quarta-feira, dezembro 06, 2006

Situação de crise potencia incerteza no futuro - José Luís Arnaut

Díli, 06 Dez (Lusa) - A crise timorense pode condicionar o futuro, mas as forças políticas timorenses podem, se optarem pelo consenso, superar esse cenário de crise, considerou hoje em Díli o presidente da Comissão de Negócios Estrangeiros da Assembleia da República portuguesa.

Segundo José Luís Arnaut, o consenso de que as actuais forças políticas timorenses podem dar exemplo é no debate em curso para a aprovação das leis eleitorais.

José Luís Arnaut falava à Lusa depois de ter visitado a Escola Portuguesa de Díli e o quartel da GNR e após um encontro com os líderes de todas as bancadas do Parlamento Nacional de Timor-Leste, no segundo de três dias da visita de trabalho que uma delegação parlamentar portuguesa está a efectuar a Timor-Leste.

"O futuro é incerto, naturalmente, mas tenho esperança de que esta crise que se vive agora seja superada e seja ultrapassada (...) é preciso avançar com uma lei eleitoral consensual. É preciso que haja consenso de todos os partidos relativamente à lei eleitoral", salientou.

Integram a delegação parlamentar portuguesa os deputados Renato Leal (PS), Abílio Fernandes (PCP), Hélder Fernandes (CDS-PP) e João Semedo (BE), à qual se juntou também o deputado José Cesário (PSD), eleito pelo Círculo Eleitoral Fora da Europa, e que chegou segunda-feira a Díli.

"Estivemos a analisar a situação em Timor-Leste. Uma situação de crise. Reconhecidamente uma situação de crise. Como ultrapassar este momento e quais são os principais desafios e problemas que se colocam", disse.

"Aproveitámos para transmitir a nossa experiência, de uma jovem democracia como a portuguesa, e aproveitámos a oportunidade para salientar às autoridades e parlamentares (timorenses) da necessidade de haver uma boa lei eleitoral. De haver um consenso na lei eleitoral", acrescentou.

Para a delegação parlamentar portuguesa, "sem consenso generalizado, seguramente qualquer resultado das eleições poderá ser sempre prejudicado".

"Estou esperançado que sejam reunidas as condições necessárias, e que acho determinantes para que haja um consenso sobre a lei eleitoral. Esse consenso ainda não esta encontrado, mas espero que possamos ter contribuído activamente para a sensibilização de ambas as partes (partido no poder, FRETILIN, e oposição) para todos chegarem a um consenso", vincou.

Sobre a oportunidade da vinda de uma delegação parlamentar portuguesa a Timor-Leste, José Luís Arnaut destacou o facto de ela deputados de todos os quadrantes políticos, em que o objectivo foi reafirmar às autoridades timorenses a posição de Portugal sobre a actual situação timorense e expressar a solidariedade do povo português.

"Naturalmente, por outro lado, o objectivo foi também vir conhecer a realidade de viva voz, ver o que se passa hoje em Timor, quais os problemas em Timor e vir aqui ver a obra da cooperação portuguesa, e também manifestar a nossa solidariedade com as forças policiais (portuguesas) que aqui se encontram", salientou.

Antes de Timor-Leste, a delegação parlamentar esteve na Austrália, onde foi recebida pelos ministros dos Negócios Estrangeiros e da Justiça e pelo presidente da Câmara de Representantes.

"Era importante também, dado o papel complementar que há entre Portugal e a Austrália, e discutir a situação de Timor e a situação geopolítica nesta região. Reafirmámos qual a nossa posição quanto à questão de Timor e nosso não interesse politico ou geopolítico nesta região", destacou.

"O nosso interesse é que temos (Portugal e Timor-Leste) algo que nos une, laços culturais fortíssimos, e estamos aqui por uma questão de afectividade, porque as autoridades timorenses nos pedem e o povo timorense nos quer", frisou.

Os deputados portugueses deixam Díli quinta-feira, completando o périplo com uma estada para contactos políticos na Indonésia, onde serão recebidos pelo Presidente Susilo Bambang Yudhoyono e pela ex- presidente Megawati Sukarnoputri.

Sobre a visita a Jacarta, José Luís Arnaut salientou o papel desempenhado na região pela Indonésia.

"É uma potência a ter em consideração. É um 'player' internacional muito importante neste contexto e queremos também, nos encontros que vamos ter ao mais alto nível, discutir a análise que têm da situação geopolítica na região, a leitura que fazem da situação em Timor e também vamos reafirmar qual é a nossa posição relativamente a Timor", salientou.

EL-Lusa/Fim
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1 comentário:

Anónimo disse...

Alegadamente o Arnaut foi para Dili dizer que “o consenso de que as actuais forças políticas timorenses podem dar exemplo é no debate em curso para a aprovação das leis eleitorais.” É a velha história do frei Tomás faz o que ele diz, não faças o que ele faz.

É que em Portugal havia leis eleitorais aprovadas por CONSENSO logo depois do 25 de Abril, mas o partido do Arnaut logo que se apanhou com maioria absoluta no poder não descansou enquanto não as mudou. E depois tem a lata de ir para Timor-Leste pregar o contrário do que por cá faz. Para anjinho só lhe faltam mesmo as asinhas.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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