sábado, setembro 23, 2006

Afastada possibilidade de manifestação contra PM Ramos-Horta

Díli, 22 Set (Lusa) - A realização de uma manifestação contra o governo de Timor-Leste foi hoje afastada pelo secretário-geral da Frente Nacional para a Justiça e Paz (FNJP), após um encontro de mais de duas horas com o primeiro-ministro timorense.

Em declarações à Agência Lusa no final do encontro, Vital dos Santos salientou que o primeiro-ministro José Ramos-Horta concordou com três das quatro exigências colocadas pela FNJP, pelo que a possibilidade de uma manifestação anti-governamental foi considerada "mais afastada".

A manifestação chegou a estar anunciada para quarta-feira passada, quando se completou o prazo de uma semana concedido pela FNJP para uma resposta do executivo às suas reivindicações.

A FNJP é liderada por Alves Tara, um dos majores que abandonaram a cadeia de comando das forças armadas timorenses em Maio, na sequência da crise político-institucional que levou à demissão de Mari Alkatiri, secretário-geral da FRE TILIN, do cargo de primeiro-ministro.

Em cima da mesa estavam quatro exigências: remodelação do governo, reestruturação do sistema judicial, realização de eleições legislativas e presidenciais e organização dos dois escrutínios por uma entidade independente.

"Três das quatro exigências tiveram a concordância do primeiro-ministro . Somente a nossa proposta de remodelação não avançou. O chefe do governo salientou que lidera um governo da FRETILIN e que ele, como independente, não tem força para fazer a remodelação", salientou Vital dos Santos.

"Ele disse-nos que como se trata de um governo da FRETILIN, terá de consultar primeiro o Comité Central da FRETILIN", acrescentou, sem se comprometer com reacções a eventuais recusas do partido em aceitar alterações no elenco gover nativo.

A FRETILIN foi o partido mais votado nas eleições gerais de 2001, com 5 7,37 por cento dos votos expressos.

Vital dos Santos, que estava acompanhado de mais cinco dirigentes da FNJP, entre os quais o major Alves Tara, adiantou que relativamente às restantes exigências, José Ramos-Horta concordou com a futura criação de um Painel Especial, que terá a incumbência de julgar os autores morais e materiais da violência registada em Abril e Maio, e cujos responsáveis serão identificados no relatório a elaborar pela Comissão de Inquérito Independente da ONU.

Esta comissão, liderada pelo brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, deverá entregar a 07 de Outubro, à Comissão dos Direitos Humanos da ONU e ao Parlamento Nacional de Timor-Leste um relatório com as conclusões das investigações que efectuou, e em que serão apontados os culpados da violência ocorrida no início da crise político-militar em Timor-Leste.

Quanto à realização das eleições em 2007, cabe ao Parlamento Nacional aprovar a indispensável legislação eleitoral, tendo ficado expresso no encontro de hoje que os escrutínios serão organizados pelas Nações Unidas.

José Ramos-Horta, por seu lado, salientou que o encontro com a FNJP dec orreu de forma "muito positiva".

"Tivemos um diálogo muito franco e aberto, com muitas críticas que apre sentaram. Aceitei-as completamente", disse.

Referindo-se ao encontro que o major Alves Tara teve quarta-feira com o comandante das forças armadas timorenses, brigadeiro-general Taur Matan Ruak, Ramos-Horta saudou a sua realização e disse que o coordenador da FNJP "vai facilitar o diálogo com outros militares, como [o major] Alfredo [Reinado] e o [tenente Gastão] Salsinha".

"O grupo está a ter um papel construtivo", acrescentou Ramos-Horta.

O tenente Gastão Salsinha é o porta-voz do grupo de cerca de 600 elementos das forças armadas que abandonaram em Fevereiro passado os quartéis em protesto contra alegados actos discriminatórios por parte dos seus comandantes.

O major Alfredo Reinado, que também abandonou a cadeia de comando das forças armadas em Maio, em protesto contra a intervenção do exército em acções de reposição da ordem pública, atribuídas à Polícia Nacional, foi depois um dos protagonistas da exigência de demissão de Mari Alkatiri do cargo de primeiro-ministro, que viria a ocorrer em Junho, no qual foi substituído por José Ramos-Horta.

Alfredo Reinado encontra-se a monte desde 30 de Agosto, depois de ter fugido da cadeia de Díli, onde se encontrava detido por posse ilegal de armas.

EL-Lusa/Fim

13 comentários:

Anónimo disse...

"O grupo está a ter um papel construtivo", acrescentou Ramos-Horta.

Parabéns, Sr PM e Ministro da Defesa por ter 'transformado' um grupo liderado por um oficial desertor em grupo que está a ter um papel construtivo...que tal então o respeito pela legalidade? Pode o desertor que esteve atrás de tanta violência, continuar a circular livremente e 'ter agora um papel constructivo' ???
Ai Horta que não faz horta...mas que também ajudou a criar 'coelhos' no MNEC!!!

Anónimo disse...

Folgo em ver que as exigências iniciais da "Justiça e Paz" (ex: dissolução ou limitação dos poderes do PN, demissão do Governo)foram trocadas por outras bem mais inofensivas, que aliás já estavam determinadas, como a organização das eleiçoes pela ONU. Assim, não foi nada difícil a concordância de Ramos Horta.

Resta saber o que é isso de "Painel Especial" para "julgar os autores morais e materiais da violência registada em Abril e Maio", sabendo que só os tribunais têm poderes para julgar cidadãos.

Quanto ao resto, nada de novo. A exigência de "demissão" do Governo definhou e foi transformada em mera "remodelação". Mas a remodelação que a "Justiça e Paz" deveria fazer urgentemente é a da sua própria "associação", como agora se intitula.

Queria fazer uma chamada de atenção ao amigo Lobão, para deixar de usar essa expressão "abandonou a cadeia de comando das forças armadas". Reinado é simplesmente um desertor e a única cadeia que ele abandonou foi a de Becora

Anónimo disse...

"Quanto à realização das eleições em 2007, cabe ao Parlamento Nacional aprovar a indispensável legislação eleitoral, tendo ficado expresso no encontro de hoje que os escrutínios serão organizados pelas Nações Unidas."

Aqui está uma excelente notícia para Timor e para os timorenses.

Alguma garantia de que não haverá a mescambelhice que a FRETILIN nos habituou, e retira a possibilidade de alguém vir a dizer que os resultados foram manipulados..

Anónimo disse...

Sobre as ÚNICAS eleições até à data organizadas pelo Governo, disse o PR Gusmão no discurso na Conferência de Dadores em 4 Abril 2006, em Dili,: (…) “As eleições para líderes comunitários realizaram-se recentemente num ambiente cívico recomendável, revelando a maturidade política do nosso povo e a capacidade organizadora do Governo.“ (…)

http://siteresources.worldbank.org/INTTIMORLESTE/Resources/President_speech_TLDPM_English.pdf#search=%22speech%20presidente%20gusm%C3%A3o%20april%202006%22

PS: há de facto xananistas para papistas que o Xanana.

Anónimo disse...

maturidade politica do povo sim porque nao houve confusoes de maior no seio da populacao. Capacidade de organizacao logoistica do governo sim porque conduziu a eleicao sozinho. Agora dizer que nao houve trafulhice eh outra coisa!
Porque haveria o PR de levantar questoes dessas numa reuniao de doadores?? Se o fizesse entao certamente o criticariam por estar a atacar o governo e numa ocasiao inapropriada.
Agora que houve trafulhice isso houve e o PR sabia muito bem disso apesar de ter decidido nao ser oportuno realcar os aspectos menos positivos das eleicoes nesse encontro. Por isso margarida pare de mencionar esse discurso porque voce nao pega noutra coisa desde a altura em que estava de "ferias" que ja la vao uns bons meses.
So uma pergunta. A margarida dorme?? Pergunto isso porque aparentemente ja nao esta de "ferias" mas ainda comtinua a fazer traducoes de tal volume que so pode significar perda de sono. Das duas uma. Ou voce ainda esta de "ferias" ou nao dorme o que explica tantas bacoradas que diz aqui neste blog.

Anónimo disse...

Nem um facto desmentido, nem um argumento contrariado, mas sempre as mesmíssimas proclamações anti-fretilin, a habitual falsificação das opiniões alheias e o usual insulto pessoal.

É assim que "trabalha" a oposição em Timor.

Anónimo disse...

Quanto mais tempo passa, mais admiração tenho por Taur Matan Ruak. Foi um herói durante a luta contra a ocupação indonésia e está a agir de novo como um herói depois da independência. Ele soube manter o sentido do dever, o respeito pela lei e pelos supremos interesses da Pátria. Obrigado meu General!

AL

Anónimo disse...

Se Xanana, fosse para a convenção de doadores dizer que as eleições tinham sido mescambelhadas, caía o carmo e a trindade porque não estava a ser patriota e a pôr em causa recursos necessários ao desenvolvimento.
Porque disse o que disse, sem nunca mencionar que tinham sido livres e justas, já concluem que o foram.

Ele só disse que não tinha havido violência e que o governo realmente tinha organizado tudo sozinho. Repito, não disse que tinham sido livres e justas.

Nem podia.

Anónimo disse...

Se dissesse levava tau-tau dos aussies e dos yankies, não era? E é por isso que as eleições deixaram de ser livres e justas? Enxergue-se!

Anónimo disse...

Balun2 kala stress le noticias ne'e.....tamba ninia sentido halai liu ba interese povu nia duke oartido FETILIN be sira adora ba....


Hey kalian yg punya nacionalisme sempit....selama 24 th TNI di Timor Leste ...satu hal yg selalu mereka ajarkan....GENERASI BANGSA HARUS SELALU MEMENTINGKAN KEPENTINGAN NASIONAL/NEGARA DIATAS KEPENTIGAN PRIBADI ATAU PARTAI....

nah loe...kantradiksi di RDTL adalah semua orang diajar utk menyembah PARTAI FRETILIN melebihi negara ini....

tengoklah ke blakang (selama BIN LADEN ALKATERI berkuasa)....perayaan ulang tahun sejarah negara tidaklah penting....tapi ulang tahun partai....wow festa loron hitu kalan hitu........

menunjukkan betapa orang2 FRETILIN punya nacionalisme sEmpIT.....

semua hrs adora FRETILIN.........

weaaaaaah kacian dech eloe....


Grupo sira be mai husi liur mak iha mentalidade ne'e....kuidado povu Timor....sira mai atu estraga...

Anónimo disse...

"Se dissesse levava tau-tau dos aussies e dos yankies, não era?"

Nada disso. Se dissesse que tinham sido livres e justas, estaria a mentir.

Anónimo disse...

E não apresentou queixa aos tribunais? Esquisito, não é, até dada a sua proximidade com o Procurador-Geral.

Portanto, não tendo havido queixas, óbviamente que as eleições foram justas e livres. Aliás o Japonês estava por aí e também ele nada piou em desabono.

Anónimo disse...

Queixar-se a quem? Se o macaco é que tomava conta das bananas?

é como a do empresário que se queixou ao Ministro que o Director Geral lhe extorquia dinheiro.
O Ministro respondeu: "Eu sei, fui eu que mandei".

E agora? Queixa-se a quem? Quantas queixas destas estão paradas nos tribunais de Timor?

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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