segunda-feira, agosto 28, 2006

A Austrália atrasa a missão da ONU

Tradução da Margarida.

Vannessa Hearman

Organizações de solidariedade nos USA e em Timor-Leste têm acusado o governo Australiano de atrasar a extensão e expansão da missão da ONU em Timor-Leste, em particular o destacamento de tropas de manutenção da paz sob o comando da ONU. Em 18 de Agosto o Conselho de Segurança da ONU, dividido sobre a questão, estendeu a missão somente até 25 de Agosto.

De acordo com a ONG Timorense La’o Hamutuk numa carta para “amigos Australianos” a pedir-lhes para pressionarem o governo de Howard sobre a questão: “A Austrália é o obstáculo principal recusando o “capacete azul” aos vossos soldados.”

A Austrália recusou pôr-se sob o comando duma estrutura unificada da ONU, preferindo em vez disso apoiar-se num acordo bilateral com o governo Timorense. Correntemente, existem acordos bilaterais entre todos os países envolvidos na Combined Task Force e o governo Timorense. A Combined Task Force consiste nas tropas Neo-zelandezas, Portuguesas, Malaias e Australianas, destacadas especificamente para lidar com a explosão de violência em Maio.

Numa carta de 22 de Agosto para os funcionários da ONU, mais tarde publicada no website da La’o Hamutuk, o antigo conselheiro da ONU em Timor-Leste James Dunn escreveu que não há “razão boa” para as tropas Australianas não ficarem sob comando da ONU. Argumentou: “É importante que a presença internacional não seja configurada de modo a diminuir o estatuto de Timor-Leste como um Estado independente. A proposta Australiana já levantou sugestões que a nova nação se torne um Estado cliente, um Estado cujo futuro depende do apoio de Canberra.”

Em 25 de Agosto, o Conselho de Segurança da ONU concordou em criar a Missão Integrada da ONU em Timor-Leste (UNMIT), compreendendo cerca de 1600 oficiais de polícia e cerca de 35 pessoal militar de ligação. As tropas lideradas pelos Australianos manter-se-ao no local e a situação será avaliada pelo Secretário-Geral da ONU Kofi Annan em 25 de Outubro.

A postura da Austrália é apoiada pela Grã-Bretanha e USA, enquanto que Portugal e o Brasil apoiam fortemente um comando da ONU. A posição dos USA está em linha com o intento de Washington de assinar acordos de imunidade bilaterais com vários países, incluindo Timor-Leste, para isentar as forças dos USA de processos no Tribunal Criminal Internacional. Em 23 de Agosto de 2002, o Ministro dos Estrangeiros de Timor-Leste José Ramos Horta (agora primeiro-ministro interino) assinou um acordo bilateral com os USA isentando “funcionários governamentais e nacionais” dos USA das condições do Tribunal Criminal Internacional.

Entretanto, o descontentamento com o comportamento das Forças de Defesa Australiana cresce em Dili. La’o Hamutuk argumenta que “a actuação dos soldados Australianos em Timor-Leste tem sido errática no melhor. Muitas vezes relacionam-se pobremente com os locais, não compreendem o contexto social e político, e são ineficazes em deter ou prevenir a violência.” Entre a ADF, “deficiências no treino, nas atitudes e no comando são evidentes quase todos os dias” e a boa vontade para com a ADF “é cada vez menor”.

Houve dois ataques contra a polícia Australiana em Dili em 21 e 22 de Agosto, incluindo a destruição dos seus veículos de patrulhamento. Um trabalhador humanitário Australiano em Dili disse ao Green Left Weekly que “estes ataques representam uma mudança. Pela primeira vez, a polícia Australiana está a ser visada. Há uma opinião que alguns dos polícias estão a apoiar lados particulares, o que provavelmente levou a esta mudança.”

Trabalhadores de ONG’s expatriados relatam tácticas de mão pesada das tropas Australianas contra todos os locais, estejam armados ou não. Gangs de homens armados continuam a aterrorizar os que se abrigam em campos de deslocados. Continuam os fogos postos e os ataques violentos.

O orçamento de 14 de Agosto aprovado pelo parlamento de Timor-Leste prevê o dobro dos gastos na defesa. Os gastos com a polícia aumentarão por 250, com polícia extra a ser destacada em reservas de contra-insurgência e em unidades anti-motim. No geral aumentam as despesas dirigidas às eleições gerais de 2007.

De Green Left Weekly, Agosto 30, 2006.
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3 comentários:

Anónimo disse...

Australia, hare fila ona la iha tan razaun atu o hela iha nee......,,,,,estado federal ida hanesan o nee,,....o keta ukun fali ami..Ok..

Xanana,...mak hakarak o hela nafatin iha nee karik???????
MOeeee...laiha

Anónimo disse...

Hei likrauk boote!
Oh moe laiha. Se imi la nunguranga,
ba servico, la toba hia be udi laran, australia la iha razaun atu hela nee.GNR bele ba fila ona sei lai malai atama gelo iha fatin nebe loron se nakukun.

Anónimo disse...

Oh Malae
Diak liu oh hakerek ho oh nia lian rasik. Oh nia tetum fo'er liu sentina kuak.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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