segunda-feira, abril 16, 2007

Eleições timorenses : CNE admite graves problemas

Jornal Noticias (Maputo) - Segunda-Feira, 16 de Abril de 2007
David Filipe, em Dili

A Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Timor-Leste admitiu, no fim-de-semana, haver "problemas graves" na contagem dos votos depositados nas urnas pelos eleitores nas presidenciais de há uma semana, e não descarta a possibilidade de requerer uma repetição parcial da votação ao Tribunal de Recurso.

Fonte do órgão disse a jornalistas, em Dili, que o "caso" relaciona-se com o facto de a soma dos votos até agora apurados nos vários candidatos não corresponder ao total dos votos validados. Em Dili, por exemplo, segundo a fonte, foram detectados problemas "muito sérios" em pelo menos 59 mesas votos das 113 que funcionaram na capital timorense.

Nos distritos de Aileu, Ainaro e Bobonaro há no total 95 mesas de votos com problemas e a fonte da CNE revelou ontem que o órgão analisa ainda o distrito de Baucau, onde o número de votos considerados nulos ou falsos é um "autêntico desastre". Neste distrito, o segundo mais populoso do país, eram esperados cerca de 60 mil votos, mas os números apurados até sábado indicavam terem ali votados cerca de 300 mil pessoas.

Em função destas irregularidades, a CNE admite requerer ao Tribunal de Recurso para decidir sobre uma possível repetição parcial da votação.

Um observador internacional disse, porém, ontem ao "Notícias" em Dili, que nos centros de apuramento por onde passou, o seu grupo não detectou nenhuma destas situações, mas confessou que, devido à complexidade que rodeia estas eleições, não estranha os problemas anunciados pela CNE.

"Nas mesas de escrutínio em que estive, aqui em Dili, não vi nenhuma situação como esta. As actas de apuramento foram conferidas e assinadas pelos fiscais de todos os candidatos, aparentemente sem problemas visíveis", referiu a fonte.

O secretário-geral da FRETILIN, partido que suporta a candidatura de Francisco Guterres-"Lu Olo", o líder da contagem desta eleição, com 29 porcento dos votos até agora expressos, considerou "absurdo" o pronunciamento e a intenção da CNE, porque "carecem de um argumento válido e credível".

A lei eleitoral timorense dá liberdade a que cidadãos votem aonde lhes convier, desde que estejam recenseados para isso. Significa isso que um eleitor registado no sul, pode ir votar no norte do país ou vice/versa, sem prejuízo do seu direito.

Na opinião de Mari Alkatiri, entrevistado ontem em Dili pelo "Notícias", é isso o que pode ter acontecido para justificar a presença de muitos eleitores, por exemplo, em Baucau, cerca de 100 quilómetros a sul da capital.

Alkatiri sustenta a sua opinião com o argumento de que nas vésperas da votação "houve muita intimidação e ameaças aos eleitores em Dili, o que terá forçado muitos cidadãos a preferirem exercer o seu direito cívico em localidades mais seguras, fora da capital do país".

Resultados Hoje

Mari Alkatiri critica também a intenção da CNE pelo facto de não haver no país cadernos de registo eleitoral que poderiam ajudar no controlo de eleitores. Esta ausência, segundo ele, pode facilitar que pessoas mal intencionadas de fora dessas localidades possam ali deslocar-se para votar de forma fraudulenta, "porque não se saberá provar se este cidadão é ou não é residente da área abrangida. Espero que o Tribunal de Recurso não se deixe cair nesta armadilha", comentou Mari Alkatiri.

Entretanto, o anúncio dos resultados da primeira volta das eleições, que deveria ter acontecido ontem, foi adiado para hoje. Fonte da autoridade eleitoral disse ontem ao "Notícias" que a CNE necessita de muito tempo do que o inicialmente previsto para apurar o resultado final nacional da primeira volta, uma vez que o processo "parece estar repleto de muitos erros e falhas".

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Traduções

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Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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