domingo, maio 27, 2007

Timor-Leste: Grupo Mudança recusa sair da FRETILIN e alia-se a CNRT

Lusa - 26-05-2007 13:36


Díli - O Grupo Mudança da FRETILIN, que escolhe hoje em Díli os órgãos formais do movimento, recusou a saída do partido maioritário e escolheu aliar-se ao Congresso Nacional de Reconstrução de Timor (CNRT) nas próximas eleições legislativas.

"A resolução e o sentimento desta convenção é que não vamos sair da FRETILIN e continuamos a pedir à liderança actual do partido para que, juntos, realizemos um congresso extraordinário onde todas as sensibilidades da FRETILIN possam estar representadas, para debater todas as questões políticas que dividem a família da FRETILIN", afirmou à Lusa o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros José Luís Guterres.

O Grupo Mudança realiza desde manhã a sua convenção para a escolha formal da direcção do movimento e, às 21:00 locais (13:00 em Lisboa), os trabalhos decorriam ainda no ginásio da Universidade Nacional, em Díli.

"O grupo cresceu imenso e temos que formalizar a estrutura", explicou José Luís Guterres, acrescentando: "Foi um momento histórico para nós".

"O Grupo Mudança reclama-se de vertente democrática e queremos ser ouvidos pela direcção nacional da FRETILIN", acrescentou José Luís Guterres, um dos dirigentes do partido maioritário que entraram em confronto com a actual direcção da FRETILIN no congresso de 2006. Os princípios e os métodos de democracia utilizados pela FRETILIN desde 1975 não são usados hoje dentro da FRETILIN", acusou Vítor da Costa, coordenador do Grupo Mudança, no discurso de abertura da convenção.

"Fizeram da FRETILIN uma empresa privada que só lhes pertence, onde a direcção é individual e pessoal ou de grupo que manda e decide unilateralmente sem consultar ninguém, nem mesmo os órgãos competentes do partido", acrescentou Vítor da Costa.


O discurso do coordenador do Grupo Mudança fez um elenco de acusações contra o actual secretário-geral da FRETILIN, Mari Alkatiri, o presidente do partido, Francisco Guterres "Lu Olo" e outros elementos do chamado Grupo Maputo. "São autoritários, arrogantes, megalómanos e abusam excessivamente do poder", declarou Vítor da Costa.

A convenção do Grupo Mudança decidiu avançar para uma aliança formal com o CNRT do ex-Presidente da República Xanana Gusmão.

"Não rejeitamos o 'status quo', rejeitamos a instabilidade política e por isso defendemos uma aliança com alguém que já foi servidor desse país e o liderou por muitos anos, que é Xanana Gusmão", afirmou José Luís Guterres. "Se a FRETILIN nos tivesse ouvido no congresso nacional, a situação não teria estado como hoje e não teria havido necessidade de uma organização política como o CNRT, que abraçasse todos os sectores da sociedade timorense", acrescentou José Luís Guterres.

A Lusa procurou, em vão, ouvir o comentário de Mari Alkatiri e de membros do Comité Central e do III Governo Constitucional às posições do Grupo Mudança da FRETILIN.

PRM-Lusa/fim

3 comentários:

Anónimo disse...

Recusam-se a sair da Fretilin? Claro! Faz parte do esquema inventarem pretextos para depois se vitimarem, aliás é uma prática de qualquer oportunista. Porque eles sabem que estatutariamente é dever dos militantes da Fretilin “Não pertencer a um outro Partido, organização ou associação político-partidária” (alínea l do artigo 15º), e se não saem pelo pé deles mais cedo ou mais tarde vão ser postos na rua, independentemente da berraria que fizerem. Porque em qualquer partido todos os militantes têm os mesmos direitos e deveres e não há nenhum militante acima da lei.

Anónimo disse...

grupo de mudansa e grupo formado por dos incapacitados e corruptos que a Fretilin nao admira em juntar-se com a CNRT cujo o seu lider ja perdeu a credibilidade de muitos timorenses devido as suas actuacoens agressivas e desonestas envolvidas na crise de TIMOR LESTE.

Anónimo disse...

"Os princípios e os métodos de democracia utilizados pela FRETILIN desde 1975 não são usados hoje dentro da FRETILIN"

Os princípios e os métodos usados pela Fretilin são os que a maioria dos seus membros escolheu. Tão simples quanto isto. É muito feio demonstrar assim tão mau perder.

É curiosa a contradição do discurso desta minoria: por um lado diz que não vai sair da Fretilin, mas por outro já anda de braço dado com Xanana e com o seu "CNRT".

Esta atitude, ridícula à primeira vista, até se compreende: se eles não arranjam tacho na Fretilin, é lógico que procurem emprego no partido que está agora na moda, cujo líder diz que vai ganhar as eleições.

Aliás, nos últimos dias tem-se registrado semelhante afluência à nova agência de emprego (perdão: ao "CNRT"), por parte de gente de muitos outros partidos.

Utilizando uma linguagem empresarial, convém estar atento às "tendências do mercado". JLG e seus confrades só mostram grande espírito empreendedor...

Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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