Agência Ecclesia - 03/10/2006 - 13:20
João Cravinho, Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, destaca a importância da Igreja para os projectos de cooperação e desenvolvimento
Agência ECCLESIA (AE) - Na comunidade dos países lusófonos existe caminho feito. Há uma união plena no seio deste grupo de países que falam a língua de Camões?
João Cravinho (JC) - Não diria uma união plena porque cada país vive a sua própria realidade e faz o seu próprio caminho. Noto, isso sim, um enorme espírito de fraternidade e isso é extremamente positivo. Qualquer português quando viaja pelo mundo e encontra um cidadão da Comunidade Lusófona imediatamente se dá conta que está junto de uma pessoa com proximidade cultural. É um sustentáculo muito importante para todas as acções de cooperação. Para além dos interesses imediatos de um projecto temos a unir-nos um conjunto de preocupações semelhantes.
AE - Então ainda existe muito caminho a percorrer?
JC - É um caminho natural e de aproximação que passa pela identificação e criação de sinergias para tirarmos proveito daquilo que cada um tem para oferecer. Enquanto representante do governo estou satisfeito com todo o progresso feito pelos países da CPLP e com muita expectativa em relação aos próximos anos. Realisticamente, olhando para os processos de implantação de organizações internacionais, acho que o trabalho feito pela CPLP tem sido muito importante.
AE - Portugal é o elo de ligação e um pilar dos países da Comunidade Lusófona?
JC - É um dos oito pilares fundamentais. Um aspecto primordial é o respeito por cada um. Portugal não é o sol em torno do qual giram alguns planetas. É um parceiro entre oito e o símbolo da CPLP expressa perfeitamente essa ideia da união dos diversos. Acho que a entrada de Timor-Leste serviu para consolidar cada vez mais a ideia que não importa se o país é grande ou pequeno. O que importa é o espírito de fraternidade, principal elo para o crescimento dos diversos países.
AE - É um dos oito parceiros mas elo de ligação com a União Europeia (UE)?
JC - Cada um leva para a mesa qualidades importantes. Na nossa presidência da UE (na segunda metade do próximo ano) vamos aproveitá-la para procurar reforçar os laços entre a CPLP e a União Europeia. É um dos nossos contributos.
AE - Isso já acontece com a comunidade francófona e dos países que falam a língua inglesa.
JC - São comunidades diferentes porque têm mais países. O facto de sermos um conjunto de oito países pode trazer grandes vantagens porque somos um grupo mais coeso.
AE - A Igreja tem também um papel unificador e de coesão?
JC - Em todos os países da CPLP, a Igreja tem um papel absolutamente fundamental. É uma âncora. As relações entre as igrejas dos diferentes países são de enorme fraternidade e de conhecimento mútuo. Nestes países, a Igreja Católica expressa o que a CPLP tem de melhor: espírito de fraternidade.
AE - A ida de leigos missionários para os países lusófonas simbolizam também este espírito de cooperação.
JC - Temos alguns projectos de cooperação para o desenvolvimento muito interessantes. Sem os leigos estes projectos não aconteceriam e a vida das populações estaria num patamar inferior. A cooperação portuguesa olha para o papel da Igreja como um aliado imprescindível. Sem as associações ligadas à Igreja estaríamos mais pobres e estariam mais pobres as populações que têm a felicidade de ter a atenção deles.
AE - Quais os grandes projectos de cooperação para o futuro?
JC - Temos um grande leque de projectos. Um dos objectivos que devemos ter é procurar aumentar o impacto reduzindo o número de projectos. Devemos concentrarmo-nos e apostar naquilo em que somos melhores, naquilo onde conseguimos ser uma mais valia em relação aos outros países. Tudo o que tenha a ver com a língua portuguesa, a matriz jurídica e da administração pública deverão ser apostas. As áreas da formação, da saúde e do direito são de excelência para a cooperação portuguesa.
AE - Não há o perigo da língua de Camões desaparecer nestes países lusófonos?
JC - Não creio, mas em cada país o desafio é diferente. A língua portuguesa assume uma centralidade fundamental.
AE - O caso de Timor-Leste é diferente?
JC - Há meia dúzia de anos tinha uma expressão reduzida mas, hoje, já faz o seu caminho.
AE - A Igreja teve um papel fulcral na difusão e manutenção da língua portuguesa?
JC - A Igreja, especialmente onde a língua era mais atacada como é o caso de Timor, foi um baluarte. Sem ela dificilmente a língua sobreviveria em Timor. Em relação aos outros países também, embora cada um destes tenha as suas próprias dinâmicas. O papel da Igreja na propagação da língua foi e é fundamental.
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quarta-feira, outubro 04, 2006
Comunidade lusófona, projecto com futuro
Por Malai Azul 2 à(s) 14:21
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Traduções
Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
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Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
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