Fugitivos juntam-se em seminário patrocinado pela igreja
Por John Loizou
Dili, 30 Novembro: Irmãos de armas: o militar fugitivo de Timor-Leste Major Alfredo Reinado com dois soldados Australianos não identificados — presumidamente da força de estabilização internacional — Australianos e Neo-zelandeses — fotografados juntos num seminário sobre a ‘justiça’ em Suai a cerca de 175 quilómetros a sul de Dili no último Sábado.
Os correspondentes do Southeast Asian Times em Timor-Leste dizem que o seminário de dois dias que começou na Sexta-feira foi organizado pela Comissão da Paz e Justiça da Igreja Católica, com base em Baucau e que foi financiado pela sua agência de auxílio e desenvolvimento do ultramar ou Caritas.
O seu suposto objectivo era discutir modos de encontrar justiça.
Membros do Governo, e membros da polícia e das forças armadas de Timor-Leste foram convidados mas não foram.
O Ministro do Trabalho e da Reinserção Comunitária e membro da Fretilin Arsénio Bano enviou um representante.
Entre os oradores esteve o Major Reinado.
Entre os observadores estiveram homens do Reinado, que estavam armados, colegas fugitivos Major Reinado e Vicente “Railos” da Conceição e membros da Comissão do Diálogo Nacional e da Re-inserção Comunitária do Presidente Xanana Gusmão.
O Partido Democrático da oposição esteve também bem representado.
O comandante Australiano em Timor-Leste, o Brigadeiro Mal Rerden, foi citado como tendo dito à Estatal Australian Broadcasting Corporation, sobre Reinado — que foi acusado com tentativa de assassínio e posse de armas e que fugiu da prisão em Agosto último — que: "Isso é uma matéria do Governo.
Decidiram que é adequado para ele participar nesse evento porque procuram maneiras de desenvolver o diálogo e de levar Reinado de regresso ao sistema de justiça."
O comandante não explicou porque é que soldados Australianos participaram no seminário.
E também não houve qualquer explicação nem da Comissão da Paz e Justiça nem da Caritas sobre o seu papel no seminário e o que é que era suposto alcançar.
O Ministro do Trabalho e da Reinserção Comunitária de Timor-Leste Arsenio Bano disse à Radio Austrália que estava a ser dada uma oportunidade a Reinado para se entregar sem derramamento de sangue.
E quando lhe perguntaram quanto mais tempo é que seria dado ao amotinado e desertor, respondeu: “Não sei bem, mais cedo ou mais tarde, todos nós precisamos de decidir o que precisamos de fazer com o major Reinardo.”
The Southeast Asian Times
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Gangs de rua fazem distúrbios em Timor-Leste
The Australian
Fonte: AAP
De correspondentes em Dili
Dezembro 04, 2006
Gangs rivais de artes marciais fizeram batalhas por toda a capital de Timor-Leste hoje, depois da violência do fim-de-semana que segundo relatos levou a que um homem fosse retalhado até à morte e que outros tivessem ficado seriamente feridos.
No último desassossego que atingiu Dili grupos de jovens armados com pistolas, barras de metal e flechas enfrentaram-se hoje em vários subúrbios da cidade.
Os confrontos seguiram-se a violência similar durante a noite que deixou dois homens em situação crítica no hospital, disse o paramédico Nelson da Silva Carmo.
Maria Gonçalves, de 42 anos, disse que o seu irmão de 27 anos, Eugino, morreu depois de lhe terem tirado as orelhas e de lhe terem cortado a língua.
"Não aceito que tenham dilacerado o meu irmão como um animal," disse a Senhora Gonçalves.
"Peço à polícia que prenda os responsáveis."
A pior violência aconteceu durante a noite no distrito de Taibesse em Dili quando membros do gang Perguruan Silat Setia Hati, conhecido como Setia hatia, se confrontou com a facção 77.
Os grupos, que têm milhares de membros e um arsenal de armas convencionais e tradicionais, lutam regularmente.
As suas batalhas de fim-de-semana espalharam-se para hoje, afectando vários subúrbios no centro de Dili.
Pelo fim da tarde de hoje, membros não identificados do Setia Hati, armados com catanas, estavam a parar mini-autocarros e a procurar por membros da facção 77.
Um jovem no hospital de Dili com feridas feitas por facas disse que foi ferido depois de ter sido arrastado para fora de um desses autocarros na estrada principal para o aeroporto de Dili.
O antigo Primeiro-Ministro Mari Alkatiri regressou a Timor-Leste e à desordem na capital esta tarde depois de procurar tratamento médico no estrangeiro.
Mr Alkatiri foi autorizado a procurar tratamento no estrangeiro depois de prometer que regressaria para enfrentar mais investigações sobre afirmações de ter autorizado a armação de um esquadrão de ataque com a tarefa de eliminar os seus rivais políticos quando Timor-Leste caiu na violência anteriormente, este ano.
O Sr Alkatiri nega veementemente o envolvimento.
Está listado como uma testemunha secundária no julgamento do antigo ministro do interior de Timor-Leste Rogério Lobato por ter alegadamente armado o esquadrão de ataque político.
O Sr Lobato previamente tinha afirmado que actuara sob ordens do então primeiro-ministro Sr Alkatiri, que resignou em Junho depois de lutas de rua em Dili terem matado dúzias de pessoas.
O julgamento do Sr Lobato recomeçará em 9 de Janeiro.
Tropas estrangeiras, incluindo um grande destacamento de Australianos, continuam a trabalhar para restaurar a ordem em Timor-Leste.
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Refugiados de Timor-Leste pedem compensação
TempoInteractive
Segunda-feira, 04 Dezembro, 2006 16:07 WIB
TEMPO Interactive, Kupang: Refugiados de Timor-Leste que estão a viver na região de East Nusa Tenggara manifestaram-se na Casa Regional de Representantes para pedir compensação como o governo prometera.
AS propriedades incluem casas e terrenos em Timor-Leste, depois do referendo de 1999. As pessoas pediram também ao governo para ser transparente na gestão de fundos de Rp72 biliões para albergar 5,000 famílias refugiadas.
Esses refugiados consideram-se eles próprios vítimas da política Indonésia, que foi condenada na evacuação de refugiados de Timor-Leste.
“Até agora, estamos ainda a viver nas cabanas de emergência. Dormimos no chão e comemos qualquer comida que encontramos. Negligenciaram-nos. Toda a ajuda de auxílio parou,” disse Sartino da Silva, um dos refugiados que se fixou na Aldeia Noelbaki, na regência de Kupang.
Jems De Fortuna
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Um horror não tão distante: violência de massa em Timor-Leste
Anais da Associação dos Geógrafos Americanos - Volume 96, Assunto 4, Capa Datada de Dezembro 2006
Por Joseph Nevins. Ithaca, NY: Cornell University Press, 2005.
Revisto por Jim Glassman, Departamento de Geografia, University of British Columbia, Vancouver, British Columbia, Canada.
Não é provável que haja alguém do campo da geografia, ou, nessa questão, mais geralmente das ciências sociais, que esteja melhor posicionado para escrever este livro do que Joseph Nevins. Nem há quem possa com mais legitimidade levantar as questões difíceis que o livro levanta especificamente, questões relacionadas com a responsabilidade moral das pessoas no Ocidente pela destruição de vidas em Timor-Leste. Escrevendo durante anos sob o pseudónimo de Matthew Jardine, Nevins viajou entre Timor-Leste e os USA, apoiando a luta pela independência dos Timorenses levando informação sobre a luta dos Timorenses para audiências em países cujos governos apoiaram e tão decisivamente municiaram a ocupação Indonésia.
Construído com informação que ele reuniu através desse processo e uma mais larga pesquisa de literatura académica e jornalística, Nevins junta um relato da ocupação de Timor-Leste, da luta da resistência e da libertação, que não poupa ao leitor nada do terror que acompanhou o estádio final da luta pela independência em 1999. Na verdade, Um Horror Não Tão Distante recusa abstrair do sofrimento humano que atraiu a atenção global para Timor-Leste nesse ano, começando não numa sequência cronológica académica dos eventos que levaram à ocupação Indonésia mas com a viagem do autor ao “ground zero’’ de Timor-Leste (a cidade capital de Dili arrasada) dois meses depois da violência pós referendo de Setembro de 1999.
Só depois disto é que Nevins reconstrói um relato do que aconteceu e como, e mesmo depois o propósito da narrativa não é tanto relatar eventos mas construir uma geografia de responsabilidade moral que é mobilizada pelo choque que se recebe do cenário de ground zero.
Em tudo isto, Nevins quer claramente provocar. Como, pergunta, podem ser os Americanos tão sensíveis à destruição do ground zero em Nova Iorque, as consequências devastadoras dos ataques do 11 de Setembro de 2001, contudo tão semelhantes a um ground zero onde um igual número de serem humanos faleceram, somente neste caso de armas e treino originalmente fornecido por governos como o dos USA? Com esta questão como pano de fundo, o livro de Nevins visa sensibilizar.
Depois de nos levar ao ground zero, Nevins observa como Timor-Leste chegou a esse ponto, examinando o desenvolvimento das lutas pela independência sob a ocupação Indonésia (capítulo 2), as manobras dos maiores actores internacionais que apoiaram a Indonésia (capítulo 3), e a montagem e organização do referendo sobre a independência, com os acontecimentos trágicos que se seguiram (capítulos 4 e 5). Tendo espraiado historicamente o desenvolvimento do ground zero de Timor-Leste, Nevins vira-se nos restantes capítulos para questões relativas ao papel da comunidade internacional em Timor-Leste (capítulo 6) e o grau com que os vários actores responsáveis pelo sofrimento Timorense serão (ou não serão) responsabilizados (capítulos 7-9).
Nevins lida cedo no livro com questões teóricas que levantam noções de responsabilidade internacional, incluindo concepções de soberania do Estado e a sua erosão através de vários processos transnacionais. Isto liga o relato de Nevins a argumentos como os de John Agnew, que tem insistido no carácter ‘‘territorialmente armadilhado’’ da pesquisa da ciência social que analisa o contexto nacional como um contentor que não deixa a água escapar. Como Nevins descreve, relatos ‘‘territorialmente armadilhados’’ ‘‘tipicamente não dão peso adequado ao papel dos actores sociais e das instituições fora dos países envolvidos directamente num conflito inter-estatal para facilitar, e ajudar e cooperar ou permitir que isso se desenvolva ou ambos’’ (p. 17).
Mas o propósito de Nevins ao invocar esta literatura não é esvaziar questões teóricas em geopolíticas críticas, mas antes, é construir para as bases para as suas afirmações sobre a responsabilidade moral e a importância de memórias colectivas de violência (e.g., pp. 2021). Perto do fim, Nevins faz um trabalho especialmente efectivo de fundamentar a crueldade e a cumplicidade de vários detentores de poder dos USA. Paul Wolfowitz (hoje conhecido pelo seu papel de Sub-Secretário da Defesa de George W. Bush, na promoção da correnta Guerra dos USA no Iraque) é mostrado como tendo jogado um papel instrumental, como Embaixador de Reagan na Indonésia nos anos 1980s, em vender a ocupação Indonésia de Timor-Leste ao Congresso dos USA (pp. 4547). Na verdade, mesmo tão tarde quanto 1999, Wolfowitz foi insistente (na ideia) que ‘‘a independência de Timor-Leste não era simplesmente uma opção realista’’ (p. 115). Não foram meramente governantes (da era) Reagan-Bush os culpados do apoio continuado à ocupação Indonésia, contudo. Como Nevins aponta, a administração Clinton continuou a municiar a Indonésia com assistência militar e económica mesmo através dos anos 1990s, e Clinton sai danificado e sem honra nas suas respostas a questões sobre isso pelo jornalista Alan Nairn (pp. 13940). De facto, não foi até muito tarde que a administração Clinton começou a desafiar a violência da Indonésia no referendo (pp. 124125). Mais ainda, não foram só governantes dos USA que fingiram inocência e/ou negaram a sua culpa, como Nevins mostra através da sua análise às respostas dos governantes Australianos a afirmações acerca da sua próprias culpas consideráveis – tendo a Austrália jogado um papel maior no apoio à ocupação Indonésia desde os anos 1970s até ao período do pós -referendo (pp. 14748).
Tudo isto, de muitos modos, faz um caso bastante convincente. Nevins tem por alvo designar a responsabilidade moral dos que apoiaram a violência de Jakarta. Mais ainda, ele não está a construir simplesmente um sistema de alto-nível de responsabilização moral mas está preocupado com as e consequências da nossa compreensão da situação de Timor-Leste para projectos concretos de justiça específicamente, a determinação da responsabilidade a partes autoras da violência e o pagamento de reparações a Timor-Leste. Somente se a nossa memória histórica da violência em Timor-Leste nos permitir ver as diferentes formas de cumplicidade internacional, defende ele, então podemos trazer o caso para agendas tais como de tribunais internacionais de direitos humanos ou de reparações de países que apoiaram a violência.
Aqui, contudo, penso que se o caso moral é convincente, o relato analítico de Nevins torna-se menos (convincente). De facto, uma das peças irritantes do puzzle da justice de Timor-Leste tem sido que a corrente liderança Timorense não mostra comprometimento para exigir seja um tribunal internacional de direitos humanos ou um programa sério de reparações, muito para a frustração dos apoiantes internacionais da luta pela independência dos Timorenses. Nevins anota este fenómeno de passagem (pp. 15354), e obviamente isso reflecte em grande extensão as duras realidades das políticas de poder global. Os líderes Timorenses têm alguma razão para sentir que realisticamente pouco podem esperar da comunidade internacional (particularmente do governo dos USA), e que o pouco que possam obter provavelmente é condicionado em termos de ‘‘bom comportamento” tal como abrir mão de acusações contra oficiais militares Indonésios ou de pedir reparações dos USA e Austrália. Contudo isso sugere que tais relações de poder estão precisamente a precisar de análise se quisermos compreender não somente como Timor-Leste chegou aonde está hoje mas para onde provavelmente irá no futuro próximo.
As reclamações morais que os Timorenses podem fazer contra os vários grupos directa ou indirectamente responsáveis pelo seu sofrimento são convincentes; a probabilidade dessas reclamações resultarem no atendimento pela comunidade internacional do sofrimento Timorense numa grande extensão é no melhor questionável.
Para nenhuma pequena extensão, contudo, a improbabilidade de ter autores da violência responsabilizados ou de obter reparações significativas pode não ter a ver somente com a equação crua do poder das relações internacionais envolvendo os interesses de classe da própria nova liderança Timorense. Uma análise de tais interesses, que Nevins não analisa, pode-nos ajudar a melhor compreender como Clinton foi capaz de afastar as suas próprias responsibilidades da violência com a seguinte afirmação em resposta a Nairn: “penso que a coisa acertada a fazer é fazer o que dizem os líderes de Timor-Leste, disse. Eles querem olhar para a frente e você quer olhar para o passado. Eu vou ficar com os líderes’’ (p. 140). Esta afirmação, conquanto oportunista, de facto encaixa com a asserção do Ministro dos Negócios Estrangeiros Timorense José Ramos-Horta que ‘‘Não devemos somente olhar para o passado. Precisamos de olhar para as boas relações que temos com os USA em 2001, com a nossa relação em 1975’’ (p. 153). Também encaixa com a caracterização do Presidente Timorense Xanana Gusmão da ocupação Indonésia como o resultado de um erro histórico que agora pertence à história do passado’’ (p. 154). Se é a própria liderança Timorense que abandona o projecto da justiça social sobre a qual Nevins fala com tanta convicção, talvez seja mais útil saber mais das razões deste caso.
Dito isto, Um Não Tão Distante Horror é um livro muito valioso. Se não caracteriza na totalidade o terreno geopolítico e económico no qual ia reconstrução Timorense está a ocorrer, contudo caracteriza o terreno duma geografia moral transnacional que podem informar lutas sobre a justiça social.
terça-feira, dezembro 05, 2006
Notícias - traduzidas pela Margarida
Por Malai Azul 2 à(s) 16:13
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Traduções
Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
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