quarta-feira, julho 04, 2007

Rir é o melhor remédio. Horta no seu melhor...

Expresso
4.07.2007
Blog Hotel Timor

Micael Pereira, enviado especial a Timor Leste

Publicado quarta-feira, 4 de Julho de 2007 15:20 por Expresso Multimedia


Ramos-Horta, presidente da República de Timor-Leste
«Alkatiri não pôs de lado uma aliança com o CNRT»

Com nenhum partido a ter uma vitória clara nas eleições legislativas em Timor, cabe ao presidente o papel essencial de viabilizar o próximo governo. Uma entrevista longa e surpreendente, em que Ramos-Horta fala dos bastidores das negociações com a Fretilin e em que conta ainda a sua versão sobre a crise de 2006, ilibando Rogério Lobato. E revelando onde se encontra, neste momento, o líder rebelde Reinado: exactamente onde menos se espera

Entrevista de Micael Pereira

Quem é que sai derrotado destas eleições?
Em primeiro lugar, é óbvio que é a Fretilin (que perde), em termos aritméticos. Em 2001 era o partido dominante, a uma grande distância, com 57 por cento dos votos. Se nas presidenciais se podia desculpar que, pela minha relação com a Fretilin em geral, tive muitos milhares de militantes a votarem em mim, já nas legislativas se esperava – e eu próprio esperava – que a Fretilin poderia subir muito para cima de 30 por cento. Seja como for, a Fretilin tem de fazer as contas à vida, porque um partido que passa de 57 por cento para menos de 30 por cento, de uma eleição para a outra, é um caso para preocupação. Sobretudo tendo em conta que é um partido com mais de 30 anos de história e que não precisa de dar a conhecer o seu nome e a sua bandeira. Veja o exemplo do ANC na África do Sul ou mesmo da Frelimo em Moçambique, que foram ganhando as eleições sempre com larga margem. Com a sua longa história, a Fretilin caiu logo no primeiro teste.

Mas a Fretilin tem mais votos do que o CNRT. Xanana Gusmão não sai também derrotado?
Xanana sobrestimou a sua autoridade e o seu carisma. Mas eu já dizia, muito antes das eleições, que Xanana se distanciou muito do povo ao longo destes cinco anos. Ele raramente ia para os distritos. Eu disse isso aos meus conselheiros e aos conselheiros de Xanana. Ele foi alertado.

Acha que os timorenses demonstraram que já não reconhecem Xanana como pai?
Ele continua ainda a sê-lo, mas há dois factores que feriram o seu estatuto. Primeiro porque se distanciou pela ausência. Como presidente da República e líder que ele era, saído do povo e tendo vivido com o povo ao longo de duas décadas, devia ter continuado a estar com o povo. Ele talvez não se lembre mas eu lembro-me de dizer a vários colaboradores nestes dias antes das eleições sobre uma conversa telefónica em 1999 em que lhe falei: «Irmão, tu deves concentrar-te na política interna do país. É fundamental promoveres a reconciliação, a unidade, a paz e a estabilidade. Deixa para mim a política externa». Mas ao longo de cinco anos, Xanana fez muitas viagens ao exterior e muitas delas totalmente desnecessárias e absurdas. Na altura critiquei-o. Distanciou-se muito.

Parece-lhe que o povo está a castigá-lo por ter sido responsável, em parte, pela crise no ano passado?
O segundo factor é precisamente esse: o papel de Xanana durante a crise. Por várias razões, mas fundamentalmente por questões de saúde, no pior momento da crise esteve barricado em Balibar sem ser visto. Não se via a figura de Xanana na televisão ou nas ruas de Díli. Assim como nenhum outro líder. Eu era a única pessoa que todos os dias estava nos bairros, nos hospitais, nalguns distritos, sobretudo nos distritos críticos da fronteira, e ia a televisão serenar o povo.

Xanana também não se assumiu na altura como comandante supremo das forças armadas.
Assumiu-se no final de Maio, quando fez uma declaração. Mas devemos perdoar Xanana, porque ele estava fisicamente incapacitado. Estava doente com dores horríveis. Esteve uma semana sem vir ao gabinete e depois, quando teve de vir, veio apoiado e a gemer de dor. No fim, a Fretilin e Xanana foram ambos penalizados pelo eleitorado.

Recolocando a pergunta inicial: e quem sai vitorioso com estes resultados?
O PSD/ASDT e o PD. Comparo com as últimas eleições de 2001: o PD subiu e, juntamente com o PSD/ASDT, ultrapassam os votos da Fretilin. E estamos a falar de partidos sem grandes recursos. A coligação PSD/ASDT não tinha dinheiro. Estavam bastante deficitários nas duas campanhas, presidenciais e legislativas. Estes três partidos são os vencedores, apesar de não se poder minimizar a prestação do CNRT. Pese embora a figura de Xanana, o partido enquanto tal tinha dois meses de organização. Uma coisa é a figura de Xanana, outra coisa é a necessidade de organização das bases. Em dois meses, terem conseguido mais de 20 por cento com uma organização inexistente não é mau.

Com a pulverização dos votos por vários partidos, o futuro do país vai estar agora nas suas mãos. Já começou a reunir com os líderes políticos?
Recebi um SMS anónimo que diz mais ou menos: «Nesta jogada política, o irmão foi o único que soube estar acima de tudo e venceu. Parabéns, parabéns, parabéns. E agora precisamos mais do que nunca de si».

O futuro, portanto, está nas suas mãos.
Em parte. Vou tentar negociar com os partidos. Comecei ontem com o ASDT/PSD, amanhã (quinta-feira, 5 de Julho) vou estar com a liderança da Fretilin e na sexta-feira vou estar com os outros partidos. Não vou minimizar os partidos pequenos. Vamos ver se encontramos uma solução ideal.

E qual é a solução ideal?
Ainda não sei. Mas tem de ser uma solução que una o país, que o leste e o oeste se sintam representados e não defraudados. Tenho de ver o resultado final para analisar os votos em cada distrito e ter uma interpretação do significado de todos esses votos. Não vai ser fácil fazer a ponte entre a Fretilin e os outros partidos.

Está a dizer que vai tentar um governo que inclua a Fretilin.
Sim. A Fretilin parece ser o partido mais votado, mas não significa que reúna a maioria parlamentar necessária para uma acção governativa estável. E a constituição impõe-me a obrigação de ajudar a criar condições para uma governação estável, que tem de ter a confiança dos deputados eleitos. Se se sabe, logo à partida, que o partido mais votado não consegue reunir uma maioria parlamentar para fazer passar o programa de governo, pergunto se vale a pena sequer tentar ou se é preferível encontrar uma forma em que esse partido e outros se coliguem ou encontrem uma solução de compromisso em termos de programa e distribuição de pastas. E a distribuição de pastas não tem de ser apenas ao nível de governo, pode ser feita ao nível de autoridades regionais e distritais e de algumas outras iniciativas não previstas que podem encaixar outros elementos. Por exemplo, a minha iniciativa para uma task force de luta contra a pobreza. Alguns elementos que não vão para o governo podem ir para esses lugares.

Estaria disposto a chamar elementos da Fretilin para esses lugares?
Exacto. Quero, por exemplo, criar um novo órgão, uma alta autoridade para a luta contra a corrupção, que tem de ter alguém com o estatuto de ministro. Tem de ser um órgão com um estatuto independente, para coordenar as actividades dos outros órgãos que lidam com a corrupção – parlamento, provedoria de justiça e direitos humanos, Procuradoria-Geral da República, etc. Haverá uma espécie de super-ministro a coordenar o trabalho. Chamar-se-á Alta-Autoridade para a Boa Governação. Terei ainda outras iniciativas deste género. Com tudo isto, em conjunto com o governo e o parlamento, podemos encaixar todos com a legitimidade dada pelas eleições.

A Fretilin tem sempre tomado uma atitude de querer governar sozinha. Não tem estado muito aberta a coligações, apesar de se falar na última semana de uma eventual aproximação ao Partido Democrático (PD). Não lhe parece que a Fretilin pode optar por avançar para um governo minoritário e passar a batata quente para as suas mãos? Nesse cenário, os apoiantes do partido mais votado poderiam considerar ilegítima uma decisão sua que o afastasse do poder.
A constituição é clara. Não há ambiguidade quando diz que o primeiro-ministro é proposto pelo partido mais votado ou pela aliança com maioria parlamentar. E deixa ao presidente da República a decisão de qual destas soluções melhor serve os interesses do país. Vou aceitar a proposta de um primeiro-ministro pelo partido mais votado ou vou convidar a aliança – se ela existir – com maioria parlamentar? Ou tento unir as duas coisas?

É possível unir as duas coisas quando a relação política e pessoal entre Alkatiri e Xanana se tornou tão azeda no último ano? Poderá haver tolerância de ambas as partes para um governo de unidade nacional?
Tem de haver, porque o interesse nacional, a paz, a estabilidade o exigem. Já falei ao telefone com o dr. Alkatiri.

E que conclusões tirou desse telefonema com Alkatiri?
Confrontada com a realidade dos resultados eleitorais, a Fretilin está na disposição de dialogar com os outros partidos para uma coligação.

Uma coligação que inclua o CNRT?
O dr. Alkatiri não pôs de lado uma aliança com o CNRT. Ele tem estado disposto a contemplar essa possibilidade. E isso não é de agora, já é de algum tempo.

Ele diz isso nos bastidores?
Sim. Temos falado disso. E Xanana tem uma grande qualidade humana: não guarda rancor. Ele disse-me: «Se perder, vou para a oposição. Porque o país precisa de oposições fortes». Não será o primeiro herói nacional a fazê-lo.

Ainda há a hipótese de o CNRT passar para a oposição?
Sim.

Num cenário em que Xanana aceitasse ir para a oposição, qual seria a composição do governo? Quem seria o primeiro-ministro?
À partida, o primeiro-ministro seria indigitado pela Fretilin. Quem, não sei.

Que aliados teria a Fretilin?
Seria responsabilidade da Fretilin fazer as concessões necessárias para ter apoio no parlamento. Concessões aos outros partidos.

Mário Carrascalão disse-lhe ontem que estaria disponível para uma situação dessas?
Neste momento, os outros partidos estão apenas a contemplar a possibilidade prevista na constituição de a aliança com maioria parlamentar ir para o governo. Não estão dispostos ainda, nesta altura, a ir para a oposição. A interpretação que fazem é que eles podem passar a governar.

Mas sem a Fretilin.
Sim. Com a Fretilin na oposição.

Portanto, uma coligação liderada pela Fretilin parece estar afastada.
Sim. Agora, o outro cenário é que os outros quatro grandes partidos (CNRT, ASDT, PSD e PD) se coliguem para obter a maioria parlamentar.

Está disposto, então, a viabilizar esse governo de aliança sem a Fretilin? Qualquer decisão que tomar agora vai ter implicações no futuro de Timor.
Não quero contemplar o pior cenário, que seria dissolver o parlamento e convocar novas eleições. Creio que é possível reunir as várias forças políticas e encontrar uma solução de compromisso que beneficie todos eles e sobretudo proteja muito melhor os interesses do país. Não vou poupar esforços nestes dias para criar o clima (de diálogo) e também para explorar ideias. Temos de ter criatividade. O país está a atravessar um teste de liderança. Eu já dizia ontem ao PSD/ASDT que num cenário em que os quatro partidos (com CNRT e PD) formem governo, devem ter consciência que não pode ser uma aliança de uma semana, como acontece muitas vezes em Timor. Têm de entender que é uma aliança para cinco anos. Têm de conviver 24 horas por dia durante 365 dias e multiplicar isso por cinco anos.

O PSD/ASDT e o PD têm uma pedra no sapato com algumas figuras da Fretilin Mudança que se juntaram ao CNRT. Também isso será difícil de resolver. Um governo liderado por Xanana Gusmão será viável? Terá capacidade de execução?
Eu creio que Xanana é suficientemente pragmático. Já não é o Xanana que ganhou as eleições presidenciais de 2002 com mais de 80 por cento dos votos, com o boicote da Fretilin. Xanana obteve menos de 30 por cento dos votos. Se for liderar o governo, ele tem consciência de que vai ter de fazer uso não da autoridade do passado, do mato e da guerrilha, mas do seu charme para manter a unidade do governo. E ele tem condições de o fazer.

Estas eleições, que criam uma situação de impasse, são capazes de aliviar a crise social do país e a onda de violência que começou no ano passado?
A situação tem estado calma ao longo dos últimos meses, com apenas alguns incidentes.

Mas é uma paz frágil.
Sim, mas a paz foi sempre frágil. Em 2001, 2002, 2003, no parlamento, nos jornais, fui dizendo: «A paz que vivemos hoje é real, mas frágil. Porque frágeis são as instituições e as feridas estão frescas. Sejamos prudentes nos nossos discursos e nas nossas acções».

Volto à questão: não haverá o risco, caso a Fretilin se recuse a ter uma participação subalterna num governo do CNRT, de haver um sentimento de ilegitimidade por parte dos militantes pelo facto de o seu partido ficar afastado do poder, apesar de ser mais o mais votado?
Fazendo as contas, as bases entenderão que a soma dos votos no país que não são da Fretilin são esmagadoramente superiores aos do seu partido. Essa é a realidade. Têm o dobro dos votos. Se a Fretilin, suponhamos, recebeu 100 mil votos e a oposição recebeu 300 mil, quem é que deve governar?

Como é que vê uma atitude em que Mari Alkatiri insista em formar governo, mesmo ficando em minoria no parlamento?
Eu estou a aguardar a opinião técnica de juristas e constitucionalistas sobre o que diz a constituição e todas as suas implicações. Com base nessas opiniões e com o imperativo de respeitar a opinião da maioria expressa nos votos registados, tomarei uma decisão. Se um grupo de partidos se aliar, tiver a maioria parlamentar e garantir a estabilidade para Timor, tem legitimidade para governar. Se por outro lado, a Fretilin consegue garantir que um ou mais partidos, embora não querendo fazer parte do governo, lhe vão dar o benefício da dúvida e votar o programa de governo, também é uma possibilidade. Mas cabe à Fretilin mostrar capacidade de liderança em negociar com os irmãos dos outros partidos.

Quais são as medidas mais urgentes que o novo governo deve tomar?
Até ao fim do ano podemos viver apenas com os duodécimos do orçamento anterior. Entretanto, vai ser preciso preparar o orçamento de 2008, alterando o calendário orçamental, que em vez de ir de Julho a Junho passará a ir de Janeiro a Dezembro. Do meu ponto de vista, vai ter de incluir uma vertente grande de luta contra a pobreza. Toda a gente está de acordo que temos de lutar contra a problema, embora possamos não estar de acordo em como fazê-lo.

Foi muito criticada a sua ideia de dar dinheiro aos pobres.
Os que a criticam vêm de uma escola clássica já desacreditada. O próprio Banco Mundial e o FMI, onde estão alguns dos melhores economistas do mundo e a quem eu recorro a pedir opinião, estão completamente de acordo comigo. Uma das medidas é transferência directa de dinheiro. É uma questão não só justa e humana, mas também uma questão económica: se transfiro 50 milhões de dólares para a população, eu estou a injectar 50 milhões de dólares na economia local. Os pobres não usam o dinheiro para comprar batons e perfumes ou para ir de férias a Bali. Vão gastar o dinheiro na aldeia, a comprar legumes, ovos, frangos ou roupa para as crianças irem à escola. E assim o dinheiro circula no país.

Foram feitas muitas promessas durante a campanha. Por si também, na campanha das eleições presidenciais. A expectativa do povo é alta. Disseram-me que foi executado menos de metade do orçamento para 2006/2007.
Se falar com Estanislau da Silva (actual primeiro-ministro) verá que ele lhe dará números completamente diferentes. Segundo ele, com as reformas que o segundo governo constitucional introduziu, a execução orçamental até Maio já estava acima do ano anterior, com mais de 70 por cento.

O episódio que deu origem à crise, com a expulsão dos peticionários das forças armadas, está ainda por resolver. Já passou mais de um ano. Não há uma intransigência do brigadeiro Matan Ruak em reintegrá-los nas fileiras das F-FDTL? Como é que se vai resolver o problema?
Ao longo dos últimos meses, devotei alguma atenção à questão dos peticionários e testei algumas ideias com o comando das F-FDTL e com os peticionários. Aguardo o resultado das eleições para confrontar os partidos políticos e o novo governo com essas ideias. O comando das F-FDTL endossou as minhas recomendações. Os peticionários serão tratados caso a caso. Não são um exército alternativo nem um grupo organizado. Estão espalhados pelos distritos, alguns deles estão a trabalhar. Quem quiser regressar às forças armadas tem de meter os papéis e requerer o reingresso com base na nova lei de recrutamento que foi aprovada no parlamento. Não havia lei de recrutamento nem regulamento disciplinar no exército. Durante o meu mandato (como primeiro-ministro), fiz aprovar cinco peças de legislação que não existiam e que são vitais para normalizar a vida nas F-FDTL. Os que não quiserem regressar terão um pacote de incentivos equivalente a três anos de vencimento. Muitos peticionários estão interessados nisso. O tenente Gastão Salsinha ainda afirma que é comandante dos peticionários, mas a maioria já não liga ao que diz. Ele continua a exigir o reingresso de todos, mas isso não vai acontecer. A maioria não quer regressar. Muitos deles não gostaram da vida no exército. Têm de acordar às quatro da manhã, trabalham ao fim-de-semana e não ganham tão bem quanto isso. Ao mesmo tempo, vamos avançar com a reforma das forças armadas. O comando da F-FDTL é o primeiro a reconhecer essa necessidade.

Disse, em entrevista à Visão, que não vai promulgar a lei da amnistia tal como ela foi aprovada no parlamento mas está disponível para aprová-la com alterações. Pergunto-lhe se isso é correcto depois de um relatório da ONU ter recomendado que as pessoas que foram responsáveis pela crise no ano passado sejam criminalmente acusadas e condenadas. Uma amnistia não irá alimentar um sentimento de impunidade?
Enviei hoje a lei da amnistia para o Tribunal de Recurso, solicitando um parecer em relação a algumas dúvidas que tenho e sobre a sua constitucionalidade. Está mal feita e tem muitas lacunas. Não estou contra uma lei da amnistia, mas tem de ser muito mais abrangente no tempo. Por que é que não vai para trás, até 1974 e 1975? A lei deve ter conta a nossa história recente, destes últimos 30 anos. E deve ter em conta a realidade que vivemos em Timor-Leste hoje, em que há muitas feridas ainda por sarar que vêm do passado, novas feridas abertas e uma fragilidade das instituições. O país consegue aguentar emocional e politicamente com toda um conjunto de julgamentos e prisões das mais variadas pessoas, que directa ou indirectamente estiveram implicadas na crise do ano passado? O Rogério Lobato está na prisão de Bécora não porque matou alguém, mas porque ordenou a distribuição de armas. Pelas mesmas razões que Rogério Lobato está preso, podiam estar também outras pessoas na prisão que ordenaram ou fecharam os olhos à distribuição de armas. Eu disse em tribunal – ofereci-me para depor e isso custou-me votos – que não acreditava, e não acredito, que quer Mari Alkatiri (supondo que ele soubesse) quer Rogério Lobato o fizessem especificamente para assassinar opositores da Fretilin, como se alega. Acredito sim que houve a inclusão da polícia na manifestação do dia 28 de Abril e nos dias a seguir. Díli ficou desguarnecida e Rogério Lobato teria armado veteranos leais à Fretilin para assegurar a defesa da cidade e dar apoio às F-FDTL. As F-FDTL, solicitadas a fazer a defesa da cidade, substituindo a polícia, ficaram demasiado dispersas e decidiram também chamar voluntários ex-combatentes, uns 200, a quem distribuiu armas. Constitui isso um crime ou é uma reacção instintiva de pessoas patrióticas que, tendo feito uma análise da situação, decidiram que o estado tem de ser defendido?

Nessa lógica, a responsabilidade de Rogério Lobato é igual à do brigadeiro Matan Ruak?
É igual à de Ruak e à do dr. Alkatiri, que não deixava de ser o primeiro-ministro e foi quem ordenou a vinda das forças armadas. Pergunto: serei eu, José Ramos-Horta, cidadão deste país, retirando o estatuto de presidente da República, a contribuir directa ou indirectamente para que um patriota herói deste país, com 24 anos de luta nos ombros dele, vá para a prisão de Bécora por ter distribuído armas a ex-combatentes?

Está a falar do brigadeiro Matan Ruak.
Sim, estou a falar de Ruak. Eu não serei essa pessoa. Quando falamos de justiça, a justiça não pode estar dissociada da realidade social e política, do contexto em que as coisas decorreram. A justiça não é tão cega quanto isso. Ela tem de analisar os eventos que levaram alguém a tomar determinadas decisões. Foi o que fez Mandela na África do Sul. Por que é que optaram por uma comissão de verdade e reconciliação em vez de estabelecerem um tribunal para julgar todos os implicados nas décadas de regime do Apartheid? Por que é que os chilenos, no período pós-Pinochet, não levaram todos para a prisão? Porque, quer na África do Sul quer no Chile, recearam a fragilidade da nova democracia e das novas instituições e preferiram acalmar o país.

O major Reinado também cai nesse saco?
O caso Reinado é simplesmente uma consequência desta situação. Ele é uma pequena peça na crise.

Há evidências claras que levam a acreditar que houve o início de uma guerra civil entre o dia 23 e 25 de Maio de 2006. E o major Reinado seria o líder de um ataque a Díli e às posições das F-FDTL.
Eu lidei com o major Alfredo Reinado. Nunca ele ou outros militares tiveram intenção ou capacidade, no plano operacional e muito menos no plano político, para desencadear uma guerra contra as F-FDTL.

Não há nenhuma outra razão que explique, até agora, o ataque de peticionários armados e o ataque do major Reinado em simultâneo a várias posições das F-FDTL em Díli.
Quem esteve em Tacitolu (quartel-general das F-FDTL) foram alguns elementos da polícia e os elementos do Rai-Los.

Rai-Los diz que estava a tentar controlar esses elementos da polícia.
É o tal problema de as pessoas tomarem medidas e fazerem coisas com base em rumores e histórias que se contam. Enquanto alguns idiotas davam ordens a outros idiotas para se armarem e entrincheirarem nas montanhas, para travar uma possível invasão de Díli pelos peticionários, eu estava em Gleno, com os peticionários, que não tinham armas. Estavam descansados e tranquilos, apenas aflitos por não terem comida, enquanto em Díli algumas pessoas diziam: «Os peticionários vêm aí».

Foi uma coincidência os ataques em simultâneo?
O ataque do major Alfredo Reinado a Fatuhai foi acidental. Ele veio a Fatuhai para ver a situação, contra o acordo que fez comigo. Eu estava em vaivém. Tinha estado horas antes com o Reinado, com o major Tara, com o major Marcos Tilman, todos eles, para promover um grande diálogo em Dare, no antigo seminário. Fui a Ailéu, acompanhado de dois majores americanos da embaixada dos EUA, e Reinado garantiu-me que estava interessado no diálogo e que não ia sair dali. Vim a Díli e no dia seguinte fui a Gleno, onde falei com o tenente Salsinha, com o Tara e o Marcos, para ultimar os preparativos do encontro em Dare. Quando me ia sentar, veio o telefonema de Díli a dizer que havia tiroteio em Fatuhai. Liguei imediatamente ao Reinado, que atendeu no meio do tiroteio. Perguntei-lhe: «O que é que você está a fazer aí?» Ele respondeu-me: «Vim ver a minha gente». Disse-lhe: «Que gente? O que é que você me prometeu ontem?» O idiota tinha decidido sair de Ailéu. Entretanto, um grupo das F-FDTL tinha directivas para vir estabelecer um posto de observação conjunto com a PNTL (polícia), para evitar acusações mútuas. Paulo Martins (comandante-geral da polícia) tinha ficado de aparecer e não apareceu. No lugar dele apareceu o major Reinado.

E o ataque, também nessa altura, à casa do brigadeiro Matan Ruak?

O Paulo Martins jura-me que não teve nada a ver com esse assunto. Eu acredito, ele não estava na zona. E o ataque não foi contra a casa de Matan Ruak, porque depois fui lá. Havia poucas balas e achei estranho. Foi também um acidente. Os militares que guardavam a casa viram um movimento suspeito lá em cima (nas colinas) e começaram a disparar. Se queriam atacar Ruak não o fariam em pleno dia. Houve muitas coisas que aconteceram de forma desorganizada. Uma estupidez. O mais caricato foi essa história do Rai-los ter ido a Tacitolu porque tinha ouvido o boato sobre os peticionários, quando eu fui informando Alkatiri de todos os movimentos destes grupos, porque estava em diálogo com eles. Não tinham comida sequer. Só veio meia dúzia deles, os mais malandros. Esses meteram-se em problemas. Fui serenamente para Gleno, antes de estarem cá os australianos, num carro com um motorista e um segurança, enquanto em Díli diziam que os peticionários iam atacar, mas eu não vi nada disso.

Mas em Díli há muita gente que continua a ter medo do major Reinado. Ele não se tornou mais forte como herói depois de ter escapado ao cerco dos australianos e pelo facto de ainda continuar a monte?
Se o Reinado tivesse o apoio que as pessoas pensam que ele tem, quando se deu o assalto a Same (onde ele estava) teria acontecido uma insurreição em Same, em Ainaro, em Ermera, em todo o lado. E não houve uma única reacção nesses distritos. Houve apenas alguns distúrbios em Díli, em Banana Road.

A polícia diz que houve caos por toda a cidade.

Barricaram a Banana Road e a Estrada de Comoro. O apoio dele não é assim tanto. O tipo é muito esperto a falar mas não tem substância nenhuma. E com as eleições presidenciais e legislativas, perdeu ainda mais suporte. O bispo Basílio do Nascimento, com quem falei, não está nada satisfeito com a postura dele. Os homens que o acompanhavam já não estão com ele. Apenas três ou quatro. Falei há duas semanas com os verdadeiros combatentes, que aceitam vir a Díli para um diálogo.

Considera o caso Reinado resolvido, portanto?
Ele não vai causar problemas. Como presidente, não quero que nenhum timorense tenha de estar a viver em esconderijos. O Reinado sabe e eu sei onde muitas vezes ele pernoita. Não é assim tão difícil. Xanana, em 1992, foi capturado pelas forças indonésias precisamente porque vinha demasiadas vezes a Díli. Uma vez, quando finalmente se quis embora não tinha motorista nem ninguém para o levar e foi apanhado. O L-7 e o Matan Ruak nunca vieram a Díli. Por isso nunca foram apanhados.

Reinado costuma vir a Díli?
O Alfredo gosta de estar na cidade. Não consegue estar nas montanhas. É um bon-vivant (risos). Eu sei de sítios onde ele passou noites. Há duas semanas, eu sabia onde ele estava. Os miúdos do bairro que dantes o apoiavam alertaram-me. Disseram-me: «Mande as forças que ele está aqui». E eu disse: «Não, deixem lá. Estamos num processo de diálogo, não quero violência. Não quero nenhum timorense ferido ou morto». Eu disse a Reinado: «Circulem à vontade, mas sem armas. Se andarem com armas, serão apanhados». Desde que ele não cause problemas a ninguém e não desafie o estado, porquê tanta pressa? Vamos continuar este processo com paciência chinesa.

E sabe onde é que ele está agora?
Está em Díli. Só espero que não vá a festas.

Resultados Nacionais Parciais (406.480 votos apurados)


Wednesday, 04 July 2007 - UNMIT – MEDIA MONITORING

National Media Reports

Horta calls on F-FDTL to respect human rights
At an F-FDTL workshop on Human Rights on Tuesday (03/7) in Dili, President José Ramos-Horta called upon the F-FDTL to ensure the respect human rights, following their involvement in the crisis last year.

“F-FDTL and police officers wear the national uniform, carry weapons and should promote law and order and respect human rights,” said Mr. Horta. (STL and TVTL)

Close competition between CNRT and Fretilin
The preliminary elections results show that [ruling party] Fretilin has a slight lead with 101,699 votes (28, 86%), however 141 ballot boxes still remain to be counted.

From the remaining boxes, it is expected that the votes will either go to CNRT or Fretilin – Fretilin to receive the majority of the votes from Baucau and Ermera Districts while CNRT hopes to have a majority in Dili, Bobonaro and Liquica. (STL)

The Indonesian language will not replace Portuguese in Timor-Leste
In response to queries regarding the official language of Timor-Leste, the Minister of Culture and Education, Mrs. Rosaria Maria Corte-Real, reportedly said that Indonesian will not replace Portuguese as the official language of the country.

However, she also said that knowledge of the Indonesian language would be beneficial for maintaining good relations -- political and economic -- with its neighboring country. (STL)

Rerden: “ISF conducted patrols across Timor-Leste”
The Commander of International Stabilization Forces (ISF), Brigadier Mal Rerden, reportedly said that prior to the parliamentary elections on 30 June, the ISF supported UNPol and PNTL in preparing the elections security plan.

Mr. Rerden mentioned that the ISF provided 20 helicopters for the operation and 800 ISF officers from Australia and New Zealand cooperated with UNPol to conduct 140 patrols across Timor-Leste. (DN)

UN provides 123.500 tons of food to Timorese people in need
At an UNMIT press conference held on Tuesday (3/7) in Dili, DSRSG Finn Reske-Nielsen stated that the UN will provide 123.500 tons of food to assist the people of Timor-Leste. (DN)

WFP and FAO report identified six districts in danger of facing a food crisis
At an UNMIT press conference on Tuesday (3/7) in Dili, DSRSG Finn Reske-Nielsen said that the WFP/FAO report identified six districts which are in danger of facing a food crisis from October 2007 until March 2008.

“Manatuto, Baucau, Bobonaro, Ermera, Lautem and Oecusse districts have been identified by the WFP/FAO as the risk areas,” said Mr. Reske-Nielsen, who was accompanied by the Acting Director of WFP, Ms. Angeline Rudakubana and the FAO Director Chana Epeskorku. (TP)

Horta: too early to define the status of Alfredo
At an F-FDTL workshop on Human Rights on Tuesday (03/7) in Dili, President José Ramos-Horta said that the status of former military Police Commander, Major Alfredo Reinado Alves, will be decided after the proposed dialogue with him. (DN and TP)

ISF: Mission Impossible to arrest Alfredo
The ISF Commander, Brigadier Mal Rerden, acknowledged that the operation to capture former military Police Commander, Major Alfredo Reinado Alves and his men was complicated. He said that the difficult terrain made it difficult to use modern military equipment.

“I think the Timorese people understand that owing to the difficult terrain in this country, it was difficult to find their hide-out,” said Mr. Rerden. (TP)

Counting of Votes will end on 15 July
At a CNE press conference held on Tuesday (3/7) in Dili, the CNE Spokesperson, Maria Angelina Sarmento, informed the media that the counting process for the parliamentary elections will end on 15 July 2007.

“An end date has not been determined by the law but the CNE expects that all votes will be counted by the 15th of July,” said Ms. Sarmento.

She also appealed to the media to confirm their information regarding statistics and preliminary results prior to publishing. (TP)


Security:

This is a broadcast of the UN Police in Timor-Leste to provide you with information about the security situation around the country.

Wednesday, 4 July 2007

The security situation across the country has been calm.

Today in Dili, UNPol were required to attend five incidents. None were major. An international woman was robbed of her handbag at knifepoint on the Beach Road. The suspects fled, but Police managed to catch and arrest them later. Separately, a vehicle caught fire on Comoro Bridge. The Fire Brigade was called and they extinguished the blaze and removed the burnt car from the bridge.

Yesterday in Dili, a sergeant from the F-FDTL was involved in a fist fight with a taxi driver in Bidau over a traffic incident. UNPol intervened and resolved the situation before anyone was injured. Also in Dili, unidentified people threw rocks at the house of a government employee, smashing three windows and a table. The Dili investigation unit is looking into the case.

UNPol in Dili yesterday received reports of a stabbing that took place in Makadiki, Viqueque district, on 3 July. Two teenagers were fighting, and one received minor injuries to his left hand and right arm. The suspect has been arrested and PNTL are investigating further.

The UNPol Election Security Plan is currently in Phase Four, the post-polling phase. UNPol, PNTL and Formed Police Units remain deployed and are on stand-by for any post-polling clashes or victory processions. The International Stabilisation Forces are also on stand-by, ready to be deployed on request.

The Police advise to avoid traveling during the night to the most affected areas. Report any suspicious activities and avoid traveling the areas affected by disturbances. Call 112 or 7230365 to contact the police 24 hours a day, seven days a week.

This has been a daily broadcast of the UN Police in Timor-Leste, for the people of Timor-Leste

Resultados Nacionais Parciais (406.480 votos apurados)


Salvo-condutos para grupo de Reinado

LUSA - Agência de Notícias de Portugal, 2007-07-04

O major fugitivo Alfredo Reinado e o seu grupo terão salvo-condutos emitido pela Procuradoria-Geral da República (PGR), segundo uma nota enviada às forças de segurança, a que a agência Lusa teve acesso.

Dois tipos de salvo-conduto, renováveis, serão emitidos, um de cor verde para os militares e outro de cor azul para os polícias, consoante a força de origem dos homens que acompanham Alfredo Reinado.

Os salvo-condutos são "a implementação da declaração presidencial feita a 19 de Junho de 2007" por José Ramos Horta, "que declarou claramente o cancelamento de todas as operações militares e policiais feitas contra o major Alfredo Reinado e os seus elementos" nessa data, explica o mesmo documento.

Nesta carta, assinada pelo procurador-geral da República, Longuinhos Monteiro, as várias forças de segurança a operar em Timor-Leste são informadas de que o cancelamento de operações contra o grupo de Alfredo Reinado "é uma decisão conjunta de titulares de alto-nível e de órgãos competentes para a execução de mandatos judiciais".

A carta, a que a Lusa teve acesso, foi endereçada aos comandantes da Polícia das Nações Unidas, Rodolfo Tor, das Forças de Estabilização Internacionais (ISF), brigadeiro-general Mal Rerden, e ao comandante-interino da Polícia Nacional, Afonso de Jesus."

O portador deste salvo-conduto está garantido a sua liberdade de movimento para o processo de reintegração a instituição de origem" (sic), dispõe o salvo-conduto no verso do cartão, segundo o modelo distribuído pela PGR às forças de segurança.

Os modelos de salvo-conduto trazem a data de 30 de Agosto de 2007 e são assinados por Longuinhos Monteiro "em representação do Estado".

Os salvo-condutos indicam o nome do portador mas não incluem a fotografia do titular e nenhuma disposição é referida quanto ao uso e porte de arma, afirmou à Lusa fonte policial.

Na carta enviada por Longuinhos Monteiro às forças de segurança, com cópia ao ministro do Interior e ao chefe-de-Estado-Maior das Falintil-Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL), o procurador explica que os salvo-condutos serão também emitidos "ao grupo de elementos liderado por `Susar/Garcia"", dois dos homens de confiança de Alfredo Reinado.

Alfredo Reinado foi preso em Julho de 2006 por posse ilegal de material de guerra, numa operação policial em Díli.O ex-comandante da Polícia Militar é objecto de um mandado de detenção passado em meados de Janeiro, quase cinco meses depois da sua fuga da prisão de Becora, a 30 de Agosto de 2006.

No final de Fevereiro de 2007, o grupo de Alfredo Reinado assaltou dois postos de polícia fronteiriça em Maliana, oeste do país, de onde foram levadas pelo menos 17 pistolas-metralhadoras, uniformes e munições.Alfredo Reinado escapou a um ataque das ISF na vila de Same, sudoeste, que provocou quatro baixas entre os seus homens.

"La Sama" propõe "gabinete nacional"

LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.
4.07.2007

O presidente do Partido Democrático (PD), Fernando "La Sama" de Araújo, propôs hoje a constituição de um "gabinete de unidade nacional" entre os partidos com assento no novo Parlamento para discutirem a formação do governo.

"Nenhum dos partidos vai aproximar-se dos 50 por cento de votos e estão até muito longe disso", explicou o presidente do PD, justificando "a necessidade de atingir um consenso nacional"."Se avançamos com a hipótese de fazer coligação aqui ou ali, isso não vai resolver o problema porque um (partido) estará no governo e outro na oposição com uma posição muito dura", considerou Fernando "La Sama" de Araújo."

Já houve uma divisão muito significativa na sociedade timorense e houve ataques durante a campanha entre os partidos e agora devemos recuar e pensar", recordou.

O gabinete de unidade nacional "não é chamar indivíduos, é chamar os partidos a discutir e pensar em conjunto a formação do governo, sempre com a proporcionalidade", explicou também o presidente do PD."

Os partidos devem partilhar o poder nos próximos cinco anos", discutindo a formação do novo governo "dentro da proporcionalidade dos resultados", acrescentou."

A realidade é que todos lutámos durante a campanha eleitoral e ninguém conseguiu o seu objectivo de ter pelo menos 50 por cento", acrescentou Fernando "La Sama" de Araújo no final de uma conferência de imprensa.

Fernando "La Sama" de Araújo afirmou que não tem "preferência" por quem deve ser o próximo primeiro-ministro, porque "isso compete aos dois grandes (partidos) escolher".

"A Fretilin tem o direito de propor quem quiser, nós somos apenas o quarto partido", respondeu Fernando "La Sama" de Araújo quando interrogado sobre se concordaria com o secretário-geral da Fretilin, Mari Alkatiri, na chefia do IV Governo Constitucional.

A última actualização da contagem nacional das legislativas timorenses de 30 de Junho, feita pela Comissão Nacional de Eleições às 15:00 (07:00 em Lisboa), dá 28,6 por cento dos votos à Fretilin e 22,8 por cento dos votos ao Congresso Nacional de Reconstrução de Timor-Leste (CNRT).O PD aparece como o quarto partido mais votado, atrás da coligação entre a Associação Social Democrática Timorense (ASDT) e do Partido Social Democrata (PSD).

Fernando "La Sama" de Araújo reconheceu que, "comparando com as eleições presidenciais, o PD sofreu uma grande queda"."É a expressão da vontade popular e aceitamos isto".

Fernando "La Sama" de Araújo admitiu que a diferença entre a sua votação nas presidenciais de 09 de Abril, que foi de 19,1 por cento, e a votação provisória do PD nas legislativas de 30 de Junho ficou a dever-se à fuga de votos em favor do CNRT.

E diz a Constituição de Timor-Leste

CAPÍTULO II
COMPETÊNCIA
Artigo 85.º
(Competência própria)
Compete exclusivamente ao Presidente da República:
...

d) Nomear e empossar o Primeiro-Ministro indigitado pelo partido ou aliança
dos partidos com maioria parlamentar
, ouvidos os partidos políticos
representados no Parlamento Nacional;

(aliança de partidos: coligação pré-eleitotal inscrita na CNE)

Projecção de Resultados Finais




Projecção de Resultados Finais - Parlamento Nacional







Conferência de Imprensa do PD - Sede de Colmera

O PD dará uma conferência de imprensa, na sua sede em Colmera pelas 15:20 horas.

Distritos com Resultados Finais (apuramento paralelo)




Projecção dos Resultados Finais


FRETILIN (29.2%): 21 deputados

CNRT (24.3%): 18 deputados

ASDT/PSD (15.5%): 11 deputados

PD (11.6%): 8 deputados

PUN (4.0%): 3 deputados

UNDERTIN (3.3%): 2 deputados

KOTA/PPT (3.1%): 2 deputados

PNT (2.4%): Sem deputados
PDRT (1.6%): Sem deputados
PR (1.1%): Sem deputados
PDC (1.1%): Sem deputados
UDT (1.0%): Sem deputados
PST (0.9%): Sem deputados
PMD (0.7%): Sem deputados

Resultados Nacionais Parciais (366.363 votos apurados)


Resultados Nacionais Parciais (366.363 votos apurados)


Dos Leitores

H. Correia deixou um novo comentário na sua mensagem "Fretilin em queda com metade dos votos contados":

Se a Fretilin, que "está à frente, com perto de 30,5 por cento""perde muito terreno em relação aos 53,37 por cento que alcançara em 2001", então o Xanana, que está atrás e passou de 82% para 22%, deve ter subido...

Confirma-se o que eu vaticinava: o "CNRT" é uma espécie de PRD timorense. De génese conjuntural, terá um futuro efémero, visto que ficou completamente ofuscado pelo resultado da Fretilin, partido mais votado, e da ASDT/PSD, que consegue um brilhante 3º lugar, muito próximo do "CNRT".

Xanana é cada vez mais um mito. É uma humilhação ser apoiado por apenas 22% dos eleitores, para alguém que sempre esteve convencido (e nos tentou convencer a todos) que representava a vontade "do povo", como quando resolveu obrigar Alkatiri a demitir-se. É também uma humilhação ficar atrás da Fretilin. Entre Xanana e Mari, o responsável da crise e o bode expiatório, o povo fez inequivocamente a sua escolha.

A extraordinária máquina de propaganda que Xanana tem tido atrás de si, com componentes de vários países, não conseguiu convencer o povo.

O excesso de confiança pode ser fatal. O "plano" de XG e RH foi quase perfeito. Quase... não fosse o excelente resultado da ASDT/PSD. É esta coligação, e não o PD, que vai ditar as regras do futuro Governo, pois Mário Carrascalão não tem nada a perder. Ele não precisa de nenhum tacho, por isso pode impor condições a Xanana. Más notícias para os "mudansas".

Por isso eu sempre realcei a diferença entre as presidenciais e as legislativas. Nestas não há segunda volta para camuflar os maus resultados da primeira e quaisquer acordos pós-eleitorais serão decididos pelos líderes, consoante os interesses partidários, e não pelo povo. Quando chegar a hora de aprovar um Governo no Parlamento, quem é que se vai lembrar da "frente unida" contra a Fretilin? Essa "frente", se é que chegou alguma vez a existir, dissolveu-se logo após a eleição.

Por último, o outro grande derrotado desta eleição, para além de Xanana, é Lasama. Afundou-se completamente e mostrou que a "nova geração" afinal não se identifica com ele. E aqueles que se identificam têm mais vozes do que nozes, especialmente nos blogs e grupos de discussão. Mas só isso.

Timor/Eleições: Contados 60% votos, Fretilin mantém vantagem

Diário Digital / Lusa
03-07-2007 18:44:21

A Fretilin, com 29,1% dos votos continua a liderar a contagem dos votos das eleições legislativas de sábado passado em Timor-Leste, contados que estão pouco mais de 60% dos boletins, segundo os dados oficiais desta terça-feira.

Cerca das 20:00 horas locais (12:00 horas em Lisboa), a Comissão Nacional de Eleições (CNE) timorense divulgou novos resultados parciais da votação, que indicam igualmente que o Congresso Nacional da Reconstrução de Timor-Leste (CNRT), de Xanana Gusmão, recolheu, até agora, 22,5 por cento.

Fechados estão já oito dos 13 distritos do país - Aileu, Ainaro, Bobonaro, Lautém, Manatuto, Manufahi, Oecussi e Viqueque -, faltando os restantes cinco - Baucau, Covalima, Díli, Ermera e Liquiçá.

A Fretilin venceu nos distritos de Lautém e Viqueque, enquanto o CNRT obteve a vitória em Bobonaro, Manatuto e Oecussi.

A C-ASDT/PSD, coligação da Associação Social Democrática Timorense (ASDT), de Francisco Xavier do Amaral, e do Partido Social-Democrata (PSD), de Mário Viegas Carrascalão, venceu nos distritos de Aileu, Ainaro e Manufahi.

O distrito de Díli pode vir a ser decisivo nas contas finais, uma vez que o CNRT lidera a contagem com 46,6 por cento dos votos, seguido pela Fretilin, com 20,7 por cento, quando estão contados pouco mais de um terço dos quase 100.000 eleitores inscritos.

Timor-Leste: rendição da GNR agendada para 11 e 13 de Julho

03-07-2007 14:13:50
Diário Digital/ Lusa

Numa altura em que ainda não existe confirmação, da parte das Nações Unidas, quanto à cedência de avião, Portugal avançou já duas datas para a rendição da maioria dos elementos da GNR actualmente estacionados em Timor-Leste: 11 e 13 de Julho.

Segundo avança a Rádio Renascença, o Governo português tem, inclusivamente, já tudo pronto para o envio dos militares que compõem o terceiro contingente.

A cerimónia de oficial de despedida, evento que a GNR tradicionalmente organiza sempre que elementos seus partem em missão internacional, está marcada para quinta-feira, no regimento de infantaria.

De acordo com os planos elaborados por Portugal, ao avião encarregue de trazer para casa 143 dos 220 elementos do segundo contingente deverá efectuar quatro viagens entre Lisboa e Díli, partindo para Timor-Leste a 9 de Julho, para regressar depois a 11.

Nova partida, com a segunda metade do terceiro contingente, está agendada para 12, seguindo-se a viagem final para Portugal a 13, com o resto do grupo que termina missão.

Durante esta fase de transição, mantêm-se em Timor 77 militares da GNR, que viajaram para o território apenas no início de Abril, enquanto reforço de meios pedido pela ONU.

A sua missão só termina, por isso, em Outubro, após os seis meses de missão.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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