Telegraph (UK) - 13/04/2007, 1:59pm BST
By Sebastien Berger in Dili
Take one youthful, small, impoverished and somewhat traumatised nation. Mix in an ongoing political crisis and international peacekeepers on the street.
Add an elections organisation carrying out its first nationwide poll. Simmer for two days after voting while the election commission spokesman, a priest, earns himself the nickname “the mad monk” for denying his own pronouncements almost as soon as they are made. Then release sets of numbers that do not add up.
This is the recipe for the semi-organised chaos that is East Timor’s presidential election, held last Sunday, which Fr Martinho Gusmao today said may have to be repeated in some areas.
It took 49 hours after the polls closed before Francisco “Lu-Olo” Guterres, candidate of the ruling Fretilin party, was announced as topping the vote, and contesting a run-off with Jose Ramos-Horta, the Nobel laureate and runner-up, next month.
“We have the surprise that Mr Lu-Olo came as the winner for the time being,” said Fr Martinho, who surprised observers before the vote by declaring his personal backing for another candidate, Fernando “Lasama” de Araujo, despite the election commission’s ostensible neutrality.
With Fretilin widely blamed for its leaders’ roles in the factional struggles dividing a once united resistance movement, Mr Ramos-Horta is expected to pick up much of the eliminated candidates’ vote in the second round. But the first round did not end there.
It appears 150,000 voters may have gone missing. Given their past, the people of East Timor are immensely proud of every opportunity they get to vote, and huge queues formed at polling stations across the country.
But while there were 522,933 names on the electoral roll, according to Fr Martinho only 357,766 valid votes were cast, 68.42 per cent of the total register. And he did not know how many invalid votes there were.
The statistic implies either an unusually high number of spoilt papers, an inexplicably low turnout, or a poorly constructed register with many multiple entries, none of which enhance the credibility of the election.
Arithmetic appears to be another issue. Five of the losing candidates are to appeal against the result in court, describing a litany of irregularities and pointing out that in some areas, including the capital Dili, the scores for each candidate did not match the total valid vote, and even Dr Ramos-Horta backed their call for a recount.
Fr Martinho admitted today that there was “inconsistency in the data”. “It is very, very difficult to resolve this situation,” he said. “The worst hypothesis would be a re-election in some areas.”
Observers who had praised the initial, peaceful vote have been openly scathing.
“What we see is incompetence, bad training, and tiredness,” said Luis Martinez Betanzos, deputy chief observer of the EU monitoring mission for the elections. “That’s making the numbers very messy.”
While the vote itself had been good, he rated the local counts as “bad” and the tabulation of results across the country as “very bad”.
“I have the results from my people, why do I have it and the election commission doesn’t?” he asked. “At the very least it has been inefficient, creating confusion for themesleves, the voters, the media, everybody.”
The errors should not affect the final result, he said, but he continued: “Election administration is about perception and announcement of the results is a very important step. If you don’t tell them the result, people get nervous... they think it’s a fraud... it’s corruption... it’s all sorts of things. This is a country of rumours.
“If you are confused imagine how the voters feel.”
It would have been optimistic to expect unqualified success.
East Timor’s tortured history, occupied by Indonesia for 24 years before bloodily wrenching itself free, has left it ranking high on the global bizarreness scale.
One of the capital’s better hotels, at least in terms of internet access, is a former militia headquarters where scores of people were tortured and killed.
Quality smoked salmon bagels are available in Dili a few hundred yards from the nearest refugee camp, opposite the compound of the United Nations — which has spent several billion pounds in the territory.
But nonetheless it did not bode well when, early on polling day, Fr Martinho lamented a shortage of writing implements. “The UN did not give us enough pens,” he said. “UNDP should provide hole punchers.”
During the almost interminable count one district had to suspend operations when a key official forgot the password to his computer. “It only allowed him two tries” before locking up, explained Fr Martinho, and a United Nations IT expert had to be sent in — by helicopter — before the tabulation could resume.
The election commission is still learning, he admitted. “We must understand that we are not well prepared for this election and things are a bit chaotic.” On that at least, he was absolutely correct.
segunda-feira, abril 16, 2007
Mad monks, ghost voters and pen shortages: elections, East Timor style
Por Malai Azul 2 à(s) 07:50
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Traduções
Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
1 comentário:
Tradução:
Frades malucos, eleitores fantasmas e falta de esferográficas: eleições à moda de Timor-Leste
Telegraph (UK) - 13/04/2007, 1:59pm BST
Por: Sebastien Berger em Dili
Peguem numa jovem, pequena, empobrecida e de certo modo traumatizada nação. Misturem uma crise política em curso e tropas estrangeiras na rua.
Acrescentem uma organização eleitoral a fazer as suas primeiras eleições nacionais. Deixem ferver em lume brando durante dois dias depois do porta-voz da comissão, um padre, ter ganho para si próprio o diminutivo de “frade maluco” por negar as suas próprias declarações quase logo depois de as fazer. Depois emitam conjuntos de números que não batem certo.
Esta é a receita para o caos semi-organizado que são as eleições presidenciais em Timor-Leste, realizadas na passada Segunda-feira, que o frade Martinho Gusmão hoje disse que talvez tenham de ser repetidas nalgumas áreas.
Demorou 49 horas depois da votação encerrar antes de Francisco “Lu-Olo” Guterres, candidato do partido no poder a Fretilin, ser anunciado como estando à frente, e concorrer a uma segunda volta com José Ramos-Horta, o laureado do Nobel, no próximo mês.
“Temos a surpresa de nesta altura o Sr Lu-Olo ser o vencedor,” disse o frade Martinho, que surpreendeu os observadores antes das eleições ao declarar o seu apoio pessoal a um outro candidato, Fernando “Lasama” de Araujo, apesar da ostensiva neutralidade da comissão de eleições.
Com a Fretilin extensamente culpada pelo papel dos seus líderes nas lutas faccionais que dividiram um outrora unido movimento de resistência, é esperado que o Sr Ramos-Horta apanhe muitos dos votos dos candidatos eliminados na segunda volta. Mas a primeira volta não acabou lá.
Parece que desapareceram 150,000 eleitores. Dado o seu passado, o povo de Timor-Leste é imensamente orgulhoso de cada oportunidade que têm para votar e enormes filas formaram-se nas estações eleitorais através do país.
Mas conquanto houvesse 522,933 nomes nos cadernos eleitorais, de acordo com o frade Martinho apenas houve 357,766 votos válidos, 68.42 por cento do total registado. E ele não sabia quantos votos iválidos houve.
A estatística implica ou um extraordinariamente alto número de boletins de voto estragados, uma participação eleitoral inexplicavelmente baixa, um recenseamento pobremente constituído com múltiplas entradas, e nada disto eleva a credibilidade das eleições.
A aritmética parece ser outra questão. Cinco dos candidatos perdedores vão recorrer ao tribunal contra o resultado, descrevendo um conjunto de irregularidades e apontando que nalgumas áreas, incluindo na capital Dili, os totais para cada candidato não batem certo com o número total de votos válidos, e mesmo o Dr Ramos-Horta apoiou o pedido deles para uma recontagem.
O frade Martinho admitiu hoje que havia “inconsistências nas informações”. “É muito, muito difícil resolver esta situação,” disse. “A pior hipótese seria uma nova eleição nalgumas áreas.”
Observadores que tinham elogiado as pacíficas eleições inicialmente têm estado a criticar abertamente.
“O que vemos é incompetência, mau treino e cansaço,” disse Luis Martinez Betanzos, vice-chefe dos observadores da missão de monitorização das eleições da UE. “Isso está a fazer os números muito confusos.”
Conquanto a eleição em si tenha corrido bem, classificou os escrutinadores locais como “maus” e a tabela dos resultados através do país como “muito má”.
“Tenho resultados da minha gente, porque é que os tenho e a comissão de eleições não os tem?” perguntou. “No mínimo têm sido ineficientes, a criar confusão para eles próprios, eleitores, media, para toda a gente.”
Os erros não afectarão o resultado final, disse, mas continuou: “A administração de eleições tem a ver com percepção e o anúncio dos resultados é um passo muito importante. Se não lhes dão os resultados, as pessoas ficam nervosas... pensam que é uma fraude... que é corrupção... todo o tipo de coisas. Este é um país de rumores.
“Se estão confusos imaginem como se sentem os eleitores.”
Teria sido optimismo esperar um sucesso inadequado.
A história torturada de Timor-Leste, ocupada pela Indonésia durante 24 anos antes de se ter libertado sangrentamente, isto deixou-o com alta classificação no topo da escala das bizarrias do mundo.
Um dos melhores hotéis da capital, pelo menos em termos de acesso à internet, é um antigo quartel-general das milícias onde bastante gente foi torturada e morta.
Roscas de salmão fumado de qualidade estão disponíveis em Dili a poucas centenas de pés do campo de deslocados mais próximo, em frente do complexo da ONU — que gastou vários biliões de libras no território.
Mas apesar de tudo isto não foi bom prenúncio quando no início do dia das eleições, o frade Martinho lamentava uma carência de equipamentos de escrita. “A ONU não nos deu esferográficas suficientes,” disse. “A UNDP devia ter-nos entregue furadores.”
Durante a contagem quase interminável um distrito teve de suspender as operações quando um oficial chave se esqueceu da senha do seu computador. “Apenas lhe permitiram dois tentativas” antes de o trancarem, explicou o frade Martinho, e um perito de TI da ONU teve de ser enviado — por helicóptero — antes da contagem poder recomeçar.
A comissão de eleições está ainda a aprender, admitiu. “Temos de perceber que não estamos bem preparados para estas eleições e que as coisas estão um tanto caóticas.” Nisso, pelo menos, tinha toda a razão,
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