quarta-feira, outubro 18, 2006

Gusmão acusado sobre a violência em Dili

Tradução da Margarida.

The Australian
Mark Dodd
Outubro 18, 2006

Um inquérito da ONU às causas da violência mortal em Timor-Leste este ano acusou o Presidente Xanana Gusmão de inflamar tensões que levaram o país à beira da guerra civil.

O há muito esperado relatório da ONU também recomendou que o antigo primeiro-ministro Mari Alkatiri enfrente uma investigação criminal sobre alegados crimes de armas.

Concluiu que o Dr Alkatiri sabia de alegações de distribuição ilegal de armas pelo seu ministro do interior mas falhou em usar a sua autoridade para actuar contra a transferência para milícia civil leal.

"O primeiro-ministro falhou em usar a sua autoridade firme para denunciar a transferência de armas para civis," concluiu o relatório.

"Não tomou mais medidas para responder à questão."

Também recomendou mais investigação para determinar se o Dr Alkatiri "tem algumas responsabilidade criminosa em relação a crimes de armas ".

O relatório, saído ontem, também implica directamente os antigos ministros do lnterior e da defesa e os comandantes da polícia e dos militares sobre a distribuição ilegal de armas e a armação de civis.

O relatório de 80 páginas à violência, que irrompeu em Abril e Maio, foi compilado pelo Alto-Comissário da ONU para os Direitos Humanos.

Acusou o Sr Gusmão de ter feito desnecessários e provocadores discursos públicos que inflamaram um já volátil ambiente político.

"A comissão considera que o Presidente devia ter mostrado maior contenção e respeito pelos canais institucionais, esgotando mecanismos disponíveis, tal como o Conselho Superior de Defesa e Segurança, antes de ter feito um discurso público á nação," diz o relatório.

"Similarmente, a comissão realça que ao intervir pessoalmente com o Major (Alfredo) Reinado, o Presidente não consultou nem co-operou com o comando das F-FDTL (forças armadas), aumentando por isso a tensão entre o Gabinete do Presidente e as F-FDTL."

O Major Reinado mantém-se ao largo depois de fugir da prisão de Becora em Dili com outros 56 presos em 30 de Agosto.

O relatório da ONU diz que muita da violência podia ser atribuída à fraqueza do domínio da lei no país.

"Ao mesmo tempo que reconhece que Timor-Leste é uma jovem democracia com instituições em desenvolvimento, é opinião da comissão que a crise que ocorreu em Timor-Leste pode ser explicada em grande medida pela fragilidade das instituições do Estado e pela fraqueza do domínio da lei," conclui o relatório.

A comissão diz que o governo de Alkatiri não seguiu procedimentos legislativos ao chamar as forças armadas para lidarem com o desassossego causado por desertores das forças armadas zangados por divisões étnicas no seio das forças de defesa.

Uma manifestação de protesto em Dili em 28 de Abril para apoiar os 600 soldados demitidos transformou-se numa multidão violenta que causou cinco mortos e mais de 20,000 deslocados. Violência étnica entre gangs confinada à capital Dili continuou e o número de mortes subiu a mais de 25 pela altura em que as forças lideradas pelos Australianos chegaram no fim de Maio para restaurar a lei e a ordem.

O relatório acusa o comandante das F-FDTL Brigadeiro-General Taur Matan Ruak por ter falhado em evitar um confronto entre soldados e policies que levou aos disparos fatais por soldados contra nove polícias desarmados em 25 de Maio. Concluiu que armas dos militares e polícias foram distribuídas ilegalmente a civis.

Alkatiri declinou comentar imediatamente, mas o Presidente Gusmão e o Primeiro-Ministro José Ramos Horta emitiram uma declaração apelando aos partidos "para não tirarem vantagem da substância do relatório ".

Apelaram a "maturidade e razão... com o firme objective de acalmar as animosidades das pessoas ".

Foi convocada uma reunião de emergência do gabinete para considerar as conclusões da comissão.

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Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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