segunda-feira, novembro 20, 2006

De uma leitora

Sou brasileira, e estive em Timor-Leste durante dois anos trabalhando. Trabalhei com afinco e estive presente, como muitos brasileiros, quando dos acontecimentos de Abril e Maio deste ano, quando vi nosso trabalho - de malaes e timorenses - serem arrastados ao chão. Mas, mesmo com dor, medo e lágrimas, seguimos em frente... não poderia ser diferente, nessa terra do sol nascente, porque diferente não e o exemplo desse povo timorense.

Quando, mesmo contra minha vontade, tive que voltar ao Brasil, senti-me "abandonando o barco" em plena tempestade que assolava esse país, roubando o riso e a esperança desse povo já tão sofrido.

Mas essa é a história deles que eu respeito, compreendo e aceito que escrevam com suas próprias mãos.

A nos, malaes, so nos e permitido o papel de co-participantes na medida em que somos chamados a colaborar. Não nos cumpre transformar ou mudar o curso e a direcção. Mas eu me pergunto, temos feito a nossa parte??

Quantos timorenses já morreram até agora? E quantos mais serão necessários morrer para que possamos entender a mensagem?

Desta vez foi um brasileiro... brasileiros são povos irmãos dos timorenses, amados por eles, desde o braço armado que ai estiveram ensinando capoeira, samba e futebol, aos professores que ensinaram português com música e que ainda insistem em ensinar em plena crise, quando todos ja se foram ate aos missionários que de tanta humildade, sem o limite da língua (falam tetum e ate outros dialectos) já não são malaes, e sim verdadeiros timorenses.

Por isso, e provável que hoje sintam em Timor que morreu um quase-timorense e não realmente um internacional...

E eu me pergunto, numa escala de importância, as autoridades internacionais agiriam diferente se, ao invés de um brasileiro tivesse morrido um australiano ou um americano em Timor-Leste?
Quantos mais precisaram morrer para que se de um BASTA a essa situação??

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Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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