sábado, março 01, 2008

Acantonamento dos peticionários é "um meio-sucesso" - Xanana Gusmão

Díli, 01 Mar (Lusa) - O primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, classificou hoje um "meio-sucesso" o acantonamento de peticionários, antigos elementos das Forças Armadas que desertaram por se considerarem discriminados, que registou até hoje 581 entradas.

O acantonamento "é um meio-sucesso na medida em que ainda vamos ver como resolvemos os problemas dos peticionários", afirmou o primeiro-ministro no final de uma visita ao campo de Aitarak Laran, em Díli.

Por proposta do Governo, os peticionários das Forças Armadas iniciaram o acantonamento em Díli a 07 de Fevereiro, dois anos depois da petição que motivou a sua saída dos quartéis e a sua expulsão da instituição militar.

"Na realidade, o processo para acantonamento iniciou-se nos princípios de Dezembro (de 2007), mas teve algumas dificuldades", afirmou Xanana Gusmão, recordando as negociações com os peticionários, então liderados pelo ex-tenente Gastão Salsinha.

"Agora estão quase todos" os 592 signatários da petição que, em 2006, alegou discriminação de base regional no seio das Forças Armadas.

"Hoje pedi-lhes para cada um pensar no dever que tem para contribuir para uma solução, em vez de terem apenas a percepção do seu direito", disse Xanana Gusmão.

"Disse-lhes hoje, aqui em Aitarak Laran, que em Timor o que falha muitas vezes é a percepção de que cada um tem direitos e deveres", sublinhou o primeiro-ministro.

Xanana Gusmão anunciou aos peticionários que na próxima semana começarão a ter várias actividades no campo de Aitarak Laran.

"Esperemos que até ao fim da semana tenhamos já uma luz sobre a solução para o caso de todos eles", afirmou o primeiro-ministro.

Xanana Gusmão recusou comentar as hipóteses de rendição de Gastão Salsinha, que lidera o grupo antes liderado pelo major Alfredo Reinado.

Reinado, que liderou o ataque contra o Presidente da República, José Ramos-Horta, dia 11 de Fevereiro, morreu na residência do chefe de Estado.

Pouco depois, Gastão Salsinha liderou um ataque à coluna onde seguia o primeiro-ministro.

PRM.
Lusa/fim

Ramos-Horta disse a Alkatiri que "conhece quem disparou" sobre ele

Díli, 01 Mar (Lusa) - José Ramos-Horta "conhece o homem que disparou sobre ele, um elemento do grupo de Alfredo Reinado, embora não saiba o nome", contou hoje Mari Alkatiri à Lusa depois de visitar o presidente de Timor-Leste, hospitalizado na Austrália.

Mari Alkatiri, secretário-geral da Fretilin, visitou hoje o chefe de Estado timorense no Hospital Real de Darwin, onde José Ramos-Horta continua a recuperar do ataque de que foi alvo em Díli a 11 de Fevereiro.

"O presidente viu quem atirou sobre ele", afirmou Mari Alkatiri, contactado por telefone em Darwin pela Lusa.

"É um elemento do grupo de Alfredo Reinado de quem ele não sabe o nome, mas de quem ele conhece a cara, dos encontros que teve com Reinado", acrescentou Mari Alkatiri, repetindo o que lhe contou hoje José Ramos-Horta.

O presidente da República liderou, desde a sua eleição em Maio de 2007, o processo negocial que visava a resolução do problema de Alfredo Reinado, principal rosto da crise política e militar de 2006, acusado de crimes de homicídio, rebelião contra o Estado e posse ilegal de material de guerra.

O major fugitivo Alfredo Reinado liderou o ataque à residência de José Ramos-Horta em Díli, no qual viria a morrer com outro elemento do seu grupo, e no qual o presidente da República foi ferido com gravidade.

A referência ao autor dos disparos de que foi alvo José Ramos-Horta "foi a única vez que o nome de Alfredo Reinado foi pronunciado durante a conversa de hoje", explicou Mari Alkatiri à Lusa.

De resto, "não tocámos no nome de Alfredo" durante os 45 minutos que durou a visita no hospital, sublinhou o dirigente da Fretilin, ex-primeiro-ministro e agora líder da oposição.

"Foi uma visita de amigos. Eu disse ao presidente que não estava em Darwin para discutir assuntos políticos. Isso fica para depois do seu regresso às funções", explicou Mari Alkatiri à Lusa.

Segundo o dirigente da Fretilin, José Ramos-Horta "está bem disposto, fisicamente muito magro, mas intelectualmente muito lúcido".

Alkatiri e Ramos-Horta trocaram piadas na visita de hoje, segundo o dirigente da Fretilin.

"Eu disse-lhe que ele já ressuscitou. Ele, que acredita na ressurreição", contou Mari Alkatiri à Lusa.

"Além disso, falámos da situação timorense, mas só da parte positiva. Falámos da operação militar e policial" de captura dos responsáveis pelo duplo ataque de 11 de Fevereiro.

"Comentámos que é uma operação na qual ainda nenhum tiro foi disparado para ferir ou matar alguém e falámos da resposta positiva dos peticionários ao processo de acantonamento", adiantou Mari Alkatiri.

"O presidente Ramos-Horta quer acompanhar cada vez mais o que se passa em Timor-Leste e está completamente consciente do que se passa em Díli. No entanto, as informações sobre a situação actual foram prestadas antes pelo presidente interino", Fernando 'La Sama" de Araújo.

O Presidente interino viajou também hoje para Darwin, no mesmo avião em que seguiram Mari Alkatiri e o chefe da Missão Integrada das Nações Unidas em Timor-Leste (UNMIT), Atul Khare.

Sobre os ataques de 11 de Fevereiro, José Ramos-Horta manifestou a Mari Alkatiri "a vontade de uma investigação profunda".

"Mas ele continua a acreditar na busca do consenso e à Fretilin pediu que colaborasse nos esforços de diálogo", afirmou o secretário-geral da Fretilin, partido vencedor das eleições de Junho de 2007.

A hipótese de eleições antecipadas não foi falada na visita de hoje, mas Mari Alkatiri afirmou à Lusa que, "se acontecerem, terão que ser em 2009".

Mari Alkatiri foi portador de uma mensagem do primeiro-ministro, Xanana Gusmão, que enviou "um abraço" ao chefe de Estado em convalescença.

PRM.
Lusa/fim

Timor e a mulher de César

Blog Olhó lafaek!...
Sexta-feira, 29 de Fevereiro de 2008
Timor e a mulher de César

Do relato de imprensa da UNMIT publicado em 28FEV08:

"AFP-UNPol descobrem balas na residência do PM:

A Equipa de Investigação da Polícia Federal Australiana e a PNTL que estão a conduzir o exercício de reconstituição dos eventos de 11 de Fevereiro na residência do PM Xanana descobriram 16 balas no local. O Procurador-Geral da República (PGR) Longuinhos Monteiro disse que as balas serão enviadas para Darwin, Austrália para testes balísticos. O PGR Monteiro disse que o FBI foi excluído do exercício de reconstituição, mas que a Polícia Federal Australiana (AFP) tirou fotografias aéreas do sítio para ajudar a localizar os pontos de disparos."

Assim não vão lá!... Que me lembre, em todos os testemunhos sobre os incidentes que terão --- acredito que tenham mas esta é a linguagem mais apropriada quando estão a decorrer investigações sobre o assunto --- envolvido o Primeiro Ministro de Timor Leste, nunca foi referida a existência de disparos junto da/contra a casa do mesmo. As únicas referências que foram feitas (pelo próprio XG) foram as da existência de "fogo cerrado" (sic) contra as viaturas da sua comitiva quando a caminho de Dili.

Como é que aparecem agora estas balas? Certamente haverá uma explicação mas...

Num inquérito a uma situação destas pretende-se principalmente duas coisas:

a) em primeiro lugar descobrir a verdade; e

b) em segundo lugar (mas não menos importante) assegurar que ninguém, jamais (em francês! Ler "jamé" como o outro!... :-) ) --- i.e., agora e no futuro --- poderá, sequer, sonhar que o resultado das investigações não corresponde à verdade nua e crua.

Ora, ainda que acreditando que quem está a fazer a investigação são pessoas de idoneidade irrepreensível e que chegarão à verdade, a verdade --- desculpem a repetição... --- é que elas não estão em condições de assegurar o alcançar do segundo objectivo.

De facto, de uma forma ou de outra poder-se-á dizer que os dois intervenientes na reconstituição da cena e, até, o terceiro "pilar" da pesquisa (o FBI, que não participou) têm algum tipo de interesse no caso (porque não foi o FBI? Mesmo que não fossem lá fazer nada deveriam ter ido para não deixarem caraminholas na cabeça das pessoas). E mesmo que não tenham tal interesse, o pior é que as pessoas os vêm como tendo.

O erro foi --- creio que mais por falta de experiência do que por maldade maquiavélica --- ter envolvido estes intervenientes no processo, incluindo o FBI.

Recorde-se que num processo com algumas semelhanças embora com fim muito mais trágico, o governo do Paquistão não hesitou em convidar a Scotland Yard para investigar o atentado que vitimou Benazir Buttho. E com bons resultados, na medida em que ninguém se atreveu a colocar em causa as conclusões da investigação dos ingleses. É isso que é necessário em Timor.

O presente inquérito está, infelizmente e seja qual for o resultado, "ferido de morte" em relação a um dos seus objectivos mesmo que não o esteja em relação ao outro. E isso é terrível. É que ninguém se deve esquecer nunca que "à mulher de César não basta ser séria; é também preciso parece-lo". Infelizmente não é o que acontece no caso do inquérito em curso.

De facto, mesmo que se venha a descobrir a verdade verdadeira --- e até acredito que venha --- haverá sempre alguém, na rua, no remanso das suas casas ou entre as paredes dos gabinetes de quem manda ou mandará, que ficará com uma nesga de dúvida.

É isso que não deve acontecer. NÃO PODE acontecer. A bem da Nação... :-)

East Timorese government steps up repression in aftermath of alleged “coup attempt”

WSWS

By Patrick O’Connor
1 March 2008

East Timorese Prime Minister Xanana Gusmao has seized upon the crisis sparked by the February 11 wounding of President Jose Ramos-Horta and killing of former major Alfredo Reinado to enforce a number of repressive measures aimed at consolidating his unstable government. A spokesperson for Gusmao’s government announced on Monday that the “state of siege”—which involves a 10 p.m. to 6 a.m. curfew and a ban on demonstrations and unauthorised meetings—has been extended to March 23. More than 200 people have already been arrested, mostly for violating the curfew, although opposition parliamentarians and journalists have also been targeted.

The Gusmao government’s rush to utilise authoritarian forms of rule raises yet again the many outstanding questions concerning the events surrounding Reinado’s killing. According to the official version promoted by the government and the Australian and international press, the rebel soldier was shot dead after he and his men attempted to either kill or kidnap both President Ramos-Horta and Prime Minister Gusmao as part of a failed coup attempt. This account represents the least likely explanation for what took place on February 11.

While details remain murky, what is known points to the possibility that Reinado was set up for assassination. The rebel soldier had earlier threatened to publicly release details of Gusmao’s alleged role in directly instigating a mutiny of soldiers (the “petitioners”) in 2006. The mutiny sparked a political crisis that culminated in the intervention of hundreds of Australian troops and the ousting of the former Fretilin government. Reinado’s allegation was issued via a DVD that was widely circulated in January throughout East Timor.

The old adage, cui bono (to whose benefit?), remains a standard rule in criminal investigations. In light of what has transpired over the past fortnight, the undisputed primary beneficiaries of Reinado’s death have been the Australian-led foreign military forces stationed in East Timor and Gusmao himself.

The prime minister’s adoption of dictatorial-style powers has been met with sharp criticism within the country’s parliament. A number of Fretilin parliamentarians opposed the extension of the “state of siege” on the grounds that the constitutional requirement for a “serious disturbance or threat of serious disturbance to the democratic constitutional order” no longer existed. During the debate, opposition even emerged from within Gusmao’s CNRT party. “I and my friends are really disappointed with the implementation of the ‘State of Emergency,’” CNRT parliamentarian Cecilio Caminha declared. “In the ‘State of Emergency’ there are no rules that permit the security apparatus to attack civilian houses at night, and to forbid people from holding meetings and demonstrations.”

Fretilin has accused Gusmao of using the crisis to undermine its position. On February 19, the party’s parliamentarian and media spokesman Jose Teixeira was detained in Dili after six car loads of armed Timorese police allegedly took him from his home. Teixeira later claimed that police had no arrest warrant and acted without the knowledge of the senior police investigating officer. He was released the next day after Mari Alkatiri, Fretilin’s general secretary and former Timorese prime minister, lodged a complaint. “This is political persecution—Teixeira is an effective media spokesman and someone in authority wants to shut him up,” he declared. “It is a disgraceful attempt to politicise the police force and use the investigation into the shooting of the president for party-political gain.”

Both Timorese police and Australian soldiers have also targeted journalists.

On February 23, the East Timor Post’s senior layout editor, Agustinho Ta Pasea, was arrested while en route to the Dili printing presses with a computer file of the newspaper’s weekend edition. Post editor Mouzinho De Araujo told the Australian that Ta Pasea was stopped at 2 a.m., beaten by military police and then taken to a police station where he was assaulted again. De Araujo said his staff member was held for 11 hours on the grounds that he had violated the curfew, before being released with cuts and bruises on his face. “Maybe, it is because our newspaper has been tough on [the] authorities,” the editor said. Ta Pasea’s detention delayed the publication of that day’s Post edition. The Secretariat of State Security later issued a formal apology for the police officers’ use of what it described as “unjustified force”.

The incident came a few days after Time reporter Rory Callinan and photographer John Wilson were detained by Australian troops for three hours at gunpoint outside of Dili as they were attempting to reach the village of Dare. The Australian-dominated International Stabilisation Force (ISF) was conducting an operation in the area, supposedly in pursuit of Reinado’s followers allegedly involved in Ramos-Horta’s shooting. Journalists were refused entry through an ISF roadblock and were told they were barred from the “media free area”. Callinan and Wilson then walked for an hour through a jungle trail to try to access Dare by foot.

Callinan later told the Australian that when they neared the village: “Two Australians jumped out of the bushes wearing ‘camo’ paint, pointing their guns, ordering us to get down. We were told to hand over our mobile phones, all our camera equipment and passports and told to sit without talking. The guy said: ‘We’re detaining you for your own safety and I can’t tell you more.’ I said, ‘So we can’t move?’ He said, ‘I’m telling you, I am detaining you. I can physically detain you if I want, but I choose not to at this point.’ We were wondering why they were letting dozens of East Timorese wander about with no apparent concern for their safety.”

The two men were held in the jungle for three hours, until sundown, when they were told they would be allowed into Dare. After they later walked back to Dili they were held again for breaching curfew. “They confiscated our gear again,” Callinan said. “We said, ‘But you’ve already detained us for three hours, which is why we are in breach of the curfew....’ The East Timorese with us were saying this was the sort of thing that happened under Indonesian times.”

The incident underscores the neo-colonial character of the Australian occupation of “independent” East Timor. Utilising the political crisis for its own ends, the Rudd Labor government has bolstered the size of the intervention force and declared that Australian forces will remain “for as long as they are required.” As with the previous deployments in 1999 and 2006, the latest operation is above all driven by Canberra’s determination to maintain its domination over the strategically significant and oil-rich territory, and to shut out rival powers such as China and Portugal. Rudd and Gusmao appear to have reached a mutually beneficial arrangement in which the Timorese leader gives the Australian military a free hand, in return for the Australian government’s continued political backing. Rudd and his ministers have maintained a strict silence in relation to the Gusmao government’s recent authoritarian measures.

The ISF’s actions in Dare also raise the question as to what Australian troops were doing, that they did not want the media to monitor. The status of the Australian military’s supposed pursuit of Reinado’s wanted men remains unclear. More than 1,100 Australian troops, including at least 80 elite SAS personnel, are now on the ground in East Timor or stationed on naval warships offshore. Gusmao has reportedly authorised these forces to use lethal force. Yet despite the Australian military’s vast array of surveillance technology and extensive knowledge of Reinado’s group, amassed over the last two years, the occupying troops have apparently been unable to track down any of the alleged would-be assassins of Ramos-Horta.

Was Gusmao’s government facing dissolution?

Events since February 11 make clear just how convenient Reinado’s death was for both Gusmao and Canberra.

The former major’s accusation that the prime minister had deliberately instigated the petitioner’s protests in 2006 was seriously undermining Gusmao’s already unstable three-party coalition government. Just as Reinado’s accusations were circulating throughout East Timor, the government passed its first budget, slashing food rations for the 100,000 internally displaced refugees and cutting pensions. At the same time, the government boasted that it was lowering corporate and investment taxes to among the lowest levels in the world.

These measures, which will further increase social inequality in the deeply impoverished country, drew widespread opposition from ordinary Timorese and inflamed tensions and infighting within the government. Rumours spread in Dili that Fernando “La Sama” de Araujo, leader of the Democratic Party and now acting president, would withdraw from the coalition.

Gusmao meanwhile was refusing to deny Reinado’s allegations and threatened to arrest those journalists pursuing the story. Alkatiri demanded that Gusmao resign and that fresh elections be called.

There is evidence indicating that President Ramos-Horta was preparing to publicly endorse such demands. According to the Timor News Line web site, which translates Timorese media reports into English, on February 11 (the same day Reinado was killed) the Diario Nacional reported that: “Fretilin Secretary General, Mari Alkatiri, said President Jose Ramos Horta and the UN Secretary General have agreed with Fretilin’s proposal of holding another election in the country”.

The latest issue of the Indonesian Tempo magazine features an interview with Alkatiri in which the former prime minister claims there was a connection between the events of February 11 and a meeting allegedly convened by President Ramos-Horta a week earlier.

“There was a meeting of politicians at Horta’s residence a week before the shootings,” Alkatiri said. “Attending the meeting were members of the Timorese Reconstruction National Party (CNRT) led by Xanana Gusmao, the Social Democrat Party, the Timor Social Democrat Party Association (ASDT) and the Fretilin Party ... President Horta welcomed the proposal of the Fretilin Party to the UN Secretary-General. Essentially it united all parties under the Parliamentary Majority Alliance (AMP) with the Fretilin, and forming an inclusive government, a national unity government. Fretilin itself refused to join in the national unity government like this one. The initiative was taken to resolve the problem of Alfredo Reinado, deserters led by Salsinha Gastao and also the refugees.”

Asked if any of Timor’s “party elites” were involved in Reinado’s killing, Alkatiri refused to directly answer or mention Gusmao by name, but said, “I will just say that the person behind Horta’s shooting perhaps disagreed with the President’s initiative to form a new government and hold another election.”

If Alkatiri’s account is true, it places in fresh perspective the secret deal struck between Ramos-Horta and Reinado just four weeks before the rebel soldier was killed. On January 13, the two men brokered a deal whereby Reinado would first submit to house arrest and then soon after be amnestied by Ramos-Horta. Could it be that the president, formerly a close ally of Gusmao, regarded the break-down in relations between Reinado and the prime minister as an intolerable threat to the agreement he had just brokered, which required the formation of a new coalition administration between Fretilin, the ASDT, and elements of the CNRT?

If so, the official version of Reinado’s killing becomes even more implausible. The former major would have been attempting to assassinate or kidnap Ramos-Horta, who had not only guaranteed his freedom, but was also preparing to lend his weight to the ousting of Gusmao, whom Reinado was accusing of being a criminal and a traitor. On the other hand, if the scenario suggested by Alkatiri’s statements is true, Gusmao would have had an even more powerful motive to eliminate Reinado, and trigger a political crisis through which he could extend his authority.

The possibility of such a conspiracy raises immediate questions regarding the Australian government’s role. There is little possibility that Australian authorities—which include highly placed government and military advisors as well as an extensive network of intelligence agents and informants—would have been ignorant of the various political ructions in Dili. The prospect of a return to a Fretilin-led government would have sounded alarm bells. The former Howard government, with the unstinting support of its Labor opposition, as well as the entire Australian press, expended considerable resources ousting the Alkatiri administration in 2006. Its protracted “regime change” campaign was driven by concern that the Fretilin government was too oriented towards rival powers and was unwilling to accede to all of Australia’s demands for possession of swathes of the Timor Sea’s oil and gas reserves. Gusmao’s recent moves—both in the lead up to the events of February 11 and since—were no doubt known, if not directly instigated, by Canberra.

None of these issues has been canvassed in the Australian press. Not a single outlet has even reported Alkatiri’s statements in Tempo. To the extent that any political assessment has been attempted of the events surrounding the shootings outside Ramos-Horta’s residence, Reinado’s potential motivations are simply put down to insanity, thereby excusing the logical implausibility of the official version. The media’s performance is consistent with its role in 1999 and 2006, when it functioned as the primary promoter of the Howard government’s military operations, under the banner of “humanitarian intervention” and “democracy”.

World Socialist Web Site



TRADUÇÃO:

Governo Timorense aumenta repressão depois de alegada “tentativa de golpe”

WSWS

Por Patrick O’Connor
1 Março 2008

O Primeiro-Ministro Timorense Xanana Gusmão aproveitou a crise desencadeada pelos ferimentos infligidos em 11 de Fevereiro ao Presidente José Ramos-Horta e morte do antigo major Alfredo Reinado para tomar uma série de medidas repressivas que visam consolidar o seu instável governo. Como anunciou um porta-voz do governo de Gusmão na Segunda-feira “o estado de sítio”— que envolve um recolher obrigatório das 10 p.m. até às 6 a.m. E a proibição de manifestações e reunião não autorizadas — foi prolongado até 23 de Março. Mais de 200 pessoas já foram detidas a maioria por violação do recolher obrigatório, apesar de terem tido também visados deputados da oposição e jornalistas.

A pressa do governo de Gusmão em usar métodos autoritários de governar levanta contudo outra vez muitas questões importantes acerca dos eventos que rodearam a morte de Reinado. De acordo com a versão oficial promovida pelo governo e pelos media Australianos e internacionais, o soldado amotinado foi morto a tiro depois dele e dos seus homens terem tentado ou matar ou raptar ambos o Presidente Ramos-Horta e Primeiro-Ministro Gusmão como parte duma tentativa de golpe falhada. Esta explicação representa a menos provável de todas as explicações do que ocorreu em 11 de Fevereiro.

Ao mesmo tempo que os detalhes permanecem nebulosos, o que se sabe aponta para a possibilidade duma cilada para assassinar Reinado. Antes o soldado amotinado tinha ameaçado publicamente emitir detalhes ao alegado papel de Gusmão em instigar directamente um motim de soldados (os “peticionários”) em 2006. O motim desencadeou uma crise política que culminou na intervenção de centenas de tropas Australianas e na remoção do antigo governo da Fretilin. A alegação de Reinado foi emitida num DVD que circulou alargadamente em Janeiro através de Timor-Leste.

O velho adágio, cui bono (quem ganha?), continua a ser uma regra normal nas investigações criminais. À luz do que transpirou na quinzena passada, os principais ganhadores indiscutíveis da morte de Reinado têm sido as forças estrangeiras lideradas pelos Australianos estacionadas em Timor-Leste e o próprio Gusmão.

A adopção pelo primeiro-ministro de poderes de tipo ditatorial foi recebida com críticas agudas no parlamento do país. Uma sédir de deputados da Fretilin opuseram-se ao prolongamento do “estado de sítio” com base de que já não existia a exigência constitucional para “perturbações sérias ou ameaça de perturbações sérias à ordem democrática constitucional”. Durante o debate, a oposição chegou mesmo a emergir dentro do partido de Gusmão, o CNRT. “Eu e os meus amigos estamos descontentes com a implementação do ‘Estado de Emergência,’” O deputado do CNRT Cecilio Caminha declarou. “No 'Estado de Emergência' não há regras que autorizem o aparelho de segurança a atacar casas de civis à noite ou a proibir as pessoas de fazerem reuniões e manifestações.”

A Fretilin tem acusado Gusmão de usar a crise para minar a sua posição. Em 19 de Fevereiro, o deputado do partido e seu porta-voz para os media José Teixeira foi detido em Dili depois de seis carros cheios de polícias Timorenses armados o levarem da sua casa. Depois Teixeira afirmou que a polícia não tinha mandato de prisão e que tinha actuado sem conhecimento do oficial de topo da polícia de investigação. Ele foi libertado no dia a seguir depois de Mari Alkatiri, o secretário-geral da Fretilin e antigo primeiro-ministro Timorense ter apresentado queixa. “Isto é perseguição política — Teixeira é um porta-voz para os media eficaz e alguém em posição de autoridade quer calá-lo ,” declarou. “É uma tentativa desgraçada para politizar a força da polícia e usar a investigação ao balear do presidente para ganhos político-partidários .”

Tanto os polícias Timorenses como os soldados Australianos têm também alvejado jornalistas.

Em 23 de Fevereiro, o editor gráfico de topo do Timor Post, Agostinho Ta Pasea, foi preso quando ia para a tipografia em Dili com o ficheiro informático da edição de fim-de-semana do jornal. O editor do Post Mouzinho De Araujo disse ao The Australian que Ta Pasea foi parado às t 2 a.m., agredido pela polícia militar e depois levado para uma estação de polícia onde tornou a ser agredido. De Araujo disse que o membro do seu pessoal ficor retido 11 horas com o pretexto de ter violado o recolher obrigatório, antes de ser libertado com golpes e contusões na cara. “Talvez tenha acontecido isto porque o nosso jornal tem sido duro com as autoridades,” disse o editor. A detenção de Ta Pasea fez atrasar a publicação desse dia do Post. A Secretaria de Estado da Segurança emitiu mais tarde um pedido de desculpa formal pelo uso pelos oficiais da polícia do que descreveu como “força injustificada”.

O incidente ocorreu poucos dias depois do reórter daTime Rory Callinan ae do fotógrafo John Wilson terem sido detidos por tropas Australianas durante três horas com armas apontadas fora de Dili quando tentavam alcançar a vila de Dare. A ISF dominada pelos Australianos estava a conduzir uma operação na área, supostamente em perseguição de seguidores de Reinado envolvidos nos tiros contra Ramos-Horta. Aos jornalistas foi recusada a entrada através dum posto de controlo de estrada da ISF e foi-lhes dito que estavam proibidos de entrar na “área proibida aos media”. Callinan e Wilson caminharam então através duma pista no mato para tentarem o acesso a Dare a pé.

Mais tarde Callinan disse ao The Australian que quando se aproximavam da vila: “Saltaram do mato dois Australianos usando tinta de “camuflagem”, de armas apontadas e ordenaram para nos deitarmos no chão. Disseram-nos para entregar os nossos telemóveis, todo o nosso equipamento de câmara e os passaportes e que nos sentássemos sem falar. O tipo disse: ‘Estamos a deter vocês para a vossa segurança e não vos posso dizer mais .’ Disse, ‘Então não nos podemos mover?’ Ele disse, ‘Estou a dizer-lhes, estou a deter vocês. Posso deter vocês fisicamente, se quiser, mas escolhi não o fazer nesta altura.’ Perguntava-mos a nós próprios porque é que deixavam circular por ali dúzias de Timorenses sem preocupação aparente com a segurança deles.”

Os dois homens ficaram retidos no mato durante três horas, até ao pôr do sol, quando lhes disseram que podiam prosseguir para Dare. Depois de mais tarde terem regressado a Dili foram outra vez detidos por terem violado o recolher obrigatório,” disse Callinan. “Dissemos, ‘Mas já nos detiveram durante três horas e foi por causa disso que violámos o recolher obrigatório....’ Os Timorenses que estavam connosco repetiam que istoe era o tipo de coisas que aconteciam no tempo dos Indonésios.”

O incidente sublinha o carácter neo-colonial da ocupação Australiana do Timor-Leste “independente”. Ao usar a crise política para os seus próprios fins, o governo do Labor de Rudd Labor aumentou o tamanho da força de intervenção e declarou que as forças Australianas ficarão “o tempo que for pedido.” Como os destacamentos anteriores em 1999 e 2006, a última operação é acima de tudo movida pela determinação de Canberra em manter a sua dominação sobre o território rico em petróleo e estrategicamente significativo, e afastar poderes rivais como a China e Portugal. Rudd e Gusmão parece terem alcançado um arranjo mutuamente benéfico pelo qual p líder Timorense dá carta livre aos militares Australianos e como paga o governo Australiano continua a suportá-lo politicamente. Rudd e os seus ministros têm mantido um silêncio rigoroso em relação às recentes medidas autoritárias do governo de Gusmão.

As acções da ISF em Dare levantam também questões sobre o que é que as tropas Australianas andavam a fazer, que não queriam que os media monitorizassem. O estatuto da suposta perseguição dos homens de Reinado pelos militares Australianos mantém-se por esclarecer. Mais de 1,100 tropas Australianas, incluindo pelo menos 80 elementos das SAS tropas de elite estão agora no terreno em Timor-Leste ou estacionados em navios de guerra offshore. Gusmão segundo relatos, autorizou essas forças a usarem força letal. Contudo apesar do vasto sortido de tecnologia de vigilância e do conhecimento extensivo do grupo de Reinado dos militares Australianos, recolhidos durante os dois últimos anos, aparentemente as tropas ocupantes foram incapazes de localizar qualquer um dos alegados candidatos a assassinos de Ramos-Horta.

Estava o governo de Gusmão a enfrentar a dissolução?

Desde o 11 de Fevereiro os eventos tornam claro como foi conveniente a morte de Reinado para ambos Gusmão e Canberra.

A acusação do antigo major que o primeiro-ministro tinha instigado deliberadamente o protesto dos peticionários em 2006 estava a minar seriamente o já instável governo de coligação de três partidos. Na altura em que as acusações de Reinado estavam a circular através do país, o governo aprovou o seu primeiro orçamento, reduzindo as rações de comida dos 100,000 deslocados para metade e cortando nas pensões. Ao mesmo tempo, o governo gabava-se que estava a baixar os impostos para companhias e investimento para os níveis mais baixos do mundo.

Estas medidas, que aumentarão ainda mais a desigualdade social no país profundamente empobrecido, atraíram alargada oposição dos cidadãos Timorenses comuns e inflamou tensões e lutas dentro do governo. Correram rumores em Dili que Fernando “La Sama” de Araújo, líder do Partido Democrático e agora presidente interino se retiraria da coligação.

Entretanto Gusmão recusava-se a negar as alegações de Reinado e ameaçava prender os jornalistas que insistissem na história. Alkatiri pediu a resignação de Gusmão e que se realizassem eleições antecipadas.

Há evidência que o Presidente Ramos-Horta se estava a preparar para endossar publicamente tais pedidos. De acordo com o Timor News Line web site, que traduz relatos dos media Timorenses para Inglês, em 11 de Fevereiro (o mesmo dia em que Reinado foi morto) o Diario Nacional relatou que : “O Secretário-Geral da Fretilin, Mari Alkatiri, disse que o Presidente José Ramos Horta e o Secretário-Geral da ONU tinham concordado com a proposta da Fretilin de realizar eleições antecipadas no país”.

A última edição da revista Indonésia Tempo traz uma entrevista com Alkatiri na qual o antigo primeiro-ministro afirma que há uma conexão entre os eventos de 11 de Fevereiro e um encontro alegadamente convocado pelo Presidente Ramos-Horta uma semana antes.

“Houve um encontro de políticos na residência de Horta uma semana antes dos tiros,” disse Alkatiri. “Nesse encontro participaram membros do CNRT liderado por Xanana Gusmão, PSD, ASDT e da Fretilin ...O Presidente Horta deu as boas vindas à proposta da Fretilin Party ao Secretário-Geral da ONU. Essencialmente essa proposta unia todos os partidos da AMP com a Fretilin, na formação dum governo inclusivo, um governo de unidade nacional. A própria Fretilin recusou-se a juntar no governo de unidade nacional como este. A iniciativa era tomada para resolver o problema de Alfredo Reinado, desertores liderados por Salsinha Gasão e também os deslocados.”

Perguntado se algum dos “partidos de elites” de Timor esteve envolvido na morte de Reinado, Alkatiri recusou-se a responder directamente ou a mencionar o nome de Gusmão, mas disse, “Direi apenas que a pessoa por detrás dos tiros contra Horta talvez discordasse da iniciativa do Presidente para formar um novo governo e fazer eleições antecipadas.”

Se a explicação de Alkatiri for verdadeira, põe numa nova perspectiva o acordo feito entre Ramos-Horta e Reinado apenas quatro semanas antes do soldado amotinado ter sido morto. Em 11 de Janeiro, tos dois homens tinham acordado que Reinado se entregaria primeiro a prisão domiciliária que pouco depois seria amnistiado por Ramos-Horta. Será que o presidente, antes um aliado próximo de Gusmão, viu a ruptura de relações entre Reinado e o primeiro-ministro como uma ameaça intolerável ao acordo que tinha acabado de fazer, que requeria a formação duma nova administração de coligação entre a Fretilin, ASDT, e elementos do CNRT?

Se sim, a versão oficial da morte de Reinado torna-se ainda mais implausivel. O antigo major teria tentado assassinar ou raptar Ramos-Horta,que tinha não apenas garantido a sua liberdade, como estava também a preparar-se a emprestar o seu peso para a saída de Gusmão, a quem Reinado estava a acusar ser um criminoso e em traidor. Por outro lado, se for verdadeiro o cenário sugerido pelas declarações de Alkatiri, Gusmão teria um motivo ainda mais poderoso para eliminar Reinado, e desencadear uma crise política através da qual pudesse prolongar a sua autoridade.

A possibilidade duma tal conspiração levanta questões imediatas sobre o papel do governo Australiano. Há pouca possibilidade de as autoridades Australianas — que incluem conselheiros militares e em altos cargos no governo bem como uma rede alargada de informadores e agentes dos serviços de informações — estarem na ignorância das variadas acções em Dili. A perspectiva do regresso dum governo liderado pela Fretilin teria feito tocar sinos de alarme. O antigo governo Howard, com o apoio não regateado da oposição Labor, bem como de toda a imprensa Australiana, gastou recursos consideráveis para expulsar a administração Alkatiri em 2006. A sua prolongada campanha para a “mudança de regime” foi conduzida pela preocupação do governo da Fretilin se orientar demasiado para poderes rivais e não querer aceder a todos os pedidos da Austrália para a posse das reservas do petróleo e gás do Mar de Timor. As movimentações recentes de Gusmão —ambos dos eventos de 11 de Fevereiro e desde então — eram sem dúvida conhecidas, se não directamente instigadas por Canberra.

Nenhuma destas questões tem sido debatida na imprensa Australiana. Nem uma única publicação sequer relatou as declarações de Alkatiri no Tempo. Chegou-se ao ponto de qualquer análise política que se tente fazer aos eventos que rodearam o tiroteio no exterior da residência de Ramos-Horta, e das motivações potenciais de Reinado ser simplesmente considerada loucura, assim justificando a lógica implausível da versão oficial. A actuação dos media é consistente com o seu papel em 1999 e 2006, quando foi então o promotor principal das operações militares do governo de Howard, sob a bandeira de “intervenção humanitária” e “democracia”.

World Socialist Web Site

Timor, Galiza e restantes países lusófonos na TV

RTP/TVG

Série de 13 episódios sobre a Lusofonia, estreia no próximo Sábado 1 de Março na [Televisão] Galega

PGL Portugal - A Galega começa no próximo Sábado 1 de Março a transmissão do primeiro capítulo de uma série de treze documentários sobre a Lusofonia. A série, gravada ao longo de dois anos e meio por Luís Menéndez, percorreu e retratou, segundo um ponto de vista galego, os oito países lusófonos, e será transmitida quer pela Galega, quer pela RTP, em três dos seus canais. Interessante, e inaudita em Portugal, é a ideia apresentada na notícia do jornal Público sobre este assunto, de que, e citamos, a «partilha linguística (entra a Galiza e Portugal) poderá ser mais valia».

A série é constituída por 13 capítulos de 26 minutos cada. A apresentação do documentário ocorreu a semana passada em Lisboa e contou com as presenças, de entre outros, dos directores de programas da RTP e da Galega, do secretário executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), o cabo-verdiano Luís Fonseca e do director do documentário, Luís Menéndez. Luís Menéndez afirmou que no final do trabalho ficou com a sensação de que «é impossível agradecer por tantos frutos colhidos» e que era grande «a vontade de ficar mais tempo em cada lugar».

Na referida apresentação do documentário, José Fragoso, director de programas da RTP, informou que para além da emissão na RTP1, Terras de Acolá, vai ser transmitido posteriormente na RTP África e na RTP Internacional, «levando a série ao mundo inteiro», citamos. José Fragoso afirmou também que «queremos que isto seja um ponto de partida para um estreitar de relação entre duas televisões que têm uma grande proximidade». Na sua opinião, as duas televisões públicas «devem trabalhar juntas sempre que isso possa ser útil às duas». Referiu ainda que «a partilha da linguística e da fronteira poderão resultar em bons conteúdos», citamos.

Já Jesus Manuel Iglesias, director da TVG, revelou existirem «muitas ideias com a RTP em cima da mesa e que não são coisas forçadas, são projectos que fazem sentido», sublinhando que, «queremos muito fazer coisas juntos». Em relação a esta série, o director da TVG acredita que os espectadores portugueses poderão pensar que, e citamos, «nem parece coisa de galegos».
Contudo, para este responsável, «faz todo o sentido gastar dinheiro com um produção deste tipo, pois Portugal e a Galiza são dois países irmãos, com a mesma raiz linguística».

Para o secretário executivo da CPLP, Luís Fonseca, a série trata-se de «uma manifestação de grande interesse da Galiza pelos países lusófonos, fruto de uma série de afinidades geográficas e históricas».

A Televisão da Galiza (TVG) e a Rádio Televisão Portuguesa (RTP) anunciaram, no mesmo evento da semana passada, que têm previsto para breve a assinatura de um convénio de colaboração em matéria de co-produção e de intercâmbio do arquivo de ambas as estações.

Mas a julgar morreu um burro...

H. Correia deixou um novo comentário na sua mensagem "UNMIT – MEDIA MONITORING - Thursday, 28 February 2...":

“Deixem-nos (FBI and AFP) fazerem o trabalho deles.", diz Lasama.

Vejamos então qual está sendo o "trabalho deles":

"A Equipa de Investigação da Polícia Federal Australiana e a PNTL que estão a conduzir o exercício de reconstituição dos eventos de 11 de Fevereiro na residência do PM Xanana descobriram 16 balas no local."

PNTL? Só por brincadeira. "16 balas no local"? Qual local? No chão, na fossa ou no tronco de uma mangueira?

POR COINCIDÊNCIA, tinham que ser australianos a encontrar 16 balas...

E onde está o FBI? Eis a resposta:

"O PGR Monteiro disse que o FBI foi excluído do exercício de reconstituição"

Então a investigação, que já estava reduzida a FBI e AFP, segundo defendido por Lasama, está afinal limitada à... AFP. POR COINCIDÊNCIA, só australianos a "investigar".

Mas não há nada a recear quanto à idoneidade da "investigação", pois Longuinhos Monteiro tranquiliza-nos dizendo que "as balas serão enviadas para Darwin, Austrália para testes balísticos."

POR COINCIDÊNCIA, as presumíveis balas enviadas para a Austrália, analisadas, POR COINCIDÊNCIA, só por australianos.

Os australianos são, POR COINCIDÊNCIA, amigos de Xanana. A mulher de Xanana é australiana, mas é só POR COINCIDÊNCIA.

As "ISF" são 90% compostas por australianos. SÓ POR COINCIDÊNCIA.

As "ISF" nada fizeram para impedir o(s) atentado(s) de 11 de Fevereiro. Mas é SÓ COINCIDÊNCIA.

A palhaçada não tem limites. Devem julgar que comemos palha.

Quem não investiga, não tem direito a falar" - CEMGFA Taur Matan Ruak

Díli, 29 Fev (Lusa) - O chefe do Estado-Maior-general das Falintil-Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL), brigadeiro-general Taur Matan Ruak, afirmou hoje que "quem não investiga, não tem direito a falar", referindo-se ao chefe da missão da ONU no país.

Taur Matan Ruak referia-se a declarações que terão sido proferidas pelo representante especial do secretário-geral das Nações Unidas em Timor-Leste, Atul Khare, sobre um incidente no aeroporto internacional de Díli.

"Atul Khare ouviu uma parte. Devia ouvir a outra", afirmou Taur Matan Ruak em resposta à agência Lusa numa conferência de imprensa do Comando Conjunto da operação "Halibur" de captura do ex-tenente Gastão Salsinha.

Em causa está o incidente, noticiado pela Lusa, entre elementos da Polícia das Nações Unidas e militares das F-FDTL, quarta-feira.

Militares das F-FDTL retiraram à UNPol um elemento do antigo grupo de Alfredo Reinado que se tinha rendido no enclave de Oécussi, na parte oeste da Ilha de Timor, e que foi transportado para Díli num helicóptero ao serviço da Missão Integrada da ONU em Timor-Leste (UNMIT).

O episódio foi considerado "muito grave" pela missão internacional, segundo fontes ouvidas pela Lusa, e foi objecto de várias "reuniões de crise", em torno da preocupação com as garantias de segurança e legalidade dos suspeitos que se renderam ou poderão render à UNPol.

No entanto, nem as F-FDTL nem a UNMIT comentaram oficialmente o incidente durante três dias.

A situação foi ultrapassada com o próprio processo dos cinco elementos do antigo grupo de Alfredo Reinado, em que se inclui o prisioneiro que a UNPol trouxe de Oécussi.

Os cinco elementos, co-arguidos no processo em que o principal acusado era Alfredo Reinado, foram entregues quinta-feira à noite à UNPol pela Polícia Nacional (PNTL), segundo explica um comunicado emitido hoje pela UNMIT.

"A UNPol deteve formalmente os cinco elementos e apresentou-os ao Tribunal Distrital de Díli", acrescenta o comunicado, o primeiro da UNMIT na sequência do incidente de quarta-feira.

"O tribunal ordenou que os elementos ficassem durante a noite à guarda da UNPol e que fossem presentes ao tribunal de novo às 10:00 da manhã de hoje", afirmou a UNMIT.

"A PNTL e a UNPOl, assim como as F-FDTL e as Forças de Estabilização Internacionais (ISF), estão todos a desempenhar um papel nas operações para apreender as pessoas envolvidas nos ataques de Reinado e seus homens", afirmou Atul Khare no comunicado da UNMIT.

Atul Khare aplaude, de resto, "os esforços da PNTL e de todos os outros envolvidos que tornaram possível esta rendição pacífica à justiça".

Os cinco elementos (e mais dois co-arguidos que estavam na prisão de Becora) vão aguardar em liberdade o julgamento, marcado para 02 de Abril, depois de o juiz do processo ter hoje revogado a prisão preventiva que tinha imposto anteriormente, decidindo por uma medida de coacção mais leve, o termo de identidade e residência.

Falando sobre os resultados da operação "Halibur", o comandante-interino da PNTL, inspector Afonso de Jesus, renovou o apelo a Gastão Salsinha e seus homens "para se juntarem aos camaradas e amigos que já se encontram no campo de Aitarak Laran", em Díli.

O número oficial de peticionários acantonados em Díli é de 550, segundo divulgou hoje o porta-voz do Governo e secretário de Estado do Conselho de Ministros, Hermenegildo "Agio" Pereira.

Questionado sobre o tratamento a dar a Gastão Salsinha e a Kaer Susar, outro elemento do antigo grupo do major Reinado, Taur Matan Ruak deixou clara a distinção entre a operação "Halibur" e os processos judiciais que existem contra os dois fugitivos.

"Uma coisa são as mensagens dirigidas a Salsinha e os outros. Outra coisa é aquilo por que ele tem que responder perante a justiça. Isso é competência da justiça e não tenho que adiantar nada", afirmou o brigadeiro-general Ruak na conferência de imprensa.

"Não lhe peço que se renda. Peço-lhe que reconsidere a sua posição e coopere", explicou o general timorense.

Taur Matan Ruak declarou que "o Comando Conjunto só tem a agradecer aos peticionários acantonados".

"Foram magníficos, foram corajosos e estamos muito sensibilizados", frisou.

"Os outros, já não têm mais tempo a perder. E Timor também não", concluiu o CEMGFA timorense.

PRM
Lusa/Fim


NOTA DE RODAPÉ:

Apesar de não termos ficado esclarecidos sobre o incidente entre militares das FDTL e polícias da UNPOL, relativamente à situação de Gastão Salsinha e do seu grupo, o General Matan Ruak mostrou bem o sentido de Estado que tem.

A cada um sua responsabilidade.

Muito bem, General.

550 peticionários acantonados em Díli - Governo

Díli, 29 Fev (Lusa) - O número oficial de peticionários acantonados em Díli subiu hoje para 550, segundo o porta-voz do Governo timorense e secretário de Estado do Conselho de Ministros, Hermenegildo "Agio" Pereira.

"Hoje chegaram mais vinte peticionários à zona de acantonamento de Aitarak Laran, em Díli, que se vêm juntar aos 530 que já se encontravam ali" ao final de quinta-feira, afirmou o porta-voz do Governo em comunicado.

"Eleva-se assim para 550 o número total de peticionários acantonados", num processo iniciado a 07 de Fevereiro, e que fez afluir a Díli centenas de peticionários das Forças Armadas nos últimos dias.

"Da parte da manhã chegaram dez peticionários, com um segundo grupo de igual número a fazer a viagem para Díli de tarde. Na sua maioria, os peticionários que chegaram hoje a Aitarak Laran são provenientes de Ermera", explica o mesmo comunicado.

"Em Aitarak Laran prosseguem os trabalhos visando a ampliação e a melhoria das instalações e dos cuidados prestados, de modo a responder ao número crescente de peticionários que continuam a chegar ao longo desta semana", refere o secretário de Estado.

"O Governo está a fazer todos os esforços no sentido de garantir uma solução justa e duradoura para todos os peticionários", afirma também "Agio" Pereira.

O acantonamento dos chamados peticionários foi acelerado esta semana pela operação "Halibur" de captura do ex-tenente Gastão Salsinha, o oficial mais graduado entre os 592 signatários de uma petição levada ao Presidente da República em Fevereiro de 2006.

Os signatários da petição alegavam discriminação no seio das Falintil-Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL), contra os militares originários dos distritos ocidentais, ou "loromonu".

Depois de saírem dos quartéis e de serem expulsos das F-FDTL, em Março de 2006, a situação dos peticionários arrastou-se durante quase dois anos, com o major fugitivo Alfredo Reinado a reivindicar a "causa" dos antigos militares.

O acantonamento dos peticionários proposto pelo Governo, a partir de dia 07 de Fevereiro, acelerou-se após a morte de Alfredo Reinado no ataque que fez à residência do Presidente da República, quatro dias depois, e à fuga de Gastão Salsinha com o que restava do seu grupo.

O brigadeiro-general Taur Matan Ruak, chefe do Estado-Maior-general das F-FDTL, agradeceu hoje aos peticionários acantonados em Aitarak Laran e apelou para Gastão Salsinha "se juntar aos camaradas e amigos" que já se encontram em Díli.

PRM
Lusa/Fim

A nation caught under the barrel

Paul Toohey March 01, 2008
The Australian

HOW do three or four generations of East Timorese who have grown up knowing violence take another path?

At this time, the question is the same as the answer: with more violence or the promise of it. In Dili, the capital, the symbol of peace is the gun.

Young children on their daily rounds routinely see hundreds of men - their own people or those wearing the uniforms of different nations - standing on street corners, or on patrol, or guarding important people, with automatic weapons at the ready. They are learning the same lessons as their parents and grandparents.

East Timor is riddled with all forms of weaponry, the kind held by legitimate forces and the clandestine. In Timor, the AK47, the FN and the Steyr automatic rifles form the coalition ruling party, along with the big, white, crowd-controlling, water-blasting monster with UN markings that has been prowling the streets of Dili.

A Pakistani soldier stands guard in Ermera, a district to the west of Dili, on a busy Sunday morning market scene. His AK47 - the people's gun - is old and battered and has been handed down to him like an older brother's school clothes. It has seen service in many battles in many countries. It's still a reliable weapon, fitted with a fold-out bayonet for close encounters. He says he hasn't used it in East Timor and he's glad for that. It's a shame that he needs to stand ready to use it in an otherwise pretty hilltop market scene.

A Timorese army guard shows the special trick he has fashioned for his weapon: he has one full 30-round magazine in the chamber and has sticky-taped another loaded magazine to it, upside down. This is so when he uses his 30 rounds he can quickly rip out the old magazine, turn it around and have another 30 shots instantly at his disposal. He is ready for trouble.

The F-FDTL, the East Timorese army, which for a long time has been confined to guarding government offices after losing the nation's trust by firing on peaceful protesters in 2006 - which led to the Alfredo Reinado debacle - moves freely through the city with its automatics. Up in the hills, the International Stablisation Force, made up of Australians, conducts sweeps of outlying villages as camouflage-painted choppers hover above in support.

Even Australian Federal Police officers in East Timor are wearing dark-blue, action-ready overalls. They also have automatic rifles.

Amid this menacing picture, people conduct their un-normal lives. They are subject to a national 8pm curfew. No one knows for sure when and from where trouble will come, but everyone expects it.

On liberation in 1999, it was thought there would be an intense show of aggressive, protective force that would lead to stability. It was thought the country would eventually fall in line behind genuine, passionately peace-oriented leaders such as Xanana Gusmao and Jose Ramos Horta. It didn't happen that way. Instead, Ramos Horta, the President, lies recuperating in the Royal Darwin Hospital, having been shot down in cold blood. And Reinado, the rebel who had a reasonable cause - at least until he became too demanding and unreliable - is buried in a Dili front yard after copping a spray of machinegun fire in the face, neck and chest.

Having known Reinado, I found it a strange thing to stand in a heaving crowd as his family opened the lid on his coffin. There he was, one patch over his eye, dressed in white gloves and dark blue suit, having gone the way of the gun. He had always said he would. But I never believed him. I'm not sure if he really believed it himself.

Yet like many Timorese, Reinado, dead at 42, was born to violence, as was his 56-year-old adoptive father, Victor Alves. Alves, a dignified man, has been chain-smoking cigarettes and taking a constant stream of visitors in the wake of his son's death on February 11. He tells something of his own life. His story, like his country's, is written in blood.

Alves's father was a Portuguese man who came to the Portuguese colony, as it then was, in 1948, after the Japanese occupiers had cleared out. He married a local Timorese woman from Maubisse, above Dili. Alves took on that classic Timorese-Portuguese appearance that can also be seen in the make-up of Gusmao, now the Prime Minister. Under the Portuguese, mixed blood gave him status and opportunity above the ordinary people of full Timorese caste.

Alves became a soldier in 1973 when the motherland, Portugal, was beginning to be dominated by leftists. By 1974, they were in control and had begun a rapid, dysfunctional decolonisation process of their African colonies and in Timor.

Three groups within Timor fought for control, leading to civil war. They were the pro-independence, communist-backed Fretilin; UDT, which wanted gradual independence in association with Portugal; and the lesser Apodeti party, which wanted an autonomous Indonesian state. Alves declines to say where his loyalties lay at that time; he says it's better forgotten. But he gives a clue when he says: "When people say to me, today, 'Hey, comrade,' it doesn't sit well with me." The point he makes is that whichever side he was on, he ended up fighting the Indonesians after they invaded in 1975.

"A lot of people were the same as me. It wasn't a matter of taking political sides. It was about fighting for East Timor. I once probed about 6km into Indonesia (West Timor) and didn't even know where I was. I was 23 or 24. I have many regrets. I went in and shot civilian Indonesian people. I do not want to tell these stories to my own children, I want them to go forth with a good life."

Alves was arrested in a battle with the Indonesians in 1977 and taken to the prison on Atauro island, just off Dili. After declining overtures from a charming Kopassus (Indonesian commando) leader to be released in exchange for joining the Indonesian army, he was freed in 1983 and lived a reasonable life in Dili, while being part of the resistance network.

In 1999, during the lead-up to the disastrous autonomy vote, Alves shot dead a pro-Indonesian militiaman. He served only six months on a negligence charge. No witnesses could be found to say that Alves had acted with intent against the militia. By widespread agreement, he should never have served a day.

That the Indonesians were able to recruit East Timorese as militia to rape and kill their own people in 1999 has never been resolved, despite the truth commissions and Ramos Horta's repeated pleadings that people just move on. It is the sickness in Timor's heart.

Alves's nephew Alfredo was born in 1966 and grew up between Victor's and his mother's households. Alfredo was separated from his mother and went to work as a go-getter for an Indonesian battalion, which required him to assist in the subjugation of his own people, witnessing rape and murder. An Indonesian soldier rotating with his battalion out of East Timor home to Sulawesi took young Reinado with him as his house boy.

Reinado returned to East Timor as a teenager while it was still under Indonesian control. His later life story - of captaining a boat to Australia with 18 people in 1995, including his wife and young child, of working on the Australian wharves and of being trained by the Australian military, and his return to Timor after liberation in 1999 - is well known. His story is just a variation of the tales of many East Timorese, who have come to associate politics with blood.

Now, the Australian peacekeeping force finds itself in a difficult spot in Timor. It came (again) in 2006 at the request of the East Timorese Government to bring stability. It engaged and killed five of Reinado's rebels in Same, then backed off once the Government feared Dili street people, who are deeply divided along east-west ethnic lines, would react badly. As they did.

Then prime minister John Howard refused to put the Australian force under UN control, which on the one hand was a realistic reflection on the UN's overall incompetence but on the other allowed our force to be answerable to an equivocating East Timorese Government that desperately wanted action but was too afraid of the fall-out were it to ask Australia to use its full strength.

Absurd deals were struck whereby Reinado and 16 of his band, after being caught and charged with murder, and having escaped from Dili prison in 2006, were permitted to roam at will for two years with weapons.

Late last year, Ramos Horta and the head of the Australian force, Brigadier John Hutcheson, issued "comfort" letters reconfirming that Reinado and his men would not be apprehended. Whether or not Reinado had a justifiable cause, it was a mistake for Australia to agree to this.

Our soldiers became politicised in a way that never should have been permitted. Yet when Timorese leaders blame the International Stabilisation Force for failing to stop Reinado's men from entering Dili on February11, they ought to reflect on the situation in which they put Australia.

Ramos Horta was Reinado's only real hope. Reinado had slagged off Gusmao in propaganda DVDs, but Ramos Horta had always kept his line open to the rebel. And most everyone in East Timor agrees there's a bigger story behind his murderous visit to the President's compound.

There is no clarity in East Timor, but this much is known: Reinado was due to face murder charges in the Dili court on March 3. Reinado didn't want to turn up, fearing he might be locked up for a long time. But Ramos Horta was always prepared to cut him some slack. Inquirer can reveal some detail of the offer to Reinado.

Reinado wanted a full pardon and a good military job. A joint working party made up of the alliance Government and the Fretilin Opposition were debating on what to give Reinado. It was explained to Reinado that it was possible to pardon a person only after they had been convicted.

Then he wanted a full amnesty. But with Reinado facing eight counts of murder, the reasonable view was that he should stand trial. But it would only be for appearances' sake, after which he would be pardoned. Ramos Horta tried to reassure him of his goodwill, reminding Reinado that he had given 38 such pardons to prisoners on December 28. It was on the table for him to take. He just had to face court.

The working party was all set to approve this, along with other important matters, such as compensation to the many internally displaced people, to bring the hundreds of ex-army petitioners in from their isolation and to arrange for early elections. It was all to be signed off on May 20. Reinado knew it. Either Reinado did not trust submitting himself to the court process or other people got inside his head, telling him Ramos Horta was going to trick him.

After two weeks of deep fog in Timor - to which I have found myself on occasion susceptible - it is clear: it was Reinado's mob that attacked the President and PM. The outstanding questions are why he went there and why he was told he ought not believe Ramos Horta.

East Timor has opened a door that should have stayed locked: assassination. Speaking last week at a joint press conference with Kevin Rudd, Gusmao said: "A bullet can wound a person but never can penetrate the values of democracy."

The problem, however, is that in a small country, a bullet can do precisely that. Especially when one aimed at the only two figures in East Timor with any hope of bringing lasting stability.

Paul Toohey covered the aftermath of the assassination attempt in East Timor.


TRADUÇÃO:

Uma nação sob um cano de arma

Paul Toohey Março 01, 2008
The Australian

Como é que duas ou três gerações de Timorenses que cresceram a conhecer a violência tomam outro caminho?

Nesta altura, a pergunta é igual à resposta: com mais violência ou promessa de mais violência. Em Dili, a capital, o símbolo da paz é uma pistola.

Crianças jovens nas suas voltas do dia-a-dia rotineiras vêem centenas de homens – do seu próprio povo ou de nações diferentes a usar uniformes - em pé nos cantos das ruas, ou em patrulhe ou a guardar pessoas importantes, com armas automáticas prontas a disparar. Estão a aprender a mesma lição dos seus pais e avós.

Timor-Leste está cheio de todos os tipos de armas, usadas pelas forças legítimas e pelas clandestinas. Em Timor a coligação reinante usa as espingardas automáticas AK47, FN e Steyr juntamente com os monstruosos canhões de água enormes, para controlo de multidão, brancos com as marcas UN que circulam pelas ruas de Dili.

Um soldado Paquistanês está de guarda em Ermera, um distrito a oeste de Dili, numa movimentada cena de mercado numa manhã de Domingo. A sua AK47 – a pistola do povo – está velha e gasta e foi-lhe dada como se fosse roupa de dum irmão mais velho. Tem sido usada em muitas batalhas em muitos países. É ainda uma arma fiável, equipada com uma baioneta retráctil para encontros mais próximos. Diz que não a usou em Timor-Leste e que está contente por isso. É uma vergonha que precise de estar pronto para a usar numa de outra maneira bonita cena de mercado no cimo dum monte.

Um guarda das forças armadas Timorenses mostra o truque especial que fabricou para a sua arma: ele tem um tambor com 30 balas e colou com fita cola um outro tambor cheio de cima para baixo. Assim quando gastar 30 balas pode rapidamente tirar o tambor velho, virá-la e ter instantaneamente outras 30 balas à sua disposição. Está pronto para sarilhos.

As F-FDTL, as forças armadas Timorenses, que durante muito tempo estiveram confinadas a guardar edifícios do governo depois de terem perdido a confiança da nação ao dispararem contra manifestantes pacíficos em 2006 – o que levou à fuga de Alfredo Reinado - movimenta-se livremente através da cidade com as suas armas automáticas. Lá em cima nos montes, a Força Internacional de Estabilização, feita de Australianos, conduz operações de limpeza nas aldeias enquanto helicópteros pintados com tinta de camuflado pairam por cima a protegê-los.

Mesmo os oficiais da Polícia Federal Australiana em Timor-Leste estão a usar fatos-de-macaco de serviço azuis escuros. Usam também espingardas automáticas.

No meio desta imagem ameaçadora as pessoas conduzem as suas vidas não normais. Estão sujeitas a um recolher obrigatório desde as 8 pm. Ninguém tem a certeza quando e donde virão os problemas, mas toda a gente espera isso.

Na libertação em 1999, pensava-se que haveria uma enorme prova de força agressiva, protectora que levaria à estabilidade. Pensava-se que eventualmente o país cairia em linha por detrás de líderes genuínos, apaixonadamente orientados para a paz como Xanana Gusmão e José Ramos Horta. Isso não aconteceu dessa maneira. Em vez disso, Ramos Horta, o Presidente, está a recuperar deitado no Royal Darwin Hospital, depois de baleado a sangue frio. E Reinado, o amotinado que tinha uma causa razoável - pelo menos até se tornar demasiado exigente e não confiável – está enterrado num pátio da frente de Dili depois de ter recebido disparos de armas automáticas na face, pescoço e peito.

Tendo conhecido Reinado, achei uma coisa estranha estar no meio duma grande multidão quando a família abriu o caixão. Lá estava ele, um penso no olho, vestido num fato azul escuro e com luvas, tendo partido por causa duma pistola. Tinha sempre dito que assim iria. Mas nunca acreditei nele. Não tenho a certeza que ele realmente acreditasse nisso .

Contudo como muitos Timorenses, Reinado, morto aos 42 anos, nascera para a violência, como acontecera com o seu pai adoptivo de 56 anos, Victor Alves. Alves, um homem digno, tem estado a fumar cigarro após cigarro a receber uma corrente constante de visitas desde o princípio da morte do seu filho em 11 de Fevereiro. Conta algumas coisas da sua própria vida. A sua história, como a do seu país, está escrita com sangue.

O pai de Alves era um Português que veio para uma colónia Portuguesa, como isso era em 1948, depois da saída dos ocupantes Japoneses. Casou com uma Timorense de Maubisse, acima de Dili. Alves tem aquele aspecto clássico Timorense-Português que também se pode ver na aparência de Gusmão, agora Primeiro-Ministro. Sob os Portugueses, o sangue misto deu-lhe estatuto e oportunidade superiores às pessoas vulgares de casta Timorense.

Alves tornou-se soldado em 1973 quando a pátria-mãe, Portugal, estava a começar a ser dominada por esquerdistas. Em 1974, eles estavam no controlo e começaram um processo de descolonização rápido e disfuncional das suas colónias Africanas e em Timor.

Dentro de Timor três grupos lutaram pelo controlo, levando a uma guerra civil. Foram os pró-independência da Fretilin apoiada pelos comunistas; UDT, que queria uma independência gradual em associação com Portugal; e o mais pequeno partido Apodeti que queria um estado autónomo da Indonésia. Alves declina dizer quais foram as suas lealdades nessa altura; diz que é melhor esquecer. Mas deixa uma pista quando diz: "Quando as pessoas me dizem, hoje, 'Olá, camarada,' isso não me agrada." O ponto que ele faz é, fosse qual fosse o lado em que esteve, acabou a lutar contra os Indonésios depois deles terem invadido em 1975.

"Muita gente foi como eu . Não era uma questão de escolher lados políticos. Era lutar por Timor-Leste. Uma vez experimentei entrar 6 km dentro da Indonésia (Oeste Timor) e nem sequer sabia onde estava. Tinha 23 ou 24 anos. Tenho muitos remorsos. Fui lá e disparei contra pessoas civis Indonésias. Não quero contar estas histórias aos meus filhos, quero que eles avancem com uma boa vida."

Alves foi preso numa batalha com os Indonésios em 1977 e levado para uma prisão na ilha Atauro, mesmo em frente a Dili. Depois de negar aberturas dum encantador líder Kopassus (comando Indonésio) para ser libertado em troca de se juntar às forças armadas Indonésias, foi libertado em 1983 e viveu uma vida razoável em Dili, enquanto participava na rede da resistência.

Em 1999, na aproximação do desastroso referendo para a autonomia, Alves matou a tiro um homem das milícias pró-Indonésia. Cumpriu apenas seis meses por acusação de negligência. Não se conseguiu encontrar nenhuma testemunha que dissesse que Alves tinha actuado com intenção contra o homem da milícia. Por acordo alargado, nunca devia ter estado um dia na cadeia.

A questão dos Indonésios terem sido capazes de recrutar Timorenses para as milícias para violar e matar o seu próprio povo em 1999 nunca foi resolvida, apesar das comissões da verdade e dos repetidos apelos de Ramos Horta para as pessoas avançarem. Isso é a doença que está no coração de Timor.

O sobrinho de Alves, Alfredo nasceu em 1966 e cresceu entre a casa de Victor e a da sua mãe. Alfredo foi separado da sua mãe e foi trabalhar como moço de recados para um batalhão Indonésio, que o levou a assistir na subjugação do seu próprio povo, testemunhando violações e homicídios. Um soldado Indonésio que saíu com o seu batalhão de Timor-Leste para Sulawesi levou o jovem Reinado com ele como seu criado de casa.

Reinado regressou a Timor-Leste adolescente quado estava ainda sob controlo Indonésio. A história da sua vida depois – de dirigir um barco para a Austrália com 18 pessoas em 1995, incluindo a mulher e um filho pequeno, de trabalhar nas docas Australianas e de ser formados pelos militares Australianos, e o seu regresso a Timor depois da libertação em 1999 – é bem conhecida. A sua história é apenas uma variação das histórias de muitos Timorenses, que associaram política com sangue.

Agora, as tropas Australianas encontra-se numa situação difícil em Timor. Veio (outra vez) em 2006 a pedido do governo Timorense para trazer estabilidade. Engajou-se e matou cinco dos amotinados de Reinado em Same, depois recuou logo que o Governo receou que as pessoas de rua de Dili, que estão profundamente divididas em linhas étnicas leste-oeste, reagissem mal. Como reagiram

O então primeiro-ministro John Howard recusou pôr a força Australiana sob controlo da ONU, o que por um lado foi uma reflexão realista sobre a incompetência geral da ONU mas por outro lado permitiu que a nossa força respondesse por um equivocado Governo Timorense que queria desesperadamente acção mas estava com demasiado receio de das consequências para pedir à Austrália que usasse toda a força.

Foram feitos acordos absurdos pelos quais Reinado e 16 do seu bando, depois de terem sido apanhados e acusados de homicídio, e de terem escapado da prisão de Dili em 2006, foram autorizados a adar à vontade durante dois anos com armas.

No fim do ano passado, Ramos Horta e o chefe da força Australiana, Brigadeiro John Hutcheson, emitiram cartas de "livre trânsito" re-confirmando que Reinado e os seus homens não seriam detidos. Tivesse ou não tivesse Reinado uma causa justificável, foi um erro da Austrália ter concordado com isso.

Os nossos soldados tornaram-se politizados duma maneira que nunca devia ter sido permitida. Contudo quando líderes Timorenses acusam a Força Internacional de Estabilização pelo falhanço em evitarem a estrada dos homens de Reinado em Dili em 11 de Fevereiro, eles deviam reflectir na situação em que colocaram a Austrália.

Ramos Horta era a única esperança real de Reinado. Reinado tinha gozado com Gusmão num DVD de propaganda, mas Ramos Horta tinha deixado sempre a sua linha aberta para o amotinado. E quase toda a gente em Timor-Leste concorda que há uma história maior por detrás da sua visita assassina ao complexo do Presidente.

Não há nenhuma claridade em Timor-Leste, mas isto é conhecido: Reinado estava prestes a enfrentar acusações de homicídio no tribunal de Dili em 3 de Março. Reinado não queria comparecer, receando ficar preso durante muito tempo. Mas Ramos Horta estava sempre preparado para o libertar de certo modo. Inquirições podem revelar alguns detalhes da oferta a Reinado.

Reinado queria um perdão total e um bom emprego militar. Um grupo de trabalho conjunto formado entre o Governo da aliança e a Fretilin da Oposição estava a debater o que dar a Reinado. Fora explicado a Reinado que apenas é possível perdoar uma pessoa depois dela ter sido condenada.

Depois ele queria uma amnistia completa. Mas com Reinado a enfrentar oito casos de homicídio , a visão razoável é que ele devia ser julgado. Mas isso era apenas em nome das aparências, depois do que seria perdoado. Ramos Horta tentou descansá-lo sobre a sua boa vontade, lembrando a Reinado que tinha dado 38 perdões desse tipo a presos em 28 de Dezembro. Era a vez dele aceitar. Tinha apenas de enfrentar um tribunal.

O grupo de trabalho estava pronto para aprovar isso, juntamente com outras questões importantes, tais como compensações para os deslocados, trazer centenas de peticionários ex-soldados do seu isolamento e tratar de eleições antecipadas. Estava previsto ser tudo assinado em 20 de Maio. Reinado sabia disso. Ou Reinado não confiou entregar-se ao processo judicial ou outra gente o influenciou, dizendo-lhe que Ramos Horta ia enganá-lo.

Depois de duas semanos de grande nevoeiro em Timor – para o qual por vezes me senti susceptível – é claro: foi gente de Reinado que atacou o Presidente e o PM. As questões importantes são porque é que foi lá e porque é que lhe disseram para não acreditar em Ramos Horta.

Timor-Leste abriu uma porta que devia ter ficado fechada: assassínio. Falando na semana passada numa conferência de imprensa conjunta com Kevin Rudd, Gusmão disse: "Uma bala pode ferir uma pessoa, mas nunca pode penetrar nos valores da democracia."

O problema, contudo, é que num pequeno país, uma bala pode fazer precisamente isso. Especialmente quando visa as duas únicas figuras em Timor-Leste com alguma esperança de trazer estabilidade duradoura.

Paul Toohey cobriu o período após a tentativa de assassínio em Timor-Leste.

Dos leitores

H. Correia deixou um novo comentário na sua mensagem "Correcção à notícia da LUSA:":

Com efeito, e como eu já referi algumas vezes neste blog, qualquer revogação das medidas de coacção aplicadas anteriormente aos arguidos é da competência exclusiva do juíz titular do processo.

Neste caso concreto, a prisão preventiva justificava-se enquanto Reinado era vivo e representava uma ameaça à segurança do Estado, de bens e de vidas.

Do mesmo modo, a recente revogação ou substituição da prisão preventiva por uma medida menos restritiva é perfeitamente adequada às novas circunstâncias, visto que Reinado morreu e os seus cúmplices se entregaram pacificamente à polícia, não revelando intenção de continuar as acções criminosas de que são acusados.

Ao contrário do que apregoavam certos profetas da desgraça, não houve nenhum levantamento popular nem guerra civil. O povo está farto de guerras e estes aventureiros não têm nenhum apoio.

Está é por descobrir quem manipulou estes desgraçados para obter dividendos políticos e os abandonou quando as coisas começaram a dar para o torto.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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