sábado, setembro 23, 2006

Sectores timorenses contra nomeação de Mascarenhas Monteiro

Díli, 22 Set (Lusa) - Um deputado da oposição timorense manifestou-se hoje contra a escolha do ex-presidente cabo-verdiano Antóio Mascarenhas Monteiro para representante do secretário-geral da ONU em Timor-Leste e quatro associações locais anunciaram que vão escrever a Kofi Annan sobre a questão.

Todavia, o governo timorense reafirmou que a confirmar-se a nomeação de Mascarenhas Monteiro, essa decisão prestigiará Timor-Leste e merecerá todo o apoio.

Do lado dos contestatários da substituição do japonês Sukehiro Hasegawa, que hoje deixou Timor-Leste após cerca de dois anos e meio no cargo, por Mascarenhas Monteiro, está o deputado João Gonçalves, do Partido Social Democrata (PSD, oposição).

"Não duvidando da sua competência e capacidade, considero que não é a pessoa ideal para exercer o cargo", afirmou, em declarações à Lusa.

Ressalvando que se trata de uma opinião pessoal - "no PSD ainda não abordámos a questão", explicou -, João Gonçalves receia que Mascarenhas Monteiro não seja aceite entre os timorenses por o identificarem com o tradicional apoio histórico dos movimentos de libertação africanos à FRETILIN, o partido maioritário em Timor-Leste.

"Podia criar a sensação de que as suas decisões não seriam imparciais e isso podia ser evitado se fosse nomeado alguém que não provocasse mal-estar entre a população", acrescentou.

Para fundamentar a sua opinião, João Gonçalves referiu-se às associações Frente Nacional para a Justiça e Paz (FNJP), LABEH, Acção Popular de Timor-Leste (ETPA) e Liga dos Estudantes Timorenses, que anunciaram esta semana que vão escrever uma carta a Kofi Annan a manifestar a sua oposição à nomeação de Mascarenhas Monteiro.

Aquelas associações pronunciaram-se contra a saída de Hasegawa, por considerarem que tem um conhecimento mais completo da actual situação no país, cujos contornos não aconselham alterações na representação da ONU, segundo argumentaram.

A actual missão da ONU (UNMIT) foi criada pela resolução 1704, de 25 de Agosto, e sucedeu à UNOTIL, que era já liderada por Sukehiro Hasegawa.

Do lado dos que saúdam a nomeação de Mascarenhas Monteiro para o cargo está Fernando Araújo "Lasama", presidente do Partido Democrático (PD, oposição), que disse à Lusa esperar que a actuação do antigo Presidente cabo-verdiano se distinga dos dois anteriores representantes de Kofi Annan no país, o indiano Kamalesh Sharma e Sukehiro Hasegawa.

"Em geral, as Nações Unidas têm tido pouco sucesso em Timor- Leste. Esperamos que a presença de Mascarenhas Monteiro inverta essa tendência. Penso que se trata de uma boa ideia [a nomeação]", frisou.

O primeiro-ministro José Ramos-Horta reafirmou hoje o apoio do seu governo à nomeação de Mascarenhas Monteiro.

"Não encaro a hipótese [de Mascarenhas Monteiro não ser nomeado]. Ouvi falar no seu nome, mas a prerrogativa cabe sempre ao secretário-geral da ONU. Se for Mascarenhas Monteiro, fico satisfeito", destacou.

Também há dois dias, Ramos-Horta salientou que a escolha do antigo presidente cabo-verdiano para representante especial do secretário-geral da ONU em Timor-Leste constituiria uma "honra para os timorenses".

A substituição de Sukehiro Hasegawa foi um dos temas do encontro que Ramos-Horta manteve hoje com uma delegação da FNJP.

O primeiro-ministro disse à Lusa que as críticas em Timor- Leste à nomeação de um novo representante do secretário-geral da ONU são recorrentes.

"Há sempre críticas quando há uma nomeação destas. Desde o tempo de [Kamalesh] Sharma, há sempre hesitações de um lado ou de outro. Mas do lado do governo e como expliquei aos meus interlocutores, será com agrado que o governo reagirá se se confirmar que será Mascarenhas Monteiro", disse.

Face às críticas dos elementos da FNJP, Ramos-Horta disse ter- lhes salientado que Mascarenhas Monteiro "é um estadista, de muito prestígio internacional, de um país democrático com longa tradição de luta pela dignidade, de um dos países mais bem geridos em África, e que será alguém que ouvirá todas as sensibilidades".

Com a saída de Sukehiro Hasegawa, o cargo será desempenhado interinamente pelo dinamarquês Finn Reske-Nielsen, actual "número dois" da UNMIT.

Fonte da missão da ONU em Timor-Leste disse hoje à Lusa que a chegada do novo representante de Kofi Annan "apenas deverá ocorrer dentro de seis semanas".

EL-Lusa/fim

6 comentários:

Anónimo disse...

"João Gonçalves receia que Mascarenhas Monteiro não seja aceite entre os timorenses por o identificarem com o tradicional apoio histórico dos movimentos de libertação africanos à FRETILIN"

João Gonçalves deve ser pessoa mui exigente e difícil de contentar, pois dá-se ao luxo de rejeitar um dos melhores amigos de Timor na comunidade internacional.

O fanatismo é tal que o impede de ver que Mascarenhas Monteiro não tem nada que ver com "movimentos de libertação africanos"

Ainda o homem não embarcou e já lhe estão a fazer a cama. Ai, que saudades do "imparcial" Hasegawa! Porque será?

Anónimo disse...

o João Gonçalves quer un australiano como representante especial, para ele nao perder as regalias quando volta a australia.

Quando João Gonçalves vai passar ferias na Australia ele e oferecido um carro do governo federal australiano ao longo da sua estadia. porque sera? outros membros do PN e do governo timorense quando vai a australia de ferias nao tem esse direito.

Anónimo disse...

Joao Goncalvez e um estupido oportunista
ja vimos a sua capacidade quando esteve a frente da delegacao do CNRT em darwin e logo em um mes a conta telefomica foi de $30.000.00 dolares. Ahistoria dos tratores que comprou para tambem da para ser investigada. O mais interessante e que a certa altura foi expulso da CNRT pelo proprio Xanana para depois ser novamente reinstalado pelo mesmo 2 semanas depois. Tambem e muito falado ca na Australia os envolopes que recebia em melbourne para tratar da residencia permanenete dos refugiados Timorenses.

El Duce

Anónimo disse...

O partido denominado por Frente Operacional para a Riqueza Particular e Bem-Estar, à cuja testa se encontra Dr. Prof. Dr. Jô Putrefacção, apresenta o seu programa de acção com vista à disputa de muito desejado primeiro lugar em próximas eleições e da respectiva medalha de ouro. O ponto principal do seu plano de acção é um programa de combate ao desemprego.
Num país, como é Cangurolandia Júnior, com elevada taxa de desemprego torna-se indispensável ter uma rara visão de futuro que permitisse criar emprego para cerca de 90% da sua população.

A solução proposta permitiria empregar cerca de 75% da população como engraxadores de sapatos dos parceiros de desenvolvimento na extracção de petróleo vindos externamente da Cangurolandia, enquanto os restante 15% da população seria empregada, de acordo com as previsões da Frente Operacional para a Riqueza Particular e Bem-Estar no transporte de barris de petróleo a partir de plataformas petrolíferas.
A Frente Operacional para a Riqueza Particular e Bem-Estar prevê que a percentagem desses novos quadros varie de acordo com exploração petrolífera real e em conformidade com esta a comissão atribuída por parceiros de desenvolvimento da Cangurolandia no desenvolvimento da própria Cangurolandia.

Este extraordinário programa do Frente Operacional para a Riqueza Particular e Bem-Estar através de propulsão de 2 acabaria por impulsionar 3 importantes sectores económicos: produtores, distribuidores e usufruidores da riqueza.
A nova estrutura orgânica da economia representa uma forma completamente inexplorada na transição para nova sociedade da prosperidade do Cangurolandia Júnior.

Anónimo disse...

E eu a pensar que a "Cangurolandia Júnior" era a NZ...

Anónimo disse...

Lapsus memorie.

O "Cangurolandia Júnior" é realmente NZ que nos esquecemos que existe por si só e não como o apêndice e extensão do Cangurolandia.

Consideremos então que o Frente Operacional para a Riqueza Particular e Bem-Estar é oriundo de um país chamado Chánanoaustrolandia ou Xananoaustrolandia.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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