segunda-feira, agosto 18, 2008

É TUDO UMA QUESTÃO DE APRENDERMOS

In Blog Timor Lorosae Nação:

Segunda-feira, 18 de Agosto de 2008
É TUDO UMA QUESTÃO DE APRENDERMOS
Por KLAUDIO BEREK

ABENÇOADO TIMORENSE EMIGRADO

Os comentários, a face oculta dos blogues que se abre com um clique e nos pode mostrar uma vastidão de opiniões sobre o artigo correspondente ou divagações que às vezes nos conseguem baralhar ou até indispor.

Mas os comentários também podem trazer-nos muita coisa boa, principalmente quando são postados por gente honesta, simples, objectiva, que fazem lembrar a quase totalidade dos timorenses de há mais de um quarto de século.
É o caso do exemplo que se segue, assinado por um timorense emigrado em Inglaterra, que sacrificou o seu “canudo” de um curso universitário para ganhar para si e para a família em Timor e assim proporcionar uma melhor instrução e educação aos seus irmãos na longínqua Pátria. Um sacrifício que gostaríamos imenso de saber que foi compensado. Uma opção de alguém muito grande em tudo, mas principalmente nos laços consanguíneos e no patriotismo.

Um timorense garboso e exemplar.

TIMORENSE EMIGRADO - comentário na mensagem "O ARROZ E O CIRCO EM TIMOR-LESTE ":



Sou um dos timorenses enviados para Portugal para estudar. Em Portugal aprendi a falar e a escrever em português.

Ao fim de três anos o meu português já estava em condições de me servir dele para tirar um curso superior, mas, em vez disso vim para a Inglaterra atrás dos meus conterrâneos porque a bolsa que o governo me dava não era suficiente para fazer uma vida normal de estudante.

O trabalho aqui é duro mas ganho bom dinheiro, que dá para mim e para mandar para os meus familiares que ficaram em Timor-Leste.
Os meus irmãos estão a estudar com o dinheiro que lhes mando mensalmente. Eles vão poder ser futuros líderes do meu país.

Não estou a adquirir grandes conhecimentos mas quero voltar para a minha terra e ser alguém lá.

Através deste "blog" sei que há uma grande discussão sobre quem é melhor, o Governo da FRETILIN ou o Governo da AMP.

Estou muito confuso, por isso eu peço aos entendidos que escrevem neste blog para me dizerem qual é a diferença verdadeira entre esses dois governos.Podem fazer-me esse favor? Eu agradeço do coração. - Timorense Emigrado

QUEM AGRADECE SOMOS NÓS

“Podem fazer-me esse favor? Eu agradeço do coração.”
Somos nós, TLN, que temos de agradecer do fundo dos nossos corações pela franqueza e pela postura deste nosso querido amigo. Agradecemos ainda pela forma como nos sensibilizou com a sua presença tão humana em prosa tão curta num simples comentário.
Muito obrigado por ser como é.

Quanto ao favor que nos pede afirmamos, sem favor, que não sabemos dar-lhe a resposta correcta de modo tão taxativo, como parece pretender.

Pergunta-nos “qual é a diferença verdadeira entre esses dois governos” – Fretilin e AMP.

Sabemos as diferenças, na nossa óptica, mas não sabemos tudo sobre as diferenças, ninguém sabe, nem os próprios intervenientes.

As diferenças visíveis entre a Fretilin e a AMP são abissais porque um é um partido representante de determinado número de timorenses, um partido político histórico - que como todos os partidos históricos tem tido altos e baixos - e a AMP que é quase nada, que tanto quanto parece nem existe legalmente, mas que sabemos ser uma agremiação de partidos políticos que se associaram para com os resultados dos seus votos superarem em número o partido timorense mais votado, formando assim uma maioria parlamentar que proporciona suporte ao governo dito da AMP mas que no fundo é mais um governo de Xanana Gusmão e de flutuantes acordos de conveniência nada transparentes e que algumas vezes acusam de serem inconvenientes para os interesses do país.

Estranhamente, para nós, ao contrário daquilo que se passa em países democráticos – onde o partido mais votado é quem governa, como é o caso de Inglaterra – em Timor-Leste o partido mais votado encontra-se na oposição e Timor-Leste é governado por representantes de partidos que obtiveram percentagens muito menores, minorias.

Minorias essas que, qual manta de retalhos, todas juntas superam em número de votos e de deputados a opositora Fretilin.

Em nossa opinião é um exercício de democracia inconcebível, principalmente porque não se apresentou ao eleitorado como AMP, nem sequer a ventilar essa possibilidade. Fica sempre a pergunta que não terá resposta: o que aconteceria se a AMP fosse legal e apresentada à votação nas eleições legislativas passadas?

As circunstâncias de Timor-Leste logo após a independência e actualmente são completamente diferentes. Não existem paralelos que nos permitam comparar e avaliar com fiabilidade as actuações de um e outro governo.
Actualmente, aquilo que nos é proporcionado saber é que Xanana Gusmão partiu para a corrida a primeiro-ministro através de um acto anti-democrático, com destruição, mortos e deslocados à mistura, e que desde 2006 nos tem trazido de surpresa desagradável em surpresa desagradável.

Ao responsável-mor do governo da AMP foi-lhe retirada a definição de herói e muitas outras lhe foram já dadas de forma negativa: golpista, traidor, etc. Ao seu governo e à sua pessoa, enquanto primeiro-ministro, vão sendo colados rótulos de corrupção como o caso do “negócio do arroz” – negócio realmente muito suspeito e com todos os contornos de corrupção.

Suspeito é, também, para muitos, em Timor-Leste e noutros países, sobre o 11 de Fevereiro e a morte de Alfredo Reinado – que agora se sabe ter sido executado – aventando-se ainda a possibilidade de o seu atentado em Balibar ter sido forjado e não mais representar que um “golpe de teatro”, para não referir suspeições no atentado ao presidente Ramos Horta.
Por favor, com estas evidências e tantas suspeitas quem é que quer um primeiro-ministro de um governo arquitectado sobre pressão… ou chantagem.

Repare-se que quando se fala em AMP, governo AMP, vai-se direitinho a Xanana, portanto quase se pode dizer que a AMP não existe, ou melhor, aparenta existir para dar cobertura e suporte a Xanana Gusmão e à sua democracia mascarada, da qual José Ramos Horta é cúmplice, presumivelmente chantageado.

A Fretilin será melhor, governaria melhor?

Na política, como em muitas outras circunstâncias, não podemos meter as mãos no fogo. Nem pensar nisso.

Aquilo que se pode concluir é que, comparativamente, a Fretilin, ou Mari Alkatiri, seu eleito responsável máximo, não derrubaram governo com golpe de Estado, nem com violência, mortos e desalojados às centenas de milhares.

Na anterior governação da Fretilin, limitada como estava, foi mostrado o inequívoco exercício da defesa da independência do país face aos interesses sobre o Mar de Timor e de outros mais que foram negociados. Aliás, o seu derrube, o derrube daquele governo legítimo, teve por objectivo facilitar aos interesses económicos estrangeiros apoderarem-se de Timor-Leste. Xanana Gusmão é quem acusam de lhes “abrir a porta”. Tudo indica que é isso que temos visto e continuaremos ver… se continuar no cargo de primeiro-ministro e super-ministro dos petróleos e da defesa – tem Timor nas mãos.

A Fretilin é melhor?

Pelo menos não fez tanta “nojeira política” em tão pouco tempo e herdou um país destruído, sem infraestruturas. Aliás, foi derrubada inconstitucionalmente, pela força, pela chantagem política e de perda de vidas, de casas e pequenos negócios, entre outras malfeitorias que aterrorizaram as populações e que estão sempre na ordem do dia como ameaça latente, como se viu há poucos dias na chantagem usada por Xanana para que o Presidente da República assinasse a aprovação de um orçamento composto por parte de um Orçamento Rectificativo deslumbrante que o Tribunal de Recurso deve decidir da sua inconstitucionalidade ou não e que está relacionado com o “negócio do arroz” em que estão envolvidas personalidades que aos timorenses merecem sérias reservas, mas que são do circulo de amizades do primeiro-ministro.

Foi uma resposta longa que não desejo que influencie quem quer que seja sem que antes constate sobre a veracidade dos argumentos, porque é assim que os interpreto.

Esta exposição teve um mérito para mim. Acabei por entender bem melhor porque combato a governação de Xanana Gusmão e os seus métodos de se livrar dos opositores.

Ver sobre esta perspectiva, para mim, é muito mais importante do que neste momento analisar a anterior governação Fretilin, ou fazer vatícinios, porque as actuais circunstâncias são extremamente diferentes.

Como disse: na política não se deve pôr as mãos no fogo… e muito menos em Timor-Leste.

Ao Timorense Emigrante fico muito grato, desejando tudo que de melhor houver para ele e para os seus familiares, fique ou não de acordo com aquilo que opino e exponho com sinceridade e tolerância pelos que comigo discordam e possam contribuir para um melhor esclarecimento, democraticamente.

É tudo uma questão de aprendermos.

2 comentários:

Anónimo disse...

Muito bem o seu ponto de vista!

Afinal Xanana está a falhar!

Anónimo disse...

O Timorense emigrado simboliza todos os timorenses sem pretensoes politicas querendo qpenas ter uma vida decente. Mas o malae Azul ja nao sei qual e a sua intencao. Noto um certo tom de amargura em relacao ao Governo da AMP. Por um lado diz que na politica nao se deve por as maos no fogo mas por outro lado ja esta com a s maos no fogo.Estou muito admirada porque nos, as pessoas simples so queremos o bem estar da nossa terra e dos nossos conterraneos.Nao queremos mais confusoes sobre quem e melhor quem e pior, como se Timor estivesse debaixo de dois individuos:Alkatiri e Xanana. Sera 'wise to suggest", basta desta geracao corrupta! E tempo de instalar homens e mulheres da nova geracao, limpa e honesta que se interessa pelo povo e nada mais. Porque se nao, andamos no ciclo vicioso.Amigos de Xanana dizem que Xanana e bom e Alkatiri e ruim; amigos doAlkatiri, dizem que Alkatiri e bom e Xanana e ruim. Enquanto andam nisso, quem sofre e o Ze povinho como dizem la dos lados de Portugal. Entendeu?

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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