segunda-feira, novembro 20, 2006

Indignação dos timorenses vai ajudar a acabar com violência - PM

Díli, 20 Nov (Lusa) - A indignação dos timorenses vai ajudar a acabar com a actual onda de violência em Díli, disse hoje à Lusa o primeiro-ministro de Timor-Leste, José Ramos-Horta, ao reagir à morte de duas pessoas na capital do país.

"Temos confiança que a indignação da nossa própria gente, a indignação dos timorenses, vai ajudar a pôr termo a esta onda de violência", afirmou José Ramos-Horta.

O pastor evangélico brasileiro Edgar Gonçalves Brito e o timorense José Barros, membro da Comissão de Reconciliação Comunitária, morreram nas últimas 24 horas em Díli, em incidentes separados, em consequência de actos de violência perpetrados por grupos rivais de jovens, retomando os confrontos com vítimas mortais.

Ramos-Horta reconheceu ainda que a morte do cidadão brasileiro, a primeira de um cidadão estrangeiro desde o início da crise em Timor-Leste, em Abril, "terá efeitos na mente das pessoas", embora sublinhe que não se tratou de uma "acção premeditada contra cidadãos estrangeiros".

O primeiro-ministro, que hoje à tarde (hora local) visitou a irmã de Edgar Gonçalves Brito para lhe apresentar pessoalmente as suas condolências, manifestou-se convicto que as investigações sobre a morte do cidadão brasileiro poderão ser concluídas rapidamente.

"Ainda não tenho o relatório da polícia, mas já fui informado que [as Nações Unidas] estão já a duplicar a segurança, a 100 por cento nalguns locais e mais de 50 por cento noutros, e que estão a fazer uma busca intensa para a captura dos responsáveis. Tenho confiança que os assassinos serão capturados", afirmou.

A colaboração e, sobretudo, a indignação dos timorenses poderá ser a ch ave do sucesso, "tornando muito mais fácil a captura desses elementos", disse.

Relativamente à segunda morte registada, fonte da polícia das Nações Unidas (UNPOL) disse à Lusa que a vítima foi retirada domingo à noite da sua residência, no bairro de Aimutin, e encontrada hoje, de manhã, na zona do mercado de Comoro.

Trata-se de José Barros, cidadão timorense que integrava, em representação do bairro de Aimutin, a Comissão de Reconciliação Comunitária, liderada por Maria Domingas Alves "Micató", disse a presidente deste órgão à Lusa.

A Comissão de Reconciliação Comunitária foi uma estrutura criada pela Presidência da República, em parceria com o Programa "Simu Malu" (expressão em tétum que em português se pode traduzir por "Mútuo Acolhimento"), coordenado pelo Ministério do Trabalho e Reinserção Comunitária, que levou a cabo encontros de reconciliação a nível de base, nas aldeias timorenses e bairros de Díli.

Esta mesma comissão esteve envolvida nas manifestações em prol da paz que ao longo da semana passada percorreram os bairros de Díli, apelando para a reconciliação nacional.

Mais de 50 pessoas foram mortas em Timor-Leste desde o início da crise político-militar, em Abril, que provocou ainda cerca de 180 mil deslocados.

EL-Lusa/Fim

.

Nota:

Alguém anda a mentir-lhe, Senhor Primeiro-Ministro. A cidade está deserta e não se vê uma patrulha da UNPOL ou dos militares australianos.

.

2 comentários:

Anónimo disse...

Transcrição por não estar on-line:

“Xanana quer chefiar a sociedade civil”

Convicção: Alkatiri acredita que Xanana não vai tentar ser reeleito para a Presidência e que não criará nenhum partido

Diário de Notícias, 18 de Novembro de 2006
Por: Armando Rafael

O ex-primeiro-ministro timorense Mari Alkatiri não acredita que Xanana Gusmão se recandidate às presidenciais do próximo ano. “Julgo que ele vai tentar recuperar o prestígio que perdeu nestes anos. Especialmente nos últimos meses.”

“Xanana”, explica Alkatiri ao DN, “passa a vida a dizer que gostaria de chefiar a sociedade civil e creio que é isso que sucederá. Mesmo que ninguém saiba bem o que isso é, e que a mim me pareça uma mistura de gaullismo com bonapartismo.”

E se o líder da Fretilin estiver enganado e Xanana optar por se recandidatar, repetindo o percurso contraditório que antecedeu a sua decisão nas presidenciais de 2002?

“Nesse caso, Xanana não seria reeleito com 80% dos votos. Isso, de certeza absoluta. Se houvesse mais candidatos até era possível que não conseguisse ser reeleito. E se o conseguisse seria sempre por uma diferença muito pequena”.

Convicções alicerçadas num conhecimento antigo, que remonta à adolescência dos principais protagonistas da crise que se vive em Timor-Leste e que colocou Xanana e Alkatiri em lados opostos.

Sobretudo, a partir do momento em que quase 600 militares foram expulsos das Falantil.Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL) por terem abandonado os respectivos quartéis, na sequência de uma petição enviada ao Presidente, denunciando alegadas discriminações.

“Foi nessa altura, que Xanana percebeu que já não tinha influência nas F-FDTL, nem no brigadeiro-general Taur Matan Ruak, que o Presidente sempre receou que pudesse ser seu adversário numas eleições”.

Num tom visivelmente descontraído, Alkatiri, que irá a Moçambique, antes de regressar a Timor-Leste, admite, no entanto, que parte destes cenários poderão ser influenciados pelo calendário que vier a ser adoptado. Nomeadamente no que respeita à possibilidade das presidenciais se realizarem antes das legislativas, como Xanana já revelou.

“O Presidente não devia ter dito isso. Até porque a lei (eleitoral) ainda não foi aprovada e, em princípio, será ela que irá definir qual é a ordem das eleições.”

Seja como for, há um dado que, neste momento, parece estar mais que garantido: se Xanana Gusmão decidir avançar com a sua recandidatura, dificilmente voltará a contar com o apoio do maior partido timorense. Pelo menos, a avaliar pelo que diz Mari Alkatiri: “Até Março, era o meu candidato. Disse-o várias vezes. Mas, agora, creio que o seu nome não passaria no partido.”


Quem será, então, o candidato da Fretilin? “Ainda não é altura para isso”, responde Mari Alkatiri com um sorriso. “Mas eu não serei. Não fui talhado para isso.”

Instado a pronunciar-se sobre os rumores que correm com insistência em Díli e que apontam para a hipótese do Presidente vir criar um novo partido político, Alkatiri não disfarça a sua reacção: “Isso seria o fim de Xanana. Se criasse um partido, enquanto Presidente, denunciaria tudo. É verdade que há várias pessoas a pressioná-lo. Mas se isso se concretizasse, esse novo partido assentaria mais no PSD (de Mário Carrascalão) e no PD (liderado por Fernando Lassama Araújo) do que na Fretilin. É, por isso, que nós não tememos esse partido.”

Anónimo disse...

Os policias preferem estar a parar carros para verificar se sao mesmo os condutores ou nao e a ver se estiveram a beber ou nao, e nada mais lhes interessa patrulhar as zonas menos comfortaveis e mais pergosas. Andar de carro nao da. E preferivel andar de pe a patrulhar com uma presenca visivel. Infelismente so a GNR e que patrulha as areas perigosas e os outros fogem dai para outras areas. Notam que deve ser as mesmas pessoas a fazer estes problemas. As vezes no jardim em frente do hotel timor, as vezes a atacar o campo em frente ao aeroporto, as vezes em Comoro, as vezes no hospital nacional mas nunca no mesmo lado ao mesmo tempo. Claramente sao os mesmos a fazerem os problemas. Acordem UNPOL por favor.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
This is my blogchalk: Timor, Timor-Leste, East Timor, Dili, Portuguese, English, Malai Azul, politica, situação, Xanana, Ramos-Horta, Alkatiri, Conflito, Crise, ISF, GNR, UNPOL, UNMIT, ONU, UN.