Diário de Notícias – 14 de Abril de 2007
DN - Exigiu esta semana, em conjunto com Lúcia Lobato, Francisco Xavier do Amaral, Manuel Tilman e Avelino Coelho, o “congelamento imediato” do escrutínio eleitoral. Está convencido de que houve algum tipo de fraude nestas presidenciais ou apenas irregularidades?
Fernando Lasama - Ainda estamos a compilar muitas queixas e a verificar alguns resultados eleitorais para podermos recorrer para o Tribunal de Recurso [que funciona como Tribunal Constitucional em Timor-Leste]. Só em Díli, temos, por exemplo, vários dados que nos indicam terem existido 14 mil votos a mais do que aqueles que foram contabilizados oficialmente.
DN - Mas havia observadores nas mesas de voto e os candidatos têm os seus delegados a acompanharem o escrutínio...
Fernando Lasama - Pois têm e se isto aconteceu num sítio onde existiam muitos observadores internacionais e pessoas de todas as candidaturas a fiscalizar, imaginem só o que pode ter acontecido nas regiões mais remotas do país e nas regiões de interior.
DN - Tem dúvidas sobre se o candidato da Fretilin, Francisco Guterres (Lu-Olo), ganhou ou não esta primeira volta e se disputará a segunda com o primeiro-ministro Ramos-Horta?
Fernando Lasama - O que eu gostaria é que este país não viesse a ter como Presidente [da República] alguém que tivesse sido eleito com base em manipulações ou irregularidades...
DN - E houve?
Fernando Lasama - Se houvesse apenas um ou dois votos a mais ou a menos, diria que isso se devia a um erro humano. Mas quando verificamos que o erro chega a 50 ou mais votos, só podemos pensar que houve má intenção de alguém.
DN - De quem?
Fernando Lasama - Estas eleições foram organizadas pelo Governo, que é da Fretilin, e, em especial, pela ministra [da Administração Territorial] Ana Pessoa. É óbvio que eles quiseram beneficiar com isto tudo Lu-Olo, que era o candidato que eles apoiavam.
DN - Enquanto candidato, julga que foi prejudicado?
Fernando Lasama - Em circunstâncias normais, tenho a certeza de que passaria à segunda volta. Com Lu-Olo ou com Ramos-Horta. O que não aconteceu. Por isso, julgo neste momento é claro que houve uma conspiração entre a Fretilin, o Presidente da República e o candidato Ramos-Horta para me impedirem de passar à segunda volta...
DN - Porquê?
Fernando Lasama - Se calhar, porque tenho as minhas próprias ideias... E porque eles sabem que não iria obedecer às suas ordens e que também era capaz de não respeitar os compromissos que eles assumiram.
A minha eleição era uma ameaça para eles. Foi por isso que me prejudicaram.
DN - Mas há quem diga que Fernando Lassama acabou por ter mais apoios da Igreja Católica e até de muitos padres do que qualquer outro candidato, incluíndo José Ramos-Horta?
Fernando Lasama - Não tenho essas informações. E que eu saiba, também não foi isso que se passou. Pelo menos, eu nunca falei com nenhum padre durante a campanha eleitoral... Nem com nenhuma madre. E também não fui eu que apareci ao lado dos bispos em público, nem andei a distribuir cartazes com a fotografia de D. Carlos [Ximenes Belo, antigo bispo de Díli e co-Prémio Nobel da Paz de 1996]... Sem isso, Ramos-Horta, se calhar não ia à segunda volta.
DN - Espera que o seu recurso para o tribunal ainda o leve à segunda volta?
Fernando Lasama - Eu só espero que este recurso e que as recontagens que já exigimos permitam retirar todas as dúvidas deste processo, de forma que os timorenses possam eleger um Presidente que não esteja sob suspeita. Só isso.
segunda-feira, abril 16, 2007
“Conspiração impediu-me de passar à segunda volta”
Por Malai Azul 2 à(s) 08:11
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Traduções
Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
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Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
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