Público - 25 Outubro 2006
O Relatório da Comissão Especial Independente de Inquérito para Timor-Leste das Nações Unidas, recentemente divulgado, contém um aspecto que não tem merecido a atenção dos meios de comunicação e que me parece ser significativo e interessante para o público português. É um pequeno parágrafo que constitui um enorme ataque às opções constitucionais de Timor-Leste, com recomendações que exigiriam alterações à legislação, quando em todo o resto do relatório as análises e as recomendações são feitas em função do rigoroso cumprimento da lei em vigor.
Trata-se, afinal, de mais um ataque à opção pelo português que faz eco de tantos outros publicados na imprensa australiana e em diversos relatórios de organizações ditas independentes.
No parágrafo 204, e em relação às alegadas dificuldades de contratação de juristas, diz o relatório: “A Comissão ouviu da parte de inúmeros interlocutores que o processo de recrutamento de pessoal internacional ora em curso é limitado desnecessariamente por requisitos que se prendem com o domínio de línguas (...) A Comissão nota que o requisito segundo o qual os candidatos devem dominar fluentemente a língua portuguesa constitui um factor de constrangimento. Dever-se-á examinar a possibilidade de se ser flexível em relação a este requisito.”
Seria interessante saber quem são os “inúmeros interlocutores” da Comissão e saber o que pensam as autoridades timorenses sobre esta “flexibilização” e sobre a possibilidade de ter magistrados em funções nos tribunais nacionais que não falam nenhuma das línguas oficiais. Será que consideram que isso poderia contribuir para melhorar a Justiça? (…)
A Comissão também não deve ignorar que todos os contratos internacionais das Nações Unidas e das suas agências (PNUD, etc...) exigem o domínio da língua inglesa. Por que razão é obrigatório o conhecimento de inglês na contratação de juristas para um país lusófono? Não será este um constrangimento desnecessário? (…)
Isabel Feijó
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quinta-feira, outubro 26, 2006
Cartas ao Director: A língua portuguesa em Timor-Leste
Por Malai Azul 2 à(s) 01:56
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Traduções
Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
6 comentários:
Claro que nao. Mas que fazem os nossos governantes?! Nao dizem nada, nem se importam saber dessas irrelgularidades!
Quanto e que devia ser, isto e, todo o juiz estrangeiro a trabalhar em Timor deve falar fluentemente o Portugues ou o Tetum!... Mas aos cangarus deve-se exigir so o Portugues.
Nao me digam que vao exigir aos juizes portugueses a serem proximamente contratados o dominio do Ingles!...
Proponho trazerem de volta esta Sra. Feijo!!!!!! Faz falta!!!
Primeiro, por alegadas "razões técnicas" a TV de Timor-Leste ficou off e não passou em directo a Conferência de Imprensa do Brigadeiro-General das F-FDTL. Vinte e quatro horas depois o Timor-Online, que denunciou tão estranha avaria, bloqueou. Quem é que está a amordaçar a liberdade de expressão em Timor-Leste?
Sim concordo que a Senhor Feijo regresse pois e competente e ja deu provas de dedicacao!...
Pena eh que pessoas como ela ficam ca pouco tempo e ha sempre alguem que lhes faca gueera, as aborreca e elas sacodem as sandalias e saem amaldicoando a terra.
Enfim!...
Estou totalmente de acordo com a Drª Isabel Feijó.
Para quem não sabe, a Drª Isabel fez um trabalho sério e honesto, com total dedicação e cumprindo integralmente os objectivos traçados com assinalável êxito. Mais não fez porque não teve tempo, mas este factor dependia de terceiros.
É com exemplos destes que se dignifica Portugal e Timor-Leste, mostrando que a maior parte dos cidadãos portugueses que trabalham nesse nosso querido país são guiados pelo cumprimento do dever e pela vontade de contribuir, com a sua modesta quota-parte, para o desenvolvimento de TL. Assim o queira o Governo timorense.
Depois desta imprescindível introdução, falemos do tema tratado no texto: realmente é estranho que uma comissão de inquérito cujo objecto eram acontecimentos de determinados dias de Abril e Maio de 2006 se pronuncie sobre questões como os critérios que levam o Estado timorense a nomear magistrados, indo mesmo ao ponto de "recomendar" alterações que violam a Constituição (talvez por isso o inquérito tenha demorado tanto tempo a sair...)
Igualmente estranho é o facto de um prestigiado magistrado brasileiro, membro dessa comissão de inquérito, tenha subscrito tais "recomendações".
Lamentavelmente, este grave excesso de zelo da comissão de inquérito passou completamente despercebido à imprensa portuguesa.
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