sexta-feira, abril 06, 2007

Candidatos criticam atraso nos cartões de fiscais

Timor Leste, 06 de Abr (Lusa) - Quatro candidatos presidenciais queixaram-se hoje em Díli de atrasos, por parte do Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE), na emissão dos cartões para os fiscais e observadores às eleições de 09 de Abril, que também consideram estar mal concebidos.

"Os cartões que foram emitidos podem ser utilizados por qualquer indivíduo. Não trazem a sua identificação, não trazem o local de residência do portador e não sabemos quem os poderá utilizar", disse o candidato presidencial João Carrascalão, numa conferência de imprensa conjunta que se realizou hoje, em Díli, e que contou ainda com as presenças dos candidatos, Fernando "Lassama" de Araújo, Francisco Xavier do Amaral e Lúcia Lobato.

A candidata apoiada pelo Partido Social-Democrata admitiu, quando questionada pelos jornalistas, pedir a "impugnação" das eleições, devido aos atrasos que, afirmou, podem impedir o envio dos cartões para o interior do país antes do dia 09 de Abril.

"Nós vamos utilizar os canais legais. Estamos a preparar documentos de protesto para a Comissão Nacional de Eleições, que é o órgão competente para resolver este assunto", disse Lúcia Lobato, que acrescentou que são precisas medidas urgentes para resolver a questão.

"Se o Governo falhar isto é um processo falhado e por isso vamos pedir ao tribunal para declarar que as eleições não são válidas e que devem realizar-se outras eleições", disse a candidata Lúcia Lobato.

"Pedimos ao STAE que corrija as anomalias que nós detectamos e pedimos às Nações Unidas que tomem providências no sentido de terem observadores e fiscais da ONU para impedir desvios ao processo normal", declarou João Carrascalão que adiantou que a situação vai ser transmitida à Comissão Nacional de Eleições e ao representante especial do secretário-geral das Nações Unidas em Timor Leste, Atul Khare.

Nas eleições presidenciais de 09 de Abril, cada um dos oito candidatos é representado em cada uma das 705 estações de voto, a nível nacional, por um fiscal e por um observador mas as credenciais que foram emitidas pelo STAE não especificam a que candidatura pertence o portador do cartão.

Os cartões exibidos na conferência de imprensa pelos quatro candidatos referem apenas o nome mas não contêm mais nenhum dado de identificação, nem a fotografia do fiscal ou observador.

"O portador deste cartão tem uma grande competência. Tem de verificar a votação e assinar as actas", disse a candidata Lúcia Lobato que se queixou de ter recebido "há apenas duas horas" (15:00 em Díli, 07:00 em Lisboa) os cartões que pertencem aos membros da sua candidatura que foram designados para desempenhar funções como fiscais e observadores junto das estações de voto.

Segundo a candidata, vai ser impossível enviar as creditações para os distritos do interior ou do enclave de Oecussi.

"Com as chuvas que se fazem sentir e devido ao mau estado das estradas de Timor-Leste vai ser muito difícil para nós enviar todos os cartões para todas as estações de voto do país. Não temos garantias de que vamos ter as pessoas devidamente credenciadas. Esperamos que possam resolver estas anomalias para podermos ter uma eleição justa", acrescentou também João Carrascalão, candidato apoiado pela União Democrática Timorense.

A candidata Lúcia Lobato disse ainda que os candidatos da oposição têm informações que indicam que foram distribuídos há três dias os cartões para os fiscais e observadores da FRETILIN, partido com maioria na Assembleia Nacional, e que apoia o candidato Francisco Guterres "Lu Olo".

"Eles (FRETILIN) já têm tudo preparado e já fizeram a distribuição em todo o país. Recebemos informações dos distritos que indicam que apenas os fiscais e observadores de "Lu Olo" receberam os cartões a tempo", disse Lúcia Lobato.

"Eles (FRETILIN) já têm os cartões distribuídos por todo o lado mas nos só os recebemos há duas horas", acrescentou João Carrascalão.

Filomeno Aleixo, porta-voz da FRETILIN, contactado pela agência Lusa, disse que a candidatura de Francisco Guterres "Lu Olo" só recebeu "um terço" dos cartões para fiscais e observadores.

"A situação está uma desordem formidável, só recebemos um terço dos cartões", afirmou.

Entretanto, Faustino Cardoso Gomes, membro da CNE disse à agência Lusa que as reclamações já foram recebidas e que foi pedida a intervenção das Nações Unidas para a distribuição das credenciais no interior do país.

"Nós já recebemos as reclamações acerca das credenciais e já apresentamos uma carta ao STAE. Demonstramos preocupação acerca do atraso porque isto pode prejudicar o processo. Verificaram-se atrasos, sobretudo, na entrega dos cartões aos fiscais da UDT, do PSD e da FRETILIN, a questão agora é o curto tempo para a distribuição das credenciais. Vamos pedir apoio às Nações Unidas para distribuir os cartões de helicóptero", disse Faustino Cardoso Gomes à agência Lusa.

O membro da CNE considera que as fotografias do portador deviam constar nas respectivas credenciais, tal como estava previsto pelo STAE.

"Desde início, o STAE disse que os cartões deviam ter fotografias, o pessoal entregou as fotos mas na realidade não estão nos cartões. Disseram que algumas fotografias desapareceram e foi por isso que decidiram não as colocar nas credenciais. O CNE considera uma má prática e vamos tentar verificar o que aconteceu", afirmou Faustino Cardoso Gomes.

O STAE é um organismo do Estado de apoio técnico às eleições.

Cada um dos oito candidatos conta com cerca de 1.000 fiscais e observadores distribuídos pelas 705 estações de voto que foram montadas em todo o país para as eleições presidenciais de 09 de Abril.

De acordo com João Carrascalão, os candidatos Avelino Coelho e José Ramos Horta concordam com o mesmo protesto mas não puderam estar presentes na conferência de imprensa por motivos ligados a assuntos de campanha, que oficialmente termina hoje à meia-noite (16:00 em Lisboa) e o candidato Manuel Tilman não foi contactado pelos quatro candidatos presentes na conferência de imprensa.
PSP-Lusa/fim

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Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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