ABC Radio- Tuesday, October 10, 2006. 18:38:00
Transcript PM Programme
Reporter: Mark Colvin
MARK COLVIN: East Timor's Prime Minister José Ramos-Horta is in Australia to give a lecture at the University of New South Wales Law Faculty this evening.
The Age newspaper at the weekend reported that a UN inquiry into the violence in East Timor this year was set to name up to 100 people, including senior political and security force figures.
Mr Ramos-Horta told me this afternoon that, whatever was in the inquiry's report, no copy of it had yet reached him.
JOSÉ RAMOS-HORTA: I have really no idea, I don't know whether one ... up to 100 people will be named or were directly involved in instigating the violence.
I would find that a bit strange that I as a Prime Minister of the country, have no access to this, supposed to be a confidential report and a newspaper seems to have privileged access.
MARK COLVIN: If it's right though, and it says that there are scathing findings that recommend some should face criminal charges, are you prepared to take it into the legal system in that way? Charge people?
JOSÉ RAMOS-HORTA: Well of course, a few days ago, the President, the Speaker of Parliament and myself, we made a joint appearance, and the President read a statement on our behalf, telling the nation that whatever the outcome of the report, the nation as a whole and the leaders as a whole must take it with serenity in a constructive manner.
Look at the report as if to our own. To understand our failings, accept our responsibilities.
So obviously if there are the report conclude that there has to be some treatment of proceeding well that is not a matter for the Government as such, but I believe the prosecutor, judiciary of the country, the court system, the UN would find ways to ensure that whoever is mentioned in the report haven't been involved direct or indirectly, and if there is any merit for further investigation, then it will have to be left to the court system, and not the Government.
MARK COLVIN: How is the court system though? I understand that the case against former Prime Minister Mari Alkatiri, and Rogerio Lobato has effectively gone into limbo because the international judges have left the country. Is that correct?
JOSÉ RAMOS-HORTA: No, it is not because of that actually. From my understanding, the prosecutor and others, they went also slow because they waiting for the report of the International Commission of Investigation, which can shed light to clarify some doubts or facts that they might not have.
So it is not because of lack of judges, or lack of will on the part of the court system. In any case, in any case my view is if the report produces enough credible evidence that warrant additional investigation by the prosecutor.
And if we feel the need to establish a special council, a special court to try the cases that arise from the violence end of April until end of May. Then we should have separate special council with international prosecutors, judges, so that we don't burden our already stretched court system. But this, I would leave it to our own courts to decide together with our nation whether we require a special council, a special court to try those cases.
MARK COLVIN: Meanwhile Alfredo Reinado, the rebel army officer who escaped from a Dili jail a couple months ago is still at large. How safe is your country at the moment?
JOSÉ RAMOS-HORTA: Well A, let me say the country is very peaceful at the moment. There are tens of thousands of people in the streets every day...
MARK COLVIN: There was another gang fight in which a young man was killed just yesterday.
JOSÉ RAMOS-HORTA: Yes, yes but you know, that is in no way destabilise the entire city or the country. The city that during the day is very bustling with thousands, thousands of people going on their lives. Hundreds and hundreds of shops open, all the services open. But we do have this ongoing rivalry between some of the youth.
But even with that compared with a few weeks ago, the situation is far more peaceful and stabilised than a few weeks ago.
Mr Reinado, Alfredo Reinado, has not caused any problem, he is stuck somewhere. And Australian army know exactly his whereabouts. Quite a few people have had contacts with him. He has indicated that he wants to face justice, and he wants to contribute towards dialogue and resolving the political tensions in East Timor.
There is a climate of dialogue taking place. There is a mood for dialogue that is now quite prevailing in Timor, everybody wants to talk, no one wants violence.
So I believe, I am hopeful that we can overcome this political crisis.
MARK COLVIN: One final question, and it's a personal one. You never wanted to be Prime Minister. How are you coming to terms with the pressures of the job?
JOSÉ RAMOS-HORTA: Well I try to do my very best to deliver a services to the poorest.
In only three months since I took office, there has been much more investment proposals coming in than in the entire year before.
I have approved some 20 investments so far to the tune of $700 million to create several thousand jobs in the next few months, the next year.
So I will do my best fill my deadline. My deadline is 20 May 2007. Then the country will have elected a new government, a new Parliament, and I go back to resume my irrelevant, my insignificant life.
MARK COLVIN: Little unnecessary humility there from José Ramos-Horta, the East Timorese Prime Minister.
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Tradução:
José Ramos-Horta visita a Austrália
ABC Radio- Terça-feira, Outubro 10, 2006. 18:38:00
Transcrição do Programa do PM
Reporter: Mark Colvin
MARK COLVIN: O Primeiro-Ministro de Timor-Leste José Ramos-Horta está na Austrália para fazer uma palestra na Faculdade de Direito da Universidade de New South Wales esta noite.
O jornal The Age no fim-de-semana relatou que um inquérito da ONU à violência em Timor-Leste este ano ia dar o nome de cerca de 100 pessoas, incluindo figuras de topo das forças políticas e de segurança.
O Sr Ramos-Horta disse-me esta tarde que, fosse o que fosse que estivesse no relatório do inquérito, nenhuma cópia lhe tinha ainda chegado às mãos.
JOSÉ RAMOS-HORTA: Não tenho realmente nenhuma ideia, não sei onde é que ... cerca de 100 pessoas serão nomeadas ou que estejam directamente envolvidas na investigação da violência.
Acharia um tanto estranho que como Primeiro-Ministro do país, não tenha acesso a isso, que é suposto ser um relatório confidencial e que um jornal pareça ter acesso privilegiado.
MARK COLVIN: Se então isso for certo, e diz-se que há descobertas danificadoras que recomenda que alguns deverão enfrentar acusações criminais, está preparado para as levar para o sistema legal desse modo? Acusar pessoas?
JOSÉ RAMOS-HORTA: Com certeza, há alguns dias, o Presidente, o Presidente do Parlamento e eu próprio, aparecemos juntos, e o Presidente leu uma declaração em nosso nome, dizendo à nação que fosse qual fosse o resultado do relatório, toda a nação e todos os líderes deviam encará-la com serenidade dum modo construtivo.
Ver o relatório como se fosse nosso. Compreender os nossos falhanços, aceitar as nossas responsabilidades.
Assim, obviamente se o relatório concluir que terá que haver algum tratamento de processos, bem, isso não é uma matéria do Governo como tal, mas acredito do procurador, do sistema judicial do país, do sistema dos tribunais, a ONU deve encontrar maneiras para garantir que seja quem for que o relatório mencionar que não tenha estado envolvido directa ou indirectamente, e se há qualquer mérito em mais investigação, então terá de ser deixado para o sistema dos tribunais, e não para o Governo.
MARK COLVIN: Como é que está o sistema dos tribunais? Parece-me que o caso contra o antigo Primeiro-Ministro Mari Alkatiri, e Rogério Lobato efectivamente foi para o limbo porque os juízes internacionais partiram do país. É assim?
JOSÉ RAMOS-HORTA: Não, não foi por causa disso, na verdade. Do que sei, o procurador e outros, abrandaram porque estão à espera do relatório da Comissão Internacional de Investigação, que pode deitar luz e clarificar algumas dúvidas factos que eles podiam não ter.
Assim não é por causa da falta de juízes, ou da falta de vontade da parte do sistema dos tribunais. Em qualquer caso, em qualquer caso a minha opinião é que se o relatório produzir suficiente evidência credível que justifique investigação adicional pelo procurador.
E se sentirmos a necessidade de estabelecer um comité especial, um tribunal especial para julgar os casos que aparecem da violência desde fim de Abril até fim de Maio. Então deveremos ter comités especiais separados com procuradores internacionais, juízes, para não carregarmos o nosso já carregado sistema do tribunal. Mas isto, deixarei para os nossos próprios tribunais para decidirem juntos com a nossa nação seja se se requer um tribunal especial, um tribunal especial para julgar estes casos.
MARK COLVIN: Entretanto Alfredo Reinado, o oficial das forças armadas amotinado que fugiu duma prisão de Dili há um par de meses continua ao largo. Quão seguro está neste momento o seu país?
JOSÉ RAMOS-HORTA: Bem A, deixe-me dizer-lhe o pais está muito pacífico no momento. Há dezenas de milhares de pessoas nas ruas todos os dias...
MARK COLVIN: Houve uma outra luta de gangs na qual foi morto um jovem somente ontem.
JOSÉ RAMOS-HORTA: Sim, sim mas sabe, isso de modo algum desestabilizou toda a cidade ou o país. A cidade durante o dia está muito, muito agitada com milhares, milhares de pessoas a irem às suas vidas. Centenas e centenas de lojas estão abertas, todos os serviços estão abertos. Mas temos esta rivalidade em curso entre alguns dos jovens.
Mas mesmo com isso comparado com algumas semanas atrás, a situação está muito mais pacífica e estabilizada do que há algumas semanas atrás.
O Sr Reinado, Alfredo Reinado, não causou nenhum problema, está preso algures. E as forças armadas Australianas sabem exactamente onde se encontra. Bastantes pessoas tiveram contactos com ele. Ele indicou que quer enfrentar a justiça, e quer contribuir para o diálogo e para resolver a tensão política em Timor-Leste.
Está a criar-se um clima de diálogo. Há um clima para o diálogo que está a prevalecer bastante em Timor, toda a gente quer falar, ninguém quer a violência.
Portanto acredito, tenho esperança que ultrapassaremos esta crise política.
MARK COLVIN: Uma questão final, e é uma pessoal. Nunca quis ser Primeiro-Ministro. Como é que aguenta a pressão do cargo?
JOSÉ RAMOS-HORTA: Bem tento dar o meu melhor para prestar um serviço aos mais pobres.
Em somente três meses desde que ocupo o lugar, tem havido muitas mais propostas de investimento do que durante o inteiro ano anterior.
Aprovei até agora cerca de 20 investimentos de cerca de $700 milhões para criar vários milhares de empregos nos próximos meses, no próximo ano.
Assim farei o melhor para preencher a minha data limite. A minha data limite é 20 de Maio de 2007. Então o país terá eleito um novo governo, um novo Parlamento, e eu regressarei à minha vida irrelevante e insignificante.
MARK COLVIN: Uma pequena desnecessária humildade aqui de José Ramos-Horta, o Primeiro-Ministro Timorense.
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Ramos Horta, como é habitual, dá uma no cravo e outra na ferradura.
Depois de afirmar que "if there is any merit for further investigation it will have to be left to the court system, and not the Government", aparentemente respeitando a soberania judicial, mais à frente já diz que "Then we should have separate special council with international prosecutors, judges, so that we don't burden our already stretched court system".
Coitadinho do sistema judicial... ficou sobrecarregado com Rogério Lobato e Alkatiri, não aguenta com mais ninguém. Apesar de Xanana ter dito há dias que estava pronto a enfrentar um tribunal, Ramos Horta entende que quaisquer outros que venham a ser considerados responsáveis pelo relatório, que não RL ou MA devem ter o privilégio de ser "julgados" por um "conselho especial" de procuradores e juízes "internacionais" (australianos?), para não sobrecarregar ainda mais o sistema judicial, que pelos vistos só dá para julgar duas pessoas de cada vez.
Mas a ânsia de RH aliviar os tribunais de tal peso vai ao ponto de tentar substituí-los: "Alfredo Reinado, has not caused any problem". Assim mesmo: o "juíz" Ramos Horta já decidiu.
Só assim se explica a espantosa passividade da tropa australiana, apesar de, como ele diz, "[the] Australian army know exactly his whereabouts".
Ou RH demonstra uma estonteante ingenuidade ou então tem ideias com um cheirinho a Ilhas Salomão...
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