sábado, abril 07, 2007

Rivals for Timor vote accuse PM of tricks

The Age
Lindsay Murdoch Dili
April 8, 2007

LEADING candidates in East Timor's presidential election have accused each other of manipulating tomorrow's vote as officials race to deliver ballot papers to 500 polling centres, many of them in remote villages.

The ruling Fretilin party claimed yesterday that Timorese Prime Minister Jose Ramos Horta had manipulated state-owned television to make a final pitch to voters for the presidency of the troubled nation.

Earlier, four candidates including frontrunner Fernando "Lasama" de Araujo claimed that their campaigns were being damaged by intimidation, violence, and manipulation in the issuing of scrutineer passes for polling centres.

Fretilin's candidate, Francisco "Lu-Olo" Guterres, said Mr Ramos Horta's TV appearance on Friday evening with outgoing President Xanana Gusmao and Dili Bishop Alberto Ricardo da Silva was an abuse of power.

"The program was structured so as to give the impression that Gusmao and the church endorsed Ramos Horta's presidential campaign," Mr Guterres said.


During the broadcast Mr Ramos Horta told Timorese, most of whom are Catholic, that the day after Resurrection Sunday "we will see the resurrection of democracy for East Timor".

More than 500,000 registered voters will chose their head of state from eight candidates tomorrow in the first election run by East Timor since independence five years ago. Campaigning has been marred by violence, but 1600 United Nations police and 1120 Australian and New Zealand troops have moved quickly to prevent more fighting.

With none of the candidates likely to win a majority, a second run-off election is expected in a month.

Mr Ramos Horta had criticised influential priest Martinho Gusmao, the church's representative on the electoral commission, for publicly endorsing Mr de Araujo.

Father Martinho told journalists last week that priests and bishops in 200 churches would not endorse any candidate during Masses today, but they were free to speak their minds outside the church walls.

The UN mission in Dili has provided helicopters to deliver ballot boxes to remote polling centres, many of which are cut off during the current wet season. The result is not expected to be announced for several days.

Once a president is elected, East Timor must hold parliamentary elections within two months.

Entrevista Público - Mari Alkatiri

Público – Sábado, 7 de Abril de 2007

Chamada de primeira página: Xanana dividiu Timor-Leste, acusa Alkatiri - Xanana Gusmão dividiu o país na crise de 2006, diz o antigo primeiro-ministro Mari Alkatiri ao enviado especial do PÚBLICO. Afirma que quem libertou Timor-Leste tem o direito de o governar e que só o candidato da Fretilin, Lu Olo, pode ganhar as presidenciais, cuja primeira volta é amanhã. Defende que os militares estrangeiros devem sair após as legislativas, com excepção da GNR. Paulo Moura, em Díli - Mundo, 14, 15

Artigos: Timor-Leste – Mari Alkatiri, em entrevista, diz que é impossível a Fretilin perder

"Quem libertou o país tem direito de o governar"

07.04.2007, Paulo Moura, em Díli

Militares estrangeiros devem sair após legislativas, excepto a GNR, diz Alkatiri, que fala em conspirações externas contra a Fretilin.

Mari Alkatiri não é candidato presidencial, mas é a principal figura da Fretilin. Desacreditado após a crise de 2006, demitiu-se da chefia do Governo. Mas o seu plano é voltar, contando com um obediente Lu Olo, que acredita vai ganhar as presidenciais, amanhã, à primeira volta.

PÚBLICO - No comício de encerramento de campanha, em Díli, estiveram, segundo a Fretilin, 30 mil pessoas. A Polícia contou apenas 6 mil.

Mari Alkatiri - Posso garantir que não foram 6 mil. Em 15 dias de campanha, nunca tivemos menos de 5 mil pessoas.

Público - São números de confiança?

Mari Alkatiri - Sim, e são só as pessoas que vêm enquadradas. Nem estamos a contar com as que vieram por iniciativa própria.

Público - O que são pessoas enquadradas?

Mari Alkatiri - Organizadas e contadas quando entram nos carros.

Público - É por isso que sabem que vão ganhar as eleições?

Mari Alkatiri - Temos três níveis de trabalho: os comícios, o nível distrital e o nível de base, que é o mais importante, e é a campanha casa a casa.

Público - Vão a todas as casas?

Mari Alkatiri - Sim. Formamos quadros que vão bater porta a porta. Penso que não há nenhum cidadão que não tenha sido contactado. Por isso sabemos que vamos ganhar à primeira volta.

Público - Porque disse a polícia 6 mil? É manipulação?

Mari Alkatiri - Não tenho dúvidas de que é manipulação.

Público - Porque fariam isso?

Mari Alkatiri - Porque querem que haja uma segunda volta, onde pensam que Ramos Horta teria mais hipóteses.

Público - E porque quer a polícia que ganhe Ramos Horta?

Mari Alkatiri - Há um interesse, em certos sectores, em que ganhe Ramos Horta. Não do povo, mas certos sectores externos a este povo.

Público - Quem?

Mari Alkatiri - Prefiro não dizer.

Público - São países estrangeiros?

Mari Alkatiri - Não são países, mas são interesses estrangeiros.

Público - Interesses económicos?

Mari Alkatiri - São interesses económicos e políticos estrangeiros, que apoiam certos candidatos.

Público - Têm o direito de apoiar.

Mari Alkatiri - Mas não de interferir. Ainda hoje recebi um SMS apelando ao voto em Ramos Horta. Telefonei para o número de onde vinha a mensagem e responderam-me em inglês. Isso prova que há estrangeiros a fazerem a sua campanha.

Público - A Fretilin disse que tinha moçambicanos a ajudar na campanha.

Mari Alkatiri - São técnicos que vêm aconselhar. Não andam a fazer campanha. Nós temos conhecimento de pessoas que estão aqui a trabalhar para interesses estrangeiros. Ainda há pouco tempo expulsámos um jornalista estrangeiro que andava a fazer agitação.

Público - É normal que haja lobbies representando interesses...

Mari Alkatiri - Mas não é normal incitar à violência. Foi o que aconteceu na crise do ano passado. Elementos estrangeiros andaram a incentivar pessoas para fazerem um golpe.

Público - A crise dos "peticionários" foi um golpe?

Mari Alkatiri - Sim, o povo já percebeu que foi um golpe.

Público - Foi tudo planeado?

Mari Alkatiri - Não há golpes espontâneos. Houve uma intenção clara de pôr fim ao domínio da Fretilin. Sabiam que se a Fretilin governasse mais um ano, nunca mais perderia eleições. Pela primeira vez tínhamos um orçamento substancial de mais de 300 milhões de dólares.

Público - Porque já contava com o fundo do petróleo. Mas porque não começou a ser usado antes?

Mari Alkatiri - Porque antes ainda não havia. O dinheiro ia ser usado, mas com tempo. O que podíamos ter feito? Contrair dívidas? Isso criaria uma situação difícil no futuro. Além disso, para se investir dinheiro na economia é preciso criar uma capacidade de gestão do dinheiro.

Público - Que a Fretilin não tinha...

Mari Alkatiri - Nós recebemos o país completamente vazio de instituições.

Público - Mas tratava-se apenas das instituições ou também das pessoas?

Mari Alkatiri - Não há instituições sem pessoas.

Público - Os cargos do Estado não foram demasiado ocupados por elementos que seriam muito competentes na guerrilha, mas pouco preparadas para a governação em democracia?

Mari Alkatiri - Essa acusação é falsa. A Fretilin nunca monopolizou o Estado. Mas é normal e legítimo que as pessoas que libertaram o país agora o governem.

Público - A legitimidade para governar vem da guerra de libertação ou do voto popular?

Mari Alkatiri - Do voto. Por isso nos estamos a candidatar.

Público - Mas se, por hipótese, o vosso candidato perder, ou a Fretilin não obtiver a maioria nas legislativas, aceitam?

Mari Alkatiri - Durante dez meses, já aceitámos tudo. Até entregámos o poder, mesmo tendo ganho as eleições. Agora não. Admitir que poderíamos ser derrotados é uma premissa errada, porque nós vamos ganhar.

Público - Mas apenas como exercício, se o povo decidir não dar a vitória ao candidato da Fretilin, aceitam?

Mari Alkatiri - É um exercício inútil. Nós é que pedimos aos que vão perder que respeitem a vontade do povo. E as regras da democracia. Não é legítimo que o Presidente da República e os bispos se tenham apresentado hoje com Ramos-Horta. Deviam manter neutralidade. É o desespero de quem sabe que vai perder. Já não há figuras carismáticas em Timor.

Público - Perderam o carisma? Quem?

Xanana Gusmão, ou Ramos-Horta. Se o tiveram, perderam-no, pelos erros que cometeram.

Público - A Fretilin não perdeu também credibilidade, pelos erros que cometeu?

Mari Alkatiri - Alguns elementos da Fretilin não deveriam contentar-se com o papel histórico que tiveram na luta de libertação e deixar que outros governassem?

Público - Mas porque é que os elementos da Fretilin são menos capazes do que os outros?

Mari Alkatiri - Porque estão habituados a combater nas montanhas, a resolver os problemas pela violência.

A Fretilin nunca mais quer voltar à guerra. Mas não podemos dizer às pessoas que passaram a sua vida a combater pelo país: agora vai-te embora, já não és necessário.

Público - Porque não?

Mari Alkatiri - Porque seria injusto. As pessoas que libertaram o país têm agora o direito de o governar.

Público - Governar é um direito? Ou um dever?

Mari Alkatiri - As duas coisas.

Público - Só a Fretilin é capaz de governar o país, ou outras forças também o poderiam fazer?

Mari Alkatiri - Neste momento, acho que só a Fretilin tem capacidade para governar o país.

"Xanana dividiu o país"

07.04.2007

Público - Quais são as suas responsabilidades na crise de Abril e Maio de 2006?

Mari Alkatiri - Quando a crise rebentou nas Forças Armadas, eu estava a ser operado em Portugal. Ainda tentei falar com o Presidente Xanana, mas não consegui. Quando voltei verifiquei que havia um grupo de umas 200 pessoas que tinham queixas, que eram peticionários. O Presidente já estava a tomar conta do assunto. Eu ofereci-me para ajudar. Mas era uma crise aparente, porque não havia violência. Depois ausentei-me para uma visita ao Japão. Foi então que houve as expulsões dos mais de 500 militares e o discurso de Xanana, em Maio. Aí tudo se precipitou.

Público - Por causa do discurso?

Mari Alkatiri - Esse discurso dividiu o país.

Público - Porque fez ele isso?

Mari Alkatiri - Tinha o objectivo de enfraquecer o Governo.

Público - Xanana não previu o que poderia acontecer? Ou previu?

Mari Alkatiri - Ele pensou que tinha o carisma suficiente para provocar uma ruptura e depois controlar. Mas não teve essa capacidade.

Público - Mas quem ameaçou os peticionários não foi o Presidente.

Mari Alkatiri - O primeiro a dizer que os peticionários que não regressassem aos quartéis seriam detidos foi Xanana.

Público - O que deveria ter feito o Presidente, nessa crise? Nada?

Mari Alkatiri - Exacto. Isso não foi possível, porque só metade queria regressar. Os outros ficaram até ao fim-de-semana, saíram e nunca mais voltaram. A partir daí tudo se precipitou.

Público - Porquê?

Mari Alkatiri - Porque os peticionários queriam resolver o problema directamente com o Presidente.

Houve uma confusão de poderes, ninguém sabia quem mandava em quem.

Público - Como é que isso aconteceu?

Mari Alkatiri - Por causa da debilidade das instituições. E porque alguém que não tinha essa competência assumiu a liderança da polícia.

Público - Quem?

Mari Alkatiri - Não preciso de dizer quem. Todos sabem que foi Xanana.

Público - Quem pediu a intervenção das forças estrangeiras?

Mari Alkatiri - Fui eu que decidi, assumo isso. Já antes, a 10 de Maio, tinha pedido ao primeiro-ministro Sócrates o envio da GNR. Mas o Presidente Xanana objectou. Se não tivesse objectado, a crise teria sido travada. A 24 de Maio voltei a falar com o Presidente e disse: "Não há alternativa. Ou pedimos forças estrangeiras ou entramos em guerra civil".

Público - Porque critica agora a presença de forças estrangeiras? Já não há o perigo de guerra civil?

Mari Alkatiri - Acho que devem ficar até às eleições legislativas, não mais. Depois, será suficiente a GNR.

Público - Quer que fiquem as forças portuguesas, mas não as australianas e neozelandesas.

Mari Alkatiri - Não é por serem portuguesas, mas por serem uma polícia. Os militares australianos não sabem comportar-se numa situação deste tipo.

Público - Se a Fretilin vencer as eleições, Timor vai continuar a privilegiar as relações com Portugal, ou vai abrir-se a um relacionamento com a Austrália?

Mari Alkatiri - Timor-Leste tem duas fronteiras. Uma geográfica, que é nesta região, e outra histórica e linguística, que é com Portugal e os países da CPLP. Porque se queremos generalizar a língua portuguesa precisamos da ajuda de Portugal.

Público - Mas a maior parte da população não fala português.

Mari Alkatiri - O português não é a língua da unidade, mas é a língua da identidade.

Público - Muita gente vê com desgosto que Timor, depois de tanto ter lutado e sofrido pela independência, não consiga viver em paz.

Mari Alkatiri - É verdade que não fomos capazes. Como primeiro-ministro que era, assumo a responsabilidade por isso.

Público - Quem são, agora, os inimigos de Timor?

Mari Alkatiri - Timor não tem inimigos.

Ramos-Horta diz que ganha ou desiste

O primeiro-ministro timorense, José Ramos-Horta, declarou que se não ganhar as presidenciais deixa a política e vai “gozar a vida como cidadão”, destacou o portal australiano news.com.au. Neste caso, já não fará campanha para as legislativas de Junho, diz ainda.

Observadores da UE

Uma delegação do Parlamento Europeu chefiada pela deputada socialista Ana Gomes era esperada hoje em Díli onde se juntará à missão de observação eleitoral da União Europeia que vai acompanhar a primeira volta das presidenciais. Em Lisboa, no Ministério dos Negócios Estrangeiros, Ana Gomes fez em 1994/1995 parte do Gabinete de Assuntos Políticos Especiais que tinha nas suas mãos o dossier timorense e de 1999 a 2003, em Jacarta, foi chefe da secção de interesses e depois embaixadora. A missão de observação da UE é liderada pelo espanhol Pomés Ruiz. Quatro candidatos queixaram-se de atrasos na entrega de cartões para os fiscais e observadores do processo.

Padre agredido

Um padre católico foi ontem agredido por elementos da Fretilin em Gleno, na região de Ermera, incidente que poderá ser usado como motivo de propaganda por parte da campanha de Ramos-Horta, disse ao PÚBLICO Mari Alkatiri. "Foi um grupo de elementos da Fretilin já bêbados que agrediu o sacerdote", contou ao PÚBLICO José Ramos-Horta. "Se a Fretilin condenar o sucedido, não seremos nós a usá-lo como propaganda". Na versão de Alkatiri, o padre incluiu-se num grupo que atacou simpatizantes da Fretilin na vinda de um comício. "Houve confrontos e o padre, como estava no meio, também levou uma pedrada. Não foi premeditado". A Fretilin condenou a agressão. Antes, alguém organizou uma visita de jornalistas locais ao hospital, para entrevistarem a vítima.

A Fretilin rejeita a culpa da violência pré-eleitoral em Timor-Leste

(Tradução da Margarida)
ABC News Online
Sexta-feira, Abril 6, 2007. 3:00pm (AEST)

A Fretilin, o portido do poder em Timor-Leste negou que está por detrás de episódios de violência antes das eleições presidenciais do país na Segunda-feira.

Oito candidatos estão a fazer campanha para substituírem o Presidente Xanana Gusmão que está de partida.

Pelo menos 35 pessoas foram feridas em confrontos relacionados com as eleições, desencadeando receios que as eleições de Segunda-feira sejam manchadas pela violência.

O Primeiro-Ministro interino de Timor-Leste José Ramos Horta, ele próprio um candidato presidencial, apelou à calma nos dias que rodeiam as eleições.

Acusou a Fretilin de justificar a violência na sua campanha, mas a Fretilin nega a acusação, dizendo que a maioria das vítimas foram apoiantes da Fretilin.

O partido prometeu respeitar os resultados das eleições.

A campanha oficial acabou agora e os oito candidatos passarão a Páscoa calmamente antes de a votação começar na manhã de Segunda-feira.

A herança da Fretilin agiganta-se nas eleições em Timor

(Tradução da Margarida)

Por: Karen Michelmore, Correspondente do Sudeste da Ásia

Dili, Abril 5 (AAP) – O barulho distinto dos motociclos ouve-se à distância, a crescer cada vez mais alto.

Em segundos mais de 30 motociclos, motores a trabalhar e enfeitados com bandeiras do partido e com cartazes, entram no complexo deteriorado, o quartel-general do maior partido político de Timor-Leste, na capital Dili.

Vários camiões de caixa aberta cheios de jovens com camisetas sem mangas cantando "Fretilin, Fretilin", muitos bêbados, em breve seguem a caravana, enquanto a música da campanha eleitoral da mais antiga guerrilha para a independência retumbe no mais alto volume.

Muitos descem rapidamente e começam a saltar e a dançar no lixo ao pé dos camiões, enquanto um apoiante enrolado na distintiva bandeira vermelha da Fretilin grita: "Somos independente por causa da Fretilin, lutamos pela independência".

É o fim de outro dia cheio de sucesso da rota da campanha antes da histórica eleição presidencial de Segunda-feira – a primeira desde que Timor-Leste ganhou a independência da Indonésia em 2002, e também a primeira eleição nacional conduzida pelas autoridades locais.

Apesar da sua profunda pobreza e dos problemas sociais, Timor-Leste abraçou com vigor esta oportunidade de democracia, com dezenas de milhares a irem a comícios políticos em toda a nação nas duas últimas semanas.

Camiões carregados principalmente com jovens agitando bandeiras e gritando em apoio de um dos oito candidatos circularam por cidades em todo o país, e houve um forte registo de eleitores, com 522,933 a poderem votar numa das 705 assembleias de voto na Segunda-feira.

Apesar da campanha ter sido manchada por incidentes isolados de violência e intimidação – dúzias ficaram feridos em ataques a apoiantes rivais nos distritos, e no último grande dia da campanha em Dili ontem – muitos receavam que pudesse ter sido bem pior.

A violência de gangs continua a ensombrar Dili, onde milhares de pessoas permanecem em campos de deslocados espalhados pela capital, ainda com demasiado medo de regressarem às casas depois da vaga de violência do ano passado na qual foram mortas 37 pessoas e 150,000 deslocadas depois de 600 membros das forças armadas terem sido despedidos pelo governo.

O candidato do partido do poder, Fretilin, Fransciso Guterres "Lu Olo" é considerado um favorito entre os oito candidatos para substituir o combatente da independência Xanana Gusmão como presidente da pequena nação.

O Presidente de 52 anos do Parlamento Nacional de Timor-Leste descreve-se a si próprio como "o filho de uma família pobre, de gente humilde ", um católico devoto e um antigo combatente da guerrilha que prometeu ser um presidente para toda a gente, independentemente das suas filiações.

O próprio partido transpira confiança, dizendo que se a eleição fosse decidida pelas assistências nos comícios em toda a pequena nação teria uma vitória esmagadora.

"A coisas estão a correr bem em todos os distritos para o candidato da Fretilin – a assistência mais baixa foi de quatro a cinco mil e a maior em Suai foi de 17,000," disse o director de campanha e Ministro do Trabalho e da Solidariedade de Timor-Leste, Arsénio Bano.

"Já ganhámos com os números de pessoas que aparecem em todos os lados aonde vamos. Se os compararmos com os dos outros candidatos, o maior número que conseguem é de 1500. Por esta comparação já podemos dizer que ganharemos a eleição."

Mas muitos, incluindo alguns membros do partido, discordam e acreditam que há um ambiente para a mudança no eleitorado.

A Fretilin, dizem eles, está crescentemente a ser vista como arrogante e muitos Timorenses poucas melhorias sentem nas suas vidas diárias depois de cinco anos de governação da Fretilin.

O candidato independente José Ramos Horta, que substituiu Mari Alkatiri da Fretilin como primeiro-ministro de Timor-Leste depois da crise de violência do ano passado, é um outro corredor da frente para a presidência.

O bem-educado laureado do Nobel da Paz emitiu uma mensagem escorregadia de unidade, ao lado de uma trouxa de promessas, prometendo encaminhar pelo menos $US10 mihões ($A12.2 milhões) por ano para a igreja para ajudar a nação empobrecida "curar as nossas feridas ".

Como outros candidatos prometeu montar um sistema de segurança social na pequena nação, oferecendo $US40 ($A50) por mês para os 100,000 cidadãos mais pobres, bem como para os idosos, deficientes e veteranos da luta de Timor-Leste para a independência.

E tem também planos para rever e, se necessário, simplificar a Constituição, instalar um novo sistema de impostos e acabar com os impostos para os que ganham menos de $US1,000 ($A1,220) por mês; e criar uma rede de "zonas de paz " pela ilha numa tentativa para dominar a violência.

Desiludidos pela crise recente que atingiu a nação, uma facção dissidente da Fretilin está a apoiar Ramos Horta para a presidência contra o próprio candidato do partido Lu Olo.

"Estamos a apoiar Ramos Horta – ele tem todas as habilitações diplomáticas e é conhecido na comunidade nacional e internacional e foi um membro fundador da Fretilin," disse José Luis Guterres Ministro dos Estrangeiros de Timor-Leste.

"Este país está em mau estado, é um país dividido ... enfrentando tantos problemas. Precisamos de alguém com as habilitações certas para encontrar o caminho para a saída desta crise.

"Acredito que Lu Olo e (antigo primeiro-ministro da Fretilin) Mari Alkatiri, são os responsáveis da crise (do ano passado).

"As pessoas querem mudança neste país."

Ramos Horta diz que está descansado com a eleição de Segunda-feira e classifica as suas hipóteses como "razoáveis".

"Não estou preocupado se vou ganhar ou perder, porque para mim, seja qual for o resultado sou um vencedor," disse. Se ganhar, ganhei as eleições e se perder ganharei a minha liberdade.

"Aceitarei a mensagem das pessoas que querem que eu me retire e que eu mereço uma reforma antecipada. Não hesitarei em seguir esse conselho e retirar-me-ei de vez."

Um outro desafio maior da Fretilin pode vir do líder do Partido Democrático Fernando "La Sama" de Araújo, que goza de amplo apoio entre os jovens da nação.

La Sama tem feito campanha numa plataforma de "estabilidade, justiça e governação ", com uma visão para unir a nação no "amor e paz ".

Contudo, para poderem ganhar, qualquer dos candidatos necessitará de ultrapassar o simbolismo poderoso do símbolo da Fretilin no boletim de voto, que muitos na nação largamente analfabeta identificam com a longa luta da nação para a independência.

Ramos Horta é um dos quatro candidatos que escolheram pôr o símbolo da bandeira nacional de Timor ao lado do seu nome no boletim de voto enquanto La Sama não optou por nenhum símbolo.

Espera-se que seja anunciado o resultado da eleição na Quarta-feira.

Se não houver nenhum vencedor claro, os dois candidatos de topo concorrerão a uma segunda volta no princípio do próximo mês.

Há receios de que possa irromper mais violência entre os lados perdedores quando forem publicados os resultados.

O responsável da ONU em Timor-Leste, Atul Khare, tem esperança de que as eleições terão um impacto unificador no frágil Estado.

"(Uma) eleição, na minha opinião, não é o último passo no processo democrático, é o começo do processo democrático," disse o Representante Especial do Secretário-Geral da ONU. "O dia a seguir às eleições, tanto os vencedores como os perdedores têm de se juntar em respeito mútuo e têm de decidir trabalhar juntos para a melhoria (da vida) do povo de Timor-Leste.

"A democracia não é algo que comece com o depositar de um boletim de voto e depois durante cinco anos esquece-se isso até à nova votação. "É o dia depois da eleição que penso é muito mais importante do que o dia em que os boletins de voto são depositados."

Transcrição das entrevistas de Lu-Olo e Ramos-Horta à Renascença

Rádio Renascença – “Página 1” de 05-04-07, actualizado às 12:30

Timor-Leste - As expectativas dos dois principais candidatos

07h00: Timor-Leste escolhe o próximo Presidente da República na segunda-feira.

São oito os candidatos à sucessão de Xanana Gusmão no Palácio das Cinzas, mas dois são apontados como favoritos: Francisco Guterres, conhecido como Lu-Olo, e José Ramos Horta.

Lu-Olo, presidente do Parlamento, é o candidato apoiado pela FRETILIN, o maior partido de Timor-Leste.

Ramos Horta é Primeiro-ministro e conta com o apoio de Xanana Gusmão.

Além de decidir o nome do próximo Presidente, as eleições poderão servir, também, para avaliar até que ponto a FRETILIN foi afectada pela crise aberta quando Mari Alkatiri era Primeiro-ministro e para perceber o que poderá vir a ser o futuro de Xanana Gusmão, agora que está a ser criado um novo partido à sua imagem, o CNRT. Admite-se já um confronto eleitoral entre Xanana Gusmão e Alkatiri nas próximas legislativas.

O confronto imediato é entre Lu-Olo e Ramos Horta. A Renascença falou com os dois. Seguem-se as entrevistas.

Por Pedro Mesquita


FRANCISCO GUTERRES

Rádio Renascença - A avaliar pela campanha, acredita que vai ser presidente?

Lu-Olo - Eu acredito que sim, porque em todos os distritos, por onde passamos, tivemos centenas de milhar de militantes que apoiam a minha candidatura. Tenho a certeza de que não vai haver segunda volta.

RR - Não está a desvalorizar as capacidades de Ramos Horta que, além de ter desempenhado as funções de Primeiro-ministro, é Nobel da Paz, é particularmente mediático e é visto como um homem de consensos?

LO - É difícil chegar à conclusão de que Ramos Horta é um homem de consensos. De facto ele recebeu o prémio Nobel da Paz na altura em que o povo estava a lutar, estava a sofrendo, estava morrendo no país. Foi em representação deste sacrifício que Ramos Horta recebeu o Prémio Nobel da Paz, para tornar mais pública na arena internacional a luta do povo de Timor-leste pela autodeterminação e independência. Ramos Horta representou apenas esse sacrifício, esse esforço, essa coragem do povo timorense.

RR - Até que ponto é que os incidentes do último ano, os últimos meses de Mari Alkatiri como Primeiro-ministro e, também, a condenação de Rogério Lobato pela distribuição de armas a civis poderá condicionar negativamente o apoio da população à FRETILIN e a si?

LO - Não acho. Pelo contrário, o povo ficou mais esclarecido sobre essa crise. Ficou a perceber melhor que, afinal de contas, essa crise foi provocada do topo. Quando se diz que o Dr. Mari Alkatiri esteve envolvido na distribuição de armas...ficou claro que a Procuradoria-Geral da República encerrou o processo dele porque não há evidencias. Em relação a Rogério Lobato, claro que ele agiu em último momento. Agiu como Ministro do Interior, e em última instancia, para defender este país. É o meu ponto de vista, e o caso dele está ainda em tribunal. Interpôs um recurso.

RR - No plano político há, agora, o factor Xanana Gusmão. Está a ser formado um novo partido para as legislativas, o CNRT, à imagem de Xanana Gusmão. Que influencia pode ter este vector já nas presidenciais?

LO - Bom, as pessoas ficaram a conhecer mais de perto Xanana Gusmão, durante esta crise. Aliás, Ramos Horta, no discurso de Ainaro, disse que se for eleito Presidente da República, o Primeiro-ministro será Xanana Gusmão. Os dois querem apenas trocar de cadeira. As pessoas ficam a saber, mais ou menos, o que terá provocado esta crise. Chega-se à conclusão de que a cadeira de Primeiro-ministro é a cadeira mais pesada a que todos querem concorrer.

Talvez isso explique as causas desta crise.

RR - Não é de excluir, portanto, um confronto entre Xanana e Alkatiri nas legislativas?

LO - Se o Xanana Gusmão vai criar o seu próprio partido, naturalmente vai concorrer às legislativas mas não acredito que tenha uma expressão viva junto deste povo. Toda a gente já o conhece. Pelo contrário, o Dr. Mari Alkatiri mantém o apoio dos seus militantes, centenas de milhar de militantes da FRETILIN, além do apoio de outras franjas políticas.

RR - Já não tem dúvidas de que Alkatiri será candidato a Primeiro-ministro, novamente?

LO - Claro, se a FRETILIN ganhar naturalmente ele voltará. Não há, outra hipótese.

RR - Em Timor-leste a Constituição não dá grandes poderes ao Presidente da República. Que tipo de Chefe de Estado pretende ser se vencer estas eleições?

LO - Aqui em Timor, as pessoas pensam que o Presidente tem apenas a função de "corta-fitas". não acredito. O facto de existirem 8 candidatos significa que o Presidente da República tem algumas competências.

RR - Que iniciativas tomará, o senhor, para devolver a estabilidade social e politica ao país? Para garantir a segurança?

LO - O mais importante é restaurar a autoridade do Estado. Cumprir a lei e a Constituição. São os elementos essenciais para a estabilidade e a paz. Exigir estabilidade não significa apenas apelar à consciência. fizemos vários apelos e não deram resultado. O mais importante, agora, é que o Estado tenha a sua autoridade. Que as instituições voltem a funcionar normalmente.

RR - Mas em que aspectos é que o seu mandato seria diferente do de Xanana?

LO - É exactamente isto. Eu não vou dividir o país. Vou defender a unidade nacional. Não vou dividir o país em "Loromonu" e "Lorosae". Vou defender a unidade nacional, a Constituição e as leis vigentes.

RR - Xanana Gusmão não as defendeu?

LO - Temos todos que voltar atrás, recordar o que disse Xanana Gusmão na altura da crise. todos sabemos o que ele disse.

RR - Pensa que é ele o principal responsável pela crise?

LO - Cada um tem as suas próprias responsabilidades. Cada um deve levar a mão ao peito e reflectir sobre o que fez durante esta crise.

RR - Consegue perceber porque é que Alfredo Reinado ainda não foi detido?

LO - As forças australianas cercaram-no em Same mas não o conseguiram apanhar. Espero que apanhem o homem, agora eu não consigo compreender porque é que as tropas australianas ainda não o capturaram.

RR - Para concluir, acredita que estas eleições serão livres e justas?

LO - Penso que sim. O candidato vencedor tem que saber ganhar com dignidade. Com transparência e dignidade. É fundamental. Acredito que as eleições vão decorrer num ambiente de calma, de paz e de tranquilidade.

RAMOS HORTA

Rádio Renascença - Que hipóteses tem de suceder a Xanana Gusmão, como Presidente timorense? Que sinais lhe deu a campanha eleitoral?

José Ramos Horta - A avaliar pela campanha ao longo destas duas semanas, mas também a avaliar pelos últimos meses, em que percorri o país, acredito que tenho uma chance, boa, razoável, de ser eleito Presidente da República. Provavelmente... poderei ser eleito.

RR - Lu-Olo está confiante na eleição dele logo à primeira volta...

JRH - É bom que ele tenha essa confiança. Mal dele se não a tivesse e, claro, se ele for eleito terá o meu apoio incondicional. Procurarei colaborar com ele para que os próximos cinco anos sejam de estabilidade, em que o Presidente da República, o Parlamento, o Governo trabalhem em estreita coordenação para dar comida a quem não a tem, um tecto aos marginalizados e aos pobres.

RR - Mas, para isso, o senhor seria mais eficaz como Primeiro-ministro...

JRH - Não. O Presidente da República tem, não só, o direito mas a obrigação de apresentar os seus pontos de vista, de provocar debate, de lançar ideias sobre a orientação económica deste país e como devemos acudir aos pobres.

RR - O Presidente da República, em Timor, tem poderes reduzidos. Xanana disse-o várias vezes. O cargo é classificado, por alguns, como uma "prateleira dourada". Porque deseja ascender a essa "prateleira"?

JRH - É obvio que a Constituição de 2001, constituição engendrada pelo Dr. Mari Alkatiri, e seus colegas e amigos, foi precisamente para "curto-circuitar" o Presidente da República, Xanana Gusmão, reduzir-lhe os poderes. Ainda assim, interpretando a letra e o espírito da Constituição, acho que o Chefe de Estado deve falar, alto e bom som, em defesa dos pobres. Deve exigir um orçamento adequado para os pobres, para a educação, para os jovens. O Presidente da República não está ali para assinar apenas as leis e as propostas de orçamento que lhe serão enviadas. Eu serei muito pro-activo. Apresentaria propostas de orçamento ao Governo e ao Parlamento naquilo que eu achar que é a minha obrigação enquanto Chefe de Estado e enquanto ser humano.

RR - Defende uma alteração constitucional para reforçar os poderes presidenciais, caso seja eleito?

JRH - Não será uma prioridade para mim. Acho que apesar das limitações da actual Constituição, repito, como cidadão e Chefe de Estado serei o advogado dos pobres.

RR - Em que é que o seu mandato seria diferente do de Xanana Gusmão?

JRH - É difícil, obviamente, comparar-me a Xanana Gusmão. Não esqueçamos que ele foi guerrilheiro, comandante, foi quem ressuscitou a resistência quando esteve quase completamente esmagada em 1979 e 81. É muito difícil comparar-me com ele mas entre as minhas prioridades está o diálogo nacional para sarar as feridas deste conflito. Quero estreitar as relações entre o Governo, a Presidência, o Parlamento e a sociedade civil. Quero, igualmente, estreitar as relações entre o Estado e a Igreja. A Igreja é uma instituição secular e não tem apenas um papel espiritual. Tem, também, um papel educativo, social, cultural, de desenvolvimento. É boa política que o Presidente da República, bem como o governo e o Parlamento, trabalhem em sintonia com a Igreja.

RR - Quando apresentou a candidatura presidencial disse-me que conta com o apoio de Xanana. E Xanana contará com o seu apoio caso deseje ser Primeiro-ministro pelo novo partido, o CNRT?

JRH - Sim, sem dúvida. Terá todo o meu apoio embora, obviamente, se eu for eleito Presidente e a partir do momento da tomada de posse, não me intrometerei na campanha eleitoral. Vou procurar ser o mais neutral possível.

RR - Mas acredita que Xanana Gusmão quer ser Primeiro-ministro?

JRH - Acredito que sim. O CNRT já é uma realidade e Xanana Gusmão será o Primeiro-ministro no caso do CNRT vencer Se as vencer, e conhecendo Xanana Gusmão e a equipa que está com ele, vai convidar os melhores os melhores timorenses, com mais qualificações e experiência, para formar um Governo com ele. Será um Governo muito abrangente e que, podemos dizer, será de unidade nacional. Será um Governo de tecnocratas...mas de tecnocratas com compaixão, sensíveis, à cultura, identidade timorense e à pobreza. Será um governo muito mais abrangente do que foi o governo da FRETILIN.

RR - A segurança é uma prioridade em Timor-Leste. Alfredo Reinado tem sido classificado como factor de instabilidade, porque não foi ainda preso?

JRH - Bom, eu não sei quem o classificou como factor de instabilidade...

RR - E não é?

JRH - Não. Não é, não tem sido. Ele tem que enfrentar a justiça. Ele já disse que a quer enfrentar, e que não tem medo da verdade. Está algures escondido. Este país é "super" montanhoso e não tem sido fácil a sua captura, pelas forças internacionais e pela polícia. O Governo, o Estado, aceitou a possível intervenção da Igreja, no sentido de ele se entregar à Igreja. Essa foi, aliás, uma sugestão dele. Entregando as armas e entregando-se a si próprio, garantimos-lhe a sua total segurança e um tratamento digno. Deve ser respeitado como qualquer preso.

RR - Não acha que há coincidências a mais? Primeiro ninguém o prendia, apesar de se saber onde estava. Foi a GNR a prende-lo mas fugiu inexplicavelmente da prisão. Esteve, depois, cercado pelos australianos em Same mas voltou a escapar. Não acha que tem havido alguma complacência com este homem...tanto por parte dos militares australianos como das próprias autoridades timorenses? Coincidências a mais?

JRH - Rejeito totalmente, como é obvio, qualquer insinuação essa natureza. Essa insinuação parece querer dizer que os australianos e forças internacionais foram a Same e, propositadamente, mataram 5 dos seus elementos mais chegados mas deixaram escapar o Sr. Alfredo Reinado, não é?

RR - Para concluir esta entrevista, estão criadas as necessárias condições de segurança para as presidenciais?

JRH - Sim, estão reunidas. Tem havido as melhores condições possíveis. Tem havido incidentes, mas são diminutos.

Timor-Leste: UN reports calm ahead of elections

UN News Centre - 6 April 2007

The United Nations Mission in Timor-Leste (UNMIT) today reported that the capital, Dili, and surrounding areas remained calm as presidential campaigning officially ended ahead of Monday's historic elections in the impoverished country.

In other parts of the country, the mission said the only reported incident took place yesterday near Manatuto, where opposing campaigners clashed, prompting the police, after negotiation efforts failed, to use tear gas and rubber bullets to disperse the fighting crowd.
The head of the UN Mission in Timor Leste Atul Khare praised the efforts of the UN Police and officers from the Bangladeshi Formed Police Unit who responded quickly to bring the situation under control.
“So far I have been satisfied with the presidential campaign and I believe that yesterday's illegal roadblock near Manatuto, like other security incidents during the past two weeks, has not been serious enough to derail the process,” Mr Khare said
UNMIT is helping Timor-Leste with all aspects of the 2007 presidential and parliamentary electoral process – the first in the tiny nation since it gained independence from Indonesia in 2002 – including through technical and logistical support, electoral policy advice and verification.

Discurso radiofónico do Representante Especial do Secretário-Geral sobre as eleições

UNMIT – 7 de Abril de 2007

As eleições de segunda-feira são um passo importante no processo eleitoral que levará a que um novo Presidente e Parlamento assumam as suas funções até à segunda metade deste ano.

A nova liderança será uma componente importante do processo de decisão participativo em prol do bem comum.

Uma oposição forte será uma componente igualmente importante.
Estou animado com o elevado número de eleitores inscritos, em especial entre os jovens. Creio que a participação dos jovens no recenseamento e na campanha de rua envia um sinal muito claro à próxima geração.

E, meus amigos, estou convencido de que, apesar dos desafios de hoje, as eleições serão bem-sucedidas, livres e justas, isentas de violência e intimidação e de que contribuirão para que o futuro de Timor Leste seja auspicioso.
For further information please contact UNMIT spokesperson Allison Cooper on +670 7230453

Timorenses residentes em Portugal lamentam não poder votar

Lisboa, 07 Abr (Lusa) - Um dos fundadores da APARATI, associação de timorenses em Portugal, lamentou hoje que os cidadãos de Timor-Leste que vivem no estrangeiro não participem nas eleições presidenciais de segunda-feira, considerando que se votassem ficariam "mais ligados" ao país.

"Os cidadãos timorenses que vivem no estrangeiro deveriam votar, principalmente quando se escolhe o presidente", disse à Agência Lusa Manuel Caldas, da direcção da APARATI.

Para Manuel Caldas, que vive em Portugal há 17 anos, os emigrantes timorenses deveriam ter o direito de votar, uma vez que a maioria ajuda na reconstrução do país "através do envio de bens e de dinheiro para os seus familiares e conterrâneos".

"Ao votarem estão mais ligados a Timor-Leste", salientou, adiantando que os emigrantes timorenses "têm uma ligação afectiva" ao país.

Segundo Manuel Caldas, muitos dos timorenses dizem que um dia vão voltar definitivamente a Timor-Leste e mesmo aqueles que nunca chegam a regressar "participam na construção do país de longe".

O dirigente da APARATI questionou ainda porque é que em 1999 todos participaram no referendo sobre a independência e agora são excluídos da votação, lamentando, por outro lado a onda de violência no país que se prolonga há quase um ano.

"É triste. Ajudamos os nossos conterrâneos a construir uma casa, que depois é destruída", disse.

Segundo a APARATI, vivem em Portugal cerca de 2.000 timorenses, que chegaram, na sua maioria, entre 1976 e 1986 e estão sobretudo concentrados nas regiões de Lisboa e Setúbal.

Manuel Caldas referiu que muitos desses timorenses já têm a nacionalidade portuguesa, pois o governo português permite que os cidadãos de Timor-Leste nascidos até 1975 e os filhos se tornem portugueses.

Portugal é também escolhido por muitos jovens para estudarem no ensino superior, estimando-se que sejam cerca de 300 os estudantes timorenses nas várias universidades portuguesas.

De acordo com o mesmo responsável, actualmente a emigração timorense para Portugal é praticamente nula devido ao processo burocrático e à falta de meios financeiros.

"Há muitos timorenses que gostariam de vir para Portugal devido à falta de emprego no país, mas não têm condições financeiras", disse.

Aqueles que conseguem emigrar, perto de 100 anualmente, são jovens e apenas se servem de Portugal para entrar em outros países da Europa, salientou, adiantando que já são muitos os timorenses a viver na Inglaterra, Dinamarca e Irlanda do Norte.

Criada há cerca de seis anos, a APARATI, sedeada nas Olaias, em Lisboa, divulga a cultura de Timor-Leste em Portugal, ajuda na integração dos timorenses e apoia os estudantes.

A APARATI dá ainda continuidade ao projecto de reconhecimento dos direitos dos antigos funcionários timorenses durante a administração portuguesa.

Segundo Manuel Caldas, existiam cerca de 4.000 timorenses nestas condições, faltando ainda reconhecer os direitos a mais de 1.000 ex-funcionários.

CMP-Lusa/Fim

Nobel winner vs former rebel

The Courier-Mail (Australia) - Saturday, April 7, 2007
John Martinkus

Two very different men are vying to lead East Timor.

John Martinkus reports from Dili
'The Nobel Peace prize was . . . for us' -- Lu Olo

There was a moment this week in Dili when it looked as though the increasingly bitter race for the presidency would spill over into violence.

On Thursday afternoon, as supporters of Prime Minister Jose Ramos Horta gathered to attend a rally, a convoy of rival Fretilin supporters drove past.

Portuguese riot police frantically waved both convoys away from each other as a few stones began to fly between the two groups. Panicked bystanders began to flee expecting a fight.

But the convoy drove on and the tension subsided.

Inside the Dili football stadium, Mr Ramos Horta addressed the crowd.
He spoke about the dangers of supporting the Fretilin candidate Francisco Guterres, who is known universally as ''Lu Olo'', as President and former resistance leader Xanana Gusmao, watched approvingly from the crowd.

Monday's vote to decide the president is a power struggle with Fretilin, the majority party in East Timor's parliament, on one side.

The other camp is led by Mr Gusmao and Mr Ramos Horta.

The problem for these two high-profile politicians is that they are relying almost entirely on their own personal popularity to win the contest.
Neither has a political party or organisation behind them.

Fretilin, on the other hand, has a political organisation that has survived the Indonesian occupation and formed the Government since Fretilin won the first elections in East Timor in 2001.

''In 2001, we had 270,000 militants and that got us 45 seats in parliament,'' he told The Courier-Mail.

''In the last five years, many of the youth who are sons and daughters of our members can now vote so the figure will be higher.''

Monday's election requires a candidate to obtain 50 per cent of the total vote to be elected president. If no candidate reaches this figure then a run-off election will be held between the two highest polling contenders. The contrast between the two main candidates could not be greater.

Mr Ramos Horta is well know internationally for his role in lobbying successfully around the world for East Timor's independence through the 24 years of Indonesian rule.

Lu Olo spent that period as a resistance fighter in the mountains of East Timor rising to the rank of Chief of Staff of the Falintil resistance army where he oversaw operations against the Indonesian military.

A lifelong Fretilin supporter he was elected as chairman of the Parliament and oversaw the writing of the East Timor constitution. He speaks little English and has been mainly ignored by the foreign press.

Mr Ramos Horta by contrast is fluent in English and openly courts the foreign press. On the last day of the campaign he invited the foreign media to his home to discuss his program. ''Lu Olo is not his own man,'' he told the gathering.
''He is a puppet,'' he said referring to Lu Olo's relationship with ousted prime minister Mari Alkatiri who remains as the Fretilin party's president.
Lu Olo is direct about Mr Ramos Horta.

He praises the man's diplomatic skills that brought a Nobel Peace prize and international profile.

But he adds: ''Ramos Horta became recognised because it was our people fighting in the mountains. The Nobel Peace prize was not for him but for us.''
More than any other issue it is responsibility for last year's violence that remains the central issue for this election. Lu Olo is scathing about President Gusmao's role in the crisis that led to the resignation of Mr Alkatiri.

He says Mr Gusmao's reputation has been burnt by his involvement.

''There were demonstrations here to call for the resignation of Mari Alkatiri,'' he told The Courier-Mail.

''Xanana Gusmao and the first lady participated. He told the demonstrators 'you have to shake the Government'.''

Mr Ramos Horta is perceived in East Timor as the candidate favoured by the international and business community. He promises to kickstart the economy by distributing part of the money accumulating in the Timor petroleum fund and to relax restrictions on foreign investment and tax.

Lu Olo believes these decisions should remain with Parliament and Mr Ramos Horta would be acting outside of his constitutional powers.

Seeking a voice with the old colonials

The Times (UK) - April 7, 2007
Richard Lloyd Parry in Dili

East Timor, one of the world’s newest and poorest nations, will apply to join the Commonwealth, a decision that is already provoking opposition in the former Portuguese colony.

José Ramos-Horta, the country’s acting Prime Minister and a leading contender in Monday’s presidential election, said that Commonwealth membership would provide the tiny state with a voice in an important international forum, as well as bringing desperately needed opportunities for study for Timorese students.

“Even if I’m not elected there is a consensus, and I propose that we make formal submission this year to become a member,” Dr Ramos-Horta said. “I already discussed it with John Howard [the Australian Prime Minister] and Don Mackinnon [the Commonwealth Secretary-General]. We need to be sponsored by a strong lobby, but I think that Australia, New Zealand, Malaysia, Singapore and India will not say no.”

The proposal will dismay Portugal, which has gone to great effort to preserve East Timor as a Lusophone enclave, despite criticisms that adoption of Portuguese as the country’s official language has crippled the country’s education and justice systems. Only a small fraction of East Timorese speak Portuguese, resulting in a situation in which the authorities sometimes have to release criminal suspects because there are no speakers on hand to deal with the necessary bureaucracy.

The proposal has been treated with cautious scepticism by Dr Ramos-Horta’s main rival for the presidency, Francisco “Lu’Olo” Guterres. “We have a special relationship with the Portuguese-speaking countries,” Mr Guterres told The Times this week. “Ramos-Horta often seems to have such grandiose ideas. I want to take small, cautious steps before I commit to anything.”

Mozambique, which has no colonial links to Britain, is the only non-English-speaking country allowed into the Commonwealth, under special dispensation, largely because Nelson Mandela asked for it. The country, which gained independence in 1975 after almost five centuries as a Portuguese colony, became a member in 1995.

Membership of the Commonwealth “club” gives members access to scholarships and other educational opportunities as well as the chance to rub shoulders with countries from around the globe at summits and international get-togethers. Although Britain has few historical links with East Timor, Tapol, one of the nongovernmental organisations most active in the campaign against the Indonesian occupation, is London-based.

According to Dr Ramos-Horta, the country’s Arabica coffee is also a favourite with the British Royal Family. “Princess Anne was here, and she took back loads of Timor coffee,” he said. “It used to be the coffee of choice in Buckingham Palace in the Fifties and Sixties. I sent packets to Charles, William — all of them. I got a very nice letter back from Prince Philip.”

Infant nation prays for saviour to deliver it from decades of war

The Times (UK) - April 7, 2007

East Timor waits for the result of presidential elections, braced for more violence but still holding on to the hope of peaceful progress.

Richard Lloyd Parry in Dili

If they knew nothing of its tumultuous history, first-time visitors might conclude that being President of East Timor is a very comfortable and undemanding job. The national capital, Dili, is the prettiest, sleepiest city in South East Asia, a place of Portuguese colonial buildings on a beautiful curving bay. Steep green mountains rise above it into the mist; scattered across them, in an area half the size of Belgium, little more than a million people live in simple villages of wood and thatch.

They produce rice and some of the world’s finest organic coffee, with the bonus of oil in the strait dividing the island from Australia. But the impression of happy indolence does not last more than a few hours. On Monday, for only the second time in their brief history, East Timorese will choose a president at a moment of profound economic, political and social crisis.

Five years after independence, and seven years after the end of a brutal 24-year occupation by Indonesia, East Timor seems in many ways to be slithering backwards. Physically, in Dili at least, the depredations of the occupation have been repaired, and espresso bars catering to UN personnel occupy what were once burnt-out shells. But the country is also Asia’s poorest, with worsening levels of unemployment and poverty. Some 37,000 people across the country live in refugee camps after a deadly confrontation last year between the police and the Army that left 37 people dead and drove 120,000 from their homes.
Whoever comes out on top in the election must mediate between bitterly divided veterans of the independence guerrilla struggle, antagonistic East Timorese soldiers and police, a 1,150-strong force of Australian and New Zealand military peacekeepers, 1,650 United Nations police and a UN mission blamed for allowing many of the present problems to have developed. Half of the candidates issued a joint statement yesterday to say they feared that attempts had been made to manipulate the election.

“The winner of this election will win a wooden cross,” said José Ramos-Horta, the Nobel prize-winner, who is one of the presidential front runners. “Not as heavy as the cross carried by Jesus Christ, but almost as heavy.”

Few countries a hundred times the size of East Timor have experienced such extremes of distress and exhilaration in so short a history. Indonesia invaded in 1975 after the country was abandoned by its colonial ruler, Portugal. As many as 200,000 people died from war, disease and deprivation. Armed by Britain and the US, the Indonesian Army fought the East Timorese guerrillas to the brink of defeat. In 1999, in the face of growing international outrage, Indonesia allowed a referendum on the territory’s future.

A huge majority chose independence; the Indonesian Army responded by burning towns and deporting 250,000 people across the border to Indonesian West Timor. International forces restored order and the UN ran the country until 2002, when Xanana Gusmao, the hero of the guerrilla resistance, was elected its first independent president, with Dr Ramos-Horta as his foreign minister.

International goodwill came in aid from Portugal, Australia and the US, and an influx of experts and advisers. “In 1999, East Timor was an epicentre of destruction,” said Dr Ramos-Horta before independence. “Now, we have become a peaceful, stable democracy. Those who think the challenge of nation-building is doomed to failure should learn from East Timor.”

Beneath the excitement, however, chronic problems were developing. On top of generous aid, East Timor’s kitty from its oil fields amounts to $1.2 billion (£610 million). But the country still lacks a bureaucratic infrastructure capable of channelling it effectively into the hands of ordinary people. During the Indonesian occupation, technical jobs — as civil servants, secondary school teachers, doctors, lawyers, judges, agricultural experts and economists — went almost exclusively to Indonesians. When Jakarta pulled out East Timor lost regular cash subsidies and the people with the skills to run the country. The return of Timorese exiles, educated in Australia, Portugal and its former colonies such as Angola and Mozambique, went a little way to filling the gap, but it will take a generation to train up a corps of Timorese professionals.
The task has been made harder by the decision to adopt Portuguese as the medium of government and education, rather than the local language, Tetum. “The impact of that decision was major,” says Keryn Clark of Oxfam, who has been working in East Timor since 1998. “People without a high level of Portuguese themselves are teaching in Portuguese to students who hardly know the language at all.”

Money sits uselessly in government bank accounts and without the stimulus of well-planned public spending, there is widespread poverty. Some 45 per cent of the population lives on $1 a day or less; among young people, unemployment is 44 per cent, leading to the growth of criminal gangs, based around rival martial arts clubs, who have brought to the streets of Dili levels of crime unknown under the Indonesia military occupation.

“Until 18 months ago, what you had here seemed very good,” says Ms Clark. “There was cohesion. People could laugh at their political differences in a healthy way.” But a year ago, months of accumulating tension exploded in an extraordinary near-civil war, universally referred to as “the Crisis”. Precisely what happened is murky even today, but it originated in discontent over conditions in the newly formed East Timor Defence Force. Six hundred soldiers presented a petition to the Prime Minister, Mari Alkatiri; when it was denied, they abandoned their barracks.

A demonstration in Dili drew out the martial arts gangs, and shops and houses were burnt in days of rioting. Indistinct battle lines were established between President Gusmao and the East Timorese police on the one hand, and his Prime Minister and the Army on the other. To make things more baffling, the former faction was associated with people from western East Timor, the latter with those from the east. The tension was reduced when Mr Alkatiri resentfully resigned his post. But across the country, 37,000 people live in tent villages, 46 of them in Dili alone, either homeless or too afraid to return to their homes.
“All the candidates talk about the refugees,” says Agustinha Ximenes, who lives with seven children among 400 people in a malodorous camp of makeshift shelters across the road from the Australian Army’s principal base. “Next month we will have been here one year, and I don’t know how long we will have to stay.”

It is in this atmosphere of anxiety and confrontation that Monday’s election takes place. Facing Dr Ramos-Horta are two serious candidates — Fernando “La Sama” de Araujo of the Democratic Party, and the likely front-runner, Francisco Guterres, a former guerrilla commander known by his nom de guerre Lu’Olo, of the Fretilin party. Lu’Olo is a blunt former fighter, whose party has its origins in Third World Marxist-Leninism, and believes in saving the oil money for future generations. “If Ramos-Horta became internationally recognised it was not only because of his personal merits,” he told The Times, “but because of our people fighting and dying in the mountains for our cause.”
Dr Ramos-Horta is a suave and witty cosmopolitan, the friend of foreign leaders and film stars, who won the Nobel Peace Prize for his one-man campaign in exile for Timorese independence. He has the backing of Mr Gusmao and his newly formed National Council of Timorese Resistance (CNRT), which welcomes the international military presence, and favours international borrowing and spending to see East Timor over its economic troubles. All sides blame the others for the state of the country, and for provoking the campaign violence.

The country waits fearfully for the results of the elections, braced for vengeful violence from the losing side. But given the agonies that they have been through, it is easy to lose sight of how much has been achieved — freedom, independence and functioning, though fraught, democracy.

“Look at the situation in a sober fashion — can you compare us to Sierra Leone, to the Solomon Islands?” says Dr Ramos-Horta. “We have enough money. Investment will pick up. We have fantastic people that, in spite of the failures of their leadership, did not sink into civil war. Five years is too early to judge whether a country is failing, or just going through its ups and its downs.”

Long struggle

- Declared independence from Portugal on November 28, 1975; invaded by Indonesian forces nine days later
- Over the next 20 years an estimated 100,000-250,000 people died as Indonesian forces struggled to keep control
- In August 1999 an overwhelming majority voted for independence
- Internationally recognised as an independent state on May 20, 2002
- Before a multinational peacekeeping force in September, Indonesian-backed Timorese militias killed approximately 1,400 Timorese and forced 300,000 people into West Timor as refugees.
Source: CIA World factbook

Candidatos criticam organização

O Primeiro de Janeiro - Sábado, 7 de Abril de 2007

Atrasos e erros na emissão de credenciais podem impugnar eleições timorenses.
Quatro candidatos presidenciais queixaram-se ontem em Díli de atrasos, por parte do Secretariado Técnico da Administração Eleitoral, na emissão dos cartões para os fiscais e observadores às eleições de segunda-feira, que também consideram estar mal concebidos.


“Os cartões fiscais que foram emitidos podem ser utilizados por qualquer indivíduo. Não trazem a sua identificação, não trazem o local de residência do portador e não sabemos quem os poderá utilizar”, disse ontem o candidato presidencial João Carrascalão, numa conferência de imprensa conjunta que se realizou ontem, em Díli, e que contou ainda com as presenças dos candidatos, Fernando «Lassama» de Araújo, Francisco Xavier do Amaral e Lúcia Lobato.
A candidata apoiada pelo Partido Social-Democrata admitiu, quando questionada pelos jornalistas, pedir a “impugnação” das eleições, devido aos atrasos que, afirmou, podem impedir o envio dos cartões para o interior do país antes de amanhã.

“Nós vamos utilizar os canais legais. Estamos a preparar documentos de protesto para a Comissão Nacional de Eleições (CNE), que é o órgão competente para resolver este assunto”, disse Lúcia Lobato, que acrescentou que são precisas medidas urgentes para resolver a questão.
“Se o Governo falhar isto é um processo falhado e por isso vamos pedir ao tribunal para declarar que as eleições não são válidas e que devem realizar-se outras eleições”, disse ainda a mesma.

“Pedimos ao STAE (Secretariado Técnico da Administração Eleitoral) que corrija as anomalias que nós detectamos e pedimos às Nações Unidas que tomem providências no sentido de terem observadores e fiscais da ONU para impedir desvios ao processo normal”, declarou João Carrascalão que adiantou também que a situação vai ser transmitida à CNE e ao representante especial do secretário-geral das Nações Unidas em Timor Leste, Atul Khare.

Nas eleições presidenciais, cada um dos oito candidatos é representado em cada uma das 705 estações de voto, a nível nacional, por um fiscal e por um observador mas as credenciais que foram emitidas pelo STAE não especificam a que candidatura pertence o portador do cartão.

Segundo o candidato, vai ser impossível enviar as creditações para os distritos do interior ou do enclave de Oecussi.

“Com as chuvas que se fazem sentir e devido ao mau estado das estradas de Timor Leste vai ser muito difícil para nós enviar todos os cartões para todas as estações de voto do país. Não temos garantias de que vamos ter as pessoas devidamente credenciadas. Esperamos que possam resolver estas anomalias para podermos ter uma eleição justa”, acrescentou João Carrascalão, candidato apoiado pela União Democrática Timorense.

A candidata Lúcia Lobato disse ainda que os candidatos da oposição têm informações que indicam que foram distribuídos há três dias os cartões para os fiscais e observadores da FRETILIN, partido com maioria na Assembleia Nacional, e que apoia o candidato Francisco Guterres «Lu Olo». Contudo, Filomeno Aleixo, porta-voz da FRETILIN, contactado pela agência Lusa, disse que a candidatura de «Lu Olo» só recebeu “um terço” dos cartões para fiscais e observadores. “A situação está uma desordem formidável, só recebemos um terço dos cartões”, afirmou.

Tempo apertado

Entretanto, Faustino Cardoso Gomes, membro da CNE disse que as reclamações já foram recebidas e que foi pedida a intervenção das Nações Unidas para a distribuição das credenciais no interior do país.
“Nós já recebemos as reclamações acerca das credenciais e já apresentamos uma carta ao STAE. Demonstramos preocupação acerca do atraso porque isto pode prejudicar o processo.

Verificaram-se atrasos, sobretudo, na entrega dos cartões aos fiscais da UDT, do PSD e da FRETILIN, a questão agora é o curto tempo para a distribuição das credenciais. Vamos pedir apoio às Nações Unidas para distribuir os cartões de helicóptero”, disse à agência Lusa. O membro da CNE considera que as fotografias do portador deviam constar nas respectivas credenciais, tal como estava previsto pelo STAE.

“O CNE considera uma má prática e vamos tentar verificar o que aconteceu”, afirmou. De acordo com João Carrascalão, os candidatos Avelino Coelho e José Ramos Horta concordam com o mesmo protesto mas não puderam estar presentes na conferência de imprensa por motivos ligados a assuntos de campanha, que oficialmente terminou ontem à meia-noite (às 16h00 em Lisboa) e o candidato Manuel Tilman não foi contactado pelos quatro candidatos presentes na conferência de imprensa.

Instituições - Apelo à tolerância

O presidente timorense, o bispo de Díli e o primeiro-ministro fizeram um apelo à paz no dia de eleições, amanhã, numa sessão que marcou o regresso de Ramos-Horta à chefia do Governo. A iniciativa do apelo foi do presidente da República, Xanana Gusmão, que convidou o bispo de Díli e o primeiro-ministro para o Palácio das Cinzas. Xanana frisou que “não pode haver intimidação” e “não se pode usar violência para influenciar o sentido de voto” de outras pessoas. D. Alberto Ricardo da Silva, bispo de Díli, afirmou que “todos os eleitores devem ir votar sem medo porque a eleição do Presidente da República é direito do povo”. “Domingo assinalamos a Ressurreição. Segunda-feira pode ser a ressurreição da nação, da democracia”, disse Ramos-Horta.

Timor-Leste vai às urnas enfrentando violência

Jornal O Povo (Brasil) - 07/04/2007, 00:10

Pela primeira vez desde a independência de seu pequeno país e num clima de grande preocupação, os habitantes de Timor-Leste vão na segunda-feira às urnas eleger um sucessor para o carismático presidente Xanana Gusmão. A votação, cujo resultado é difícil de se prever na capital Díli, será realizada em um ambiente tenso na jovem e pobre nação desestabilizada após um ano extremamente violento.

Um total de 232 observadores estrangeiros, 1.655 policiais da ONU e centenas de militares de uma força internacional tentarão assegurar uma eleição livre de fraudes e tumultos. Oito candidatos estão na disputa, entre eles o atual primeiro-ministro, o Prêmio Nobel da Paz José Ramos Horta.

Ele é ligado ao chefe de Estado, o ex-guerrilheiro separatista Xanana Gusmão, que vê com bons olhos a idéia de se tornar premier dentro de alguns meses. Os outros concorrentes com chances são Fernando Lasama, do Partido Democrata (PD), e Francisco Guterres (conhecido como Lu-Olo), da Fretilin, de orientação marxista, que simbolizou a luta de resistência dos timorenses do leste. Nos últimos dias, as manifestações de militantes de diferentes partidos foram alvo de pedras e flechas, às vezes envenenadas, de grupos rivais. Os policiais portugueses e os militares australianos tentam pôr fim aos confrontos, uma tarefa árdua em um ambiente repleto de ódio.

Gusmão e Ramos-Horta abusam da televisão estatal para promover a campanha eleitoral de Ramos-Horta

FRETILIN - Comunicado de Imprensa - 7 de Abril de 2007

A FRETILIN, o partido maioritário de Timor-Leste, acusou hoje o Primeiro-Ministro José Ramos-Horta e o Presidente Xanana Gusmão de manipularem a televisão estatal para promover a campanha presidencial de Ramos-Horta.

Francisco Guterres "Lu-Olo", candidato presidencial da FRETILIN, disse que Xanana Gusmão, Ramos-Horta, e o Bispo de Dili, Dom Alberto Ricardo da Silva, apareceram juntos na televisão nacional para transmitirem uma mensagem de Páscoa.

"Como candidato presidencial, Ramos-Horta não deveria transmitir mensagens públicas anunciadas com "Mensagens do Primeiro-Ministro, três dias antes das eleições de 9 de Abril" disse Lu-Olo, que é também Presidente do Parlamento Nacional.

Nas declarações, feitas esta manhã, Lu Olo disse que a utilização de recursos do governo é um abuso de poder por parte de Ramos-Horta, e acrescentou que esta foi a última de várias acções de Xanana Gusmão que visam facilitar a troca de empregos entre Xanana e Ramos-Horta.

"Primeiro, Xanana Gusmão anunciou que irá liderar um novo partido que tem, deliberadamente, o nome de CNRT, de maneira a enganar o eleitorado. Ele está a tentar capitalizar, de forma imoral, as realizações do Conselho Nacional da Resistência Timorense, também conhecido pela sigla CNRT.

"Segundo, Xanana tem feito declarações aos órgãos de comunicação social promovendo o seu partido, e a si próprio para a posição de Primeiro-Ministro, quando continua ainda a exercer as funções de Presidente da República."

"Terceiro, no dia 4 de Abril, Xanana Gusmão participou na campanha de Ramos-Horta, realizada em Dili, e declarou abertamente o seu apoio a candidatura de Ramos-Horta a Presidente da República. Isto é uma tentativa descarada, por parte de Xanana Gusmão, para escolher a dedo o seu sucessor."
"Se a intenção era de transmitir uma Mensagem de Páscoa de paz e conciliação da liderança da Nação, então eu deveria ter sido convidado a juntar-me a eles, como Presidente do Parlamento Nacional, para a transmissão da mensagem à Nação," disse Lu Olo.

Ontem a noite, Lu Olo pediu a TVTL para que pudesse transmitir uma mensagem como Presidente do Parlamento Nacional, e o pedido foi aceite. A transmissão televisiva deverá ter lugar esta noite. Na mensagem pré-gravada, Lu-Olo alertou sobre os políticos "que abusando da sua função de liderança do estado, usam e abusam dos órgãos de comunicação social do estado para, simulando estarem a fazer apelo a calma e tranquilidade durante as eleições, o façam de forma inconstitucional projectando a imagem do seu candidato."
"Lamento este incidente num estado de direito democrático e apelo aos jornalistas nacionais e internacionais para que não se deixem influenciar por estas manobras que têm estado a manchar as nossas eleições. Queremos um jornalismo isento e transparente à causa da nação timorense."

"Aos observadores nacionais e internacionais, apelo que façam a observação com rigor e sentido de responsabilidade."

Lu-Olo apelou ao povo para que não use a violência, e "todo o tipo de provocação e violência deverão ser denunciados à policia."

"Vamos mostrar aos nossos filhos e ao mundo em geral que somos um povo que almejamos a paz e a prosperidade."

Para mais informações, contacte:
José Manuel Fernandes (Representante Oficial do Presidente Lu-Olo para a CNE): +670 - 734 2174 (Dili)
Harold Moucho (Assessor político do Presidente Lu-Olo): +670 - 7230048 (Dili)
Filomeno Aleixo: +670 - 724 3460 (Dili)
Arsénio Bano: +670 - 733 9416 (Dili)
Paulo Araújo: +61 - 424 413 525 (Darwin, Austrália)

Fretilin condemns Xanana’s abuse of power

The Southeast Asian Times - Saturday, April 7, 2007

Dili: East Timor’s majority political party has accused the country’s outgoing president Xanana Gusmao of abusing the office of Head of State by interfering in elections to choose a new president.

Central-committee-and-national-political-commission member - Filomeno Aleixo said President Gusmao was filmed on national television attending a rally in support of Jose Ramos Horta’s presidential campaign at Dili Stadium on Wednesday.

“The President of the Republic is supposed to be an independent person and should not be endorsing candidates in elections. This is a clear abuse of his power as President,” Aleixo said. “As Head of State, the President should be setting an example by promoting a fair and transparent vote. It is his role to strengthen the independence of the country’s institutions and ensure that there is no manipulation of the presidential elections.

“The President has no right to use his office to try to hand pick his successor.”
Fretilin is supporting the former guerrilla fighter and parliamentary chairman Francisco Guterres Lu Olo for president.

Aleixo said the latest comments by Father Martinho Gusmao, the Catholic church’s representative on the National Electoral Commission and the Commission’s official spokesperson, clearly prejudiced the outcome of Monday’s ballot.

Martinho Gusmao, director of the justice and peace commission for the Baucau diocese, voiced support for a presidential candidate, Fernando de Araujo “Lasama”, at a Jakarta Press Club workshop in Dili.

He also told the workshop he was drafting the bishops’ pastoral letter to be read on Easter Sunday the day before Monday’s election.

“For the commission’s spokesperson to openly declare support for a candidate is a flagrant and serious abuse of power,” Aleixo said.

Aleixo called on the Catholic Church to remove Martinho as its representative on the Electoral Commission and for the Commission to remove him as Commission spokesman.

Aleixo said many senior church figures recognised the need for the church to remain impartial during the electoral process and Fretilin had no problem with the behaviour of the church as a whole during the campaign.

“Fretilin will lodge a complaint to the Commission in relation to this latest demonstration of blatant political bias by Martinho Gusmao,” he said.
“A spokesperson for the National Electoral Commission should not be openly declaring his support for any candidate. His job is to help ensure the Commission acts as an independent body in the service of free and fair presidential and parliamentary elections.

“This is the latest in a series of statements by Martinho Gusmao, to both local and international media which have been designed to manipulate the electoral process. “The National Electoral Commission must act against Martinho Gusmao to restore its impartiality.”

Diplomata guineense chefia observadores da CPLP

Díli, 7 Abr (Lusa) - O chefe dos observadores da CPLP afirmou hoje à Lusa que as eleições presidenciais de 09 de Abril "são um passo importante para a democracia timorense e um teste para a administração estatal".

Apolinário Mendes Fernandes, secretário-geral do ministério guineense dos Negócios Estrangeiros, chefia uma missão de 12 observadores da Comunidade de Países de Língua Portuguesa.

O chefe da diplomacia guineense, António Isaac Monteiro, que devia dirigir a missão a Timor-Leste, não pôde acompanhar os observadores devido a compromissos na Guiné-Bissau, país que ocupa actualmente a presidência da CPLP.

A missão de observadores da CPLP às presidenciais chegou a Díli na sexta-feira "e começou de imediato o trabalho".

"Pudemos inteirar-nos de que a campanha eleitoral começou já no final de um período de certa tensão e que essa tensão está num quadro descendente", disse Apolinário Mendes de Carvalho à Lusa. "Já havia e houve incidentes na campanha, mas em geral não foram muito graves", acrescentou o diplomata guineense.

"O objectivo é que as eleições decorram com toda a normalidade", acrescentou o diplomata guineense, sublinhando que "estas são as primeiras eleições organizadas pelos timorenses".

A missão da CPLP reuniu com o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) e com representantes diplomáticos de Portugal e do Brasil, os dois países lusófonos que têm uma embaixada em Timor-Leste.

O Brasil é o país que contribui com mais observadores nesta missão.

Os observadores designados por Cabo Verde e por Angola "não puderam integrar a missão a tempo, apenas por razões logísticas relacionadas com os voos" de ligação a Bali, Indonésia, e a Díli.

"Timor-Leste é parte da comunidade lusófona e os outros países pretendem contribuir para a consolidação da democracia e do estado de direito aqui", declarou Apolinário Mendes de Carvalho.

"A CPLP é portadora de certos valores e nós estamos aqui num espírito de solidariedade activa". "A missão não resulta apenas de a Guiné-Bissau estar na presidência da CPLP", explicou Apolinário Mendes de Carvalho.

"Trata-se também para nós, guineenses, de dar alguma coisa e não apenas de receber, embora a crise na Guiné tenha complicado esses propósitos".

Durante o conflito de 1998-1999 e nas sucessivas crises políticas em Bissau, a CPLP desempenhou diversas missões de diálogo, incluindo duas que envolveram o actual primeiro-ministro timorense, José Ramos-Horta, durante a Presidência de Kumba Ialá.

PRM-Lusa/Fim

Electoral authorities go to great lengths

Radio Australia - 07/04/2007, 17:46:

Electoral authorities in East Timor will need porters on horseback to ensure the country's most remote citizens can vote in Monday's presidential election.
As Anne Barker reports, it's the first national election since independence in 2002.


More than 500,000 people have registered to vote on Monday for one of eight candidates to replace Xanana Gusmao as President.

But with 80 per cent of the population outside the capital Dili, election organisers face a massive logistical challenge to allow every voter to cast a ballot.

Seven hundred polling stations will open on Monday morning across the country, but in the most remote areas porters on horseback, or even on foot, will take ballot papers to every last hut to maximise the vote.

Secretário-geral da ONU apela a eleições livres

Díli, 07 Abr (Lusa) - O Secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, lançou hoje um apelo a todas as partes para que as primeiras eleições presidenciais de Timor-Leste, desde a sua independência em 2002, sejam "livres e leais".

"Desejo que as eleições sejam livres, leais, transparentes e credíveis. Desejo que não sejam manchadas pela violência ou por actos de intimidação e espero que terminem com resultados que todos reconheçam", afirmou Ban Ki-moon a uma rádio local.

Pela primeira vez desde a independência do pequeno país, uma antiga colónia portuguesa, ocupada durante 24 anos pela indonésia (1975-1999), os habitantes de Timor-Leste preparam-se para votar segunda-feira, num clima de tensão, para designar um sucessor do carismático presidente Xanana Gusmão.

"A forma como estas eleições vão ser realizadas é decisiva para dar o tom para o desenvolvimento futuro da vossa sociedade", prosseguiu o Secretário-geral da ONU. "O Mundo observa-os. Apelo a todos os candidatos e seus partidários para aceitarem os resultados de forma pacífica", acrescentou Ban Ki-moon.
As presidenciais timorenses vão determinar o sucessor de Xanana Gusmão, chefe de Estado formalmente empossado em 2002.

Apresentam-se à votação oito candidatos, com José Ramos Horta (independente) e Francisco Guterres "Lu Olo", (apoiado pela Fretilin) a constituírem os dois favoritos à sucessão de Xanana Gusmão.

Às eleições, as primeiras após a independência de Timor-Leste, a 20 de Maio de 2002, apresentam-se também Francisco "Lasama" de Araújo, João Carrascalão, Francisco Xavier do Amaral, Manuel Tilman, Avelino Coelho e Lúcia Lobato, a única mulher a concorrer.

Um total de 232 observadores estrangeiros, 1.655 polícias das Nações Unidas e um milhar de militares de uma força internacional vão tentar assegurar a normal realização do escrutínio.
LMP-Lusa/Fim

Calm as police, troops prepare to secure ETimor vote

Dili, April 7 (AFP) - East Timor was calm Saturday as thousands of United Nations and local police, backed up by international peacekeeping troops, prepared to secure Monday's presidential election after clashes last week between supporters of rival candidates.

"Everything is calm and peaceful. There have been no major incidents," United Nations police spokeswoman Monica Rodrigues said.

At least 32 people were injured in election-related clashes Wednesday in and around Dili, although most of the two-week presidential campaign was peaceful, the UN said.

Eight candidates, including Prime Minister Jose Ramos-Horta, are vying to replace President Xanana Gusmao, who is not seeking re-election.
There would be a tightening of security in the lead-up to the vote, Finn Reske-Nielsen, deputy head of the UN mission, told reporters on Thursday.
Security is "a primary concern," he said.

Atul Khare, who heads the UN mission, said the 1,655 international police and about 2,800 local officers are supported by close to 1,000 troops from an Australian-led international peacekeeping force.

UN Secretary General Ban Ki-moon on Saturday called on all parties in East Timor to make the country's first presidential election since independence in 2002 a free and fair one. "I hope they will be unmarred by violence and intimidation, and I hope they will lead to results accepted by all," Ban said in a message broadcast on local radio. "The eyes of the world are upon you. I call on all candidates and their supporters to accept the results in a peaceful manner."
The Australian-led force was dispatched after unrest in May last year that killed at least 37 people and forced more than 150,000 to flee their homes. About 37,000 people are still displaced in Dili, the capital.

East Timor, formally known as Timor-Leste, gained independence after a period of UN stewardship that followed 24 years of occupation by neighbouring Indonesia.

Candidatos admitem impugnar acto eleitoral

Jornal de Notícias, 07/04/07

Quatro candidatos presidenciais queixaram-se ontem, em Díli, de atrasos, por parte do Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE), na emissão dos cartões para os fiscais e observadores às eleições de segunda-feira, afirmando também que estão mal concebidos.

"Os cartões que foram emitidos podem ser utilizados por qualquer indivíduo. Não trazem a sua identificação, não trazem o local de residência do portador e não sabemos quem os poderá utilizar", disse o candidato presidencial João Carrascalão, numa conferência de Imprensa conjunta com Fernando "Lassama" de Araújo, Francisco Xavier do Amaral e Lúcia Lobato.

A candidata apoiada pelo Partido Social-Democrata admitiu, quando questionada pelos jornalistas, pedir a "impugnação" das eleições, devido aos atrasos que, afirmou, podem impedir o envio dos cartões para o interior do país antes de segunda-feira.

"Vamos utilizar os canais legais. Estamos a preparar documentos de protesto para a Comissão Nacional de Eleições, que é o órgão competente para resolver este assunto", disse Lúcia Lobato, que acrescentou que são precisas medidas urgentes para resolver a questão.

"Se o Governo falhar isto é um processo falhado e por isso vamos pedir ao tribunal para declarar que as eleições não são válidas e que devem realizar-se outras eleições", afirmou a candidata.

Nas eleições presidenciais, cada um dos oito candidatos é representado em cada uma das 705 estações de voto, a nível nacional, por um fiscal e por um observador, mas as credenciais que foram emitidas pelo STAE não especificam a que candidatura pertence o portador do cartão.

Os cartões exibidos na conferência de imprensa pelos quatro candidatos referem apenas o nome mas não contêm mais nenhum dado de identificação, nem a fotografia do fiscal ou observador.

Lúcia Lobato disse ainda que os candidatos da oposição têm informações que indicam que foram distribuídos há três dias os cartões para os fiscais e observadores da FRETILIN, partido com maioria na Assembleia Nacional e que apoia o candidato Francisco Guterres "Lu Olo". No entanto, Filomeno Aleixo, porta-voz da FRETILIN, contactado pela agência Lusa, disse que a candidatura de "Lu Olo" só recebeu "um terço" dos cartões para fiscais e observadores. "A situação está uma desordem formidável, só recebemos um terço dos cartões", afirmou.

Entretanto, Faustino Cardoso Gomes, membro da CNE, disse à Lusa que as reclamações já foram recebidas e que foi pedida a intervenção das Nações Unidas para a distribuição das credenciais no interior do país.

***

Presidenciais timorenses poderão ser impugnadas
Diário de Notícias, 07/04/07

Por: Armando Rafael

Fernando Lassama Araújo, Lúcia Lobato, João Carrascalão e Francisco Xavier do Amaral - quatro dos oito candidatos às presidenciais timorenses - ameaçaram ontem impugnar as eleições que se realizam depois de amanhã. Em causa estão diversas irregularidades que as Nações Unidas e os responsáveis pelos assuntos eleitorais estão a tentar corrigir, com destaque para os cartões de identificação dos fiscais designados pelas diferentes candidaturas para as mesas de voto dispersas por Timor-Leste.

Uma dificuldade acrescida num país onde é muito difícil transitar normalmente, tarefa que, neste momento, se torna quase impossível devido às fortes chuvadas que ontem se fizeram sentir em Timor-Leste.

Em declarações ao DN, João Carrascalão, um histórico da vida política timorense, revelou que os quatro candidatos já tinham enviado uma carta conjunta aos responsáveis do Secretariado Técnico para os Assuntos Eleitorais, esperando agora que o assunto fique resolvido com a ajuda da ONU.

João Carrascalão, que ontem deu um conferência de imprensa conjunta com Lúcia Lobato (candidata do Partido Social-Democrata), Xavier do Amaral (Associação Social- -Democrata Timorense) e Fernando Lassama Araújo (líder e candidato do Partido Democrático), aproveitou também para afirmar que os atrasos registados na entrega daqueles cartões de identificação tinham sido premeditados. "Os cartões dos fiscais nomeados pelo partido do Governo [a Fretilin] já foram todos processados", frisou.

Uma acusação já desmentida ao DN por um membro do Governo, segundo o qual estes atrasos terão de ser imputados às estruturas de campanha que não cumpriram os prazos legais para a nomeação e identificação daqueles fiscais: 29 de Março.

Seja como for, o facto é que Fernando Lassama, Lúcia Lobato, João Carrascalão e Francisco Xavier do Amaral, com quem o candidato independente José Ramos-Horta já se solidarizou, tencionam deixar tudo em suspenso até ao dia das eleições, decidindo, nessa altura, qual será sua posição final nesta matéria.

"Vamos ver como é que as coisas correm no dia das eleições, além do que a ONU vai fazer, e depois veremos", acrescentou João Carrascalão, repetindo o que Lúcia Lobato já dissera antes, no decorrer da conferência conjunta efectuada em Díli.

"Já pedimos garantias de segurança à ONU e, agora, vamos esperar pela resposta das Nações Unidas. Senão, teremos de ser nós a garantir a nossa própria segurança e a dos nossos observadores", referiu Lúcia Lobato, momentos depois de a eurodeputada socialista Ana Gomes ter chegado a Díli.

Ana Gomes integra a missão que o Parlamento Europeu decidiu enviar a Timor-Leste e será uma das 232 personalidades estrangeiras que irão fiscalizar estas eleições presidenciais.

Apelos à calma em Timor-Leste

Correio da Manhã, 2007-04-07 - 00:00:00
Medo de violência nas eleições

O presidente de Timor-Leste, Xanana Gusmão, o primeiro-ministro interino, Ramos-Horta, e o bispo de Díli, Alberto Ricardo da Silva, exortaram ontem à calma e pediram aos líderes políticos que refreiem os seus apoiantes durante o período eleitoral.

Os apelos foram feitos após os recentes confrontos ocorridos durante a campanha para as presidenciais de segunda-feira, que se receia possam ser ensombradas pela violência, incluindo depois da votação.

“Apelo a todos os candidatos e cidadãos que aceitem o resultado, qualquer que seja”, afirmou Xanano no último dia da campanha. Esta semana ficaram feridas mais de 30 pessoas em confrontos entre apoiantes de Ramos-Horta e Francisco Guterres.

Calendário do dia das eleições.

Abertura das urnas: 07:00 horas
Fecho das urnas: 16:00 horas

veja resto do calendário divulgado pelo STAE/CNE aqui.

Spotlight: José Ramos-Horta - A reluctant statesman

The Financial Times Limited 2007
By John Aglionby
Published: April 6 2007 16:59 Last updated: April 6 2007 16:59

Considering he has spent virtually all his life seeking the spotlight, it is hard to believe José Ramos Horta does not want to be East Timor’s president. His claim that he is only running in today’s election “because of the country’s crisis” and that defeat would be “liberation” rings hollow.

Best known for sharing the 1996 Nobel peace prize with his compatriot Bishop Carlos Belo at the height of Indonesia’s brutal 24-year occupation, the 57-year-old son of a Portuguese exile and East Timorese mother is on a clear political mission. He has teamed up with Xanana Gusmão, the outgoing president and revered former rebel commander, to take power and set the five-year-old half-island country on a new course – of peace and sustainable development.

The plan has three stages. The first is for Mr Horta to win the ceremonial but nonetheless influential presidency. Then Mr Gusmão, by far the country’s most charismatic politician, has to win the general election, due in four months, at the head of his newly-formed party. Once in office, the two men say they will reverse many of the Fretilin government’s policies.

Their chances are good because the country is certainly in crisis – per capita GDP of $350, excluding oil revenues, and a 54 per cent illiteracy rate are two telling statistics – and many East Timorese blame the Fretilin leadership for the mess. Most vilified is Mari Alkatiri, whom Mr Horta replaced as caretaker prime minister last June after Mr Alkatiri was forced out after weeks of violence in Dili, the capital.

Mr Horta believes his predecessor’s fundamental mistake was “to govern with absolute disregard for everyone else”.

“As a result, everybody became like enemies,” he said. “The opposition, non-governmental organisations, even the World Bank and some foreign countries.”

When this was combined with a society which, according to Mr Horta, “was living in a culture of violence, of humiliation and impunity during Indonesian occupation”, the result was bound to be explosive.

Between March 2006, when the violence erupted, and June, at least 37 Dili residents were murdered, 4,000 houses were destroyed and more than 150,000 people became refugees. Some 2,200 foreign troops were deployed to restore order. The United Nations, which ruled East Timor form 1999 until independence in 2002 and had held up its nation-building exercise as a success, rushed back with a beefed-up mission. Then Mr Horta, who returned from spending the Indonesian era in exile to become foreign minister under Mr Alkatiri but successfully distanced himself from domestic decision-making, formed a transitional administration until this year’s elections.

Putting East Timor back on an even keel will necessitate retaining the international presence for “at least five years”, Mr Horta believes. “When we talk about these issues of sovereignty, it’s meaningless if we cannot provide absolute guaranteed safety to our own people,” he said. “My priority is that our women, children, elderly, young people are able to sleep at peace at night and walk without fear to school or work or to the fields everyday.”

Fretilin, in contrast, would like to see the UN mission significantly downsized in six months.

If elected, Mr Horta says he will forge a clear role of instilling a culture of non-violence.

“We have won [independence] not because of the guns, but in spite of the very few guns we had,” he said. “Instead of a gun or machete, get a computer.”

His main focus will be the 42 per cent of the 1m population under 15.

“I will do everything to bring computers to classrooms, [along with] textbooks, food, clothing. The greatest injustice for me in the last five years is that we have done little to look after the youth.”

Mr Horta dismisses the perception that he is regarded as too urban and elite. But he does admit he is out of step with much of the country on justice for the atrocities committed during Jakarta’s rule.

“For me, justice is first – truth-telling, acknowledging one’s guilt and apologising,” he said. “I, as a friend of Indonesia – am I going to create problems for them by demanding the generals are put on trial when I know this would create a backlash in Indonesia?”

Mr Gusmão holds identical views. But because so many more urgent problems have emerged in the post-Indonesia era, such an attitude is not expected to prove too costly at the ballot box.

NOTA DE RODAPÉ:

Ramos-Horta afirma que o Banco Mundial e alguns países se tornaram inimigos de Mari Alkatiri e da FRETILIN. Os mesmos que disse o apoiarem no início da sua camapanha.

Até que enfim que assume.

Só é estranho o Banco Mundial e os tais países, não o desmentirem...

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
This is my blogchalk: Timor, Timor-Leste, East Timor, Dili, Portuguese, English, Malai Azul, politica, situação, Xanana, Ramos-Horta, Alkatiri, Conflito, Crise, ISF, GNR, UNPOL, UNMIT, ONU, UN.