sexta-feira, abril 13, 2007

Lu Olo e Ramos-Horta vão ter de disputar uma segunda volta

Público – 12 de Abril de 2007

Paulo Moura, em Díli

O candidato da Fretilin obteve a maioria dos votos. O primeiro-ministro cessante criticou a eleição. Xanana Gusmão marcou as legislativas para 30 de Junho

O candidato da Fretilin, Francisco Guterres Lu Olo, obteve a maioria dos votos na contagem provisória divulgada ontem em Díli, tendo passado à segunda volta das eleições presidenciais, a 9 de Maio. José Ramos-Horta surge em segundo lugar, sendo quase certa a sua passagem à segunda volta.

Com mais de 103 mil votos, Lu Olo surge à frente, contra os 80.851 de Ramos-Horta, que as primeiras contagens, do dia anterior, tinham dado como vencedor quase certo, seguido por Fernando "Lasama" de Araújo.

Quando os últimos resultados foram divulgados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), às 17 horas locais de ontem, estavam contados 357.766 votos válidos, num total de 522.933 eleitores. Este número corresponde a uma percentagem de 68,42 por cento, em que não estão incluídos os votos nulos e brancos, as abstenções e os votos ainda não contados, sem que fosse possível discriminar entre os vários casos. Ou seja: teoricamente, seria ainda possível, embora pouco provável, que o candidato que surge em terceiro lugar, Fernando "Lasama", fosse o contendor da segunda volta.

O quarto candidato mais votado foi Francisco Xavier do Amaral, seguido por Lúcia Lobato, Manuel Tilman, Avelino Coelho e João Carrascalão.

Ainda antes da divulgação destes resultados, Ramos-Horta deu, na qualidade de primeiro-ministro, uma conferência de imprensa criticando o processo eleitoral e ameaçando abandonar as suas funções se verificar que não tem condições para continuar no Governo, até às legislativas, que o Presidente, Xanana Gusmão, marcou hoje para 30 de Junho.
"Quero manifestar a minha preocupação pelo facto de a Fretilin ter contratado dois assessores de campanha moçambicanos, da Frelimo, acusados de terem colaborado em fraudes eleitorais", disse Ramos-Horta, entre outras queixas.

Quanto às suas funções de chefe do Governo, ameaçou deixar o cargo "se não houver um compromisso sério da Fretilin e dos membros do Governo com a governação, para trabalhar afincadamente enquanto Governo e não enquanto activistas políticos e partidários". "Entrarei de imediato de férias." E explicou que os seus vários ministros se têm comportado com grande irresponsabilidade, não comparecendo no Conselho de Ministros. "Há membros do Governo que sumiram de Díli, que sumiram do Governo há semanas", contou o candidato. "Desde Julho para cá, é sabido que sou um primeiro-ministro emprestado. Muita coisa me passa ao lado, sem eu saber."

Sobre a segunda volta das eleições Horta disse contar com "o apoio da maioria dos candidatos e também de muitos moderados da Fretilin". "Não apenas do grupo Fretilin-Mudança, que também estarão comigo."

Outros cinco candidatos deram também a conhecer um protesto contra a forma como foram realizadas as presidenciais, exigindo o congelamento da contagem dos votos. Fernando "Lasama", Francisco Xavier do Amaral, Lúcia Lobato, Avelino Coelho e Manuel Tilman reuniram-se para pedir que a contagem prossiga, publicamente, em Díli, na presença dos oito candidatos e respectivos fiscais e observadores.

Entre as queixas dos subscritores do protesto contam-se "o clima de intimidação e terror criado por cidadadãos adeptos ao partido maioritário em certos distritos, como Viqueque, Baucau e Ermera", e outras alegadas irregularidades, como "o excesso da emissão de boletins de voto", ou "a falta de uma identificação adequada de fiscais e observadores eleitorais destacados pelos candidatos presidenciais para as estações de voto".

Fernando "Lasama", que nas projecções do dia anterior surgia bem colocado para passar à segunda volta, acusou também a CNE de manipular os resultados, com o objectivo de "aniquilar" a sua carreira política. "Surpreenderam-me os meus resultados provisórios, porque o gráfico subiu e depois, de repente, desceu", explicou, decepcionado, o candidato do Partido Democrático.
Caixa: 103 mil votos foi o que obteve o candidato da Fretilin, Lu Olo, mais do que os 80.851 conquistados por Ramos-Horta

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Traduções

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Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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