Díli, 29 Nov (Lusa) - Nas cerca de 500 páginas que constituem o processo que quinta-feira sobe a julgamento em Díli, em que o ex-ministro timorense Rogério Lobato é o principal arguido, avultam as referências ao envolvimento do antigo primeiro-ministro Mari Alkatiri.
Documentos a que a Agência Lusa teve acesso, designadamente as primeiras declarações de Vicente da Conceição "Railós", veterano da resistência contra a ocupação indonésia de Timor-Leste, feitas a 19 de Junho, perante dois procuradores internacionais, apontam para o alegado envolvimento de Mari Alkatiri no caso.
Depois de declarar os procedimentos efectuados por Rogério Lobato para reunir antigos guerrilheiros, e reportando-se à reunião que teve a 08 de Maio, em casa de Mari Alkatiri, a folhas 38 do processo, Vicente da Conceição "Railós" é citado como tendo declarado: "logo nesse dia ficou claro, que dito pela boca do primeiro-ministro, que as armas seriam entregues para matar peticionários (militares que tinham abandonado a instituição em Fevereiro), matar líderes da oposição, matar padres que se opusessem à FRETILIN e matar militantes da FRETILIN que se opusessem a Mari Alkatiri".
"O Mari Alkatiri informou que o plano era secreto que não podia chegar aos ouvidos quer do (comandante da Polícia Nacional de Timor-Leste) Paulo Fátima Martins quer do Presidente Xanana", lê-se a folhas 37 do processo.
Mari Alkatiri, que tem reiteradamente negado o seu envolvimento no processo de distribuição de armas a civis, figura como arguido neste processo.
Para o julgamento que se inicia quinta-feira em Díli, o Ministério Público timorense constituiu como arguidos Rogério Lobato e ainda Francisco Salsinha , Francisco Xavier Viegas e Marcos Piedade.
Estes últimos três foram referenciados nos autos como constituindo um grupo de civis diferente do comandado por "Railós" que também terá alegadamente recebido armas por indicação de Rogério Lobato e Mari Alkatiri.
Além dos documentos constantes do processo, que tem mais de 500 páginas , a Agência Lusa teve acesso a outros documentos, designadamente uma declaração assinada por Francisco Salsinha e pelo major M. A. Beckett, das forças de defesa australianas, datado de 21 de Julho, em que se certifica que o agora arguido devolveu as armas que tinha em seu poder.
Apesar dessa declaração, Francisco Salsinha foi constituído arguido pelo Ministério Público.
Em declarações à Lusa, o advogado de defesa dos arguidos, Paulo Remédios, questionou o procedimento do Ministério Público, salientando que está a considerar suscitar a nulidade do processo.
Paulo Remédios acrescentou que apenas teve acesso, há cerca de duas semanas, "e apenas durante 48 horas", ao processo, notando que do mesmo faltam três caixas de documentação variada apreendida da residência de Rogério Lobato, que serviram para o Ministério Público deduzir a acusação mas a que a defesa não teve acesso.
Por outro lado, e conforme os documentos constantes do processo, Vicente da Conceição "Railós" aparece referenciado ora como arguido, qualidade na qual prestou as primeiras declarações que incriminam Rogério Lobato e Mari Alkatiri, ora como testemunha.
EL-Lusa/Fim
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quinta-feira, novembro 30, 2006
Veterano que "leva" ex-ministro a tribunal implica Mari Alkatiri
Por Malai Azul 2 à(s) 03:00
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Obrigado pela solidariedade, Margarida!
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Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
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