terça-feira, setembro 19, 2006

Manifestação contra governo adiada "sine die" - Major Alves Tara

Díli, 19 Set (Lusa) - A Frente Nacional para a Justiça e Paz (FNJP) de Timor-Leste anunciou hoje o adiamento por tempo indeterminado de manifestações c ontra o governo para aguardar respostas às suas reivindicações, que incluem a ex igência de uma remodelação governamental.

"O primeiro passo é encontrar condições de diálogo [com o governo] e só se não houver resposta positiva às nossas exigências é que tencionamos entregar a decisão ao povo, que decidirá então da realização da manifestação", disse à Lusa o coordenador da FNJP, major Alves Tara, após uma reunião com o segundo vice-primeiro-ministro timorense, Rui Araújo.

A 12 de Setembro, a FNJP tinha dado um prazo de uma semana ao governo l iderado por José Ramos-Horta para que fossem dadas respostas a reivindicações que vão desde uma remodelação governamental até reformas no sector da Justiça.

Findo esse prazo, a FNJP ameaçara promover manifestações em Díli contra o governo, que se esperavam a partir de quarta-feira.

A decisão de adiar as manifestações foi anunciada após um encontro, hoje à tarde (hora local) em Díli, entre uma delegação de oito dirigentes da FNJP, liderada por Alves Tara, e Rui Araújo.

Em declarações à Lusa, Rui Araújo disse ter-se tratado de um encontro preliminar, "preparatório de contactos futuros com o governo, possivelmente ainda esta semana".

Alves Tara, por seu lado, revelou que na próxima sexta-feira, em Díli, se deverá realizar um encontro mais formal, desta vez com o primeiro-ministro.

Em cima da mesa, a FNJP colocou várias reivindicações, que assentam na exigência de uma remodelação e reestruturação do actual governo, na necessidade de se reformar o sistema judicial timorense e na limitação da actividade do Parlamento à discussão e votação de legislação eleitoral.

A FNJP exige também a revitalização das forças armadas e da Polícia Nacional de Timor-Leste, tendo em conta a presença no país de forças militares e po liciais internacionais.

Segundo Rui Araújo, a decisão de adiar a manifestação "já estava tomada antes do encontro preliminar de hoje", e relativamente às reivindicações da FNJ P, salientou que algumas delas "não são da exclusiva competência do governo".

Quanto ao encontro de hoje, Rui Araújo frisou que o mesmo "se enquadra na vontade aberta do governo em dialogar com todos os cidadãos".

A Frente Nacional para a Justiça e Paz patrocinou as manifestações em D íli, em Junho passado, que contribuíram para derrubar o então primeiro-ministro Mari Alkatiri, substituído por José Ramos-Horta na chefia do governo.

O major Alves Tara foi um dos oficiais das forças armadas timorenses qu e abandonaram a cadeia de comando em Maio, na sequência da crise político-instit ucional iniciada em Abril.

A eventualidade da realização de novas manifestações levou diversas ent idades a adoptarem mecanismos de segurança, tendo o governo australiano alertado no passado fim-de-semana os seus cidadãos para a necessidade de se precaverem quando a possíveis distúrbios em Díli.

Também a vizinha Indonésia adoptou medidas adicionais de manutenção da segurança das suas fronteiras, tendo a agência noticiosa Antara reportado segunda-feira que iria reforçar o patrulhamento.

Segundo o contra-almirante Sunarto Sjoekronoputra, porta-voz do quartel-general das forças armadas indonésias (TNI), as patrulhas de rotina seriam reforçadas em todos os pontos de acesso.

Na sequência de rumores sobre a eventual realização da manifestação, verificou-se nos últimos dias um inusitado movimento de pessoas e viaturas a saírem de Díli, mas a actividade comercial não deu sinais de intranquilidade, com as lojas e mercados a continuarem a funcionar normalmente.

Também os habituais incidentes opondo grupos rivais, sobretudo junto a campos onde vivem milhares de deslocados, cessaram nos últimos dias.

Desde a passada sexta-feira, apenas uma vez, no domingo, os efectivos d a GNR estacionados em Timor-Leste foram chamados a intervir para repor a ordem pública.

"Há muito tempo que não tínhamos um período tão calmo", acrescentou uma fonte militar da GNR contactada pela Lusa.

EL-Lusa/Fim

11 comentários:

Anónimo disse...

Ora até que enfim uma decisão sensata!
O tempo tem de ser de construção não mais de destruição. é bom que os cidadãos se organizem e façam exigências de acção ao Governo. é bom para o país e é bom para o Governo que não se pode esquecer que o seu mandato é para servir o povo com obra feita.
Mas sempre em paz. Em paz. A política faz-se em paz. Sem violência. No respeito pela constituição e pela lei. Em ordem.
Todos são timorenses. Todos têm direito a viver neste maravilhoso país em liberdade. Mas a liberdade só existe se não existir violência, se o medo acabar.
O sofrimento tem de acabar.
A paz tem de regressar.
Todos os timorenses são hoje responsáveis pela construção do país, não só o Governo!Todos devem dar o seu contributo para fazer de Timor Leste uma pátria. Um país melhor. Todos juntos temos de ultrapassar a miséria e a pobreza.
É possível.

Anónimo disse...

WISHFUL THINKING:
Xanana Gusmão percebeu que estava a agir de forma errada, percebeu que a a "luta sábia" a que se referiu na célebre intervenção ao lado do Tara era um caminho para o suicídio do País e está a fazer os homens que agem sob a sombra do Palácio das Cinzas mudar de estratégia.

Anónimo disse...

Para os que não conhecem o Tara, é-se facil afirmar, como o anonimo anterior, que são teleguiados pelo Palacio das Cinzas. A realidade é bem diferente. Estes homens que sentiram as dores e sofrimentos da Ocupação Indonésia na pele, setem-se marginalizados pelo anterior e actual governo. A liderança governativa actual, dominada pelos timorenses vindo da diáspora, têm a preocupação de construir solidas instituições do Estado para lhe garantir sustentabilidade, focalizando mais a atenção em questões de legalidade e alternância democratica, enquanto que estes veteranos e antigos combatentes, talvez mal aconselhados por uns, sentem-se excluidos num governo e Estado que se dizia de inclusão, e insultados pela forma como muitas verdades são ditas. Numa sociedade asiatica como TL, a forma sobrepõe-se a substância, e como tal a forma de lidar com as pessoas, a linguagem utilizada, influencia muito na reacção do interlocutor.

Anónimo disse...

Continue a desculpá-los a esses desertores, continue, Anónimo das 6:57:43 AM, e depois não se queixe.

Ou não percebeu ainda que eles só não fazem a manifestação porque perceberam que o golpe já foi e que estão todos metidos em muitos maus lençóis? Incluindo o Ramos Horta?

Aguardemos serenamente as conclusões do Inquérito da Comissão da ONU. Os resultados serão entregues em 7 de Outubro. Já faltou mais.

Anónimo disse...

Com o involvimento directo do PR nesta crize e uma grande tristeza , porque um carismatico como Xanana passou a ser um cobarde e traidor da nacao como dizem os refugiados nos campos desalojados neste momento ... que tristeza para Xanana Gusmao so por causa da sua fraqueza de servir neutro como um PR carismatico

Anónimo disse...

Uma coisa eu gostava de perceber: onde é que a Margarida vai buscar tanto ódio e tantas certezas sobre o que se passa em Timor e sobre a actuação do PR e outras figuras que muito importantes foram no tempo da Resistência?! Já percebemos que é portuguesa (ês) e que talvez não esteja em Timor agora. Mas, pelo modo como fala, cheia de certezas sobre tudo o que possa denegrir a imagem de XG, dir-se-à que lhe ficou alguma "pedra no sapato", alguma raiva pessoal contra ele...

Olhe que isso é prestar um péssimo serviço ao povo timorense e que o feitiço se pode voltar contra o feiticeiro.

Se preza tanto a democracia como diz, deixe lá os timorenses tentarem enterder-se entre si para ultrapassarem esta crise que já dura há tempo demais.

Anónimo disse...

Se os Taras & Cia. querem ser "incluidos" no Governo, então submetam-se a eleições e vençam-nas ou coliguem-se com os vencedores.

Anónimo disse...

.... ai los duni!!! Karik Sr.XG la hili Portuguesa ida ba sai nia senhora (first lady) tamba ne'e nia rai odio no vinganca barratu ba Sr.PR. Coitado Margarida... arraska liu ka ??????

Keta triste Margarida iha Timor ai-lebo sei barak, karik o serve liu ho ai-lebo ida. OK!!!

Oh karik laos Margarida maibe MARGARIDO,(Ola Margarido o sente hirus ba XG, tamba sa )? Tamba MA nia kadeira ain tolu? ida ne'e MA nia sala rasik, se maka haruka nia hakarak sai actor hanesan ema Hollywood? koitado kompadre MA... arraska liu ...ha..ha..ha.. sala rasik)!!

XG sempre lider charismatiku a nivel nasional ho internasional rona diabo!!! MA nunca mais sai lider hanesan XG, sekarik nia han nan fahi entaun bele sai ema diak!!!

Uluk dehan katak wainhira nia ho LU-olo lengser, sira sei sai ho kamisa no kalsa ida deit, tamba sa agora sei hela iha uma estado, usa kareta estado, telemovel estado??? moe laiha liu, bastaser arrabe sem pasta. Favor dehan ba nia,keta haluhan!!!

Anónimo disse...

Anónimo das 9:29:46 AM: finalmente disse uma acertada, quando se referiu a figuras que “foram” da resistência. Foram, de facto, mas hoje estão ao serviço de outros invasores. Lamentavelmente.

Anónimo disse...

Concordo com o margarido!! de facto estao tambem ao servico de lavar os pratos de arabistas,komunistas marcistas,leninixtas etc.....
Lamentavelmente.

Anónimo disse...

"Mas, pelo modo como fala, cheia de certezas sobre tudo o que possa denegrir a imagem de XG, dir-se-à que lhe ficou alguma "pedra no sapato", alguma raiva pessoal contra ele..."

Mas é tão simples de entender esta posição da Margarida.

Se Xanana não apoia o partido que a Margarida recebeu instruções para apoiar, só pode ser bandido, vendido, lacaio do imperialismo, pró-indonésio, anti-constitucionalista, golpista, etc...

O passado, que deveria ser indicador de credibilidade como qualquer CV significa, é irrelevante. Revê-se a história, apaga-se a figura caída em desgraça a pronto.

Quando a figura não pode ser fisicamente eliminada como no estalinismo, faz-se uma guerra feroz, difamatória e caluniosa.

A técnica é antiga, e estes energúmenos pensam que ainda funciona como nos anos 30 e 40 do Séc passado.

Eu não ponho as mãos no lume por ninguém. Mas recuso-me a assistir ao assassinato de carácter de quem prestou serviços bem mais relevantes ao país e com incomparávelmente maiores sacrifícios pessoais que esse homenzinho que viveu os mesmos anos no Maputo a criar galinhas e coelhos.

Mari até tem algumas ideias que se aproveitam, mas a mania de que ao partido tudo se deve e tudo tem que obedecer, parece saído do manual de acção política de Vo Nguyen Giap.
Cito um exemplo que descreve aquilo que Xanana explicou sobre a partidarização das FDTL como se queixava TMR: "Sendo um exército sob a liderança do Partido, a sua organização deve estar também imbuída dos princípios e métodos organizacionais de liderança do partido no exército. Por este motivo criámos, paralelamente ao ao sistema de comando, um sistema de comissários políticos, seguindo o princípio de que o comandante e o comissário político são ambos chefes da unidade."

No fundo tratava-se de transformar as FDTL num exército popular (o primeiro passo foi logo na CRDTL ao chamar-lhes Falintil), colocado sob a liderança do partido.

Continua Vo Nguyen Giap: "Paralelamente à construção de um forte exército de cariz popular, o Partido deu grande importância ao problema de criação de milícias e de forças de reserva...."

Afinal Alkatiri e Rogério Lobato, não inventaram nada, limitaram-se a seguir um manual de guerra subversiva dos anos 50. Agora se entende a criação dos "pisteiros", a versão fretilinista das milícias.

A roda já foi inventada há muitos anos.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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