quinta-feira, julho 05, 2007

Projecção Timor-Online igual ao resultado final da CNE


Vitória da FRETILIN: Resultados Finais Nacionais da CNE

Total votos válidos: 412.679

Taxa de participação: 81%


FRETILIN (31.9%): 119.728
21 deputados

CNRT (26.5%): 99.455
18 deputados

ASDT/PSD (17.3%): 65.004
11 deputados

PD (12.4%): 46.677
8 deputados

PUN (5.0%): 18.753
3 deputados

KOTA/PPT (3.5%): 13.157
2 deputados

UNDERTIN (3.5%): 13.127
2 deputados

Votos inválidos: 9.688
Votos reclamados: 544

(as percentagens apenas têm em consideração os partidos com assento parlamentar)

Margarida deixou um novo comentário na sua mensagem "Rir é o melhor remédio. Horta no seu melhor...":

1 - Na entrevista ao Expresso, 4/07/07:
Ramos-Horta - “Por várias razões, mas fundamentalmente por questões de saúde, no pior momento da crise (Xanana) esteve barricado em Balibar sem ser visto. Não se via a figura de Xanana na televisão ou nas ruas de Díli. (…).

Expresso - Xanana também não se assumiu na altura como comandante supremo das forças armadas.

Ramos-Horta - Assumiu-se no final de Maio, quando fez uma declaração. Mas devemos perdoar Xanana, porque ele estava fisicamente incapacitado. Estava doente com dores horríveis. Esteve uma semana sem vir ao gabinete e depois, quando teve de vir, veio apoiado e a gemer de dor.


2 - Na entrevista em 21.06.2007
“VISÃO: Na altura da crise, isolou-se no gabinete, não atendia chamadas, não respondia a pedidos de entrevistas. Porquê?

XANANA GUSMÃO: Foi estratégia. Não entro em batalhas de propaganda. Em 24 anos, a propaganda indonésia era muito mais sofisticada do que a do Mari. E a nossa resposta não era em palavras, era em acção.”


Comentários para quê? São dois artistas de cabaret.

Dos Leitores

Comentário na sua mensagem "Wednesday, 04 July 2007 - UNMIT – MEDIA MONITORING...":

"ISF: Mission Impossible to arrest Alfredo
The ISF Commander, Brigadier Mal Rerden, acknowledged that the operation to capture former military Police Commander, Major Alfredo Reinado Alves and his men was complicated. He said that the difficult terrain made it difficult to use modern military equipment.

“I think the Timorese people understand that owing to the difficult terrain in this country, it was difficult to find their hide-out,” said Mr. Rerden. (TP)"


Well Mr. Rerden speak to our president, According to him, Reinado is in Dili, you Morron, as far as i know dili's terrain is pretty good. Please stop with your daily dose of bulshit.

Resultados Nacionais Parciais (417.573 votos apurados)


Timor-Leste/Eleições: A II República da Fretilin e a derrota de Xanana

Lusa – 4 Julho 2007 - 18:28

Pedro Rosa Mendes, da agência Lusa

Díli - A vitória da Fretilin sem maioria absoluta nas legislativas de 30 de Junho, anunciada quinta-feira pela aritmética de uma contagem que ainda não terminou, marca o momento em que Timor-Leste "muda de regime" mesmo que não mude de governação.

O apuramento provisório das legislativas aponta um dado essencial: a Fretilin ganhou as eleições mas perdeu a hegemonia, afinal o seu principal instrumento de poder nos cinco anos em que dominou o governo, o Parlamento e o aparelho de Estado, desde a independência.

Outro dado: nenhuma das alternativas ou contestações à direcção e ao estilo de Francisco Guterres "Lu Olo" e de Mari Alkatiri, incluindo as internas, teve argumentos ou força para capitalizar, nas urnas, a crispação e frustração de amplos sectores da sociedade timorense com o chamado Grupo de Maputo, que, pelo menos desde 2005, mantém Timor-Leste entre a fervura e o derrame.

Mário Viegas Carrascalão, presidente do Partido Social Democrata, foi o primeiro a comentar a nova paisagem política: "Vamos entrar em crise aberta", afirmou hoje à agência Lusa.

É uma crise paradoxal: a ingovernabilidade anunciada produzida por um Parlamento mais pluralista.

Outro paradoxo: a dificuldade de formação do IV Governo Constitucional não é um problema de números (há, aliás, várias coligações possíveis), mas um problema de inimizades políticas e pessoais.

O novo Parlamento faz-se de várias grandes derrotas - a de Xanana Gusmão, que não cumpre a vitória tão anunciada, e a de Fernando "La Sama" de Araújo, por ele reconhecida hoje.

E de algumas pequenas vitórias - a de Fernanda Borges, do Partido de Unidade Nacional, e, talvez, a de Cornélio Gama "L7", da UNDERTIM.

Os resultados, os bons como os maus, são todos curtos, e, por isso, não houve até agora regozijo de ninguém.

Para a Fretilin, o patamar de 30 pc é um mau resultado porque equivale a cerca de metade da votação de 2001 e porque pode significar que não tem condições para exercer o poder que conquistou nas urnas.

É, por outro lado, bom, considerando que o partido maioritário conseguiu segurar, em três eleições seguidas, o mesmo eleitorado fiel, digamos, a Francisco Guterres "Lu Olo".

É uma vitória apesar da erosão natural de um mandato, contra a crispação da Igreja, da geração urbana educada fora da epopeia da Resistência, da pressão dos deslocados e da constatação inapelável de que 40 por cento dos timorenses vive hoje abaixo do limiar da pobreza.

A leitura do resultado do CNRT é também múltipla: um bom resultado para um novo partido sem estrutura é, para Xanana Gusmão, uma derrota pessoal.

Os números indicam que o carisma de Xanana não foi suficiente para o pôr directamente na cadeira que pertenceu a Mari Alkatiri.

Mas chegou para sangrar votos dos aliados naturais do CNRT, conforme repararam já hoje, amargos, Mário Viegas Carrascalão e Fernando "La Sama" de Araújo, os homens com quem terá de negociar qualquer acordo de regime.

Lusa/fim

Dos Leitores

H. Correia deixou um novo comentário na sua mensagem "Rir é o melhor remédio. Horta no seu melhor...":

Ramos Horta devia ser contorcionista num circo. O que ele diz nesta entrevista é tão caricato, que nem me dou ao trabalho de comentar.

Mas as partes de que gostei mais foram a análise dos resultados eleitorais e a sua vocação tardia (mais uma) para juíz (ou será padre?), distribuindo indulgências em redor, perdoando tudo e todos. Como dizia ele antes desta última pirueta, "não há impunidade em Timor".

A sensação que fica é a de que Timor-Leste é um país de faz-de-conta, governado por crianças...

Gusmão likely to lead coalition in East Timor

Financial Times - July 4 2007 01:07
By John Aglionby in Jakarta


Xanana Gusmão, East Timor’s recently retired president and leader of the resistance during Indonesia’s occupation, appeared set Tuesday night to become prime minister in spite of his party coming second in last week’s general election.

Politicians and foreign observers said Mr Gusmao’s National Congress of East Timorese Reconstruction (CNRT) was likely to be the largest member of a four-party coalition.

If this materialises it would represent a massive defeat for Fretilin, the ruling party, which was also trounced in May’s direct presidential election.

Mr Gusmão’s appointment would also be a boost for the United Nations, which oversaw East Timor from 1999 until 2002. Until last year the UN had hailed East Timor as a successful experiment in nation-building, only for the tiny nation to collapse into anarchy over political and social unrest. Foreign peacekeepers, 1,200 UN police and a new UN mission were deployed to help restore order.

Fretilin is opposed to a big UN role in the latest reconstruction, while Mr Gusmão and José Ramos-Horta, the new, largely ceremonial, president, support the world body’s long-term presence.

Fretilin is almost certain to finish first among the 14 parties that contested Saturday’s ballot, with just over 25 per cent of the vote. But it has no meaningful allies to enable it to form a government.

“Yes, it does appear that Xanana is going to be the next prime minister,” Deonisio Babo, CNRT’s secretary-general, said. “None of the political leaders has met formally yet but the conversations over cups of tea indicate that he will lead the coalition.”

CNRT’s most likely partners are the Democrat party (PD), a grouping called the ASDT-PSD and Undertim. Together they are expected to win about 39 of the 65 parliamentary seats.

Mr Babo did not rule out a Fretilin presence in government. “If Fretilin can change its leadership quickly then I can see the possibility of it joining under Xanana.”

Fretilin officials are declining to comment until the result is declared, possibly in the next few days. Prior to polling, party officials were saying they would prefer to be in opposition than a junior member of a coalition.

Damien Kingsbury, an Australian academic and election monitor, played down the lack of formal coalition talks. “The coalition has basically been agreed. It’s just the horse-trading over seats that’s not yet complete,” he said.

Diplomats say the only realistic way Mr Gusmão would not become prime minister was if Fretilin could prise the deeply divided Democrat party away from the CNRT-led coalition. “Half of PD are anti-CNRT so rumours of a coalition with Fretilin are swirling, but I think that in the long run PD will fall in with the coalition,” a diplomat said.

Sem maioria, partidos timorenses terão que fazer alianças

EFE - 04/07 - 03:23

Díli - Nenhum dos partido que disputaram as eleições legislativas do Timor-Leste, dia 30 de junho, conseguirá as cadeiras suficientes para obter maioria no Parlamento, e o vencedor, qualquer que seja, precisará estabelecer alianças se quiser formar um Governo.

Após a apuração de cerca de 86% das urnas, a Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente (Fretilin) se mantém à frente, com 102.072 votos (28,8%), tendo em segundo lugar o recém-fundado Conselho Nacional para a Reconstrução do Timor-Leste (CNRT), com 79.926 (22,5%).

A coalizão ASDT/PSD aparece em terceiro lugar, com 56.857 (16,0%), seguida pelo Partido Democrata (PD), com 42.572 (12,0%) e pelo PUN, com 17.071 (4,8%). O índice de participação ronda os 81%, assim como nas eleições presidenciais de abril e maio.

O Fretilin, que ganhou as últimas eleições com 57% dos votos válidos e que governava sozinho desde a independência, em 2002, tem como principal rival o CNRT, fundado e liderado pelo ex-presidente Xanana Gusmão.

A ONU, através da Missão Integrada no Timor-Leste, criada pelo Conselho de Segurança em agosto do ano passado, colaborou na organização e realização das eleições, além de ajudar na manutenção da segurança.

Fretilin lidera mas em Díli perde terreno para o CNRT

Jornal de Notícias – Quarta-feira, 4 de Julho de 2007

A Fretilin mantém vantagem (29,1%) sobre o Congresso Nacional de Reconstrução de Timor-Leste (22,5%) quando estão contados 60% dos votos e o apuramento terminou em oito dos 13 distritos, anunciou a Comissão Nacional de Eleições (CNE).

A última actualização da CNE confirma a vantagem a nível nacional do partido do Governo sobre o partido do ex-presidente da República, Xanana Gusmão, embora a tendência seja contrária em Díli, o distrito com mais eleitores, onde, com cerca de umterço dos votos contados, o CNRT lidera com 46,6% dos votos válidos, seguido da Fretilin, com 20,7%, e da coligação Associação Social Democrática Timorense/Partido Social Democrata, de Mário Viegas Carrascalão, com 14,5%. A contagem de Díli, que prossegue com lentidão, conforme notou a CNE, só deverá estar terminada amanhã.

Terminou, entretanto, o apuramento provisório nos distritos de Aileu, Ainaro, Bobonaro, Lautém, Manatuto, Manufahi, Oecussi e Viqueque.

Por outro lado, a missão de observação do Centro Carter condenou as "várias instâncias de violência e retórica política incendiária" durante a campanha eleitoral, mas também assinalou a "excelente execução" de eleições "pacíficas e ordeiras". O Carter Center considera que a "retórica incendiária intimidou candidatos e cidadãos que, por receio, não se envolveram num debate mais vigoroso".

Timor-Leste: A incógnita timorense

Visão Online – 4 Jul. 2007

A Fretilin deverá ser confirmada como o partido vencedor das legislativas. Mas será o país governável? Leia aqui a reportagem do Enviado Especial da VISÃO e as primeiras reacções de Xanana Gusmão, num dossiê especial sobre Timor-Leste

Henrique Botequilha


Os principais partidos timorenses clamavam vitória antes das legislativas, em 30 de Junho, mas todos eles terão de se resignar com um resultado abaixo das suas expectativas, a começar pelo CNRT, de Xanana Gusmão, que acreditava na maioria absoluta, e pela histórica Fretilin, que pensava o mesmo.


Na noite de quarta-feira, 4, contados mais de 90% de 426 mil votos nos 13 distritos, faltavam apenas processar cerca de 23 mil boletins em Díli. A essas horas, a Fretilin levava a dianteira com uma curta desvantagem (15 mil votos), que é suficiente para cantar a vitória nestas eleições. Embora com uma maioria simples que se prevê de difícil gestão.


O partido no poder, durante a passada legislatura, conseguiu manter uma distância de segurança para o principal rival, o CNRT, desde que as urnas começaram a ser abertas, no domingo, dia 1. O movimento de Xanana Gusmão confiava que uma votação massiva na Díli compensasse a desvantagem, revelada desde o começo da contagem, nos totais nacionais - muito influenciados por uma vitória esmagadora da Fretilin nos três distritos de Leste, que são suas autênticas praças (Baucau, Lautem e Viqueque), com o bónus do primeiro lugar em Covalima.


De, facto, uma em duas cruzes (ou furos) nos boletins, anunciadas expressivamente pelos chefes de cada mesa de contagem, no superprotegido ginásio de Díli, foi destinada ao CNRT. Até ontem, terça-feira, a tensão na sede do partido de Xanana ia aumentando à medida que os resultados em Díli iam reduzindo a diferença para a Fretilin. «Está a apertar», afirmava um elemento do núcleo duro, vendo a tabela do escrutínio projectada numa parede branca. O calor era insuportável. No andar de cima, o ex-Presidente estava mais consciente quanto à improbabilidade de apanhar o movimento rival. «A esperança é a última a morrer», desabafou à VISÃO (ver Xanana Gusmão: «Não foi uma derrota pessoal»).


Apesar da vitória em cinco distritos (Díli, Bobonaro, Liquiçá, Manatuto e Liquiçá), num total que deverá rondar os 24%, nunca o CNRT conseguiu inverter a desvantagem para a Fretilin. É agora claro que a sua base de apoio fiel a este partido vale 28% a 30%, o resultado já anteriormente demonstrado em ambas as voltas das passadas presidenciais, em Abril e Maio últimos, e que se deverá repetir nestas legislativas. À VISÃO, o secretário-geral desta força política declarou-se «calmo tranquilo» e ironizou: «Não fui eu quem disse que ia ter 80%», referindo-se a uma afirmação anterior de Xanana à VISÃO.


Perdas e ganhos


Mas Alkatiri (ex-primeiro-ministro, no I Governo Constitucional) não pode descansar sobre uma aparente operação bem sucedida de resistência ao desastre anunciado pelo CNRT e restante oposição.

Afinal, ao contrário do CNRT (que facilmente se entenderia com qualquer partido para uma coligação), a Fretilin terá grandes dificuldades para obter o mesmo tipo de acordo: «Connosco, jamais», adiantou Mário Carrascalão, líder dos sociais-democratas, que estão unidos com a Associação Social Democrata de Timor (ASDT), de Xavier do Amaral. Com 15%, esta aliança deverá ser confirmada no terceiro lugar, com vitória em três distritos (Ailéu, Ainaro e Manufahi).


Por seu lado, o Partido Democrático (PD), de Fernando La Sama, (no quarto lugar, com 11%) reuniu hoje, 4, para definir a sua orientação pós-eleitoral. Mas apenas concluiu que deverá ser formado um Governo de unidade nacional, com uma distribuição proporcional de cargos pelos partidos que elegeram deputados nestas eleições.


O partido de La Sama foi a surpresa nas últimas presidenciais (quase ultrapassou Ramos-Horta na primeira volta e esteve muito perto de ser eleito chefe de Estado). Mas, nestas legislativas, foi a principal vítima do aparecimento do CNRT e ganhou apenas um distrito: Ermera. É de prever que os democratas sejam a força política mais apetecida pela Fretilin para formar uma coligação. Mas ainda que isso suceda, não será suficiente para uma maioria parlamentar.


O Parlamento timorense deverá ser formado por 21 deputados da Fretilin, 17 do CNRT, 11 da coligação ASDT/PSD e oito do PD. As restantes cadeiras deverão ser distribuídas pelos outros três partidos elegíveis: PUN, de Fernanda Borges (com apoio da Igreja); Kota, de Manuel Tilman (monárquico); e Undertim (do ex-guerrilheiro L7, pró Xanana).


Ou seja, neste novelo partidário, mesmo que obtenha o apoio do PD e do Kota (a única força que alinhou com a Fretilin na segunda volta das presidenciais), o partido vencedor dificilmente conseguirá um acordo com os demais movimentos que lhe permita obter a maioria das 65 cadeiras do hemiciclo.


Nas mãos de Horta


Mari Alkatiri interpreta o resultado destas eleições como um novo mandato popular para a Fretilin: «O povo quer que continuemos à frente do Governo, mas acha que não devemos fazê-lo sozinhos». Ainda que uma coligação seja insuficiente para formar maioria absoluta no Parlamento, lembra que «a Constituição deixa claro que o Presidente da República [Ramos-Horta] deve convidar o partido mais votado para formar Governo». Algo que este dirigente pretende aceitar, apresentando o seu programa, pelo menos duas vezes. «Se for rejeitado, logo se vê se passamos para a oposição...»


A Constituição também determina que o primeiro-ministro pode ser indigitado pela «aliança de partidos com maioria parlamentar e nomeado pelo Presidente da República». Será que a vencedora Fretilin aceitaria ficar na oposição? Mário Carrascalão, líder do PSD, acredita que a governação «só será viável com uma aliança entre o CNRT e os outros partidos mais votados».


Neste Timor, à beira da ingovernabilidade, Díli fervilha em actividade política. Não é claro se o CNRT aceitará a derrota ou se vai tentar forçar uma maioria parlamentar junto de Ramos-Horta. À VISÃO, Xanana Gusmão diz que «todos os partidos estão a pensar no mesmo [coligações]». O ex-Presidente da República afirma-se pronto para ser deputado, num «Parlamento mais equilibrado, sem margem para um partido impor as suas manhas», mas acha difícil aprovar um programa da Fretilin: «Exigimos uma mudança no sistema governativo... essa é a minha resposta.»

Uma resposta que conduz direitinho ao seu sucessor, na Presidência, Ramos-Horta. Pode ser ele a única chave para uma crise política no horizonte. Após ter dado conta à Igreja do contexto que decorre destas eleições, o chefe de Estado começa amanhã, quinta-feira, as consultas aos partidos e vai tentar usar a sua influência para uma saída de consenso. Conseguirá? «Neste país, e em política», disse em entrevista recente à VISÃO, «tudo pode acontecer».


Caixa que acompanha este artigo:


Xanana Gusmão: «Não é uma derrota pessoal»


O líder do CNRT reage, em primeira mão, aos resultados das legislativas


Para Xanana Gusmão, o segundo lugar do CNRT, nas legislativas timorenses, «não é uma derrota pessoal», afirmou, num curto encontro com a VISÃO, na sede do seu partido, na noite de terça-feira, 3. A essas horas, ainda tinha uma esperança muito reduzida de apanhar a liderança da Fretilin na contagem dos votos. Mas, no íntimo, sabia que tal era já altamente improvável e que lhe restava assumir um discurso optimista.


«É um bom resultado, em termos de processo democrático», adiantou. «Vai haver mais equilíbrio no Parlamento, sem margem para nenhum partido impor as suas manhas.»


O líder do CNRT declarara, antes das eleições, que esperava alcançar a maioria absoluta: «Só tenho medo de ganhar com 80 por cento, porque afectaria, de certa forma, a democracia. Não perco.» Agora que perdeu, Xanana Gusmão justifica aquela declaração com «o calor da campanha» e diz que o cenário actual «é muito diferente» das presidenciais, há cinco anos, altura em que obteve um resultado esmagador. «O Presidente da República representa a unidade nacional, agora sou mais um [candidato] entre muitos.»


Segundo Xanana Gusmão, que deixou o Palácio das Cinzas para formar, em Março último, para fundar o CNRT, o resultado destas legislativas «não afronta em nada a sensibilidade do partido, na medida em que se trata de um partido novo», disse. «Viemos para provocar mudanças e reformas e vamos fazê-lo com qualquer um... sem problemas.»


Xanana Gusmão admite que pondera um entendimento com outros partidos da oposição - «acho que estão todos a pensar no mesmo, incluindo a Fretilin» -, mas não abre o livro em relação à possibilidade de uma aliança com a ASDT/PSD e PD, com vista a uma alternativa de poder a apresentar ao Presidente da República: «Não me posso pronunciar sobre coligações – isto tudo está a gerar muita ginástica na cabeça de todos.»


Em todo o caso, o líder do CNRT vai avisando que não aprovará facilmente um programa de um governo da Fretilin: «Exigimos uma mudança no sistema governativo... essa é a minha resposta.» E adverte para o perigo de o partido no poder persistir na governação com um Parlamento hostil: «Nesse caso, vai abrir uma crise política.»

Sobre a postura do CNRT num cenário de ingovernabilidade, apenas responde: «Na altura própria, responderemos a isso.»

Salvo-condutos para grupo de Reinado

Lusa - 2007-07-04


O major fugitivo Alfredo Reinado e o seu grupo terão salvo-condutos emitido pela Procuradoria-Geral da República (PGR), segundo uma nota enviada às forças de segurança, a que a agência Lusa teve acesso.

Dois tipos de salvo-conduto, renováveis, serão emitidos, um de cor verde para os militares e outro de cor azul para os polícias, consoante a força de origem dos homens que acompanham Alfredo Reinado.

Os salvo-condutos são "a implementação da declaração presidencial feita a 19 de Junho de 2007" por José Ramos Horta, "que declarou claramente o cancelamento de todas as operações militares e policiais feitas contra o major Alfredo Reinado e os seus elementos" nessa data, explica o mesmo documento.

Nesta carta, assinada pelo procurador-geral da República, Longuinhos Monteiro, as várias forças de segurança a operar em Timor-Leste são informadas de que o cancelamento de operações contra o grupo de Alfredo Reinado "é uma decisão conjunta de titulares de alto-nível e de órgãos competentes para a execução de mandatos judiciais".

A carta, a que a Lusa teve acesso, foi endereçada aos comandantes da Polícia das Nações Unidas, Rodolfo Tor, das Forças de Estabilização Internacionais (ISF), brigadeiro-general Mal Rerden, e ao comandante-interino da Polícia Nacional, Afonso de Jesus."

O portador deste salvo-conduto está garantido a sua liberdade de movimento para o processo de reintegração a instituição de origem" (sic), dispõe o salvo-conduto no verso do cartão, segundo o modelo distribuído pela PGR às forças de segurança.

Os modelos de salvo-conduto trazem a data de 30 de Agosto de 2007 e são assinados por Longuinhos Monteiro "em representação do Estado".

Os salvo-condutos indicam o nome do portador mas não incluem a fotografia do titular e nenhuma disposição é referida quanto ao uso e porte de arma, afirmou à Lusa fonte policial.

Na carta enviada por Longuinhos Monteiro às forças de segurança, com cópia ao ministro do Interior e ao chefe-de-Estado-Maior das Falintil-Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL), o procurador explica que os salvo-condutos serão também emitidos "ao grupo de elementos liderado por `Susar/Garcia"", dois dos homens de confiança de Alfredo Reinado.

Alfredo Reinado foi preso em Julho de 2006 por posse ilegal de material de guerra, numa operação policial em Díli.O ex-comandante da Polícia Militar é objecto de um mandado de detenção passado em meados de Janeiro, quase cinco meses depois da sua fuga da prisão de Becora, a 30 de Agosto de 2006.

No final de Fevereiro de 2007, o grupo de Alfredo Reinado assaltou dois postos de polícia fronteiriça em Maliana, oeste do país, de onde foram levadas pelo menos 17 pistolas-metralhadoras, uniformes e munições. Alfredo Reinado escapou a um ataque das ISF na vila de Same, sudoeste, que provocou quatro baixas entre os seus homens.

"La Sama" propõe "gabinete nacional"

Lusa – 4 Julho 2007 - 9:48


O presidente do Partido Democrático (PD), Fernando "La Sama" de Araújo, propôs hoje a constituição de um "gabinete de unidade nacional" entre os partidos com assento no novo Parlamento para discutirem a formação do governo.

"Nenhum dos partidos vai aproximar-se dos 50 por cento de votos e estão até muito longe disso", explicou o presidente do PD, justificando "a necessidade de atingir um consenso nacional"."Se avançamos com a hipótese de fazer coligação aqui ou ali, isso não vai resolver o problema porque um (partido) estará no governo e outro na oposição com uma posição muito dura", considerou Fernando "La Sama" de Araújo."

Já houve uma divisão muito significativa na sociedade timorense e houve ataques durante a campanha entre os partidos e agora devemos recuar e pensar", recordou.

O gabinete de unidade nacional "não é chamar indivíduos, é chamar os partidos a discutir e pensar em conjunto a formação do governo, sempre com a proporcionalidade", explicou também o presidente do PD."

Os partidos devem partilhar o poder nos próximos cinco anos", discutindo a formação do novo governo "dentro da proporcionalidade dos resultados", acrescentou."

A realidade é que todos lutámos durante a campanha eleitoral e ninguém conseguiu o seu objectivo de ter pelo menos 50 por cento", acrescentou Fernando "La Sama" de Araújo no final de uma conferência de imprensa.

Fernando "La Sama" de Araújo afirmou que não tem "preferência" por quem deve ser o próximo primeiro-ministro, porque "isso compete aos dois grandes (partidos) escolher".

"A Fretilin tem o direito de propor quem quiser, nós somos apenas o quarto partido", respondeu Fernando "La Sama" de Araújo quando interrogado sobre se concordaria com o secretário-geral da Fretilin, Mari Alkatiri, na chefia do IV Governo Constitucional.

A última actualização da contagem nacional das legislativas timorenses de 30 de Junho, feita pela Comissão Nacional de Eleições às 15:00 (07:00 em Lisboa), dá 28,6 por cento dos votos à Fretilin e 22,8 por cento dos votos ao Congresso Nacional de Reconstrução de Timor-Leste (CNRT). O PD aparece como o quarto partido mais votado, atrás da coligação entre a Associação Social Democrática Timorense (ASDT) e do Partido Social Democrata (PSD).

Fernando "La Sama" de Araújo reconheceu que, "comparando com as eleições presidenciais, o PD sofreu uma grande queda"."É a expressão da vontade popular e aceitamos isto".

Fernando "La Sama" de Araújo admitiu que a diferença entre a sua votação nas presidenciais de 09 de Abril, que foi de 19,1 por cento, e a votação provisória do PD nas legislativas de 30 de Junho ficou a dever-se à fuga de votos em favor do CNRT.

PUN aceita resultados mas receia comportamento da Fretilin

Notícias Lusófonas - 4 Julho 2007

A líder do Partido da Unidade Nacional (PUN) de Timor-Leste manifestou-se hoje satisfeita com os resultados obtidos nas legislativas de 30 de Junho, afirmando que aceita os resultados apesar de recear o comportamento da Fretilin no governo.

Em declarações à Agência Lusa, momentos após ser conhecido que a Fretilin venceu as eleições, Fernanda Borges assegurou que não integrará o governo e que será oposição durante os cinco da próxima legislatura.

"Vamos para a oposição. É importante haver no Parlamento uma boa oposição", afirmou Fernanda Borges, a única mulher cabeça de lista dos 12 partidos e duas coligações que se apresentaram à votação e que obteve, segundo dados oficiais, 4,7 por cento dos votos.

Segundo a Comissão Nacional de Eleições (CNE), quando estão contados 95 por cento dos votos, o PUN está em quinto lugar (4,7 por cento dos votos), atrás da Fretilin (29,4), CNRT (23,0 pc), ASDT/PSD (15,7 pc) e PD (11,6 pc).

"Com o nosso resultado, esperamos obter dois ou três deputados, que farão frente a um governo da Fretilin", acrescentou a grande surpresa da votação, afirmando-se ainda "desiludida" com a vitória do partido de Francisco Guterres "Lu Olo" e de Mari Alkatiri.

"A vitória da Fretilin pode ser encarada de duas formas: será positiva se corrigir os erros do passado, mas negativa se mantiver o silêncio e a intransigência no diálogo com outros partidos. Infelizmente, estou mais virada para o segundo caso e é por isso que estou receosa", sustentou.

CNE confirma vitória da Fretilin

Rádio Renascença - 04-07-2007 15:40

Quando faltam contar 5% dos votos, já não há dúvidas: a Fretilin vence as legislativas em Timor-Leste, mas não consegue maioria absoluta. A CNE comenta.

O padre Martinho Gusmão, porta-voz da Comissão Nacional de Eleições, diz que os resultados ainda podem mudar, embora não esteja em causa a vitória da Fretilin, de Mari Alkatiri.

“Aritmeticamente a CNRT [de Xanana Gusmão] já não pode superar a Fretilin, mas ainda há reclamações que vão ser revistas pela Comissão”, disse.

Quando estão apurados 95% dos votos, a Fretilin tem uma vantagem de 24826 votos sobre o CNRT, do ex-Presidente Xanana Gusmão, quando faltam contar 22711 boletins.

A dúvida está em saber, agora, como vai ser formado o novo Governo já que o partido de Alkatiri não alcançou maioria absoluta.


Os candidatos ainda não comentaram os resultados.

Fretilin venceu as legislativas, apurados 95% dos votos

Notícias Lusófonas – 4 Julho 2007 – 14:15

A Fretilin venceu as eleições legislativas de 30 de Junho em Timor-Leste, quando, segundo a CNE, o número de vortos por contar é inferior à vantagem do partido do poder sobre o CNRT de Xanana Gusmão.

Em declarações à Imprensa, e quando estão apurados 95 por cento dos votos, a Fretilin tem uma vantagem de 24.826 votos sobre o CNRT, do ex-presidente Xanana Gusmão, quando faltam contar 22.711 boletins.

95 por cento dos votos contados: Timor: Fretilin vence legislativas mas fica obrigada a formar coligação

Público/Lusa – 04.07.2007 - 19h49


A Fretilin venceu as eleições legislativas do passado sábado em Timor-Leste, revelou a Comissão Nacional de Eleições, quando o número de votos por escrutinar era inferior à vantagem conseguida pelo partido de Mari Alkatiri.

Com 95 por cento dos votos contados, a Fretilin tinha uma vantagem de 24.826 votos sobre o CNRT, o partido do ex-Presidente Xanana Gusmão, um valor superior aos 22.711 boletins ainda por escrutinar.

No entanto, a dispersão dos votos entre as várias formações políticas deixa adivinhar dificuldades na formação do futuro Governo que, a não existir uma aliança abrangente, poderá ficar em minoria no Parlamento.

O partido de Mari Alkatiri – que deverá regressar à chefia do Governo – conseguiu 29,4 por cento dos votos, enquanto o CNRT não foi além dos 23 por cento, seguido de longe pela aliança ASDT/PSD, liderada por Mário Carrascalão (15,7), e pelo Partido Democrático de Fernando "La Sama" de Araújo (11,6)

Em declarações à Lusa, Mário Carrascalão admitiu um cenário de “crise aberta” no país, ainda a recuperar dos incidentes violentos que em 2006 obrigaram ao regresso das forças internacionais ao país.

"A questão não é se ganhou a Fretilin ou se ganhou outro partido. A questão é que a Fretilin não está em condições de formar um governo", afirmou, sublinhando que se o partido de Alkatiri não formar uma coligação abrangente o próximo Governo “não vai durar mais do que alguns meses”.

Dos Leitores

H. Correia deixou um novo comentário na sua mensagem "Salvo-condutos para grupo de Reinado":

Longuinhos Monteiro não representa o Estado nem "órgãos competentes para a execução de mandatos judiciais". Apenas representa a procuradoria do Estado, o que é bem diferente. Portanto, o(s) documento(s) que assinou não têm validade, podendo mesmo configurar um grave ilícito criminal.

Nem ele nem nenhum titular "de alto-nível" podem subtrair à polícia as suas competências legais para garantir a segurança pública e a execução da Justiça.

Quanto ao resto, o emaranhado de disparates cujo protagonista é um Presidente que se julga uma espécie de Rei-Sol, nem vale a pena comentar. É mais um valioso contributo para o anedotário nacional.

Dos Leitores

H. Correia deixou um novo comentário na sua mensagem "Wednesday, 04 July 2007 - UNMIT – MEDIA MONITORING...":

"The ISF Commander, Brigadier Mal Rerden, acknowledged that the operation to capture former military Police Commander, Major Alfredo Reinado Alves and his men was complicated. He said that the difficult terrain made it difficult to use modern military equipment."

Habituado às guerras épicas que revelaram grandes generais, como Júlio César, Alexandre Magno, Rommel, Montgomery ou MacArthur, nunca imaginei ouvir um brigadeiro confessar tamanho atestado de auto-incompetência para justificar o fiasco monumental de Same. Ainda por cima a desculpa de que o terreno não permitia o uso de material "moderno" é confrangedora.

Então o exército de um dos países mais avançados do mundo (ou será que é só fachada?) é enviado para um país vizinho, que ainda por cima dista apenas 450km, sem conhecer sequer o "terreno"? O que é que eles conheciam então? os bares de Dili? E que tal substituírem o equipamento "moderno" por arcos e flechas ou canivetes suíços?

E ainda querem eles dar ensinamentos aos timorenses, em matéria militar...

NOTA DE RODAPÉ:

Principalmente quando Ramos-Horta acabou de dar uma entrevista a dizer que Reinado é um idiota, que se encontra em Díli e que espera que não vá a festas...

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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