Carlos Correia Santos
Imaginem um tempo sem luz. Um tempo de escuridão total. Breu eterno e por todos os lados. Assim estava o mundo. As trevas tinham tomado conta da terra. Uma interminável noite se arrastava pelos segundos, pelos minutos e pelas horas. O responsável por isso? Um menino!... Sim, um garoto que, por mera traquinagem, havia decidido apagar a luminosidade da vida. Pode até parecer absurdo... Pode até parecer loucura...
Mas Hélio tinha roubado o sol do céu. É verdade. Hélio roubou o sol do céu e o escondeu dentro de seu armário. A razão? Ele queria o Astro-Rei só para si. Não queria que mais ninguém o visse. Não. Não queria que mais ninguém sentisse seu calor. A força e magia solar seriam só suas. Só suas. Sozinho, Hélio ria e ria de sua façanha quando ouviu alguém bater a sua porta. Foi atender e deparou-se com uma estranha situação: uma mulher. À porta de sua casa havia uma mulher pálida como papel. Toda vestida de prateado. Uma dama que chorava e chorava. “Por favor, ajude-me”, foi pedindo ela.
O rapaz não soube como reagir. Acabou murmurando: “Mas ajudar em que? Ajudar como?”. Soluçando muito, a outra respondeu: “Meu amado... Quando essa escuridão toda começou, meu amado desapareceu... Por favor, ajude-me a encontrá-lo” O jovem ficou confuso. Imediatamente, pensou: o que tinha a ver com aquilo? Não tinha nada a ver com aquilo!... Ia fechar a porta com desinteresse e falta de tato, mas a senhora insistiu: “Ele trazia calor para tudo em volta... Ele enchia a existência de energia e cores... Era ele quem fazia as flores ficarem mais bonitas para mim... Era ele quem fazia meu horizonte ficar mais azul”.
Hélio começou a ficar tenso. Não era possível... Será que aquela mulher estava falando...? A dama prosseguiu: “Sem ele, o mundo vai morrer, entendes? Sem ele tudo vai secar. O amor se alimenta da luz que ele irradia... Sem amor não há vida... Por favor, ajude-me...”. Nosso pequeno amigo ficou comovido. Por fim, decidiu tomar a visitante pela mão e levou-a para o seu quarto. Lá chegando, tratou de abrir o armário para deixar o sol sair. A dama e o Astro-Rei primeiro se olharam com profunda emoção. Depois se abraçaram e foi como se todo planeta tremesse. Choraram estrelas. Muitas estrelas. O sol, agradecido, falou para o menino: “Obrigado por atender ao pedido de minha amada... No final das contas, foi bom isso tudo ter acontecido. Raramente podemos nos encontrar. O arrependimento transforma em luz qualquer ação ruim. Graças ao teu arrependimento... eu e minha amada Lua tivemos a chance de nos vermos de perto. Obrigado”.
Assim, de mãos dadas, o Sol e Lua saíram da casa de Hélio e caminharam lentamente para o firmamento. O curso natural das coisas se restabeleceu. Os dias e as noites voltaram a se alternar. Tudo no mundo recuperou sua beleza. O peito de Hélio passou a brilhar. E nunca mais se apagou.
*Carlos Correia Santos é poeta, contista e dramaturgo, autor selecionado no Edital Curta Criança do Ministério da Cultura e premiado pela Funarte na categoria teatro infanto-juvenil. Contatos: carloscorreia.santos@gmail.com / contista@amazon.com.br
segunda-feira, outubro 20, 2008
O MENINO QUE ROUBOU O SOL
Por Malai Azul 2 à(s) 20:03
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Traduções
Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
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