sexta-feira, abril 06, 2007

O programa que Horta quer partilhar com Xanana

Expresso
06-04-07

As promessas de Ramos-Horta, assinadas por baixo por Xanana. Casas para todos, impostos para quase ninguém

O discurso nos comícios em Díli e nos distritos do interior foi tão exacto nos valores que, se se tratasse do programa de um candidato a Presidente da República em Portugal, choveriam leituras políticas sobre uma tentativa de mudança de regime.

Um presidente que quer exercer o seu mandato como um primeiro-ministro? Em Timor, no entanto, o programa que o ainda primeiro-ministro interino José Ramos-Horta pretende pôr em prática caso venha a ganhar as eleições presidenciais de dia 9 não pode ser visto como uma intenção para ser gerida apenas a partir do Palácio das Cinzas.

As ideias foram discutidas previamente com o presidente-cessante Xanana Gusmão.

Segundo o Expresso apurou em conversas tidas com ambos nos últimos dias, a estratégia dos dois velhos aliados é conseguir pô-las em prática em conjunto se o líder histórico da resistência timorense vencer as eleições legislativas do próximo Verão e se se assumir como novo primeiro-ministro, tal como espera.

Uma das medidas mais surpreendentes da dupla Horta-Xanana é o modelo de sistema fiscal, que significaria a isenção total de impostos a todos os que ganham menos de mil dólares por mês, o que inclui praticamente toda a população (nem um ministro ganha isso), sendo que quem recebe salários superiores passaria a pagar apenas 10%. Para as empresas, o sistema também deve ser aliviado, de acordo com o discurso do candidato, para que a prioridade seja facilitar as condições de criação de empresas e de atracção de investimento estrangeiro.

Petróleo salvador

A proposta está assente nas receitas vindas das concessões de petróleo e gás do Mar de Ti mor, que irão aumentar exponencialmente nos próximos anos (só no último ano, o orçamento geral de Estado duplicou para 300 milhões de dólares, permitindo ainda acumular 600 milhões de dólares de poupanças no famoso fundo de petróleo de inspiração norueguesa). É também com base no petróleo que o candidato diz que vai ajudar a pôr de pé um esquema de pensões mínimas que permita dar 40 dólares por mês aos 100 mil timorenses mais pobres (um décimo da população) e um plano nacional de habitação que ofereça casas "para pobres, funcionários público, agentes da Polícia Nacional de Timor-Leste e professores".

Ramos-Horta compromete-se ainda a atribuir cinco milhões de dólares em bolsas de estudo e outros tantos milhões para criar centros juvenis, além de reservar pelo menos dez milhões para a Igreja católica, à qual reconhece "um papel alargado na direcção espiritual e moral" do povo timorense.

O contraste é grande com o principal dos sete candidatos adversários às presidenciais. No discurso de apresentação, Francisco "Lu-Olo" Guterres, presidente da Fretilin, reforçava a ideia de que exercerá "estritamente as competências atribuídas pela constituição". A pensar também, no fundo, em dividir o poder com um primeiro-ministro aliado. Alkatiri, no seu caso.

NÚMERO 0 %

É quanto vão pagar de impostos os timorenses que ganham menos de mil dólares por mês (quase toda a gente) caso Ramos-Horta vença as eleições.

NOTA DE RODAPÉ:

Demagogia e populismo. O Expresso adorou...

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Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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