sexta-feira, abril 06, 2007

Tumor em Timor-Leste?

Primeiro de Janeiro - 06 de Abril de 2007
Leonardo Júnior

Nós é que fazemos a história. E o resto é que são estórias. Na forma humilde de ser dos moçambicanos, ainda ninguém, do Índico, reclamou os louros de ter sido Moçambique um dos primeiros países que, não só condenou a agressão indonésia a Timor-Leste, como deu mostras de ser solidário, acolhendo jovens timorenses que, do exterior, iriam alimentar a longa luta contra a ocupação.

Para quem só despertou para o drama do povo timorense quando do Massacre de Díli e do Prémio Nobel atribuído a José Ramos-Horta e ao Bispo D. Ximenes Belo, o problema de Timor-Leste já se antevia em 1974. Os timorenses sabiam das intenções da Indonésia de invadir e anexar o território que ainda era, naquela altura, colónia portuguesa. E disso deram conhecimento ao mundo, em 1975, a começar por Portugal e os países africanos de língua portuguesa já independentes, como Angola e Moçambique.

Angola e Moçambique foram os primeiros países que se solidarizaram com Timor-Leste, dando como certas as suspeitas de que a Indonésia se estava a preparar para invadir e ocupar o território. E fê-lo, como se sabe, com a conivência da administração norte-americana e o silêncio cúmplice de muitos países. Angola e Moçambique, pelo contrário, acolheram parte dos resistentes timorenses. José Ramos-Horta e Mari Alkatiri são, hoje, os nomes mais conhecidos de centenas de jovens timorenses que encontraram refúgio em Moçambique, com todo o apoio para a luta que estavam determinados a travar para acabar com a ocupação indonésia. Outros tantos foram acolhidos em Angola.

Ironia das ironias, Angola e Moçambique experimentaram períodos conturbados pós-independência. O que não fez esquecer a solidariedade de que beneficiaram para conquistarem as respectivas independências. Vai daí, mantiveram-se firme na solidariedade dos povos oprimidos, como era o caso de Timor-Leste. E foi com essa retaguarda longínqua, de África, que Timor-Leste manteve acesa a chama da luta pela liberdade. O Nobel da Paz a Ramos-Horta e a D. Ximenes Belo, bem como o Massacre de Santa Cruz, cemitério de Díli, chegaram apenas a uma boa altura, quando o resto do mundo já pouco precisava da Indonésia de Suharto. Quando a Guerra-fria tinha dado lugar aos Direitos Humanos…

Agora, Timor-Leste parece sofrer de um tumor de que já sofreram alguns dos países africanos de língua portuguesa. Sina? – Esperemos que não. E que Timor-Leste encontre rapidamente o rumo para se consolidar como um país…

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Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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