Tradução da Margarida.
Dili, 13 Oct. (AKI) – Os esforços para a Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL) para se reconstruir a si própria estão a ser atrasados por uma profunda desconfiança e por cicatrizes deixadas pela violência de há alguns meses. "O que desejo fazer agora é reconciliar todos os oficiais da polícia e uni-los para servirem o povo, como no passado," disse o comandante da polícia de Timor-Leste, Superintendente em Chefe Paulo de Fátima Martins ao Adnkronos International (AKI).
A antiga PNTL de 3300 elementos implodiu e dissolveu-se virtualmente no meio dos distúrbios de Abril-Maio que abalaram o pequeno país do Sudeste Asiático. A fraqueza das forças da polícia estava enraizada na sua composição que incluía um grande número de homens que tinham trabalhado para a administração da Indonésia durante os 24 anos da ocupação. Isto levou a divisões internas e a rivalidades com as forças armadas, que na sua maioria é constituída de antigos lutadores da liberdade.
Entre Abril e Maio, quando a disputa no seio das forçar armadas começou os distúrbios alargados que eventualmente levaram à queda do governo do antigo primeiro-ministro Mari Alkatiri e ao destacamento de tropas estrangeiras para Timor-Leste, a polícia desintegrou-se e tiveram lugar confrontos com os militares.
O pior incidente aconteceu em 25 de Maio, quando dez polícias desarmados, a quem tinha sido garantida uma passagem segura pela ONU, foram mortos e mais 30 foram feridos quando elementos párias das forças armadas abriram fogo. Os oficiais da polícia eram acusados de terem atacado o quartel-general dos militares um dia antes.
Contudo, os que estiveram envolvidos no desassossego dizem que a situação é ainda mais complicada.
“Vi alguns dos meus colegas polícias vestirem uniformes militares, carregarem espingardas M-16 e dispararem contra nós,” João ‘Zeca’ Quinamoco, um antigo oficial da polícia, que sobreviveu ao ataque, contou a chorar ao AKI.
“O que quero é reconciliação e perdão. Mas os oficiais de polícia que cometeram os crimes contra nós devem ser levados à justiça. A reconciliação sem justiça é um disparate,” acrescentou João, sublinhando as dificuldades de reconstruir a nação.
Honório Moniz, um outro antigo oficial da polícia, acusou o vice-comandante-geral da polícia de Timor-Leste Inspector Lino Saldanha.
“Ele estava lá em 25 de Maio, com outros. Vestiam uniformes militares e dispararam com M-16. Eles eram do leste do país,” disse enfatizando o divisor regional-étnico que foi também uma das causas da crise.
Os Timorenses do leste são conhecidos como 'lorosae', enquanto os do oeste são os 'loromonu'. Os primeiros acusaram os últimos de terem colaborado com a Indonésia durante a ocupação.
"É possível aceitá-lo de volta? Deviamos Respeitá-lo? Devíamos saudá-lo como nosso senior e comandante quando no passado foi um traidor para a instituição?" acrescentou.
Adnkronos International (AKI) seguiu a pista do Inspector Lino Saldanha que rejeitou as acusações.
“Rejeito totalmente esta acusação. Não tinha qualquer arma. Estava à frente de papéis e de computadores nessa altura. Isto é difamação grave,” disse.
Contudo, Saldanha concordou que a reconciliação devia vir com condições.
“É reconciliação é boa, mas os oficiais que directamente ou indirectamente deram armas a civis, e aqueles que fizeram acusações falsas, devem ser investigados e levados à justiça,” disse.
Em Timor-Leste, o policiamento está correntemente a ser feito principalmente pela Polícia da ONU (UNIPOL). O comandante em exercício da UNIPOL, Antero Lopes, recentemente disse que cerca de 900 polícias com base em Dili estão agora registados para um processo de escrutínio que começou no início de Setembro, como um pré-requisito para regressarem ao trabalho. Cinquenta deles, regressaram ao trabalho.
(Fsc/Gui/Aki)
Oct-13-06 12:19
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sábado, outubro 14, 2006
Difíceis tempos à frente para a reconciliação no seio da polícia
Por Malai Azul 2 à(s) 11:59
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Traduções
Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
3 comentários:
Mas afinal este senhor Superintendente em Chefe Paulo de Fátima Martins continua na Polícia?
Não foi ele que abandonou a Polícia para se ir 'refugiar' em casa do senhor Presidente, que obedecia às ordens do dito deputado independente, Leandro Isaac?
Quem o absolveu da responsabilidade pesadíssima que tem sobre os acontecimentos de Abril e Maio?
Entao ja se esqueceu da rgra numero 1 da justica? Todo o individuo e incente ate ser provado culpado?
"A reconciliação sem justiça é um disparate" são as palavras do João "Zeca" Quinamoco.
É preciso apenas um pouco de senso comum para se chegar a esta conclusão.
Onde é que está o senso comum que o PR dantes tinha?
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