Díli, 13 Set (Lusa) - O primeiro-ministro timorense, José Ramos Horta ameaçou hoje que se demitiria do cargo, para que foi empossado no passado dia 10 de Julho, caso persista a instabilidade no país.
"Não estou agarrado à cadeira do poder. Eu não procurei o lugar de primeiro-ministro. Aceitei-o perante as responsabilidades que o Presidente (Xanana Gusmão) me pediu para assumir, mas assim como aceitei, tão prontamente poderei abandonar o posto de um momento para o outro", garantiu Ramos Horta à Lusa.
"Aqueles que fazem politiquices caseiras, sem pensar em consequências, têm depois que assumir as responsabilidades dos seus actos. Aponto o dedo a todos aqueles que em vez de contribuírem para estabilizar, continuam a desestabilizar as instituições do Estado", acrescentou.
O primeiro-ministro timorense falava à Lusa no final da cerimónia realizada hoje defronte do Palácio do Governo, em Díli, que assinalou a passagem de poder da polícia internacional para as forças policias enquadradas pelas Nações Unidas, em que se integram os 127 efectivos da GNR estacionados no país.
Instado a revelar se os cerca de dois meses que leva de chefia do governo o deixam desanimado ou desapontado, Ramos Horta preferiu responder que as suas declarações constituem uma "salva de aviso" e escusou-se a identificar para já os que fomentam a instabilidade.
"É uma salva de aviso. Eu não hesitarei em resignar caso veja que há manobras, de seja quem for, para continuar a desestabilizar o país", disse.
"Ainda é cedo. Há-de chegar a altura em que denunciarei um por um, e o povo fará o seu juízo em relação às pessoas que neste país continuam a querer desestabilizar", adiantou.
José Ramos Horta substituiu Mari Alkatiri em plena crise político-militar, alimentada pelas manifestações anti-governamentais convocadas pela Frente Nacional para a Justiça e Paz (FNJP), coordenada por Alves Tara, um major que em Maio abandonou a cadeia de comando das forças armadas timorenses.
A FNJP realizou terça-feira em Gleno, 50 quilómetros a sul de Díli, um encontro preparatório para novas manifestações tendentes a pressionar o Presidente Xanana Gusmão a demitir o governo e a dissolver o parlamento, caso o executivo e os deputados não assegurem reformas no sector da Justiça e não aprovem as leis que regulamentarão as eleições legislativas e presidenciais, previstas para Abril ou Maio de 2007.
A seguir à reunião promovida pela FNJP, celebrou-se uma missa pelas almas dos heróis da libertação do país e em defesa do major Alfredo Reinado, outro oficial que também em Maio abandonou a cadeia de comando das forças armadas.
Alfredo Reinado, juntamente com mais 56 reclusos, fugiu da cadeia de Bécora, em Díli, em 30 de Agosto, onde estava detido por posse legal de armas.
A missa foi celebrada pelo padre Domingos Soares "Maubere", uma figura histórica da resistência à ocupação indonésia de 24 anos de Timor-Leste, que na homília instou os timorenses, enquanto cristãos, a envolverem-se directamente na política.
Em declarações à Lusa antes da cerimónia religiosa, o padre Domingos Soares "Maubere" disse ser necessário que "a nação possa ter a alegria de viver na justiça para poder conseguir a sua reconciliação e depois a paz que anseia. O povo viveu 24 anos ocupado e depois da independência sentiu uma certa opressão, uma falta de liberdade, sobretudo por causa da falta de justiça".
"Entretanto, apareceram algumas pessoas que querem tomar a posição do povo, procurando a Justiça, e de entre essas pessoas sobressaiu o major Alfredo Reinado. O povo considera-o como herói e tem muita consideração por ele", acrescentou.
O major Alfredo Reinado foi um dos principais intervenientes na crise político-militar que levou as autoridades de Timor-Leste a pedir ajuda externa para tentar ultrapassar a situação de instabilidade e violência no país, de que resultou a demissão do antigo primeiro-ministro Mari Alkatiri.
Alfredo Reinado fugiu da prisão de Becora, em Díli, no passado dia 30 de Agosto, acompanhado de mais 56 reclusos, incluindo 16 ex- membros das forças armadas timorenses e cinco condenados por homicídio.
Alfredo Reinado e cerca de 20 dos seus homens estavam detidos desde 25 de Julho, por posse de material de guerra encontrado numa operação de rotina da GNR em três casas em Díli, uma delas, segundo o major, atribuída pelo presidente Xanana Gusmão.
A sua detenção, por militares australianos, foi feita ao abrigo do protocolo bilateral entre Timor-Leste e a Austrália, no âmbito das medidas de emergência que estavam em vigor no país desde 30 de Maio, decretadas por Xanana Gusmão.
Entretanto, José Ramos Horta deixa hoje Timor-Leste em direcção aos Estados Unidos, para participar num encontro alargado com outros galardoados com o Nobel da Paz, regressando a Díli no dia 19.
EL.
Lusa/Fim
(agradecemos ao leitor que nos envia as notícias completas da LUSA)
quarta-feira, setembro 13, 2006
PM Ramos Horta ameaça com demissão se persistir a instabilidade
Por Malai Azul 2 à(s) 20:20
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Traduções
Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
7 comentários:
Atenção. É preciso saber se a transcrição não autorizada de uma notícia comercial, viola alguma legislação. Seja como for, acho que a Lusa só tem a perder, porque haverá sempre quem consiga a informação e a publique no espaço virtual e quem não o fizer, volta-se para outras fontes. A ganância e a falta de visão sobre um serviço que serve tantos povos de língua portuguesa é justamente o inverso do que fazem os anglo saxonicos e os franceses. Por isso têm resultados bem mais visíveis.
Sobre o post.
É visível que RH começa a distanciar-se de Xanana e das suas inciativas de apoio à pltaforma do PD.
Para quem tanto criticou RH como um vendido aos australianos, seria bom começarem a abrir os olhos.
Até pode RH coincidir com Xanana na visão de que a FRETILIN precisa de se reformar e deixar de pretender ser a única força política e organizacional em Timor.
Mas claramente, diferem no método para atingir tal desiderato.
RH prefere que a mudança se faça por dentro. Que seja a própria liderança da FRETILIN a perceber que no tempo actual já não há lugar para, em democracia e liberdade, um partido ter visões absolutistas e nepotistas do poder.
O caciquismo, não é um exclusivo das direitas. Nunca o foi.
Além disso, se RH tem aspirações a um lugar de destaque fora de Timor, não pode, obviamente, alinhar em manobras que violem as mais elementares regras democráticas e da liberdade.
Em conclusão, parece que começa a ver-se a separação das águas.
Para quem de facto a única coisa que fez foi "alinhar em manobras que" violaram "as mais elementares regras democráticas e da liberdade" já para não falar das mais básicas regras de lealdade institucional, tem muita piada este inconsequente panegírico ao fala-barato do RH... deste anónimo lambe-botas!
"Ainda é cedo. Há-de chegar a altura em que denunciarei um por um, e o povo fará o seu juízo em relação às pessoas que neste país continuam a querer desestabilizar"
Não, não. Ao contrário do que possa parecer, esta frase não foi dita por Alkatiri, mas por Ramos Horta.
Parece-me que ele é que começa a abrir os olhos...
HORTA PARA A HORTA E JA, ISTO E, VA CAVAR BATATAS.
Prepare-se para a segunda transicao. De facto que nao somos capaz ainda.
""Ainda é cedo. Há-de chegar a altura em que denunciarei um por um, e o povo fará o seu juízo em relação às pessoas que neste país continuam a querer desestabilizar"
Não, não. Ao contrário do que possa parecer, esta frase não foi dita por Alkatiri, mas por Ramos Horta.
Parece-me que ele é que começa a abrir os olhos..."
E por acaso voces sabem a quem eh que o Horta se esta a referir. Pode tambem muito bem ser o proprio Mari que de certeza tenta minar os esforcos do Horta em suceder e tornar-se mais popular ainda. Se o Mari esta a contemplar voltar ao ser PM nao ficava nada bem se o Ramos Horta fosse bem sucedido na areas que o Alkatiri fracassou. Isso so elevaria o Ramos Horta e poria em causa o "comeback" do Mari.
A Margarida continua com a cegueira sectária. Desde que o partido dela mandou os filiados apoiar a FRETILIN, não consegue ver mais nada à frente do nariz.
Mas também, o que se espera de um filiado num partido que apoia o terrorismo, a extorsão e o sequestro como forma legítima de luta? FARC. Ring a bell?
Tão ladrão é o que entra em casa como o que fica à porta.
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