Diário Digital / Lusa
08-05-2007 10:04:37
O líder da Fretilin Mudança e ministro dos Negócios Estrangeiros de Timor-Leste, José Luís Guterres, afastou hoje a hipótese de criar um novo partido mas pede mudanças na Fretilin e novas políticas para o país.
«Não, neste momento estamos na Fretlin e queremos continuar a ser membros do partido», afirmou ao salientar que a mudança que pretende para o seu partido «é um processo político» sobre o qual é preciso ver a reacção da parte contrária - adversários internos.
José Luís Guterres falava à agência Lusa à margem da cerimónia de cumprimentos de despedida do corpo diplomático a Xanana Gusmão, confirmou encontros recentes entre Mari Alkatiri e membros da facção «Mudança» da Fretilin e explicou que o congresso extraordinário visa «que todas as sensibilidades possam debater ideias e candidatar-se à liderança nacional».
«O processo da mudança é um processo contínuo e mal das organizações políticas que não se adaptem às realidades de hoje», afirmou o chefe da diplomacia timorense.
«Nós tentámos no último congresso, dentro das normas estatutárias, apresentar pontos de vista, apresentar alternativas à actual liderança política», afirmou para sublinhar que nunca lhe foi permitido intervir no congresso que reconduziu Mari Alkatiri como secretário-geral da Fretilin.
Por isso, explicou, pretende um congresso, para «projectar a mudança para a Fretilin e para o país».
Apoiante da candidatura presidencial de José Ramos-Horta, José Luís Guterres recordou que o candidato e actual primeiro-ministro é um dos fundadores da Fretilin que «representou sempre a ala moderada do partido».
«Eu também faço parte dessa ala moderada», assinalou.
O titular da pasta dos Negócios Estrangeiros no Governo de Timor-Leste acrescentou também que uma eventual derrota de «Lu Olo» nas presidenciais «significa o descrédito da actual liderança» da Fretilin e deixou o alerta aos seus companheiros de partido que «já deviam ter tirado ilações do resultado na primeira volta».
«A Fretilin nas primeiras eleições teve quase 60 por cento dos votos e agora tem 28 por cento», disse ao salientar o partido precisa de «fazer um esforço muito grande» para «analisar a realidade que se vive em Timor e tomar políticas acertadas para essa realidade e não continuar a afirmar-se ou comportar-se como se nada existisse à sua volta».
«O sonho antigo de ser único e exclusivo hoje já não dá», sustentou.
Além de Horta como fundador, José Luís Guterres recordou também Xanana Gusmão como o homem que «reconstituiu toda a Fretilin» durante a luta pela libertação mas que pelas exigências internas da resistência teve de «alargar a base de apoio e sustentação à luta de libertação nacional abrindo as portas a todas as sensibilidades nacionais para darem o seu contributo para a luta».
José Luís Guterres considerou também que Xanana Gusmão preferiria agora ir descansar mas as «políticas de arrogância, exclusão dos meus colegas e a falta de sensibilidade para lidar com a população timorense, falta de políticas para o desenvolvimento rural, fez com que o país estivesse quase destruído, à beira de ser um Estado falhado» levando o ainda Chefe de Estado a manter-se activo na política.
«Por causa de tudo isso é que estamos a dar as mãos com Xanana Gusmão e com todos os líderes dos partidos que existem em Timor-Leste, incluindo no seio da Fretilin, para ver se encontramos uma saída defendendo os interesses nacionais, a soberania e o desenvolvimento rural para que a população viva melhor», afirmou.
O governante deixou também um desafio a quem possa ter dúvidas sobre as dificuldades do povo: «vá às montanhas e veja que a população vive hoje talvez pior do que no tempo da Indonésia com excepção da liberdade que hoje tem em Timor-Leste».
terça-feira, maio 08, 2007
Timor: Fretilin Mudança afasta hipótese de criar partido
Por Malai Azul 2 à(s) 19:15
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Traduções
Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
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Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
4 comentários:
Em 29 de Abril do ano passado, ao DN, Ramos-Horta sobre os graves incidentes que tinham acabado de deflagrar explicava textualmente que "Os incidentes não foram provocados pelos ex-militares mas sim por um grupo de jovens extremistas, que se apropriaram da manifestação há vários dias já. Os ex-militares perderam o controlo do protesto. Alguns pertencem a grupos políticos mas outros pertencem a uma organização, Colimau 2000, que desde 1999 tem praticado actos de vandalismo, arvoram-se em dissidentes políticos, mas são líderes de gangues. O Governo tem sido demasiadamente tolerante com eles" e continuava a notícia “O ministro timorense diz saber de vários testemunhos que Colimau, o líder do grupo que tem o seu nome, "estava ao microfone da manifestação, incitando os jovens a atacar o palácio, propondo aos ex-militares o derrube do Governo" (…).
http://dn.sapo.pt/2006/04/29/internacional/ha_interesses_estranhos_a_timor_tras.html
Passado um ano, tal como o seu Chefe (de então e de agora), o José Luís Guterres mudou de ideias e esteve no comício de Dili como um dos donos do microfone ao lado precisamente do presidente do Colimau 2000, Gabriel Fernandes.
E nem faltou ninguém dos tais grupos políticos a quem então o Horta culpava também da violência, nem Francisco Xavier do Amaral, Avelino Coelho, João Carrascalão, Fernando «Lassama» de Araújo, Lúcia Lobato, Mário Carrascalão. Nem sequer o inspirador de toda aquela barbaridade, o Xanana.
E este José Luís Guterres que passou todos esses quatro anos do Governo de Alkatiri, longe da luta pela criação de instituições democráticas em Timor-Leste, longe das tremendas dificuldades que foi a partir do zero criar um Estado, formar os seus funcionários, instituir as suas leis e que em vez disso esteve no bem-bom nas salas com ar condicionado de Nova Iorque, vem agora armado em carapau de corrida “«vá às montanhas e veja que a população vive hoje talvez pior do que no tempo da Indonésia”!
Será que ele nem ainda percebeu que em Dili, precisamente na capital de Timor-Leste o povo vive bem pior do que vivia há um ano, quando ele entrou para o Governo do Horta? Será que não percebeu ainda que desde há um ano todos os seus camaradas da Fretilin e até os seus simples simpatizantes e restantes Timorenses da Administração civil vivem perseguidos, aterrorizados, com as barbaridades cometidas pelos seus colegas de conspiração e comício, precisamente desde que os seus guarda-costas Australianos entraram no país, e será que ainda não meteu na cabeça que as milhares de casas, negócios e edifícios estatais queimados, pilhados o foram a mando precisamente dos seus novos amigos? E pior, será que as milhares, muitos milhares de crianças sem aulas, professores sem escolas, tanta situação por resolver não se deve á total incompetência do seu amigo Horta? Bem como os investimentos que não se fizeram tem a ver com a completa inoperância do mesmo Horta que em dez meses agravou todos, todos os problemas e não resolveu nenhum?
Esta gente, este José Luís Guterres, Horta, Xanana e restante cambada vive obsecada pelo poder, só pelo poder, está-se marimbando para a segurança básica e pelo bem-estar dos seus co-cidadãos e merece ser arredada pelo mal e sofrimento que durante um ano infligiram aos seus co-cidadãos.
Como e que este individuo vai fazer alguma coisa pelo seu partido e acima de tudo por Timor Leste, quando foi o proprio Ramos Horta que botou a boca cheia dizendo que no dicionario do Jose Luis Guterres, a palavra "TRABALHO" nao existe!!
Esta "notícia" dá vontade de rir, confrontada com estas declarações de Maubosi, em 2006...
Lusa
19-8-2006
“Em declarações à Agência Lusa, um dos dinamizadores dos contestatários, Vicente Ximenes "Maubosi", garantiu que Mari Alkatiri "não irá permanecer muito tempo na liderança do partido" porque o grupo renovador "tem os apoios necessários para a realização de um congresso extraordinário".”
Em relação ao que diz JL Guterres, três observações:
1 - A Fretilin não teve "quase 60%" "nas primeiras eleições", pela simples razão de que as eleições presidenciais não se disputam entre partidos, mas entre pessoas. Ou então, usando o mesmo critério, diremos que Xanana teve, na segunda eleição (1ª volta de 2007), apenas quase 22%, apesar de o seu candidato ter sido insistentemente rotulado de "favorito" pela maior parte da imprensa estrangeira. Então o "descrédito" de Xanana é de longe superior ao da Fretilin.
2 - JL Guterres gosta de se fazer de vítima, mas se ele não falou no Congresso da Fretilin foi pela simples razão de que se foi embora, quando viu que nem 10% dos congressistas conseguia reunir para apresentar uma lista às eleições do partido. Essa dor de cotovelo é muito feia.
3 - Se há pessoas que sabem como vivia o povo durante a ocupação indonésia, JL Guterres não é uma delas. Não foram só Alkatiri e Ramos Horta que passaram por Maputo... e por aqui me fico.
Críticas. São apenas críticas. Pelo que vejo até são construtivas. Ele não renega ninguém. Não despreza. Apenas apresenta soluções para o futuro, e nem se oferece para as concretizar, apresenta outro nomes para o fazerem.
Criticar só porque se é criticado é feio, meus meninos.
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