O Primeiro de Janeiro - Sábado, 7 de Abril de 2007
Atrasos e erros na emissão de credenciais podem impugnar eleições timorenses.
Quatro candidatos presidenciais queixaram-se ontem em Díli de atrasos, por parte do Secretariado Técnico da Administração Eleitoral, na emissão dos cartões para os fiscais e observadores às eleições de segunda-feira, que também consideram estar mal concebidos.
“Os cartões fiscais que foram emitidos podem ser utilizados por qualquer indivíduo. Não trazem a sua identificação, não trazem o local de residência do portador e não sabemos quem os poderá utilizar”, disse ontem o candidato presidencial João Carrascalão, numa conferência de imprensa conjunta que se realizou ontem, em Díli, e que contou ainda com as presenças dos candidatos, Fernando «Lassama» de Araújo, Francisco Xavier do Amaral e Lúcia Lobato.
A candidata apoiada pelo Partido Social-Democrata admitiu, quando questionada pelos jornalistas, pedir a “impugnação” das eleições, devido aos atrasos que, afirmou, podem impedir o envio dos cartões para o interior do país antes de amanhã.
“Nós vamos utilizar os canais legais. Estamos a preparar documentos de protesto para a Comissão Nacional de Eleições (CNE), que é o órgão competente para resolver este assunto”, disse Lúcia Lobato, que acrescentou que são precisas medidas urgentes para resolver a questão.
“Se o Governo falhar isto é um processo falhado e por isso vamos pedir ao tribunal para declarar que as eleições não são válidas e que devem realizar-se outras eleições”, disse ainda a mesma.
“Pedimos ao STAE (Secretariado Técnico da Administração Eleitoral) que corrija as anomalias que nós detectamos e pedimos às Nações Unidas que tomem providências no sentido de terem observadores e fiscais da ONU para impedir desvios ao processo normal”, declarou João Carrascalão que adiantou também que a situação vai ser transmitida à CNE e ao representante especial do secretário-geral das Nações Unidas em Timor Leste, Atul Khare.
Nas eleições presidenciais, cada um dos oito candidatos é representado em cada uma das 705 estações de voto, a nível nacional, por um fiscal e por um observador mas as credenciais que foram emitidas pelo STAE não especificam a que candidatura pertence o portador do cartão.
Segundo o candidato, vai ser impossível enviar as creditações para os distritos do interior ou do enclave de Oecussi.
“Com as chuvas que se fazem sentir e devido ao mau estado das estradas de Timor Leste vai ser muito difícil para nós enviar todos os cartões para todas as estações de voto do país. Não temos garantias de que vamos ter as pessoas devidamente credenciadas. Esperamos que possam resolver estas anomalias para podermos ter uma eleição justa”, acrescentou João Carrascalão, candidato apoiado pela União Democrática Timorense.
A candidata Lúcia Lobato disse ainda que os candidatos da oposição têm informações que indicam que foram distribuídos há três dias os cartões para os fiscais e observadores da FRETILIN, partido com maioria na Assembleia Nacional, e que apoia o candidato Francisco Guterres «Lu Olo». Contudo, Filomeno Aleixo, porta-voz da FRETILIN, contactado pela agência Lusa, disse que a candidatura de «Lu Olo» só recebeu “um terço” dos cartões para fiscais e observadores. “A situação está uma desordem formidável, só recebemos um terço dos cartões”, afirmou.
Tempo apertado
Entretanto, Faustino Cardoso Gomes, membro da CNE disse que as reclamações já foram recebidas e que foi pedida a intervenção das Nações Unidas para a distribuição das credenciais no interior do país.
“Nós já recebemos as reclamações acerca das credenciais e já apresentamos uma carta ao STAE. Demonstramos preocupação acerca do atraso porque isto pode prejudicar o processo.
Verificaram-se atrasos, sobretudo, na entrega dos cartões aos fiscais da UDT, do PSD e da FRETILIN, a questão agora é o curto tempo para a distribuição das credenciais. Vamos pedir apoio às Nações Unidas para distribuir os cartões de helicóptero”, disse à agência Lusa. O membro da CNE considera que as fotografias do portador deviam constar nas respectivas credenciais, tal como estava previsto pelo STAE.
“O CNE considera uma má prática e vamos tentar verificar o que aconteceu”, afirmou. De acordo com João Carrascalão, os candidatos Avelino Coelho e José Ramos Horta concordam com o mesmo protesto mas não puderam estar presentes na conferência de imprensa por motivos ligados a assuntos de campanha, que oficialmente terminou ontem à meia-noite (às 16h00 em Lisboa) e o candidato Manuel Tilman não foi contactado pelos quatro candidatos presentes na conferência de imprensa.
Instituições - Apelo à tolerância
O presidente timorense, o bispo de Díli e o primeiro-ministro fizeram um apelo à paz no dia de eleições, amanhã, numa sessão que marcou o regresso de Ramos-Horta à chefia do Governo. A iniciativa do apelo foi do presidente da República, Xanana Gusmão, que convidou o bispo de Díli e o primeiro-ministro para o Palácio das Cinzas. Xanana frisou que “não pode haver intimidação” e “não se pode usar violência para influenciar o sentido de voto” de outras pessoas. D. Alberto Ricardo da Silva, bispo de Díli, afirmou que “todos os eleitores devem ir votar sem medo porque a eleição do Presidente da República é direito do povo”. “Domingo assinalamos a Ressurreição. Segunda-feira pode ser a ressurreição da nação, da democracia”, disse Ramos-Horta.
sábado, abril 07, 2007
Candidatos criticam organização
Por Malai Azul 2 à(s) 20:49
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Traduções
Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
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Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
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