quinta-feira, setembro 28, 2006

Editorial: Tocando a linha em Timor

Tradução da Margarida.

Por: New Matilda
Quarta-feira 27 Setembro 2006

Esta semana The Australian publicou um artigo de opinião de Mark Aarons atacando o jornalista John Martinkus, e o New Matilda, por causa de artigos que publicámos sobre a violência recente em Timor-Leste.

Aarons argumenta que estamos a desencadear uma ‘campanha extraordinária’ contra o Presidente Timorense Xanana Gusmão para o implicar na queda do antigo Primeiro-Ministro Timorense Marí Alkatiri.

Aarons faz alguns ataques pessoais a Martinkus, que não vamos dignificar com uma resposta, mas o que podemos interpelar directamente é o seu questionamento a duas peças da evidência aprsentada por Martinkus em New Matilda.

Aarons argumenta com razão que uma nota escrita por Gusmão ao soldado amotinado Alfredo Reinado (disponível na totalidade no nosso website) não é evidência suficiente para afirmar que os dois ‘estavam juntos para remover violentamente Alkatiri.’ Concordamos. Mas isso não o torna não ser digno de ser relatado.

De facto, Martinkus e a New Matilda, apresentaram a carta pelo que é: a prova duma relação estreita entre Gusmão e Reinado no cume da crise Timorense — o que é extraordinário se se considerar os factos num contexto Australiano. Se John Howard enviasse uma nota amigável a um soldado desertor Australiano que tivesse disparado contra as Forças de Defesa Australiana ou contra a Polícia Federal Australiana usando armas roubadas, Aarons sugeriria aos jornalistas para ignorarem isso?

Gusmão não refutou a sua relação estreita com Reinado.

Num artigo que se seguiu no New Matilda, a semana passada, Martinkus citou uma declaração do antigo comandante da polícia Abilio ‘Mausoko’ Mesquita, que está na cadeia pelo seu papel na violência. No documento — que passou (para o exterior) sem autorização ou conhecimento de Mesquita — Mesquita afirma que foi o próprio Gusmão quem lhe deu as ordens para atacar a casa do comandante das forças militares de Timor-Leste, o Brigadeiro Taur Matan Ruak, em 24 e 25 de Maio .

Martinkus sublinha que se é legítima, a declaração de Mesquita passada para o exterior implica Gusmão na violência armada em Timor-Leste.

Aarons descarta o documento como ‘absurdo’ mas não explica como é que chegou a essa conclusão. Cita as afirmações da jornalista Australiana e correspondente de Timor-Leste Jill Jolliffe, no nosso website, de que o documento é ‘demonstradamente falso.’ Mas a Jolliffe não demonstrou a falsidade do documento ou do seu conteúdo.

Aarons sugere também que por causa de outros jornalistas terem ignorado a história, Martinkus — e o New Matilda — também a deviam ignorar. Soa-nos a jornalismo de encomenda.

O que Aarons ignora convenientemente no seu artigo — e não explica — são os factos postos a nú pelo próprio Mark Dodd do The Australian: que Gusmão pagou pelo menos uma parte da conta de hotel de Reinado durante a crise.

John Martinkus e o New Matilda relataram algumas histórias inconvenientes sobre a situação em Timor-Leste, sem medo ou favor. Quando for apropriado, tornaremos disponíveis os documentos que fundamentam estas histórias.

Como Aarons, esperamos avidamente o relatório da Comissão Especial Internacional de Inquérito sobre as causas da violência recente em Timor-Leste.

Continuaremos a apresentar os factos à medida que os descobrirmos. Convidamos os nossos críticos a fazerem o mesmo.

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Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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