Investigação ONU pode não ter consequências judiciais-Parlamento
Díli, 11 Out (Lusa) - As conclusões da Comissão de Inquérito Independente da ONU sobre as responsabilidades individuais e colectivas da violência de Abril e Maio em Timor-Leste poderão não ter consequências jurídico-penais, afirmou hoje, em comunicado, o Parlamento timorense.
"O exercício da acção penal, a instauração de inquéritos criminais e o julgamento de crimes são da competência única e exclusiva dos órgãos constitucio nais do Estado de Timor-Leste, a começar pelo Ministério Público, encabeçado pelo Procurador-Geral da República", salientou o Parlamento.
No comunicado, enviado à Agência Lusa, o Parlamento Nacional de Timor-L este (PNTL) recorda que a comissão da ONU "não é um tribunal nem tem poderes para acusar ou mandar abrir investigação criminal", pelo que o eventual início de investigações e abertura de processos depende da apreciação que os órgãos do Estado façam das recomendações constantes no relatório.
Presidida pelo brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, a Comissão de Inquérit o Independente da ONU elaborou um relatório sobre os responsáveis pela violência ocorrida em Timor-Leste em Abril e Maio, cuja divulgação, prevista para sábado passado, foi adiada para data ainda por definir para que o texto seja traduzido para português, tétum e indonésio.
Fonte das Nações Unidas em Díli disse à Lusa que o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, já recebeu uma cópia do original em inglês.
De acordo com o mandato da comissão - que integra ainda a sul-africana Zelda Holtzman e o britânico Ralph Zacklin -, o relatório tem de ser entregue ao Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, em Genebra, e ao PNTL, em Díli, além do secretário-geral das Nações Unidas.
A Comissão de Inquérito Independente foi criada pela ONU a 12 de Junho, na sequência de um pedido nesse sentido feito pelo então ministro dos Negócios Estrangeiros e actual primeiro-ministro de Timor-Leste, José Ramos-Horta.
O PNTL justificou o seu comunicado com a necessidade de esclarecer "dúvidas sobre o alcance dos poderes atribuídos" à equipa liderada por Sérgio Paulo Pinheiro.
"O mandato da comissão de inquérito limita-se à investigação dos factos e ao apuramento das circunstâncias de tempo, modo e lugar da sua ocorrência", refere.
"Está a investigar apenas factos, não a determinar a culpa ou a respons abilidade criminal de pessoas envolvidas na prática desses factos. Não tem competência para indiciar suspeitos da prática de crimes, mas apenas para reunir nomes, factos e provas", sublinha o Parlamento.
O PNTL lembra também que, em extremo, os indivíduos que sejam apontados pela comissão como responsáveis pelos actos de violência ocorridos em Timor-Leste que sejam levados a tribunal podem ser absolvidos, porquanto "a legítima defe sa é um caso típico de ausência de ilicitude".
A FRETILIN, partido com maioria parlamentar, exigiu hoje que a Comissão da ONU entregue cópia do relatório ao PNTL até quinta-feira, para "evitar suspeitas por parte da população de manipulação do documento", considerando "absoluta mente inaceitável" que a sua divulgação continue a ser "sistematicamente adiada" .
Para antecipar a resposta a uma eventual escalada de violência relacionada com a divulgação do relatório, o Hospital Nacional Guido Valadares, em Díli, e as Nações Unidas elaboraram planos de contingência, segundo disseram, terça-f eira, o director daquela unidade e o comandante da Polícia da ONU (UNPOL), comis sário Antero Lopes.
Nos passados dias 28 e 29 de Abril e entre 23 e 25 de Maio, a crise pol ítico-militar timorense foi marcada por confrontos armados entre facções da polí cia e das forças armadas, a que se associaram grupos de civis, armados pelas dua s partes beligerantes.
A 27 de Setembro, perante a Assembleia Geral da ONU, o ministro dos Neg ócios Estrangeiros timorense, José Luís Guterres, admitiu que cerca de 100 pesso as foram mortas desde o início da crise.
A violência então registada provocou ainda cerca de 180.000 deslocados internos e tem vindo a ser alimentada por confrontos entre bandos rivais, sobret udo em Díli, com efeitos na destruição de propriedade privada e do Estado.
Em resultado da crise, o antigo primeiro-ministro Mari Alkatiri pediu a demissão do cargo, tendo sido substituído por José Ramos-Horta.
EL-Lusa/Fim
Comentário:
Mais um título infeliz da LUSA. A Nota Informativa do Parlamento Nacional explica o funcionamento do sistema judicial de Timor-Leste e quais os procedimentos relativamente aos suspeitos identificados no relatório.
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quinta-feira, outubro 12, 2006
Por Malai Azul 2 à(s) 02:44
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Traduções
Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
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