sábado, abril 07, 2007

Timorenses residentes em Portugal lamentam não poder votar

Lisboa, 07 Abr (Lusa) - Um dos fundadores da APARATI, associação de timorenses em Portugal, lamentou hoje que os cidadãos de Timor-Leste que vivem no estrangeiro não participem nas eleições presidenciais de segunda-feira, considerando que se votassem ficariam "mais ligados" ao país.

"Os cidadãos timorenses que vivem no estrangeiro deveriam votar, principalmente quando se escolhe o presidente", disse à Agência Lusa Manuel Caldas, da direcção da APARATI.

Para Manuel Caldas, que vive em Portugal há 17 anos, os emigrantes timorenses deveriam ter o direito de votar, uma vez que a maioria ajuda na reconstrução do país "através do envio de bens e de dinheiro para os seus familiares e conterrâneos".

"Ao votarem estão mais ligados a Timor-Leste", salientou, adiantando que os emigrantes timorenses "têm uma ligação afectiva" ao país.

Segundo Manuel Caldas, muitos dos timorenses dizem que um dia vão voltar definitivamente a Timor-Leste e mesmo aqueles que nunca chegam a regressar "participam na construção do país de longe".

O dirigente da APARATI questionou ainda porque é que em 1999 todos participaram no referendo sobre a independência e agora são excluídos da votação, lamentando, por outro lado a onda de violência no país que se prolonga há quase um ano.

"É triste. Ajudamos os nossos conterrâneos a construir uma casa, que depois é destruída", disse.

Segundo a APARATI, vivem em Portugal cerca de 2.000 timorenses, que chegaram, na sua maioria, entre 1976 e 1986 e estão sobretudo concentrados nas regiões de Lisboa e Setúbal.

Manuel Caldas referiu que muitos desses timorenses já têm a nacionalidade portuguesa, pois o governo português permite que os cidadãos de Timor-Leste nascidos até 1975 e os filhos se tornem portugueses.

Portugal é também escolhido por muitos jovens para estudarem no ensino superior, estimando-se que sejam cerca de 300 os estudantes timorenses nas várias universidades portuguesas.

De acordo com o mesmo responsável, actualmente a emigração timorense para Portugal é praticamente nula devido ao processo burocrático e à falta de meios financeiros.

"Há muitos timorenses que gostariam de vir para Portugal devido à falta de emprego no país, mas não têm condições financeiras", disse.

Aqueles que conseguem emigrar, perto de 100 anualmente, são jovens e apenas se servem de Portugal para entrar em outros países da Europa, salientou, adiantando que já são muitos os timorenses a viver na Inglaterra, Dinamarca e Irlanda do Norte.

Criada há cerca de seis anos, a APARATI, sedeada nas Olaias, em Lisboa, divulga a cultura de Timor-Leste em Portugal, ajuda na integração dos timorenses e apoia os estudantes.

A APARATI dá ainda continuidade ao projecto de reconhecimento dos direitos dos antigos funcionários timorenses durante a administração portuguesa.

Segundo Manuel Caldas, existiam cerca de 4.000 timorenses nestas condições, faltando ainda reconhecer os direitos a mais de 1.000 ex-funcionários.

CMP-Lusa/Fim

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Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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