Díli, 07 Dez (Lusa) - O antigo primeiro-ministro timorense Mari Alkatiri defendeu hoje, em declarações à Agência Lusa, a adopção de um programa mínimo para desbloquear o impasse em que Timor-Leste se encontra actualmente.
Esse programa mínimo deverá sair de um diálogo a nível mais restrito, envolvendo cinco ou seis pessoas, precisou Mari Alkatiri.
"Penso que há cinco ou seis pessoas que se devem encontrar e discutir. Naturalmente não vamos resolver todos os nossos problemas, todas as nossas diferenças, mas podemos perfeitamente acertar num programa mínimo para fazer avançar esse processo", frisou.
Mari Alkatiri falou à Agência Lusa depois de ter recebido em sua casa a delegação parlamentar portuguesa, liderada pelo presidente da Comissão de Negócios Estrangeiros da Assembleia da República portuguesa, José Luís Arnaut, que hoje termina uma visita de trabalho de três dias a Timor-Leste.
Instado a comentar a recente iniciativa do Presidente Xanana Gusmão de realizar um debate alargado a líderes políticos, religiosos, militares e da polícia , que teve lugar a 22 de Novembro, Mari Alkatiri respondeu que ainda não há diálogo no topo da liderança política.
"Ainda não. Do meu ponto de vista ainda não. Dia 22 tentou-se algum diálogo, mas ampliou-se demais o conceito de topo e diluiu-se completamente", salientou.
Quanto às cinco ou seis pessoas que considera que devem juntar-se à mesma mesa, Mari Alkatiri defendeu os nomes do Presidente da República, do presidente do Parlamento Nacional, do primeiro-ministro, do comandante das forças armadas.
Mari Alkatiri defendeu que também deveria estar presente nesse encontro, na qualidade de líder do maior partido timorense.
"Mais ou menos essas pessoas é que têm de encontrar esse consenso. Não estou a dizer que nesse diálogo vamos sair todos com a mesma opinião sobre a crise.
Isso vai levar tempo. Agora, sejamos suficientemente responsáveis para sairmos com um consenso no que toca à necessidade de resolver os problemas. Isso é que é importante", destacou o antigo chefe de governo timorense.
No plano inter-partidário, Alkatiri revelou ainda ter já instruído os dois secretários-gerais adjuntos da FRETILIN, partido que lidera, para "iniciar contactos com outros partidos políticos para que qualquer obstáculo que tenha sido encontrado no debate das leis eleitorais possa ser negociado ao mais alto nível".
"Estou disposto a participar nessas negociações. Reitero a minha vontade de contribuir para a solução de todos os problemas existentes neste país. E digo contribuir, porque a solução não está só nas minhas mãos", frisou.
A crise político-militar timorense iniciou-se em Abril, com divisões no seio das forças armadas, que conduziram progressivamente à desintegração da Polícia Nacional, o que levou as autoridades a apelarem à Austrália, Malásia, Nova Zelândia e Portugal ao envio de militares e polícias para assegurar a instauração da ordem pública.
Mais de 60 pessoas morreram e avultados danos materiais, em bens públicos e privados, foram provocados em consequência dos tumultos de final de Abril e Maio.
Posteriormente, a violência passou a ser protagonizada por grupos rivais, oriundos das partes leste e oeste do país.
Estes actos de violência provocaram, no pior período, a fuga de 180.000 pessoas das suas áreas de residência, permanecendo actualmente 25.000 pessoas espalhadas por campos de deslocados em Díli, e cerca de 70.000 nos distritos do interior do país.
EL-Lusa/Fim
.
quinta-feira, dezembro 07, 2006
Mari Alkatiri defende programa mínimo para se ultrapassar a crise
Por Malai Azul 2 à(s) 20:56
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Traduções
Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Obrigado pela solidariedade, Margarida!
Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006
"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
5 comentários:
Entre tais 5 ou 6 pessoas que devem ser representadas no diálogo faltou apenas mencionar o nome do titular da justiça.
Este também é um órgão de soberania e único que parece faltar, por omissão ou não.
A justiça orfã da democracia, até quando?
Petra
Soh nao compreendo como eh que o alkatiri nao se preocupou em evitar a crise quando era o senhor todo poderoso de Timor-Lorosae. agora quer bancar o bonzinho. Mas eh muito tarde. O povo jah acordou.
Petra, o ministro da justiça não é um órgão de soberania, mas somente um membro do governo. Os juízes é que são órgãos de soberania.
O Mariano é dos tais que não quer compreender seja o que for que vá contra os interesses Australianos em Timor-Leste. O maior cego é sempre quem não quer ver. Cresça!
Caberá então ao Supremo Tribunal de Justiça ser representante dos tribunais como órgão de soberania?
O Artigo 124º, alínea 1) da Constituição diz o seguinte: "O Supremo Tribunal de Justiça é o mais alto órgão da hierarquia dos tribunais judiciais e o garante da aplicação uniforme da lei, com jurisdição em todo o território nacional?
É o Presidente do Supremo Tribunal de Justiça que também devia representar um dos órgãos de soberania nesse encontro de Dr. Alcatiri com o Presidente da República e em presença do Preidente do Parlamento e Primeiro-Ministro?
Petra
Sim. Mas há-de reparar que em toda esta crise, o Xanana forçou a demissão do antigo PM Alkatiri, enxovalhou a Fretilin e os seus dirigentes, fartou-se de mandar piadas aos juízes em geral e ao Dr. Cláudio Ximenes em particular, mas este nunca lhe deu troco, porque, possívelmente nunca quis entrar numa briga que não era dele. A briga do Xanana era com a Fretilin e por tabela com o governo e com o Parlamento - o antigo PM Alkatiri é secretário-geral e o Presidente do Parlamento é o Presidente da Fretilin.
Esta foi uma crise artificialmente fabricada por Xanana para perseguir interesses egoístas seus e dos seus apoiantes internacionais que querem ter um governo e um parlamento mais inclinado a satisfazer os seus interesses. E tenha em mente que quem desencadeou a crise, e quem tomou a iniciativa de todos os ataques foi Xanana e os xananistas. A Fretilin, desde o princípio no governo e no parlamento teve a preocupação de minimizar as consequências para o povo, de salvaguardar a Constituição e as instituições democráticas e de garantir que haja eleições em 2007.
Por tudo isto é perfeitamente dispensável a presença do órgão de soberania da aplicação da justiça neste encontro. Pelo contrário se o Dr. Ximenes fosse só atrapalharia os planos do Xanana de "conciliação" sem justiça. É isto mesmo o que o Xanana agora receia, que a justiça deite mão aos bandidos desertores e golpistas que andam com potentes armas estrangeiras na mão fugidos à justiça.
Enviar um comentário