sexta-feira, outubro 20, 2006

O relatório da ONU é uma anedota, diz o amotinado militar Timorense

Tradução da Margarida.

The Sydney Morning Herald
Lindsay Murdoch
Outubro 19, 2006

O líder amotinado Alfredo Reinado desafiou a credibilidade de um inquérito da ONU à violência em Timor-Leste, dizendo que um dos homens que recomendou fosse processado foi morto num tiroteio.

"Como é que eles pensam que vão processar um morto? É uma anedota," disse Reinado do seu esconderijo nas montanhas do oeste do país.

O inquérito (feito) por três membros recomendou que Reinado e pelo menos nove dos seus homens sejam processados por causa de um tiroteio que diz que eles começaram nos subúrbios de Dil em 23 de Maio, durante a qual morreram cinco pessoas e 10 ficaram feridas.

Reinado disse que o Alferes Joabinho Noronha, que o inquérito diz que devia ser processado, foi morto na luta.

Também disse que outros membros do seu grupo indicados pelo inquérito como sendo possíveis de acusação não estiveram com ele na altura.

"Não li o relatório mas pelo que tenho ouvido é tudo muito confuso," disse Reinado. "Tudo o que sei é que estou inocente … só estava a proteger-me e aos meus homens do ataque."

O inquérito organizado pelo Secretário-Geral da ONU, Kofi Annan, acusou-o de ter cometido crimes contra a vida e apontou-o como um dos culpados chave da violência.

Reinado, que tem sido o fugitivo mais procurado de Timor-Leste desde que liderou uma fuga em massa da prisão principal de Dili em Agosto, disse que o seu passo dependerá de como os Timorenses reagirem às conclusões do inquérito.

"Escutarei para ouvir o que dizem as pessoas," disse. "O que fiz foi para proteger a maioria dos Timorenses, por isso é da responsabilidade deles o que me acontecer a mim."

O inquérito também recomenda que mais uns tantos soldados, polícias e civis Timorenses sejam processados, incluindo o antigo guerrilheiro Vicente "Railos" da Conceição, que também anda em fuga nas montanhas perto de Dili.

O relatório diz que não aceitou a afirmação de Conceição de que o antigo primeiro-ministro Mari Alkatiri lhe deu instruções para "eliminar" opositores políticos. A afirmação forçou a resignação do Sr Alkatiri.

Mas encontrou que havia "razoável suspeita " que o Sr Alkatiri soube que ao grupo de Conceição tinham sido entregues ilegalmente armas.

Descobriu que Conceição, um aliado de há muito tempo do Presidente Xanana Gusmão, e 31 dos seus homens deviam ser processados por causa de um tiroteio em 24 de Maio durante o qual foram mortas nove pessoas e três ficaram seriamente feridas.

O relatório de 79 páginas disse que mais de 300 armas da polícia e das forças armadas, muitas delas armas de assalto de grande potência, ainda estão em falta.

Filomeno Aleixo, um membro de topo do partido no poder do sr Alkatiri, a Fretilin, disse que o partido estava a ler "cuidadosamente" o relatório que recomenda mais investigação para determinar se o Sr Alkatiri deve ser processado sobre a armação de civis.

O Sr Alkatiri, que se mantém como o secretário-geral do partido, insiste que o liderará para as eleições no próximo ano.

As ruas de Dili têm estado calmas desde que saiu o relatório na Terça-feira.

Parece que os soldados aceitaram a recomendação do inquérito de que o chefe da força de defesa, Taur Matan Ruak, um herói da luta da independência do país, seja responsabilizado pela armação de civis.

O Primeiro-Ministro, José Ramos-Horta, disse ontem que se mantinha firmemente por detrás do Brigadeiro-General Ruak que tinha "expressado a sua aceitação do relatório, que ele acha como muito justo e equilibrado ".

O Sr Ramos-Horta disse que os comandos de topo da força tinham mostrado "zelo e disciplina " através da crise.

O Sr Annan ontem pediu aos Timorenses para aceitarem as recomendações do relatório.

O antigo bispo de Timor-Leste, Carlos Belo, que deixou o país em 2003 para trabalhar como missionário em Moçambique, chorou quando chegou de volta ao aeroporto de Dili ontem e viu milhares de pessoas a viverem perto num campo de deslocados perto. Mais de 60,000 pessoas estão ainda a viver em campos em Dili, demasiado aterrorizadas para regressarem às suas casas.

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3 comentários:

Anónimo disse...

O que o Reinado tem a fazer eh render-se a evidencia e nao cotinuar com o seu jogo as escondidas!...

Anónimo disse...

Reunado, voceh eh que eh uma anedota. Vamos, apresente-se as autoridades, para ser julgado pelo crimes que cometeu!

Anónimo disse...

Eles todos falam, falam,falam... que irão responder pelos seus crimes, e contunuarão falar, falar, falar até que cheguem juízes australianos e constituam tribunais "independentes, isentos e imparciais".

Faz simplesmente parte da estratégia.

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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