Díli, 04 Dez (Lusa) - O antigo primeiro-ministro timorense Mari Alkatiri regressou hoje a Díli, após uma ausência de cerca de um mês em Portugal e Moçambique, para exames médicos e contactos políticos, respectivamente.
Recebido em festa no aeroporto por dirigentes e simpatizantes da FRETILIN, Mari Alkatiri seguiu depois para a sede do partido, de que é secretário-geral, onde deu uma conferência de imprensa e festejou com os presentes o seu 57º aniversário natalício, que se assinala a 26 de Novembro.
Embora ausente do país, Mari Alkatiri manifestou-se informado sobre a situação em Timor-Leste e criticou a metodologia utilizada numa iniciativa de diálogo patrocinada pelo Presidente da República, Xanana Gusmão, para a qual, aliás , disse não ter sido convidado.
"Sei que na minha ausência houve esforços para um Diálogo Nacional, mas quando vi a lista dos participantes fiquei preocupado com a participação de tantas pessoas", afirmou.
A iniciativa, dirigida aos mais altos dirigentes políticos e titulares de órgãos de soberania, forças armadas e polícia, teve, segundo Alkatiri, "um leque demasiado alargado de pessoas".
"Só faltou fazerem um comício do campo da bola", comentou, desvalorizan do a iniciativa.
Mari Alkatiri lamentou, por outro lado, que persistam os campos de deslocados espalhados pela capital e, sem nomear quem quer que fosse, manifestou-se preocupado com a impunidade que grassa em Timor-Leste.
"Parece que neste país só quem cumpre com a lei é que é perseguido, por que quem não cumpre, a lei não o persegue", sublinhou.
Quanto ao seu futuro político, Mari Alkatiri disse que vai reunir-se com os seus camaradas de partido, mas escusou-se a comentar os textos publicados na imprensa ao longo de um mês por Xanana Gusmão, em que ele e a FRETILIN são duramente criticados.
"Se reagíssemos, deixaríamos de ser um partido revolucionário e passaríamos a ser reaccionários", limitou-se a dizer.
"Fundamentalmente vamos discutir a nossa estratégia eleitoral, o nosso compromisso com este povo, e escolher o nosso candidato para as presidenciais e o candidato a primeiro-ministro", acrescentou.
Relativamente à violência que continua a registar-se no país, Alkatiri considerou que já não há motivação política na sua génese.
"É falta de autoridade", frisou.
Primeiro chefe de governo timorense, depois da restauração da independência, a 20 de Maio de 2002, Alkatiri demitiu-se do cargo a 26 de Junho, em plena crise político-militar.
A demissão de Mari Alkatiri ocorreu 24 horas depois de ter sido ouvido pela segunda vez no Ministério Público sobre o seu alegado envolvimento na distribuição de armas a civis.
Mari Alkatiri, que prestou declarações pela primeira vez no Ministério Público a 20 de Julho, foi constituído arguido no mesmo processo em que figura o seu então ministro do Interior Rogério Tiago Lobato, que já começou a ser julgado.
Em causa está a alegada distribuição de armas a civis denunciada por Vicente da Conceição "Railos", antigo comandante da guerrilha contra a ocupação indonésia, que figura no processo ora como arguido ora como testemunha.
Mari Alkatiri foi acusado por "Railos" de ter ordenado a Rogério Lobato que procedesse à distribuição de armas para a eliminação de adversários políticos, dentro e fora da FRETILIN, partido maioritário em Timor-Leste.
Alkatiri tem repetidamente negado as acusações, insistindo ao mesmo tempo na rápida resolução da investigação em curso.
O seu nome foi referenciado no recente relatório elaborado por uma comissão das Nações Unidas sobre os factos e as circunstâncias da violência registada em Timor-Leste em Abril e Maio.
Nesse relatório, divulgado a 17 de Outubro, a comissão, liderada pelo brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, recomenda uma investigação adicional para determinar se o ex-primeiro-ministro deve ou não ser responsabilizado criminalmente pela distribuição de armas.
No relatório, a comissão da ONU adianta que não foram encontradas provas que sustentassem uma recomendação para que Alkatiri seja acusado de "envolvimento pessoal" na distribuição, posse ou utilização ilegal de armas.
Contudo, a comissão da ONU adianta ter recebido informações que "levam à suspeita" de que Alkatiri sabia da distribuição ilegal de armas da polícia pelo seu ex-ministro do Interior.
EL-Lusa/Fim
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segunda-feira, dezembro 04, 2006
Ex-PM Mari Alkatiri regressou a casa pronto para a luta política
Por Malai Azul 2 à(s) 23:51
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Traduções
Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
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Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
2 comentários:
Meus Caros
Para juntar às inúmeras peças que aparecem no blog em comentários relativamente à fiabilidade dos trabalhos da Lusa em Timor-Leste, vejam o rigor “científico” da Lusa (melhor dizendo do E.Lobão…)nesta notícia...
em determinada altura do texto diz: “Primeiro chefe de governo timorense, depois da restauração da independência, a 20 de Maio de 2002, Alkatiri demitiu-se do cargo a 26 de Junho, em plena crise político-militar. A demissão de Mari Alkatiri ocorreu 24 horas depois de ter sido ouvido pela segunda vez no Ministério Público sobre o seu alegado envolvimento na distribuição de armas a civis.”
Logo, deveríamos tirar como conclusão lógica que Mari Alkatiri foi ouvido pela segunda vez em 25.junho (que, contudo, sabemos ser mentira…), pois EL refere ter sido 24 horas antes da sua (do Mari) demissão….
mas, logo a seguir diz: “Mari Alkatiri, que prestou declarações pela primeira vez no Ministério Público a 20 de Julho,…”
É caso para perguntar, afinal em que é que ficamos????
Foi só ouvido pela primeira vez em finais de Julho (como sabemos muito bem!!) ou pretende-se dizer que ele ainda como Primeiro Ministro do Governo de Timor-Leste chegou a ser ouvido duas vezes????
Penso que estes erros não são de todo inocentes… são uma forma encapotada de enganar e misturar as mentiras a ver o que dá…
e, Meus Caros, é esta a Lusa que temos……
Como sói dizer-se, não fora o “nosso” blog (este o do Malai Azul onde estamos) e outras, mas poucas!!, fontes de informação e morríamos sem saber o que se passa na terra que nos continua a deixar muitas saudades….
Essas manobras do jornalista da Lusa que o leitor ST denuncia – e bem! – servem principalmente para “associar” sempre o Mari Alkatiri a coisas negativas, como se vê pelo facto de pela enésima vez acabar esta peça com a referência às conclusões do inquérito da ONU.
Contudo e por exemplo em relação ao PR quem se ficar pela Lusa até poderá ser levado a pensar que ele foi completamente ilibado quando, pelo contrário, a Comissão até concluiu que “o Presidente da República deveria ter mostrado maior contenção e respeito pelos canais institucionais esgotando os mecanismos disponíveis (…) antes de fazer um discurso público à nação. Similarmente, a Comissão nota que, ao intervir pessoalmente junto do Major Reinado (…), o Presidente da República não consultou nem cooperou com o comando da FFDTL, aumentando desta forma a tensão entre o Gabinete do Presidente e a F-FDTL.”
E voltando ainda a esta notícia da Lusa, que termina dizendo que “a comissão da ONU adianta ter recebido informações que "levam à suspeita" de que Alkatiri sabia da distribuição ilegal de armas da polícia pelo seu ex-ministro do Interior”, obviamente que o jornalista da Lusa não informa que no relatório da Comissão da ONU está escrito preto no branco que o informador foi o actual PM Ramos Horta e o antigo comandante da PNTL Paulo Martins! Isso mesmo, o Ramos Horta e o Paulo Martins. E muito menos o jornalista da Lusa alguma vez escreveu que semelhantes denúncias foram assumidas pelo actual PR, nos artigos semanais por aqui reproduzidos!
Falando ainda da distribuição de armas não me lembro do jornalista da Lusa alguma vez ter chamado a atenção para o parágrafo 97 desse relatório que relata a movimentação irregular de armas no seio da PNTL e onde se lê:
“A Comissão nota com preocupação a ausência de um controlo sistemático sobre as armas e munições da PNTL.
O Comandante-Geral da PNTL retirou armas do Depósito Nacional da PNTL sem o conhecimento do responsável pelo depósito de armas.
No dia 23 de Março 60 armas Steyr e 50 caixas de munições foram enviadas para o complexo da URP em Aileu.
No dia 15 de Abril 10 armas Steyr e munições foram enviadas para a esquadra de polícia de Liquiçá.
Na sequência do incidente de 25 de Maio em Gleno o Comandante-Geral da PNTL ordenou que se armazenassem 10 armas Steyr e munições na esquadra de polícia de Gleno.
A Comissão também nota com preocupação o armamento selectivo de membros da PNTL oriundos da parte ocidental do país sob o comando do Comandante-Adjunto da PNTL no distrito de Dili, Abílio Mesquita, que no dia 11 de Maio deu treinamento sobre manuseamento de armas a 10 membros da PNTL oriundos da parte ocidental e pertencentes ao Grupo de Trabalho (Task Force) do distrito de Dili.
Depois disso esses membros da PNTL permaneceram sob o seu comando e foram munidos com armas Steyr.
Um outro grupo de 20 membros da PNTL provenientes da parte ocidental do país foram munidos com armas Steyr pelo Comandante-Adjunto Abílio Mesquita no dia 17 de Maio, tendo em seguida ficado sob o seu comando.
Este treinamento e armamento de membros da PNTL oriundos da parte ocidental do país teve lugar com autorização do Comandante-Geral da PNTL Paulo Martins”.(página 49 do Relatório da Comissão da ONU)
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