sexta-feira, junho 23, 2006

De golpe em golpe

Ai Timor!

João Paulo Guerra, Diário Económico, 22/06/06

Afinal, ainda não tinha acontecido tudo em Timor-Leste.

Já tinha havido os militares “peticionários” ameaçando avançar sobre Díli, os “rebeldes” com treino militar na Austrália, as novas milícias semeando de novo o terror agora sob novo comando, as casas de novo incendiadas, a população de novo refugiada nas montanhas, as manifestações conjuntas de “rebeldes” e das milícias exigindo a demissão do primeiro-ministro, a arrogância do novo ocupante que se exerceu inclusive sobre a força portuguesa enviada para o território, a abertura do “diálogo” com os revoltosos e a deposição das armas, as notícias de fontes australianas acirrando os ânimos e reacendendo as fogueiras da desestabilização cada vez que a situação parecia acalmar, apesar de tudo alguma esperança de que a situação se resolvesse e a paz regressasse enfim a Timor.

Não tinha acontecido tudo mas agora aconteceu. Aconteceu um programa do canal de televisão australiano ABC contendo “graves denúncias” contra o primeiro-ministro timorense. E foi com base no conteúdo de um programa da televisão australiana que o presidente Xanana Gusmão perdeu a confiança no primeiro-ministro Mário Alkatiri e lhe escreveu uma carta exigindo-lhe a demissão.

Ainda ontem, numa entrevista publicada no Diário de Notícias, Alkatiri reafirmava a sua convicção de que “há alguém por trás” de todos estes acontecimentos, há “interesses”, há uma “interferência internacional” E, com efeito, em toda esta cronologia de incidentes houve mais alguma coisa. Houve a exclusão das companhias australianas no concurso para novas concessões de exploração do petróleo do Mar de Timor. E agora, por fim, houve um programa da televisão australiana.

E há mais “alguém”, que sai muito mal visto para a História, embora certamente com um próspero futuro à sua frente.

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Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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