direitos humanos, a Provedoria de Direitos Humanos e Justiça d e Timor-Leste tem "mandatos relativos à boa governação e ao combate contra a corrupção", explicou.

As referidas queixas sobre violação dos direitos humanos estão a ser investigadas, mas os acontecimentos de Abril e Maio no país e a investigação sobre eles tem impedido um trabalho mais célere, disse Sebastião Ximenes, justificand o a ausência de conclusões até ao momento.

Classificando de "trabalho duro" a tarefa da Provedoria, Sebastião Xime nes explicou tratar-se de uma instituição nova que muitos ainda não conhecem, mesmo ao nível das autoridades.

Obstáculos são ainda a existência de apenas três investigadores e de veículos em mau estado que não permitem deslocações aos distritos, além da burocracia, disse.

Também lamentou o facto de não ser a Provedoria a gerir o seu orçamento e deste não ser aprovado pelo Parlamento, à semelhança do que acontece em Portugal.

"Seria mais eficaz" e "garante de maior independência", afirmou.

Na visita a Portugal, depois de contactos com os homólogos indonésio, neozelandês e malaio, Sebastião Ximenes espera "aprender", mas também conseguir que o Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento (IPAD), que financiou a viagem, "possa dar mais apoio ao nível de pessoal técnico".

"Precisamos de mais assessores legais", disse, adiantando contar já com um português na instituição.

"Esta é uma visita de muita importância, com muito proveito para a nossa parte", salientou.

Até sexta-feira, quando termina a visita, Sebastião Ximenes, que está a companhado de um dos seus dois adjuntos, Amândio de Sá Benevides, tem ainda previstos encontros com responsáveis do Departamento de Relações Internacionais do Ministério da Justiça e da Polícia Judiciária, neste caso relacionados com os crimes financeiros e o combate à corrupção.

PAL-Lusa/Fim

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7 comentários:

Anónimo disse...

Aqui está mais um exemplo de cooperação onde o governo português fazia bem em apostar. Com gente de qualidade, não com mandaretes políticos.

Anónimo disse...

Quem e gente de qualidade. O Sebastao???? Para quem nao conhece o Sebastiao....hahahaha...

Anónimo disse...

Os 14 ou 16 que iam defender o Mari nao querem la ficar para dar uma ajudajinha?

Anónimo disse...

16 ou 160 ou 1600 dos melhores advogados de Portugal irao ficar surpreendidos quando o eleitorado Timorense der uma grande licao ao Mari Alkatiri.

Anónimo disse...

Ainda nao perceberam que o Horta so quer primeiro ministro por mais uns meses? Depois querera ser Presidente da Republica, ja que compreendeu finalmente que Sec Geral da ONU nao e fruta para os seus dentes.
Enquanto PM ja vendeu a marginal ao seu amigo e socio Wayne Thomas. Outro socio constroi pistas de patinagem em frente ao palacio ao preco de seiscentos mil dolares. Outro ainda vai instalar um enorme supermercado. O Erick Hotung de HongKong, o tal nomeado Embaixador Itinerante de Timor-Leste, vende prais de Timor para construcao de resorts.Cobrando uma ninharia por cada um destes empreendimentos,ja amealhou uma boa maquia. E dizem que ele cobra bem. Depois de cair tambem a percentagem do Kweit, ja o Mari pode ser novamente PM. E por isso e que ele se vai encostando ao ex-PM que apunhalou pelas costas, e do TMR que clasificou de nao professional. Sera que estes sao tao parvos que vao cair na esparrela? Se assim for, e porque sao todos iguais. Venha o diabo e escolha.

Anónimo disse...

Primeiro, por alegadas "razões técnicas" a TV de Timor-Leste ficou off e não passou em directo a Conferência de Imprensa do Brigadeiro-General das F-FDTL. Vinte e quatro horas depois o Timor-Online, que denunciou tão estranha avaria, bloqueou. Quem é que está a amordaçar a liberdade de expressão em Timor-Leste?

Anónimo disse...

o margarida nao seja tao idiota e pare de insistir nas avarias da tvtl. ve-se mesmo que voce nao e' timorense, e nunca esteve em timor e por isso mesmo nao conhece patavina do pais incluindo o servico da tvtl.

Pergunte a qualquer timorense que SABE e vera que falhas tecnicas da tvtl sempre foram o pao nosso de cada dia. Sem os querer minimizar mas devo dizer que ainda tem longos anos de formacao a sua frente. A maior frustracao e' nao podermos mudar de canal se nao tivermos uma antena parabolica.
Se fizessemos caso dessas falhas tecnicas ha muito que nos teriamos transformado em melgas como voce. Ate porque nos tempos em que o Mari ainda reinava supremo as falhas tecnicas aconteciam tambem nas alturas mais coincidentes.

Pare com essa paranoia! Ta bom?

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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