quinta-feira, setembro 07, 2006

PM dismisses East Timorese rebel's threats

ABC Online

07/09/2006.
ABC News Online
By Anne Barker

Prime Minister John Howard says he will leave the military to deal with new threats from the East Timorese rebel leader Alfredo Reinado.

Reinado, a military policeman charged with attempted murder and jailed over his role in East Timor's recent unrest, has been on the run for a week since breaking out of Dili's Becora jail with 56 other prisoners.

Reinado vows he will never hand himself in, and says he will shoot Australian soldiers if they attempt to recapture him.

"If they shoot me I will shoot them back because I have a right to protect myself in my country," he told SBS's Dateline program in a phone interview.

Mr Howard has dismissed his threats as propaganda, saying he will leave it for Australian troops to deal with.

"Those sorts of things are best dealt with by the military on the ground," he said.

Mr Howard says he has confidence in the Australian troops.

"Australian soldiers can handle that situation," he said.

"I have every confidence in Brigadier [Mick] Slater and I don't really think it adds anything for me to give a running response to every running piece of propaganda that comes from that particular person."

Loyalties

Reinado has spoken out against East Timorese Prime Minister Jose Ramos Horta, but says he remains loyal to President Xanana Gusmao.

Reinado says he is armed but denies he poses any threat to East Timor's security.

"As you know I never start any trouble all along," he said.

"The trouble is being start by somebody else and I stand up to stop that.

"Until now. Why is everybody still blame that I am the problem of this country? I'm not a problem of this country."

Reinado says he has made contact with Australian security forces since his escape and had told them to stop chasing him.

"Don't come after me because I'm not a problem of this nation," he said.

"The Government is a problem of this nation and my people will not let that happen because my people never want to hand me over.

"I'm willing to talk, with anyone to talk, to do any dialogue, but to hand over myself - no way."

Despite a massive police search for more than a week, none of the escapees has been found.

Colónia Portuguesa de Timor (Álbum Álvaro Fontoura)

http://www.ics.ul.pt/ahsocial/fontoura/album/pag_inteiras/0.htm

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O Homem do Presidente

Tradução da Margarida.


Quarta-feira 6 Setembro 2006
John Martinkus

O que parecem ser ordens escritas do Presidente Xanana Gusmão de Timor-Leste para o antigo soldado amotinado Alfredo Reinado confirma a relação estreita que o agora criminoso fugitivo — que é procurado por homicídio e ofensaa de armas — tinha com o Presidente.

A nota escrita à mão, vista pela New Matilda e disponível
aqui (em Português), em papel timbrado do Presidente e assinado por ele, marca o tom da relação entre os dois.

‘Major Alfredo, Bom Dia!’ começa. ‘Já combinámos com as forças Australianas e tem que se colocar em Aileu,’ escreve o Presidente, referindo-se à cidade na montanha uma hora a sul de Dili para onde Alfredo foi com os seus soldados amotinados.

A carta continua ‘Vou também escrever ao Tenente [Gastão] Salsinha [o líder dos Timorenses soldados demitidos que, ao contrário dos homens de Reinado, deixaram os seus quartéis sem as suas armas] para implementar esta ordem. Abraços a todos, Xanana’.

O Gabinete de Gusmão não poude ser contactado para comentar o documento.

A carta é datada de 29 de Maio deste ano — somente três dias depois das primeiras forças Australianas terem desembarcado em Dili e sete dias depois de Reinado ter liderado os seus homens num ataque contra as forças armadas nacionais Timorenses, as F-FDTL, nas montanhas a leste da capital.

A carta confirma a relação estreita entre o Presidente e o oficial desertor na altura — uma relação que o próprio Reinado nunca tentou esconder. Quando David O’Shea do programa Dateline da SBS TV o entrevistou em Dili dias antes de ser preso em 26 de Julho, Reinado disse:

Até 22 de Maio eu [estava] ainda ligado ao meu General, Taur Matan Ruak [Comandante das F-FDTL]. Depois eu [fui] atacado e estou a defender-me a mim próprio, penso que só devo seguir as ordens do meu Comandante Supremo, o Presidente. Até hoje, a qualquer sítio que vá, reparo sempre nele e tomo sempre as suas ordens. Seja o que for que vá fazer, seja qual for a ordem que for [dada], desde que seja clara e justificada, fá-la-ei.

Reinado também revelou que tem estado em contacto estreito com o Presidente desde 14 de Maio, antes da violência ter começado. A troca foi como se segue:

‘Em 14 de Maio no Domingo ouvi dizer que se encontrou com o Presidente,’ diz O’Shea.

‘Sim’ respondeu Reinado.

‘O que é que discutiu então?’

‘Fui dizer-lhe porque é que deixei Dili. Porque como Comandante Supremo ele tem de me chamar e perguntar-me isso. Porque é que eu deixei Dili em 3 de Maio. Fui lá explicar porque é que saí de Dili,’ diz Reinado, referindo-se ao dia em que deixou o quartel das forças militares em Dili com 20 dos seus homens e duas cargas de armas e munições.

E [Gusmão ] aceitou a sua explicação?’ pergunta O’Shea. ‘Com certeza,’ responde Reinado.

Quando entrevistei Reinado em 11 Junho estava ainda na cidade da montanha de. Estava lá com os seus homens pesadamente armados e oito guardas Australianos SAS. Disse que os guardas estavam lá para a sua segurança, mas o responsável das forças Australianas, o Brigadeiro Mick Slater, disse que o destacamento estava lá para o monitorizar.

O Reinado estava no seu modo usual arrogante — proclamando alto que lutava pala justiça da sua gente e referindo-se às chamadas ‘atrocidades’ pelas F-FDTL, que ele exagerava grandemente.

Quando foi pressionado sobre os seus planos para desarmar, forçou um riso e disse-me para falar com o Presidente sobre isso.

Proclamou que não era um amotinado e que era ainda um membro das forças armadas e que tinha o direito de usar armas porque estava ainda debaixo das ordens do Comandante Supremo das forças armadas o Presidente Xanana Gusmão.

As circunstâncias da prisão do Reinado também requerem análise. Estava em Dili nesse dia, 26 de Julho, e o incidente começou no fim da manhã. Reinado reclamava que lhe tinha sido oferecido o uso da casa pelo próprio Presidente. A casa estava situada directamente do outro lado da estrada do portão principal da base militar Australiana no heliporto de Dili no subúrbio de Bairo Pite. Quando se mudava para lá, a polícia Portuguesa (GNR), actuou sobre uma pista que tinha recebido, e veio e revisto a casa. Encontraram nove pistolas, milhares de munições e granadas.

No dia antes tinha sido a bem publicitada data final para a entrega de armas, e Reinado e os seus homens estavam claramente em violação. A GNR queria prendê-lo. A Polícia Federal Australiana chegou depressa à cena bem como vários blindados Australianos.
Foi um finca-pé que durou todo o dia com a imprensa local e estrangeira no exterior, e Reinado passeando-se ocasionalmente na varanda e emitindo declarações tais como ‘sou um homem livre num país livre,’ para grande divertimento dos repórteres.

(Entretanto no Gabinete do Presidente do outro lado da cidade, realizaram-se uma série de encontros entre funcionários e militares e representantes da polícia. Não foi permitido o acesso à imprensa.)

Finalmente, depois de estar escuro, foi dito à imprensa para sair, a polícia Portuguesa carregou as armas num veículo e as forças armadas Australianas moveram-se através da estrada e isolaram a casa.
Esperei no escuro e filmei quando os Australianos conduziram os homens de Reinado para fora, um por um, atados com pulseiras de plástico, e os fotografaram antes de os levarem a marchar atravessando a estrada para a sua base.

Contudo, os Australianos devem ter levado Reinado pelas traseiras, porque ele não estava com os seus homens.

A sequência dos eventos do dia e a maneira como os Australianos tentaram activamente desvalorizar o evento, deu-me a impressão que tinham prendido relutantemente Reinado e os seus homens, e que tinham sido forçados a fazê-lo pela descoberta das armas pela GNR.

Os encontros de crise no Gabinete do Presidente também sugeriam o envolvimento estreito de Gusmão no caso.

O facto de Reinado não ter sido preso mais cedo levantou muitas questões entre os observadores em Dili.

Porquê, perguntavam as pessoas, se mantinha ainda livre este homem que tinha sido filmado a disparar contra as forças armadas, e mesmo a declarar no filme que tinha “apanhado um”? Como disse um membro da equipa de investigação da ONU, ‘este tipo tem alguma cobertura política séria de topo.’

As ligações entre Reinado e o Presidente são ainda mais relevantes agora, no seguimento da sua ‘fuga’ da prisão de Becora de Dili na semana passada, quando ele e outros 56 simplesmente saíram porta fora.
Desde então gravou uma entrevista de meia hora com a televisão local Timorense. Os que a observaram dizem que a entrevista teve lugar em Daralau, nas montanhas por cima de Dili. Incidentalmente, a casa do Presidente está também nas montanhas por cima de Dili.

É inconcebível que os militares Australianos e a Polícia Federal não consigam localizar o cenário da entrevista — quando tanta gente em Dili conseguiu — e localizar e prender Reinado.

Mas talvez isto não seja uma alta prioridade.
Talvez estejam a ter a mesma posição da mulher do President a nascida na Austrália, Kirsty Sword Gusmão, que disse à ABC Radio esta semana que Reinado ‘foi retratado de certa forma incorrectamente nos media Australianos como sendo um desertor, um amotinado.’ Acrescentou que ‘quando desertou da polícia militar, foi uma acção de protesto contra o que viu como violações terríveis cometidas pelas nossas forças armadas.’

Há ainda pouca evidência que as forças armadas cometeram violações. Queixas de massacres e de sepulturas de massas nunca foram apoiadas com factos, e parecem ser alegações politicamente motivadas com o objectivo de desacreditar as F-FDTL.

Uma das mais proeminentes figuras da oposição a acusar repetidamente as F-FDTL de massacres é Fernando De Araújo do Partido Democrático. Quando o entrevistei para o Dateline em Agosto disse-me que, mesmo apesar do antigo Primeiro-Ministro Marí Alkatiri ter resignado, o ‘plano’ tinha falhado: ‘O meu plano era ter um governo transitório que o Presidente controlasse e ter eleições gerais dentro de seis meses,’ disse.


É similar ao que Alfredo Reinado defende agora, e pelo que se pode adivinhar dos apoiantes do agora notoriamente silencioso Presidente de Timor-Leste, é o que ele próprio se posicionava para fazer também.

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Acerca do autor

John Martinkus cobriu o conflito em Timor-Leste de 1995 até 2000. Foi correspondente residente em Dili para a Associated Press e Australian Associated Press, de 1998 até 2000. É autor de A Dirty Little War (Random House, 2001), sobre a passagem violenta do país para a independência. Recentemente co-produziu a reportagem Timor-Leste: A queda de um Primeiro-Ministro para a SBS TV’s Dateline, que foi para o ar em 30 Agosto.

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O pau grande de Downer para Timor-Leste

Tradução da Margarida.

The Guardian 6 Setembro, 2006

A visita do Ministro dos Assuntos Estrangeiros da Austrália Alexander Downer a Timor-Leste esta semana foi para pressionar o Governo de Timor-Leste a adoptar políticas pró-Australianas ainda mais reaccionárias.
O Governo Australiano esteve por detrás dos recentes distúrbios em Dili que viram a expulsão do Primeiro-Ministro Mari Alkatiri e a sua substituição pelo pró-Australiano José Ramos Horta.

Downer repreendeu publicamente o Governo de Timor-Leste para assumir mais responsabilidade na manutenção da ordem mas a intenção de ambos, Ramos Horta e Downer, nesta altura, é minar a influência da Fretilin.

A Fretilin presentemente tem a maioria dos lugares do eleito democraticamente parlamento de Timor-Leste. As eleições estão previstas no próximo mês de Maio.

Eventos recentes em Timor-Leste revelaram dramaticamente que o golpe para derrubar o Primeiro-Ministro Mari Alkatiri foi somente um passo para objectivos de longo alcance dos seus conspiradores.

A fuga cuidadosamente planeada de Alfredo Reinado com outros 56 criminosos duma prisão de Dili na semana passada assinalou o começo duma outra campanha para criar instabilidade e enfraquecer a influência da Fretilin. Ramos Horta, que não é mais um membro da Fretilin, pediu que o partido "se reformasse " ele próprio e elegesse uma nova liderança.
Ramos Horta disse que os membros da Fretilin devem "projectar-se eles próprios como um partido moderno, inclusivo, tolerante ".

Foi a força multinacional de forma preponderante constituída por tropas Australianas que permitiu a Reinado fugir, e logo que saiu da prisão — onde estava com a acusação de tentativa de homicídio e por ter iniciado os distúrbios em Dili em Maio — emitiu um apelo para um "levantamento popular " contra o governo. Só um governo formado por forças da extrema-direita disponível para cooperar totalmente com o Governo Australiano será aceitável para John Howard e o seu Ministro dos Estrangeiros.

Tais forças políticas já existem entre os partidos da oposição em Timor-Leste, tendo colaborado no passado quer com agências do governo Australiano, Indonésio ou dos USA.

Continuarão a encenar incidentes — queimando casas, assassinando civis — visando em particular apoiantes da Fretilin. O objectivo deles é criar um clima de medo que esperam lhes dará a capacidade para derrotar a Fretilin nas eleições no próximo ano.

O momento da fuga da prisão pode também estar ligado à decisão do Conselho de Segurança da ONU de enviar uma força de 1600 elementos da polícia comandada pela ONU para Timor-Leste para ajudar a estabilizar a situação que leva às eleições. O Comissário da Polícia nomeado pela ONU já está em Dili para assumir a missão de manutenção de paz. Estabilidade é a última coisa que os conspiradores do golpe querem para terem sucesso na criação da tensão necessária, do medo, e da imagem de um “governo falhado” ou de um “Estado falhado” no país.

A decisão do Conselho de Segurança da ONU não foi do gosto do Governo Australiano que argumentou que as unidades armadas da Austrália, Nova Zelândia, Malásia e Portugal sob comando Australiano podia fazer o trabalho e que as actividades da ONU se deviam limitar a fornecer ajuda aos 70,000 residentes de Dili transformados em refugiados no seu próprio país e estão ainda demasiado aterrorizados para regressarem às suas próprias casas.

Outro desenvolvimento foi a decisão do Governo de Timor-Leste de solicitar ser membro da ASEAN o que pode abrir muitas portas para o desenvolvimento económico de Timor-Leste e também dá ao pais uma base de apoio político muito larga, ajudando a nova nação a manter a sua independência e a sua posição política de não alinhado nos assuntos internacionais.

Outro evento significativo foi o acordo feito pelo governo de Timor-Leste com Cuba para fornecer cerca de 200 médicos para trabalhar em Timor-Leste e para Timor-Leste enviar um contingente de estudantes para Cuba para treino médico. Há também uma possibilidade de o governo de Timor-Leste estar representado na Cimeira dos Não-Alinhados que se vai realizar em Cuba em meados deste mês.

Todos estes desenvolvimentos são razões porque Alexander Downer, junto com o seu colega Indonésio, foram a Dili pressionar e ameaçar o Governo Timorense e preparar o terreno para mais divisões na direcção das eleições do próximo ano.

Reinado - entrevista telefónica na SBS a David O'Shea

Tradução da Margarida.

Transcrição:

Reinado on the Line

Já lá vai uma semana desde que o homem mais procurado em Timor-Leste, o líder amotinado Major Alfredo Reinado com outros 56 presos de certo modo conseguiram “andar” para fora da cadeia de Dili, isso tem que ser dito, sob circunstâncias extremamente curiosas. Quando isso aconteceu, David O'Shea da Dateline estava com Reinado e foi apanhado no fogo-cruzado quando o líder amotinado disparou os primeiros tiros da violência. Também estava à mão quando o Reinado foi preso, há três meses atrás. E agora, mais cedo hoje, ainda em fuga, Reinado sem mais nem menos, telefonou a David, por telemóvel. do sítio onde está escondido nas montanhas por cima de Dili.

DAVID O’SHEA: Alfredo Reinado, Onde está?

MAJOR ALFREDO REINADO: Algures em Timor-Leste.

DAVID O’SHEA: Pode ser mais específico?

MAJOR ALFREDO REINADO: Como é que posso dizer-lhe se há tropas Australianas a perseguirem-me, atrás de mim?

DAVID O’SHEA: Dizem que está a desestabilizar a situação, a aumentar tensões. Não se vai entregar?

MAJOR ALFREDO REINADO: Nunca me entregarei. Porque já lhes dei oportunidades, tempo para o processo da justiça. Sei que não sou um criminoso.

DAVID O’SHEA: Pode explicar claramente o que é que quer?

MAJOR ALFREDO REINADO: O que quero, que escutem a maioria das pessoas. Porque esta gente já não quer mais este governo. As pessoas querem justiça, as pessoas querem mudança.

DAVID O’SHEA: Ainda é leal a Xanana Gusmão? E esteve em contacto com ele?

MAJOR ALFREDO REINADO: Sou sempre leal com ele, ainda estou em contacto com ele.

DAVID O’SHEA: Se o Presidente Xanana Gusmão lhe pedir para se entregar. Fáz isso?

MAJOR ALFREDO REINADO: Não.

DAVID O’SHEA: Não está então a seguir as ordens do Xanana Gusmão?

MAJOR ALFREDO REINADO: Não se devem seguir todas as ordens. Qual é a justificação da ordem? Tem de clarificar. Nem todas as ordens, se lhe chegar a ordem, "vai e come a merda " come a merda? Nem pensar.

DAVID O’SHEA: Há relatos aqui nos media de hoje que pode ter estado em comunicação cos as forças Australianas. É correcto? E se é, do que é que têm falado?

MAJOR ALFREDO REINADO: Tenho comunicação, tenho comunicado com eles, acabei de lhes comunicar que "Não venham atrás de mim, porque eu não sou um problema desta nação. O governo é o problema da nação e a minha gente não deixará isso acontecer." Porque a minha gente nunca me entregará. Estou disponível para conversar com alguém, falar, fazer qualquer diálogo, qualquer coisa. Mas entregar-me, nem pensar. Quando (vierem) atrás de mim, pará-los-ei. Se dispararem contra mim, dispararei contra eles porque tenho o direito de me proteger no meu país. E sei que não tenho nada contra os Australianos.

DAVID O’SHEA: Está armado? Quantas armas tem consigo? E quantos homens tem consigo?

MAJOR ALFREDO REINADO: Tenho toda a gente deste país que sempre me apoiou. Estão armados com catanas e lanças, é uma arma também. Estão prontos a defenderem-se a eles próprios. Com qualquer coisa que tenham, mesmo pedras e paus.

DAVID O’SHEA: Mas quantas armas pesadas tem?

MAJOR ALFREDO REINADO: Eu?

DAVID O’SHEA: Sim.

MAJOR ALFREDO REINADO: Já entreguei todas as minhas armas.

DAVID O’SHEA: Mas contou-me na última vez, quando o entrevistei, contou-me que tinha entregue todas as armas e depois quando o encontraram na casa naquele dia, tinha 4,000 munições, pistolas e pente de armas.

MAJOR ALFREDO REINADO: Vej meu amigo, escute-me, a ordem que me deram foi de entregar todas as minhas armas, não de entregar todo o equipamento, todo o equipamento militar. Assim entreguei todas as armas, eles pediram armas, dei-lhes armas, eles não falaram em munições e todas as coisas. Ainda tenho a pistola.

DAVID O’SHEA: Posso perguntar-lhe, como fugiu da prisão?

MAJOR ALFREDO REINADO: De certo modo, debaixo de pressão tenho de fugir e arranjar todo o poder que tinha. Sabia que a segurança da prisão não era muito forte. Somente algumas pessoas lá e durante aquele tempo que passei com a hora das visitas, assim a porta é aberta, pessoas entram e saem. Assim usei essa oportunidade para os assustar com tudo o que tinha – madeira, pedras, seja o que for – e eles fugiram e nós saímos. E por essa altura, já há três ou quatro dias, a prisão tinha sido deixada vazia pelo grupo internacional. Normalmente o grupo internacional dava segurança lá, e partiram. Issa significa que foi uma oportunidade para eu ir (embora).

DAVID O’SHEA: O Primeiro-Ministro Ramos Horta culpou as forças estrangeiras por o deixarem sair da prisão, por permitir que partisse. É isso verdade?

MAJOR ALFREDO REINADO: Sim, porque ele está numa confusa... confusa situação. Ele diz isso porque está assustado, está com medo que a verdade saia.

DAVID O’SHEA: O que quer dizer "a verdade saia "?

MAJOR ALFREDO REINADO: Porque Ramos Horta esconde tantas coisas. Ramos Horta não tem mais o favor das pessoas. Porque ele faz parte do grupo de Mari Alkatiri.

DAVID O’SHEA: Quando estive consigo nas montanhas em Maio, apelou à intervenção Australiana. Agora tornou-se no inimigo público número um. O que é que aconteceu com essa relação?

MAJOR ALFREDO REINADO: Repare, inimigo público número um, essa palavra não me satisfaz porque o meu público não sente que eu seja o inimigo. Pergunte a toda a gente, mas o governo pensa que eu sou o inimigo.

DAVID O’SHEA: Obviamente pensa que foi atraiçoado, quem pensa que o traiu?

MAJOR ALFREDO REINADO: Ramos Horta certamente traiu-me. Sabe, porque Ramos Horta, desde que ganhou o seu poder, tudo mudou desde que ele apanhou o poder. Nunca mais me falou. E nunca implementou nada do que falou comigo.

DAVID O’SHEA: Parece que tudo isto é para não ficar na prisão.

MAJOR ALFREDO REINADO: Repare, ia ficar na prisão para quê?

DAVID O’SHEA: Posse de armas.

MAJOR ALFREDO REINADO: Se for através do que me acusaram, não tem nenhuma base legal para isso.

DAVID O’SHEA: Vai começar qualquer confusão? Vai ficar sentado à espera? Qual é o seu plano?

MAJOR ALFREDO REINADO: Meu amigo, como sabe, nunca comecei qualquer confusão. A confusão começa com outra gente. Levantei-me para parar isso até agora. Porque é que toda a gente acusa que eu sou o problema deste país? Não sou um problema deste país. Se eu sou um problema deste país, as pessoas não se levantavam por mim. O governo é o problema do país. Eu penso (que) sou uma solução. Sem mim, já há guerra civil. Sem mim, já as pessoas, muitas delas já a morrer, foram mortas pelas próprias forças de defesa. Sem mim, haverá o grande caos hoje. Só quero que os Australianos não pensem que sou um amotinado ou um desertor, porque se sou um amotinado ou um desertor a minha gente, esta gente, não se levanta por mim. E quero que os Australianos digam ao seu governo que as suas tropas vieram cá para proteger toda a gente, não para comprar uma luta.

DAVID O’SHEA: Alfredo Reinado, obrigada por falar connosco.

MAJOR ALFREDO REINADO: É bem-vindo.

Reporter/Camera
DAVID O’SHEA

Cameraman
DAVID BRILL

Editor
WAYNE LOVE

Produtor
AMOS COHEN

Reinado diz que resistirá se o tentarem recapturar

Camberra, 07 Set (Lusa) - O major Alfredo Reinado, que em Maio liderou a revolta de militares que contestavam o ex-primeiro-ministro timorense, Mari Alkatiri, e que está em fuga há uma semana, avisou hoje em entrevista que disparará contra quem o tentar recapturar.

Reinado disse à cadeia de televisão australiana SBS, em entrevista por telemóvel a partir de um local desconhecido em Timor- Leste, que estava armado e disposto a defender-se, avisando as forças internacionais para não o procurarem.

"Só quero que saibam: Não (venham) à minha procura porque eu não sou um problema para este país", alertou Reinado.

"Mas se mesmo assim vierem atrás de mim, eu vou impedi-los. Se dispararem contra mim eu também vou disparar contra eles. Tenho o direito de me proteger no meu país", ameaçou.

O comandante das forças australianas em Timor-Leste, brigadeiro Mick Slater, tomou a ameaça a sério, mas disse que já tinha havido contactos com Reinado, esperando que o líder dos militares rebeldes se renda em breve.

"É uma ameaça séria, não há que o negar, mas nesta fase não estou preocupado", disse Slater à cadeia de televisão australiana Nine Network.

"Se ele se entregar aos soldados australianos, será tratado com justiça", acrescentou.

A fuga de Reinado e de outros 56 reclusos ocorreu a 30 de Agosto, tendo os presos saído pelo portão principal da cadeia de Becora, segundo disse na altura à Lusa o director nacional das prisões de Timor-Leste, Manuel Exposto.

Tanto Manuel Exposto como o ministro da Justiça timorense, Domingos Sarmento, atribuíram a aparente facilidade da fuga à ausência de segurança no exterior da cadeia, que estava atribuída às forças da Nova Zelândia.

O major Alfredo Reinado, que comandava a Polícia Militar, abandonou a cadeia de comando das Falintil-Forças de Defesa de Timor- Leste (F-FDTL) no início de Maio, para liderar militares rebeldes que contestavam o executivo do ex-primeiro-ministro Mari Alkatiri, entretanto substituído no cargo por José Ramos-Horta.

Durante a crise, Reinado afirmou em várias ocasiões obedecer apenas às ordens do Presidente da República e comandante supremo das forças armadas timorenses, Xanana Gusmão, com quem se encontrou a 13 de Maio.

Três dezenas de pessoas foram mortas em confrontos ocorridos sobretudo em Maio, em que estiveram envolvidos diversos grupos, incluindo militares e polícias.

A onda de violência provocou ainda cerca de 180 mil deslocados.

Depois de ter estado durante algum tempo na Pousada de Maubisse, a sul de Díli, Reinado foi detido pelas forças australianas na capital timorense a 25 de Julho, por posse ilegal de material de guerra, na sequência de uma busca da GNR às casas que tinha ocupado com os seus homens.

Ouvidos em tribunal, Reinado e 14 dos seus homens viram ser- lhes aplicada a medida de coação de prisão preventiva.

Na altura, fonte judicial disse à Lusa que "quando lhe foi comunicada a medida de coacção, Alfredo Reinado desatou aos insultos e os militares australianos tiveram de ser reforçados para o transportar para a cela".

Depois da fuga, o advogado de Reinado, Paulo Remédios, disse à Lusa que o seu cliente temia pela sua segurança na cadeia de Becora.

JCS/EL/PNG/JPA.

São duas da manhã

... um carro é apedrejado, uma seta é atirada, uma casa é queimada, e o povo continua com medo.

Até amanhã.


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Um ferido e mais casas queimadas em mais uma noite agitada

Díli, 06 Set (Lusa) - Grupos rivais envolveram-se hoje em confrontos em Díli, de que resultaram pelo menos um ferido, várias casas queimadas e um carro carbonizado, disseram várias fontes à Lusa.

Num dos locais em que foram referenciados incidentes, e que motivaram a presença de efectivos da GNR, junto ao Hospital Nacional Guido Valadares, os militares portugueses depararam com quatro casas queimadas e uma viatura carboniza da, disse à Lusa o tenente Paulo Cabrita, oficial de ligação do contingente militar português.

O número de casas queimadas poderá, contudo, ser superior, estando a de correr investigações no local, acrescentou.

No decurso da operação, um homem, apresentando ferimentos resultantes de uma catanada, foi assistido pela equipa médica do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) que integra o contingente da GNR estacionado em Timor-Leste.

Os militares portugueses efectuaram ainda uma detenção, presumivelmente o autor da agressão com a catana, que está a ser ouvido para se apurar se agiu ou não em legítima defesa, procurando proteger os seus bens.

Noutro ponto da cidade, no centro de Díli, junto ao campo de refugiados situado entre o porto da capital e o Hotel Timor, militares australianos foram chamados a intervir para separar grupos rivais, para o que empregaram granadas de gás lacrimogéneo, mas não há registo de detenções ou de feridos.

Um cidadão português que passou no local, ao volante da sua viatura, durante os confrontos, disse à Lusa que "um número indeterminado de carros foram apedrejados".

O carro deste cidadão português ficou seriamente danificado em resultado das pedradas com que foi atingido.

A violência em Timor-Leste iniciou-se em Abril passado e levou as autor idades a pedirem à Austrália, Malásia, Nova Zelândia e Portugal o envio de força s militares e policiais para garantir a manutenção da ordem pública.

Cerca de 180 mil deslocados distribuídos por campos de refugiados e 30 mortos é o saldo até agora da onda de violência desde Abril.

EL.

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Sobre o novo SRSG da UN, António Mascarenhas Monteiro

Agora sim o POVO de Timor-Leste pode de novo ter esperança num futuro de paz e segurança!

KOFI ANNAN é sem dúvida um grande amigo de Timor-Leste.

VIVA TIMOR-LESTE livre e independente!

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Sayonara Hasegawa!

Bem vindo!

António Mascarenhas Monteiro (nascido a 16 de Fevereiro de 1944) foi presidente de Cabo Verde entre 22 de Março de 1991 e 22 de Março de 2001. Foi o primeiro presidente eleito através de eleições multipartidárias.

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Mascarenhas Monteiro vai ser representante da ONU em Timor-Leste

Expresso das ilhas
[2006-09-02]

A convite de Kofi Anann


O ex-Presidente de Cabo Verde, António Mascarenhas Monteiro, foi convidado pelo Secretário Geral das Nações Unidas, Kofi Anann, para ser o Representante da ONU em Timor-Leste, soube Expresso das ilhas on line junto de uma fonte bem informada.

António Mascarenhas Monteiro, nascido a 16 de Fevereiro de 1944, foi o primeiro presidente eleito através de eleições multipartidárias em Cabo Verde, cargo que desempenhou entre 22 de Março de 1991 e 22 de Março de 2001, completando dois mandatos.

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The President's Man

Wednesday 6 September 2006
John Martinkus

What appear to be written orders from East Timor’s President Xanana Gusmão to rebel former soldier Alfredo Reinado confirm the close relationship the now escaped criminal — who is wanted for murder and weapons offences — had with the President.

The hand-written note, seen by New Matilda and available here (in Portuguese), on the letterhead of the President and signed by him, sets the tone of the relationship between the two.

‘Major Alfredo, Good Morning!’ It begins. ‘We have already combined with the Australian forces and you have to station yourselves in Aileu,’ writes the President, referring to the inland hill town an hour south of Dili where Alfredo did go with his rebel soldiers.

The letter continues ‘I am also going to write to Lieutenant [Gastão] Salsinha [the leader of the dismissed East Timorese soldiers who, unlike Reinado’s men, left their barracks without their weapons] to implement this order. Abraços a todos [Embraces to all], Xanana’.

Gusmão’s office could not be contacted for comment on the document.

The letter is dated 29 May this year — only three days after the first Australian forces had landed in Dili and seven days after Reinado had led his men in an attack against the East Timorese national army, the F-FDTL, in the hills to the east of the capital.

The letter confirms the close relationship between the President and the breakaway officer at the time — a relationship Reinado himself has never tried to hide. When David O’Shea from SBS TV’s Dateline program interviewed him in Dili just days before he was arrested on 26 July, Reinado said:

Until 22 May I [was] still bound to my General, Taur Matan Ruak [F-FDTL Commander]. After I [was] attacked and I am defending myself I think I should only follow orders from my Supreme Commander, the President. Until today, anywhere I go, I always notice him and I always take order from him. Whatever I am going to do, whatever order is being [given], as long as it is clarified and justified, I’ll do it.

Reinado also revealed that he had been in close contact with the President from 14 May, before the violence started. The exchange was as follows:

‘On 14 May on the Sunday I heard that you met with the President,’ says O’Shea.

‘Yes’ replies Reinado.

‘What did you discus then?’

‘I’m going to tell him why I left Dili. Because as the Supreme Commander he has to call me to ask me that. Why I left Dili on 3 May. I am going there to explain why I left Dili,’ says Reinado, referring to the day he left the army barracks in Dili with 20 of his men and two ute-loads of weapons and ammunition.

‘And [Gusmão ] accepted your explanation?’ asks O’Shea. ‘Of course,’ replies Reinado.

When I interviewed Reinado on 11 June he was still in the hill town of Maubisse. He was there with his heavily armed men and eight Australian SAS guards. He said the guards were there for his security, but Head of the Australian forces, Brigadier Mick Slater, said the detachment was there to monitor him.

Reinado was his usual arrogant self — loudly proclaiming that he was fighting for the justice of his people and referring to so-called ‘atrocities’ by the F-FDTL, which he greatly exaggerated.

When pressed on his plans to disarm, he grinned and told me to talk to the President about that.

He proclaimed he was not a rebel and that he was still a member of the army and had a right to carry weapons as he was still under the orders of the Supreme Commander of the armed forces, the President Xanana Gusmão.

The circumstances of Reinado’s arrest also require examination. I was in Dili that day, 26 July, and the incident started in the late morning. Reinado claimed that he had been offered the use of a house by the President himself. The house was situated directly across the road from the main gate of the Australian military base at Dili’s heliport in the suburb of Bairo Pite. As he was moving in, the Portuguese police (GNR), acted on a tip they had received, and came and searched the house. They found nine handguns, thousands of rounds of ammunition and grenades.

The day before had been the well publicised deadline for the handing in of weapons, and Reinado and his men were clearly in violation of that. The GNR wanted to arrest him. The Australian Federal Police were soon at the scene as well as several Australian armoured personnel carriers. It was a stand-off that lasted all day with the local and Portuguese press outside, and Reinado occasionally sauntering on to the verandah and issuing statements such as ‘I am a free man in a free country,’ much to the amusement of reporters.

(Meanwhile, at the President’s office across town, a series of meetings were being held between officials and military and police representatives. No press access was allowed.)

Finally, after dark, the press were told to leave, the Portuguese police loaded the weapons in a vehicle and the Australian army moved across the road and cordoned off the house. I waited in the dark and filmed as the Australians led Reinado’s men out, one by one, bound in plastic cuffs, and photographed them before marching them across the road to their base.

However, the Australians must have led Reinado out the back, as he was not with his men.

The sequence of the day’s events and the way the Australians actively tried to play down the event, gave me the impression that they had only reluctantly arrested Reinado and his men, and that they had been forced to by the GNR’s discovery of the weapons.

The crisis meetings at the President’s office also suggested Gusmão’s close involvement in the case.

The fact that Reinado was not arrested earlier raised many questions among observers in Dili.

Why, people were asking, was this man who was filmed shooting at the army, and even declaring on film that he had ‘got one,’ still remaining free? As one member of the UN investigation team said, ‘this guy has some serious political top cover.’

The links between Reinado and the President are even more relevant now, following his ‘escape’ from Dili’s Becora prison last week, when he and 56 others simply walked out the door. He has since recorded a half-hour interview with local Timorese television. Those who watched it placed the interview as having taken place at Daralau, in the hills above Dili. Incidentally, the President’s house is also in the hills above Dili.

It is inconceivable that the Australian military and Federal Police cannot place the backdrop to the interview — as so many people in Dili have — and locate and arrest Reinado.

But perhaps that is not a high priority. Perhaps they are taking the position of the President’s Australian-born wife, Kirsty Sword Gusmao, who told ABC Radio this week that Reinado ‘has been portrayed somewhat incorrectly in the Australian media as being a renegade, a rebel.’ She added that ‘when he defected from the military police, it was a protest action against what he saw as terrible violations committed by our armed forces.’

There is still little evidence that the armed forces committed violations. Claims of massacres and mass graves have never been backed up with facts, and appear to be politically motivated allegations designed to discredit the F-FDTL.

One of the most prominent opposition figures to repeatedly accuse the F-FDTL of massacres is Fernando De Araujo from the Democratic Party. When I interviewed him for Dateline in August he told me that, even though former Prime Minister Marí Alkatiri had resigned, the ‘plan’ had failed: ‘My plan was to have a transitional government that the President controls and in six months have a general election,’ he said.


It is similar to what Alfredo Reinado is now calling for, and from what one can divine from the supporters of East Timor’s now famously silent President, it is what he is positioning himself for as well.


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About the author

John Martinkus covered the conflict in East Timor from 1995 until 2000. He was resident correspondent in Dili for Associated Press and Australian Associated Press, from 1998 until 2000. He is author of A Dirty Little War (Random House, 2001), about the country’s violent passage to independence. He recently co-produced the report East Timor: Downfall of a Prime Minister for SBS TV’s Dateline, which aired on 30 August.
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Downer’s big stick for East Timor

The Guardian 6 September, 2006


The visit of Australia’s Foreign Affairs Minister Alexander Downer to East Timor this week is for the purpose of pressuring the East Timor Government into adopting even more reactionary, pro-Australian policies. The Australian Government was behind the recent disturbances in Dili which saw the ouster of Prime Minister Mari Alkatiri and his replacement by the pro-Australian Jose Ramos Horta.

Downer publicly lectured the East Timor Government on taking more responsibility for maintaining order but the intent of both Ramos Horta and Downer at this point is the undermining of the influence of the Fretilin party.

Fretilin at present holds the majority of seats in the democratically elected East Timor parliament. Elections are due next May.

Recent events in East Timor have dramatically revealed that the coup to overthrow Prime Minister Mari Alkatiri was only one step towards the far-reaching objectives of its plotters.

The carefully planned escape of Alfredo Reinado with 56 other criminals from a Dili jail last week signalled the start of yet another campaign to create instability and weaken the influence of Fretilin. Ramos Horta, who is no longer a member of Fretilin, demanded that the party "reform" itself and elect a new leadership. Ramos Horta said Fretilin members must "project themselves as a modern, all-inclusive, tolerant party".

It was the multinational force overwhelmingly made up of Australian troops which allowed Reinado to escape, and no sooner was he out of jail — where he was being held on a charge of attempted murder and for starting the disturbances in Dili last May — than he issued a call for a "people’s uprising" against the government. Only a government made up of extreme right-wing forces which would be willing to cooperate fully with the Australian Government will be acceptable to John Howard and his Foreign Minister.

Such political forces already exist among the opposition parties in East Timor, having cooperated in the past with either the Australian, Indonesian or US government agencies.

They will continue to stage incidents — the burning of houses and the murdering of civilians — targeting in particular supporters of Fretilin. Their objective is to create a climate of fear which they hope will enable them to defeat Fretilin at the elections next year.

The timing of the jail break may also be linked to the decision of the UN Security Council to send a 1600 strong UN commanded police force to East Timor to assist in stabilising the situation leading up to the elections. The UN appointed Police Commissioner is already in Dili to take up his peace-keeping mission. Stability is the last thing that the coup plotters want if they are to succeed in creating the necessary tension and fear, and image of a "failed government" or "failed state" in the country.

The decision of the UN Security Council was not to the liking of the Australian Government which argued that the army units from Australia, New Zealand, Malaysia and Portugal under Australian command could do the job and that the activities of the UN should be limited to providing aid for the 70,000 Dili residents who have been turned into refugees in their own country and are still too frightened to return to their homes.


Another important development was the decision of the East Timor Government to apply for membership of ASEAN which could help open many doors for the economic development of East Timor and also provide the country with a very large political support base helping the new nation to maintain its independence and its non-aligned political position in international affairs.

Another significant event was the agreement made by the East Timor government with Cuba to provide about 200 doctors to work in East Timor and for East Timor to send a contingent of students to Cuba for medical training. There is also a possibility that the East Timor government will be represented at the Non-Aligned Summit meeting to be held in Cuba in the middle of this month.

All of these developments are reasons why Alexander Downer, together with his Indonesian counterpart, went to Dili to pressure and threaten the East Timorese Government and to prepare the ground for more disruption leading up to next year’s elections.

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Reinado - Interview on SBS with David O'Shea

SBS - Wednesday September 6, 10:21 PM

Reinado on the Line

Transcript:

It has been a week now since East Timor's most wanted man, rebel leader Major Alfredo Reinado with 56 other prisoners somehow managed to just walk out of Dili's jail, it has to be said, under extremely curious circumstances. As it happens, Dateline's David O'Shea was with Reinado and got caught in the cross-fire when the rebel leader fired the first shots of the violence. He was also on hand when Reinado was arrested, three weeks ago. And now, earlier today, still on the run, Reinado out of the blue, called David by mobile from wherever it is that he's hiding in the hills above Dili.

DAVID O’SHEA: Alfredo Reinado, where are you?

MAJOR ALFREDO REINADO: I'm somewhere in East Timor.

DAVID O’SHEA: Yes can you be more specific?

MAJOR ALFREDO REINADO: How come I can tell you that if there are Australian troops hunting me around, chasing me around?

DAVID O’SHEA: They are saying that you are destabilising the situation, increasing tensions. Aren't you going to give yourself up?

MAJOR ALFREDO REINADO: I'm never going to give myself up. Because I've already given opportunity for them, time to the process of the justice side of it. I know myself that I am not a criminal.

DAVID O’SHEA: So can you just explain clearly, what do you want?

MAJOR ALFREDO REINADO: What I want, to listen to the majority of the people. Because these people didn't want this government any more. People want justice, people want change.

DAVID O’SHEA: Are you still loyal to Xanana Gusmao? And have you been in touch with him?

MAJOR ALFREDO REINADO: I always loyal with him, I'm still in touch with him.

DAVID O’SHEA: If President Xanana Gusmao asks you or orders you to hand yourself in, would you do it?

MAJOR ALFREDO REINADO: No.

DAVID O’SHEA: So you're not following orders from Xanana Gusmao then?

MAJOR ALFREDO REINADO: Not all the orders you should follow. What is the justification of the order? You have to clarify. Not all the order if the order comes to you, "You go and eat the shit" you eat the shit? No way.

DAVID O’SHEA: There are reports here in the media today that you have been in communication with the Australian forces. Is that correct and, if it is, what have you been talking about?

MAJOR ALFREDO REINADO: I do have communication, been communicating with them, I just let them know that "Don't come after me because I am not a problem of this nation. The government is the problem of the nation and my people will not let that happen." Because my people will never hand me over. I'm willing to talk to anyone, to talk, to do any dialogue, anything. But to hand over myself, no way. When they after me, I will stop them. If they shoot me, I will shoot them back because I have a right to protect myself in my country. And I know I don’t have anything to against Australians.

DAVID O’SHEA: Are you armed? How many weapons do you have with you? And how many men do you have with you?

MAJOR ALFREDO REINADO: I have all the people in this country who ever support me. They are armed with machetes and spears, that's a weapon also. They are ready to defend themselves. With anything they have, even rocks and wood.

DAVID O’SHEA: But how many heavy weapons do you have?

MAJOR ALFREDO REINADO: Me?

DAVID O’SHEA: Yes.

MAJOR ALFREDO REINADO: All my weapons I already hand over.

DAVID O’SHEA: But you told me that last time, when I interviewed you, you told me that you'd handed in all of your weapons and then when they found you in the house that day, you had 4,000 ammunition, guns and magazines.

MAJOR ALFREDO REINADO: Look my friend, listen to me, the order they gave me was to hand over all of my weapons, not hand over all the equipment, all the military equipment. So I had over all my weapons, they ask for weapons, I gave them weapons, they didn't say it includes ammunition and everything. I still have the pistol.

DAVID O’SHEA: Can I just ask you, how did you escape from jail?

MAJOR ALFREDO REINADO: Somehow, under pressure I have to escape and arrange all the power I had. I knew that security of the jail was not that strong. Only a few people there and during that time I stayed with the visit time, so door is open, people coming in an out. So I use that opportunity to scare them with everything I have - wood, rock or whatever - and they run away so we come out. And by that time, already three or four days, the prison has been left empty by international group. Normally international group give security there, and they left. That means it was an opportunity for me to go.

DAVID O’SHEA: Prime Minister Ramos Horta has blamed foreign forces for letting you out of jail, for allowing you leave. Is that true?

MAJOR ALFREDO REINADO: Yes, because he's in a confusing... confusing situation. He says that because he scared, he's scared the truth will come out.

DAVID O’SHEA: So what do you mean "the truth to come out"?

MAJOR ALFREDO REINADO: Because Ramos Horta hide so many things. Ramos Horta is not in favour with the people any more. Because he's part of the Mari Alkatiri group.

DAVID O’SHEA: When I was with you in the hills in May, you called for Australian intervention. Now you've become public enemy number one. What's happened with that relationship?

MAJOR ALFREDO REINADO: Look, public enemy number one, that word doesn't suit me because my public didn't feel like I am the enemy. Ask everyone, but the government thinks that I am the enemy.

DAVID O’SHEA: You obviously feel like you've been betrayed, who has betrayed you do you think?

MAJOR ALFREDO REINADO: Ramos Horta of course has betrayed me. You know, because Ramos Horta, since he gained his power, everything has changed since he got the power. He never did talk to me any more. And he never implemented anything he talked to me about it.

DAVID O’SHEA: It could appear that all of this is just so you don’t have to stay in jail.

MAJOR ALFREDO REINADO: Look I’m staying in jail, for what?

DAVID O’SHEA: Weapons possession.

MAJOR ALFREDO REINADO: If you go through what they blame me for, you don’t have any basic legal side to it.

DAVID O’SHEA: Are you going to be starting any trouble? Are you going to be sitting waiting? What is your plan?

MAJOR ALFREDO REINADO: My friend, as you know, I never start any trouble all along. The trouble is being start by somebody else. I stand up to stop that until now. Why is everybody blame that I'm the problem of this country? I'm not a problem of this country. If I am a problem of this country, the people didn’t stand for me. The government is the problem of the country. I think I'm a solution. Without me, there's already civil war. Without me, all ready the people, many of them already dying, been killing by the defence force themselves. Without me, there would be big chaos today. I just want Australian people not to think that I'm a rebel or I'm a renegade, because if I'm a rebel or a renegade my people, these people, didn't stand for me. And I want the Australian people to tell their government that their troops come here to stand for everybody, not to pick a fight.

DAVID O’SHEA: Alfredo Reinado, thank you for speaking to us.

MAJOR ALFREDO REINADO: You're welcome.

Reporter/Camera
DAVID O’SHEA

Cameraman
DAVID BRILL

Editor
WAYNE LOVE

Producer
AMOS COHEN

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Dos leitores

Ramos Horta apenas segue o curso traçado pelo anterior Primeiro Ministro.

Alkatiri de forma muito inteligente procurou o apoio da Noruega, um dos países mais avançados da Europa, para as questões do petróleo e da energia.

O fundo petrolífero foi criado à imagem da Noruega para acautelar a corrupção e o uso indevido dos lucros do petróleo.

É preciso não esquecer que a Noruega é um país exemplar ao nível do funcionamento das instituições - não existe corrupção.

Este era o modelo que Alkatiri queria para o seu país.

Todo o trabalho de Alkatiri e o pacote legislativo quanto ao petróleo foi no sentido de assegurar que os lucros do petróleo fossem para o país, para o povo e não para o bolso de alguns dos poderosos.

Terá sido isto que irritou Xanana Gusmão, a oposição e a Igreja?!



O querido "major" Reinado está um pouco confuso mas numa coisa tem razão:

"He says that because he scared, he's scared the truth will come out."

Se um dia a verdade vier ao de cima os "notáveis" de Timor terão muito que explicar...



"Mas disse também que a violência por gangs e os fogos postos têm mais a ver com argumentos não resolvidos sobre terras e propriedades do que por ódio étnico."

Ora aqui está uma explicação muito mais razoável.

E este problema que é sério, foi deixado para trás pela UNTAET e nunca resolvido pelo I governo.

Já aqui neste bolgue foi levantado este assunto.

Muitos dos habitantes originários do leste do país, radicaram-se em Díli após o retorno em 1999/2000. E foram ocupando as casas vazias que encontravam, por os donos ainda não terem regressado, ou serem casas de indonésios que as abandonaram. E recusavam-se a devolvê-las aos respectivos donos.

Esta questão já tinha sido levantada ainda no tempo de Sérgio Vieira de Melo, mas ele achou que era assunto demasiado delicado, que poderia dar confusões e não só. A própria UNTAET estava a practicar actos idênticos. Ocupou edifícios particulares, recusou-se a devolvê-los e mesmo a pagar renda.
Um deles, por exemplo, era o edifício onde esteve em tempos o supermercado "Hello Mister", que pagava renda, imagine-se, à UNTAET quando o edifício tinha dono e era um particular.

Voltamos sempre ao mesmo, quando há injustiças há instabilidade e no caso de Timor, violência.

Este é apenas um exemplo das injustiças que estão por ser reparadas em muitos e muitos casos da sociedade timorense.

….

É evidente que Alkatiri reforçou os laços com Portugal para entrar na Europa - o 1º mundo - já que no próximo ano Portugal terá a presidência da União Europeia, e fugir à esfera de influência da Austrália e Estados Unidos que apenas trazem a violência a destruição dos povos.

Procurou o apoio e os técnicos na Noruega para as questões do petróleo e não na Austrália por este ser o país que rouba diariamente biliões de dólares na exploração indevida dos recursos naturais do mar de timor na parte que pertence a Timor e não à Austrália.

Mas Xanana e a oposição não terão nunca a capacidade de chegar tão longe. Preferem ser peões no tabuleiro de influência da Austrália e Estados Unidos e acautelar os seus interesses imediatos de enriquecimento pessoal.

Inteligente a estratégia de Alkatiri e poderia levar Timor a ser um exemplo na Ásia mas infelizmente não teve um Presidente da República à sua altura.

Veremos o caminho que Timor vai traçar...

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Fugitive E Timorese rebel vows not to surrender

06/09/2006. ABC News Online

Alfredo Reinado: my people never want to hand me over. (AFP)

Fugitive E Timorese rebel vows not to surrender
East Timorese rebel leader Alfredo Reinado has spoken for the first time since his escape from jail last week, saying he will never give himself up.

Major Reinado made the comments in an interview with the SBS program Dateline.

He spoke out against the East Timorese Prime Minister Jose Ramos Horta, but said he remained loyal to the President Xanana Gusmao.

Reinado said he had made contact with Australian security forces since his escape and had told them to stop chasing him.

"Don't come after me because I'm not a problem of this nation," he said.

"The Government is a problem of this nation and my people will not let that happen because my people never want to hand me over.

"I'm willing to talk, with anyone to talk, to do any dialogue, but to hand over myself - no way."

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East Timor Violence Easing, International Police Still Needed - PM

EasyBourse
Wednesday September 6th, 2006 / 14h43


OSLO (AP)--East Timor's Prime Minister Jose Ramos-Horta on Wednesday said violence was easing in his troubled homeland but international police were still needed to maintain peace.
"The situation is much calmer," Ramos-Horta said after meeting Norwegian Prime Minister Jens Stoltenberg in Oslo. "We still depend on the international police force."
Ramos-Horta shared the 1996 Nobel Peace Prize with Carlos Filipe Ximenes Belo for their efforts to peacefully end the Indonesian occupation of their homeland. East Timor broke free in 1999 after a bloody conflict.
Ramos-Horta became prime minister in July after his predecessor, Mari Alkatiri, was ousted.

Violence erupted in East Timor's capital, Dili, in May after Alkatiri dismissed some of the country's military, triggering gunbattles and gang warfare. At least 30 people died, and tens of thousands of people fled their homes.
Nobel laureate Ramos-Horta said he was confident that peace and prosperity would be restored to the tiny nation.
"East Timor can quickly recover and be relative(ly) prosperous in a few years," he said at a news conference. He said efforts were under way with Norway's help to foster reconciliation between groups in East Timor, and to allow displaced people to return home.
"We hope that by early October the vast majority of internally displaced people will be returning," said Ramos-Horta.
The U.N. Security Council last month authorized the deployment of 1,600 international police and 34 military liaison officers to help maintain order on the half-island territory.
Plans to shut down the U.N. mission to the East Timor were scrapped when violence broke out in May.

After meeting Ramos-Horta, Stoltenberg said the Norway pledged an additional 15 million kroner ($2.8 million) in aid to help East Timor rebuild its electricity network.
Ramos-Horta was in the Norwegian capital to join two other Nobel Peace laureates, Rigoberta Menchu of Guatemala and Wangari Maathai of Kenya, at a Norwegian Peace Corps "North-South Forum 2006" on Thursday and Friday.

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M'sia Officially Dissolves Peacekeeping Force To Timor Leste

September 06, 2006 21:39 PM
BERNAMA



PORT KLANG, Sept 6 (Bernama) -- Malaysia Wednesday officially dissolved its special operations mission that had served as a peacekeeping force in Timor Leste earlier this year to quell unrest there.

The dissolution and completion of mission ceremony was held at South Port here and was officiated by Deputy Prime Minister Datuk Seri Najib Tun Razak.

A total of 663 officers and men of the Malaysian armed forces had served in Timor Leste since May 25, along with soldiers from Australia, New Zealand and Portugal.

Unrest broke out in Timor Leste after some 600 soldiers were sacked following complaints of discrimination. This led to rioting which began in March, followed by clashes between rival factions of security forces, and degenerated into fighting between rival gangs, looting and arson.

The unrest led to the deaths of 21 people and the displacement of some 150,000.

At the ceremony Wednesday, Najib said the experience and knowledge gained by the Malaysian soldiers who had served in Timor Leste should be recorded to help upgrade the service of the troops in general and for future missions.

He also said that the excellent service and effective role of the Malaysian soldiers in maintaining peace was a piece of history that had to be treasured.

Najib, who is also Defence Minister, paid tribute to the Malaysian soldiers who he said had discharged their duties with courage and determination, and added that this should be recorded as historical material for future generations.

He also said that the contributions of the Malaysian peacekeepers had earned praises from the Australian troops as well as the government and people of Timor Leste.

Najib told reporters later that an excess amount of about RM28 million of the National Disaster Fund had been returned to the Treasury and that any query of a delay in returning the funds should not have arisen.

He said that based on data from the National Security Division, the total amount was RM78.8 million and RM51.4 million of it had been distributed to state governments, ministries, government agencies and other bodies such as the Syarikat Perumahan Negara Bhd, with much of it going to victims of the tsunami.

The Auditor-General's report for 2005 had stated that an excess amount of RM6.7 million had not been returned to the Treasury.

"I can confirm that all the money that had to be returned has been returned," said Najib, adding that he would seek details from the attorney-general on the matter.

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Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
This is my blogchalk: Timor, Timor-Leste, East Timor, Dili, Portuguese, English, Malai Azul, politica, situação, Xanana, Ramos-Horta, Alkatiri, Conflito, Crise, ISF, GNR, UNPOL, UNMIT, ONU, UN.