Díli, 05 Abr (Lusa) - Seis dos oito candidatos às presidenciais de segunda-feira em Timor-Leste participaram hoje num debate transmitido em directo pela televisão e rádio timorense, em que segundo José Ramos-Horta, Lúcia Lobato "foi a melhor".
"Gostei da intervenção de todos, em particular da candidata feminina", declarou o candidato José Ramos-Horta, o único participante que apontou um vencedor à Agência Lusa no final das três horas de debate.
"Creio que se saiu muito bem. Para mim, foi a melhor", adiantou Ramos-Horta.
No debate transmitido pela RTTL não participaram Francisco Guterres "Lu-Olo", candidato da Fretilin, e Francisco Xavier do Amaral, da Associação Social Democrata Timorense (ASDT).
"O nosso candidato 'Lu-Olo' tem um compromisso com os nossos militantes de Ataúro. Não significa que tentou escapar-se ao debate mas o seu programa com os seus apoiantes é para ser cumprido", justificou à Lusa o vice-secretário-geral da Fretilin, José Manuel Fernandes.
Quanto ao líder da ASDT, não tinha qualquer actividade de campanha anunciada para hoje e não foi dada nenhuma explicação oficial para a sua ausência.
"Lamento bastante a falta dos dois candidatos", referiu à Lusa, no final da transmissão, Lúcia Lobato, sublinhando a ausência de "Lu Olo", "um candidato que é importantíssimo o povo ouvir qual é a sua visão para o futuro do país".
"Ele é o presidente do parlamento e o presidente do partido que está a governar. Lamento, mas 'Lu-Olo' tem o direito de não aparecer", acrescentou Lúcia Lobato, a única mulher concorrente às presidenciais em Timor-Leste.
"Lamenta-se a ausência de dois candidatos, embora o Francisco Xavier do Amaral tenha sido provavelmente por razões de saúde", afirmou também o primeiro-ministro, José Ramos-Horta, agora candidato ao mais elevado cargo da nação.
Com os lugares um e três vazios, os candidatos foram alinhados num estrado pela ordem em que figuram do boletim de voto, da esquerda para a direita: Avelino Coelho, Manuel Tilman, Lúcia Lobato, José Ramos-Horta, João Carrascalão e Fernando "Lasama" de Araújo.
O debate decorreu no Salão Delta Nova, um espaço onde se realizam habitualmente banquetes de casamento, no bairro de Comoro, oeste de Díli.
A RTTL transmitiu em directo as cerca de três horas do debate, pela televisão para a capital e arredores e pela rádio para todo o país, incluindo o enclave de Oécussi, tendo a emissão sido repetida à noite.
O debate seguiu o modelo norte-americano, em que cada candidato fala alguns minutos, com tempo igual para todos, sobre uma série de tópicos previamente definidos.
Cada intervenção foi cronometrada e havia uma sineta que soava quando se atingia o limite do tempo.
Dos tópicos abordados faziam parte a identidade timorense e a língua nacional, a violência doméstica, a crise político-militar de 2006 e a estabilidade do país, Forças Armadas e política externa.
Fernando "Lasama" de Araújo considerou que "a política de divisão criou a crise".
Avelino Coelho referiu a "falta de sensibilidade e incapacidade do Governo e do parlamento" e a "discriminação e divisão" no seio das forças de segurança como origem da crise.
"O Estado não investiu nas forças de segurança nem no diálogo", disse o presidente do Partido Socialista Timorense, acrescentando que "o problema é com instituições de 25 anos de ocupação".
"É um crime não se ter preservado o seu papel como heróis", disse João Carrascalão a propósito dos veteranos da luta contra a ocupação indonésia que, na opinião do candidato da União Democrática Timorense, deviam ter sido recrutados para as forças armadas.
"Perdeu-se a sua dignidade", acrescentou Carrascalão, referindo, no entanto, que a única regra da era "não haver regras".
João Carrascalão criticou ainda a transformação do exército de guerrilha em exército regular e citou como exemplos negativos casos registados em ex-colónias portuguesas de África.
José Ramos-Horta defendeu-se das críticas sobre a política de segurança e defesa dos últimos anos referindo que só ocupa o cargo de chefe do Governo há dez meses.
"Não tive tempo para devolver o orgulho às Falintil-Forças de Defesa de Timor-Leste", afirmou.
Foi Lúcia Lobato quem, mais adiante no debate, defendeu "justiça para os peticionários", os quase 600 militares exonerados das F-FDTL em Março, dando origem à crise que estalou no mês seguinte.
Manuel Tilman declarou que, se for eleito Presidente, dará ordem de saída às Forças de Estabilização Internacionais em Timor-Leste.
"Não digo que isto foi um debate, mas uma apresentação ao público", considerou Fernando "Lasama" de Araújo no final das três horas de emissão.
"Correu muito bem e pudemos entender-nos uns aos outros num ambiente muito amigável", explicou o presidente do Partido Democrático. "Espero que isto vá dizer algo a este povo".
As intervenções confirmaram o pendor da campanha para a abordagem de temas que saem da competência constitucional do poder executivo, mas que todos os candidatos abordaram largamente nas suas propostas para a chefia do Estado.
O debate foi organizado pela Comissão Nacional de Eleições, o Gabinete para a Promoção da Igualdade, a Rede Feto (de organizações timorenses dedicadas à igualdade de género) e a Unifem.
PRM-Lusa/Fim
sexta-feira, abril 06, 2007
No Debate a seis, Lúcia Lobato "foi a melhor" - Ramos-Horta
Por Malai Azul 2 à(s) 06:54
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Traduções
Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
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Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
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