quarta-feira, novembro 22, 2006

Notícias - traduzidas pela Margarida

The Watson Institute for International Studies - 20 Nov 2006

Problemas continuam a atormentar Timor-Leste

Durante os anos de 1990s, a luta de Timor-Leste contra o domínio Indonésio opressivo foi bem publicitada. Desde que alcançou a independência em 1999, o país regressou a uma obscuridade relativa. Em “Timor-Leste: Um olhar às inquietações de uma jovem Democracia,” panelistas do Watson Institute discutiram recentemente as questões duradouras de Timor-Leste.

Constâncio Pinto, encarregado de negócios da Embaixada de Timor-Leste em Washington, D.C., e um bacharel da Brown University, discutiu os progressos e problemas de Timor-Leste dos últimos sete anos. No seguimento de 1999, a Administração Transitória da ONU em Timor-Leste (UNTAET) foi capaz de restaurar a segurança, e desde então o governo estabeleceu um fundo de petróleo para prevenir que os recursos de Timor-Leste sejam delapidados.

Apesar disso, continuam os problemas, que Pinto argumenta são da culpa do próprio Timor-Leste. O país não pode mais culpar a Indonésia. O desemprego na casa dos 55 por cento, uma falta de recursos humanos para um adequado sistema de justiça, divisões políticas, e discriminação têm atormentado o país. O mais impressionante é a crise deste ano, desencadeada pela expulsão de soldados que protestavam (contra) discriminação. Pinto atribuiu a crise a líderes políticos que usaram a situação a favor dos seus próprios interesses. Os distúrbios que se seguiram levaram a comunidade internacional a regressar ao pequeno país, e Pinto questionou se não tinha saído demasiado cedo em 2002.

Moisés S. Fernandes, da Universidade de Lisboa, discutiu os factores internos e externos que contribuíram para as lutas de Timor-Leste. Internamente, as divisões políticas pré-990s reapareceram, agora que o inimigo comum, a Indonésia, foi derrotado. Há também uma população nova que não fala o Português, a língua oficial de Timor-Leste, e que tem laços mais fortes com a Indonésia. A pobreza de massa e a falta de vontade da Igreja Católica para ceder qualquer poder também contribuíram para as lutas de Timor-Leste.

Talvez mais interessante, Fernandes referiu-se aos factores externos que levaram aos problemas que culminaram na crise deste ano. Fernandes argumenta que a instabilidade em Timor-Leste pode ser benéfica à Indonésia. Co-incidentemente, ou talvez não, evidências contra as atrocidades da Indonésia durante os anos de 1990s foram destruídas na crise recente.

Fernandes foi mais crítico do papel da Austrália. A Austrália pode ter provocado a provação recente para alcançar uma mudança de regime em Timor-Leste de modo a ganhar um acordo melhor nas reservas de gás localizadas entre os dois países, disse. Também vieram à superfície queixas sobre a arrogância das tropas Australianas em Timor-Leste, acrescentou, e que elas podem em breve ser vistas como forças de ocupação em vez de guardas da paz. Fernandes também insinuou o papel de um poder estrangeiro na violência recente ao perguntar quem é que a está a financiar.

Devido a compromissos urgentes na ONU, o Embaixador João Salgueiro de Portugal não pôde estar presente.

Pelo estudante relator do Watson Institute, Craig Kennedy ‘08

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Sydney Morning Herald - Novembro 22, 2006

Nasce uma crise em Dili quando se aproxima a estação das chuvas
Cynthia Banham, Repórter de Defesa em Dili

O Ministro da Defesa, Brendan Nelson, avisou de uma iminente crise humanitária em Timor-Leste se os campos de deslocados não forem mudados antes da estação das chuvas.

Depois de se encontrar com o representante especial da ONU em Timor-Leste, Finn Reskd-Nielsen, em Dili, o Dr Nelson disse que era extremamente importante para o Governo Timorense mexer-se para rapidamente re-localizar os campos porque uma vez que comece a chuva serão inundados e tornar-se-ão um mar de lama.

"Teremos uma crise nas nossas mãos," disse o Dr Nelson. Disse que as chuvas podem começar em qualquer dia.

O Dr Nelson também disse que poderá também considerar a redução do número de tropas em Timor-Leste, depois de uma visita de dois dias na qual o comandante da força Australiana, Brigadeiro Mal Rerden, disse que as 950 tropas agora no terreno são mais do que suficientes para a missão. Contudo, há problemas de segurança depois do assassínio esta semana de dois estrangeiros em Dili, um deles um missionário Brasileiro.

O Brigadeiro Rerden descreveu um período de crescente estabilidade e calma. "Os polícias da ONU estão agora vagarosamente a alcançar um nível onde terão uma boa capacidade.

"Isso está também a ter um impacto nas ruas. Temos a capacidade de deixar que a polícia tome agora o primazia na aplicação da lei no dia-a-dia e nós damos apoio na retaguarda e no caso de algo de grande acontecer."

O Dr Nelson encontrou-se com os comandantes Australianos e com o Primeiro-Ministro Timorense, José Ramos-Horta. Uma conversa agendada com o Presidente, Xanana Gusmão, foi cancelada pelo Presidente.

O Dr Nelson disse que uma parte do propósito da visita foi de apanhar o sentir no terreno do ambiente de segurança.

"Parte disso é (para) rever o tamanho da composição da força," disse.

Disse que discutirá os números das tropas com o Primeiro-Ministro, John Howard, e o Chefe das Forças de Defesa, Air Chief Marshal Angus Houston, num encontro do gabinete de segurança nacional quando regressar.

"É possível que possamos ter uma ligeira redução dentro de algum tempo num futuro não muito distante," disse o Dr Nelson.

Disse que tinha reiterado o compromisso da Austrália com Timor-Leste ao Dr Ramos-Horta. Também discutiu planos para ajudar a treinar as forças de defesa Timorenses e dar treino para protecção marítima e de fronteira.

Os líderes discutiram ainda arranjos de segurança para as eleições agendadas para Maio. A Austrália queria também desenvolver um acordo com Dili que formalizasse a maneira como as forças Australianas operem com as de Timor-Leste e asda ONU.

"O que é importante é termos um entendimento claro de como trabalharmos e de como trabalharmos co-operativamente com Timor-Leste," disse o Dr Nelson.

O Brigadeiro Rerden disse que ainda havia alguma actividade de gangs em Dili, apesar do Governo estar a fazer esforços para engajar grupos de jovens locais. Disse que alguma da violência de gangs parecia ser orquestrada ou controlada e que tinha o objectivo de ter um efeito político.

Alguma da violência, em particular, foi direccionada contra a presença dos Australianos, apesar de haver muito apoio da população às Forças de Defesa Australianas.

Um oficial de topo disse ao Herald que havia muito sentimento anti-Australiano no partido do poder, a Fretilin, que é ainda liderada pelo primeiro-ministro deposto, Mari Alkatiri, que continua a ter uma influência significativa no país.

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Agence France-Presse - 21 Nov 2006, 01:22

A Austrália propõe envolver outras nações na força de Timor-Leste

A Austrália não tem planos para retirar as suas tropas de Timor-Leste, e está a considerar envolver outras nações no processo de manutenção da paz, disse na Terça-feira o Ministro de Defesa Australiano Brendan Nelson.

"Ficaremos até o governo de Timor-Leste e a ONU acreditarem que é importante as forças ficarem," disse Nelson sobre a força autorizada pela ONU para restaurar a ordem no Timor inquieto.

"Estamos comprometidos com o povo de Timor-Leste enquanto precisarem de nós," disse depois de se encontrar com o Primeiro-Ministro José Ramos-Horta.

Nelson disse que a Austrália prefere não ter os seus soldados destacados noutros, mas que era muito claro que "no momento, Timor-Leste precisa ainda de assistência doutros países."

Nas conversações com Ramos-Horta ele discutiu maneiras de desenvolver as forças militares de Timor-Leste, a questão da segurança em Dili e noutros sítios do país, e os arranjos de segurança na corrida para as eleições gerais do próximo ano.

"Também discuti com o primeiro-ministro a possibilidade de ter um pequeno número de outros países da região a juntarem-se às forças Australianas e da Nova Zelândia e outras forças em Timor-Leste para providenciarem segurança," disse.

Nelson disse que a situação de segurança se mantém frágil.

"Está a melhorar, mas temos ainda um longo caminho a percorrer," disse.

Algumas 3,200 forças regionais lideradas pelos Australianos foram destacadas para a pequena nação em Maio depois de violência entre facções da força de segurança, bem como gangs de rua, terem deixado algumas 37 pessoas mortas em dois meses.

Os seus números foram desde então reduzidos para 1,100, reforçadas pela presença de alguns 1,000 polícias da ONU cujas forças chegarão eventualmente a 1,600.

Timor-Leste rejeitou uma oferta de uma força de capacetes azuis da ONU para lidar com o desassossego civil no país, optando em vez disso por rely na força regional liderada pelos Australianos.

str/bs/sls

1 comentário:

Anónimo disse...

"o Dr Nelson disse que era extremamente importante para o Governo Timorense mexer-se"

O Dr. Nelson deve ter confundido o Governo timorense com as suas tropas...

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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