Diário de Notícias - Quinta, 12 de Outubro de 2006
Mari Alkatiri
Tive acesso ainda hoje ao relatório publicado em nome do ICG. Digo em nome porque a sua autora simplesmente fez uso do nome de uma instituição credível para fazer passar uma mensagem claramente pouco objectiva, trazendo uma retrospectiva histórica rica de imprecisões. A autora esconde-se na credibilidade da ICG para dar opiniões e recomendações com base em interpretações pessoais de pretensos factos, de rumores e boatos e não de factos comprovados através de uma investigação séria e objectiva.
Para ser credível, a autora deste relatório deveria ter tido o interesse de entrevistar todos aqueles cujos nomes foram mencionados. Como eu, mais outros Líderes visados neste trabalho não foram considerados no rol das audiências da “investigadora” de rua que a autora revelou ser.
Por outro lado, a autora do relatório analisa factos sem o mínimo de objectividade . Vou referir-me só a alguns.
Quando afirma que a razão porque Roque Rodrigues partilhou durante anos a mesma residência que Taur Matan Ruak foi para, ao serviço do PM Alkatiri, influenciar o Brigadeiro General e, entenda-se, como consequência, as Forças de Defesa, parte já de uma base preconceituosa sem o minimo sentido de busca de verdade. Não tendo encontrado mais nada, a autora junta pedrinhas soltas procurando construir castelos no vazio e daí avançar com um quadro rico em labirintos de conspirações ao velho estilo de romances policiais da grande Agatha. Contudo, porque tratamos com pessoas reais, em última análise, a autora invade a privacidade das pessoas e, sendo defensor ou defensora dos direitos individuais, acaba por violar os direitos mais elementares dos cidadãos Roque Rodrigues e Taur Matan Ruak e suas respectivas famílias. Em última análise, ao tentar compreender tudo num quadro conspirativo ao velho estilo de histórias policiais, acaba por cair no ridículo de viciar todo o relatório.
Ainda sobre este assunto, o mais grave é que a senhora Sidney Jones teve uma entrevista com o General Taur Matan Ruak. Se quisesse ser objectiva na busca da verdade dos factos, deveria ter, ao menos, questionado o General sobre o facto de estar a partilhar a residência com Roque Rodrigues, as origens desta escolha e da amizade entre ambos. Preferiu não fazê-lo de modo a poder dar rédeas largas à sua imaginação fértil de “tramas” e de “conspirações”, enriquecidas, cada dia, por rumores e boatos nas ruas de Dili. Mergulhada no clima de rumores, boatos e difamações, a senhora Sydney Jones preferiu basear toda a sua informação nos mesmos e, sem o mínimo de escrúpulos, acaba por ofender pessoas honestas e de bem.
No tocante à FRETILIN e o seu Congresso, também a senhora retira conclusões sem nunca se ter preocupado em falar com os principais actores do processo. Fê-lo, certamente, com base em opiniões de pessoas hostis à organização. Deveria ter tido maior respeito pelos cerca de seiscentos delegados ao Congresso e procurar ouvir dezenas deles para saber da verdade. Quando atribui toda a mudança das regras de jogo a mim, acaba por aceitar como verdadeiro a maior mentira de sempre propalada pelos meus opositores. Se quisesse ser mais objectiva, também aqui teria procurado o Presidente ou o Secretário Geral da FRETILIN para obter a sua versão dos factos. Mas, esperar isso da Senhora Sydney Jones talvez seja demais já que tudo indica que o objectivo do relatório nunca foi a busca da verdade.
Quando alude que o conflito tem as suas raízes nas contradições entre o Comité Central da FRETILIN e Xanana Gusmão que já datam dos anos oitenta, a autora mais uma vez demonstra superficialidade no tratamento de uma questão tão importante na vida do país. Certamente a autora desconhece que, se problemas houve nos anos oitenta, nunca foram entre Xanana Gusmão e Mari Alkatiri. Houve entre nós diferenças na abordagem de alguns assuntos. Mas conflito, nos anos oitenta, certamente que não houve. Ver tudo pelo prisma de conflito entre Xanana e Mari para justificar a crise é ter uma visão reducionista, diria mesmo, tendenciosa e intelectualmente desonesta da realidade timorense. Pois, outros actores, cada um com o seu peso, internos e externos, contribuíram para conduzir Timor-Leste para a situação em que se encontra.
A senhora Sydney Jones olha o mundo como se ele fosse palco de velhos filmes de “Cow Boy” onde o herói individual actua sózinho e decide criar as suas forças sem ter que se sujeitar às decisões de nenhuma instituição. Quando fala da Polícia, da criação de unidades especiais a atribui isso ao Ministro do Interior, mais uma vez mostra o seu desconhecimento da história da criação destas Unidades e do funcionamento das instituições em Timor-Leste. Tirando a URP (Unidade da Reserva da Polícia) que nasceu como resposta aos ataques sangrentos de homens armados às zonas de Hatolia, Atsabe e Atabae em Janeiro e Fevereiro 2003 (recorde-se que até Maio 2004 as Nações Unidas ainda eram responsáveis pela Defesa e Segurança Interna em Timor-Leste) todas as outras unidades foram criadas pela UNTAET. Por outro lado, a autora ignora certamente que as unidades especiais sempre se subordinaram ao Comando Geral da PNTL. Foi a opção que fizemos de modo a conservar a unicidade de Comando. Até nisso, a recomendação que faz é, no mínimo, extemporânea.
Não julgo ser necessário continuar a esforçar-me mais para demonstrar que o relatório da Senhora Sydney Jones carece de objectividade e de honestidade intelectual. Parte de posições preconceituosas. O que lamento é o facto da mesma ter utilizado o nome de uma instituição normalmente credível para fazer passar uma mensagem que em nada ajuda a defender a credibilidade da ICG. Sinceramente, lamento imenso.
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quinta-feira, outubro 12, 2006
“Resolving Timor-Leste´s Crisis” - Uma Resposta Breve de Mari Alkatiri
Por Malai Azul 2 à(s) 19:30
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Traduções
Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
7 comentários:
Ha duas verdades. Uma a da maioria e outra a da minoria liderada pelo Dr. Alkatiri. Em Timor a verdade em que todos tinham que acreditar era a do Dr.Alkatiri. Hoje, sem esse senhor no poder para ameacar todos que nao concordam com ele, a maioria silencioisa deixou de ter medo de falar. Sidney Jones, deve ser democrata, por isso seguiu a maioria silenciosa de outrora e adoptou a sua verdade, depois de ter verificado que essa e que e a verdadeira verdade. Esta tudo certo, Senhor Dr. Alkatiri. As vezes, temos que saber perder. Agora ja ninguem tem medo do papao Alkatiri. E tempo de mudar. Nao ha ninguem insubstituivel nem ninguem imaculado. Dr. Alkatiri tem que se conformar com a realidade porque a partir de agora e um homem do povo como nos e vai ter que engolir muitos sapos. Oxala esses sapos nao sejam os sapos interfert porque estes envenenam. Valeu?
Gasolina Estado
A única maioria silenciosa que existe é a que sofre, nos campos de refugiados por exemplo.
E essa maioria vai votar na FRETILIN e no Mari.
Depois das eleicoes falamos, valeu?
Ah1... Agora percebo porque razao Alkatiri nunca quis resolver o problema dos deslocados nem nunca os visitou. Acha que eles ainda vao votar no homem que os desprezou?... Tenho duvidas. Isto e puro divisionismo. Divide para reinar. Hoje ja chove. Os acampamentos ficaram alagados. Mari agarra-se a barriga e diz: Aguenta nafatin depois vota ba hau.
Ah!... Surpreende-me tanta coragem!... O ódio nunca foi bom conselheiro. Acho que o relatório é, de facto, um trabalho sério. Na realidade censurar alguém por assumir esta ou aquela atitude, esta ou aquela medida sem ouvir o sujeito que as tomou é, no mínimo, caricato. Um trabalho responsável implica ouvir as instituições e os sujeitos envolvidos.
Seriedade e independência é o mínimo que se deve pedir num caso destes. E isso não advém só de se ser ou não democrata. E nem sempre a verdade da maioria é a verdade, de facto. Por isso, é irrelevante a maioria para definir o que é verdade. E, provavelmente, neste caso, é mesmo irrelevante; se é que de "maioria" se trata. É pena que alguns em Timor se deixassem envolver por interesses alheios.
Vamos ver se a comissão de inquérito patrocinada pela ONU vai ter a coragem e ser isenta em relação a todos os intervenientes responsáveis… Não deixa de ser curioso o PR já andar a fazer comentários sobre os eventuais responsáveis...Questão muito importante: Porque é que ele e os seus amigos australianos já têm conhecimento do que está no relatório? (querem saber o dia e quem deu conhecimento?). Por exemplo: no incidentes do dia 25MAI06 há um internacional (querem que diga o nome?) que afirma ter sido as F-FDTL a abrir fogo sobre a PNTL (devem estar a brincar e pensam que são todos parvos). Mas o grande problema são as provas - Filmes dos incidentes, dos encontros e gravações das conversas de alguns conspiradores com o PR e o actual PM, assim como outros testemunhos, que já foram entregues directamente ao Secretário-Geral das NU, porque parece que a comissão não esteve muito interessada (será que foi manipulada pelos jogos de bastidores do PR e do seu chefe de gabinete!?). Não se esqueçam "A VERDADE É COMO O AZEITE, VEM SEMPRE AO DE CIMA". É tudo uma farsa, tendo em vista a impunidade de alguns dos principais responsáveis, que a ONU (manipulada pelos homens das terras dos “cangurus”) não pode patrocinar e lá vai continuar a instabilidade e a desgraça dos timorenses!
O GRANDE OBJECTIVO DAS "BESTAS" DOS AUSTRALIANOS E SEUS LACAIOS É PROVOCAR INCIDENTES E INSTABILIDADE PARA QUE NÃO POSSA HAVER ELEIÇÕES OU ESTAS SEJAM IMPUGNADAS". QUE PENA OS TIMORENSES NÃO ABRIREM DEFINITIVAMENTE OS OLHOS E SE UNIREM PARA CORREREM COM ESSA GENTE PARA FORA DO PAÍS…ANALISEM COM ATENÇÃO E CHEGARÃO À CONCLUSÃO QUE O PR ESTÁ “NUM BECO SEM SAÍDA”. De facto é pena! Sempre disse, que as missões das NU, principalmente a UNOTIL, têm sido responsáveis directa ou indirectamente por quase tudo o que tem acontecido (quer por omissão ou falta de acção). A comissão vai apontar alguns dos responsáveis (arraia miúda) mas os principais, VÃO FICAR IMPUNES!!!!! Como é que já sei? Descansem que não sou bruxo. Para o PR e seus amigos (ou inimigos?) o grande tribunal será a sua própria consciência e o povo timorense. Quem fez acordos com os indonésios na cadeia é capaz de tudo.…Será que já vendeu a soberania dos timorenses? Quais as contrapartidas dos intermediários ou mediadores? Até breve. Continuarão a ter notícias minhas. Primo do RAMELAU
Ha, ha, ha comentarista das 8:19:49 PM, ita boot hatene saida maka Povo? Ami bele la estudu boot, mai be ami hatene saida maka povu. Hanoin katak ema hotu hotu iha Timor laran ne laos povu? Nusa deit maka bot sira laos povu hotu ne? Ita qundu koalia povu timor ne, ita tenke koalia hotu hotu, hahu husi Prezdente tun to mai ema cidadaun normal. Ne maka povu.
Ita bot nia ulun ne hanoin la los. Estuda bara barak maibe la hatene saida maka hateten.
Veremos nas eleicoes. O povo timorense sabera escolher quem deve representa-lo. Deixemos de palrar. Nada de desesperos.
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