sexta-feira, junho 23, 2006

Do Bloguitica

Sexta-feira, 23 de Junho de 2006. O dia mais longo das suas vidas. Mais um. Ao ponto a que a situação chegou já pouco espaço resta para que se possa recuar salvando a face. Infelizmente, o braço de ferro só terá vencidos. Mesmo o vencedor, seja ele quem for, já perdeu. Espaço político. Credibilidade.

Austrália, Indonésia e Portugal repetem até à exaustão que deverão ser os timorenses a encontrar uma solução para os seus problemas. Sim, é verdade. Mas não sei se não seria útil equacionar também a possibilidade de se enviar um mediador internacional de reconhecido prestígio e acima de qualquer suspeita de favorecimento de uma das partes. A ONU facilmente encontraria uma mão cheia de nomes que seguramente aceitariam o desafio. Bill Clinton, por exemplo, seria uma excelente opção.

7 comentários:

Anónimo disse...

info. dos corredores do poder

Mari Alkatiri JA ACEITOU RESIGNAR-SE!!!

Viva Kay Rala Xanana Gusmao
Viva Ramos Horta
Viva os Bispos de Timor
Viva o Povo Maubere
Viva a Restauracao da Democracia

Anónimo disse...

Caros, posso agora desabafar, não contra as manipulações australianas e das Nações Unidas, mas contra as portuguesas? Também acho que Lisboa merece, não é? Nem é preciso escrever nada de original, só quero transcrever partes de um ensaio de Maria Johanna Schouten, chamado Antropologia e Colonialismo no Timor Português. Está em http://www.lusotopie.sciencespobordeaux.fr/schouten.rtf


Tem, de facto, muito a ver com a actualidade. Quantos de nós não sabemos que “Alacatiri é amigo de Portugal?” Quantos de nós não conhecemos dois grupos étnicos agora muito em voga em Timor? Quantos de nós não ouvimos falar “na herança portuguesa” em Timor? E Quantos de nós não privamos com portugueses em Timor que acham que estão em missão civilizadora?


Mendes Correia e António de Almeida – contribuições para a antropologia de Timor

Com a sua taxinomia da população indígena, Almeida enquadrava-se nas tendências gerais dos poderes coloniais, que costumavam salientar a diversidade étnica dos povos submetidos. Cada grupo étnico era encarado e tratado de forma diferente, de acordo com ideias (baseadas ou não em pesquisas antropológicas) sobre a sua vida social e cultural, a sua fisiologia e o seu carácter.

O regime colonial português aproveitou-se do interesse antropológico pela fisiologia. Estudos de antropobiologia pareciam permitir uma avaliação da utilidade e das aptidões dos indígenas. Mendes Correia, no seu artigo « Valor psico-social comparado das raças coloniais », abordava (nomeada¬mente entre os africanos) factores como « aptidão para o trabalho », « impulsividade », « inteligência global » e « educabilidade ». O tipo físico forneceria, para tal, já algumas indicações (Correia 1934).

Outras dimensões eram « moralidade » ; « sugestibilidade » ; « resolução ou decisão », « previdência », « tenacidade » ; « inteligência global », « educabilidade ». Este artigo assenta numa metodologia duvidosa, o que o próprio autor também reconhecia mas que não o impediu de apresentar os resultados.

Nesta abordagem raramente se considerava a possibilidade de influên¬cias dos contactos existentes entre grupos, ou de mudanças sociais. Almeida nega explicitamente quaisquer influências culturais do lado dos chineses e de pessoas oriundas das ilhas da Indonésia presentes em Timor português (Almeida 1961 : 39 ;1994 : 461). No entanto, havia um povo que, segundo ele, exercia grande impacto cultural : os portugueses.

A mudança da sociedade timorense sob a influência portuguesa é um tema recorrente na obra de Almeida : « Ao longo de mais de quatro séculos, a actividade civilizadora dos Portugueses impressionou funda e duradoura¬mente os naturais de Timor » (Almeida 1961 : 39 ; 1994 : 461). Confirmava, assim, com a sua autoridade de antropólogo, uma ideia já difundida em Portugal, e que se juntava às mensagens do Estado Novo. A introdução da civilização portuguesa, considerada superior, era uma missão sagrada, servindo, ao mesmo tempo, como justificação da presença lusitana.

Desta chamada actividade civilizadora, Almeida dá exemplos : para além de serviços de saúde e de polícia, os portugueses introduziram o milho, o boi, o porco de boas raças, a enxada e outros utensílios, fósforos e produtos de nylon ou de elástico. Eles ensinaram os timorenses a fazer queijo e manteiga, e melhoraram-se as habitações (Almeida 1961 : 37 ; 1994 : 459). Hoje sabemos sobre todos estes exemplos, que a sua introdução apenas se limitava nalgumas áreas geográficas, e mesmo lá não era acessível a todos.

Almeida assinalava em conclusão que « [a] nossa presença faz extinguir ou esmorecer a frequência de velhas práticas ergológicas nativas » (Almeida 1961 : 36-37 ; 1994 : 458-459). Uma tendência deste género seria lamentada por muitos antropólogos, atendendo ao respeito e fascínio que esse categoria profissional por hábito tem pela diversidade de expressões culturais. Não era o caso de Almeida.

No princípio dos anos 1960, considerou já como numerosos os testemunhos de « portuguesismo » entre os timorenses (Almeida 1961 : 38 ; 1994 : 460), devido, em primeiro lugar, à acção missionária. Era, segundo uma autoridade das missões católicas portuguesas, o « impregnar de portuguesismo a paisagem africana » neste caso extensível a Timor (Silva Rego (1962) in Valverde 1997 : 91).

As suas publicações, redigidas para um grande público ou um fóro internacional, serviam também para criar e corroborar uma imagem da febril actividade científica dos portu¬gueses nas colónias, uma « ocupação científica » que seguia a ocupação militar e política, nas palavras de Mendes Correia (Correia 1945 : 3).

No Estado Novo, era geral a ideia de que as culturas dos povos colonizados eram pobres e inferiores. A rejeição da cultura indígena, por parte dos portugueses, evidenciou-se também em medidas oficiais, tal como no caso de Timor, em 1954, quando foi oficial¬mente proibido o uso da lipa como parte do vestuário dos homens (Castelo 1998 : 122).

A actuação dos portugueses durante a maior parte do período de contactos com Timor caracterizou-se pela indiferença, por campanhas militares sangrentas e pela exploração económica. Na visão de muitos dos oficiais coloniais em Timor e noutros territórios, o mais importante elemento da missão civilizadora era ensinar a trabalhar – quer isto dizer, sob as condições dos Portugueses. Ver sobre esta questão Schlicher 1996 : 299-305. Era oficial a opinião de que era fundamental « ensinar o negro a trabalhar, dando-lhe os meios e obrigando-o a tanto », nas palavras de Armindo Monteiro, Ministro das Colónias e dos Negócios Estrangeiros nos anos 30. Ver CASTELO 1998 : 85-86.

É, não é?

Anónimo disse...

um mediador ... é...era....será... uma boa ideia, mas temo que seja tarde, os mediadores que apareceram foram primeiro a Maubisse... era lá que estava o poder?
Ninguém verdadeiramente ajudou, nem isso fazia parte do plano cujo unico objectivo era deitar abaixo o Primeiro Ministro ... esse era o alvo ... e água mole em pedra dura tanto dá até que fura ... tanto bateram que conseguiram.
Qual é o alvo que se segue ... para mim não é nenhum, isto é, a UN vai tomar a governação para já e os aussies ficam aliviados e com espaço para imporem (são mais fortes, estão perto, tem fortes interesses estratégicos e económicos) os seus pacotes para a segurança, justiça etc.. há muito preparados ... o que é isso do direito civilista?! Queriam? era bom mas acabou-se ... tudo se vai iniciar.

Anónimo disse...

VIVA MARI ALKATIRI
VIVA O GOVERNO
VIVA A FRETILIN
VIVA O POVO MAUBERE
VIVA A CONSTITUIÇÃO

abaixo o PR
abaixo o ramos-horta
abaixo os bispos
RUA AO PR, MNEC/MD

Anónimo disse...

Devido obviamente à crise que os próprios timorenses não resolviam - e quem a deveria ter resolvido atempadamente? Assim, quando os aussies chegaram não chegaram à toa. Em vez de terem feito a vontade a um Governo apressaram-se a colocar-se estrategicamente junto daqueles que afinal poderiam fazer descambar as coisas. Foram para Maubisse guardar os "rebeldes"? Ainda bem, assim ficou com mão nos mesmos e com a impossibilidade de outros fazerem o que quer que fosse.

Lamentavelmente Dili ardeu com todo o género de arruaceiros que queimavam dum lado ou outros arruaceiros queimavam do outro. Que se descubram e investiguem os crimes de sangue e todos os que por Lei possam ser sancionados. Mas entre isso e ter acontecido o inverso em que os meninos do continente viessem e se prostassem em Dili a defender as estruturas e o resto do país poder ficar ele também em caos. Talvez tenha sido melhor assim.

Agora sigam as investigações e unam-se, pois se não querem então que a teoria da manipulação que os estrangeiros sempre espreitam ainda para mais com o ouro negro, só têm é que estar alerta e vigilantes como dizia Mari Alkatiri.

É preciso é que o povo volte para os seus locais e uma vez mais que sejam ajudados em larga escala a reconstruir o destruído, que sejam ajudados a sarar as feridas e nunca, jamais levantarem-se uns contra os outros.

Impotentes ao longe muitos e muitas angustiados estiveram uma vez mais por vocês. A maioria uma vez mais silenciosa por não perceber PORQUÊ, mas não tenham dúvidas nenhumas COM VOCÊS fossem lá vocês cor-de-rosa, amarelos, azuis, brancos, pretos, cor de burro quando foge como aqui no blog apareceu alguém com esse "nome", MUITA gente esteve minuto a minuto com vocês! Imagino a quantidade de gente que nunca disse nada e ficou certamente a olhar perdidos para o monitor. Nada disto vos ajudava ou ajuda mas foi assim que também estive, com refresh refresh... muda de janela, manda mails, questiona, acorda um amigo, acorda uma amiga e sempre a pergunta: sabes de alguma coisa. O Zé está bem?

Sem lamechas mas isso acontece.

Abraço amigo a TODOS!

Anónimo disse...

Abaixo o Mary
Abaixo o governo
Abaixo os criminosos


Viva Fretelin

Anónimo disse...

Abaixo os Bispos? Desculpe-me, mais é miopia demais!
Ac
Br

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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