segunda-feira, novembro 27, 2006

Notícias - traduzidas pela Margarida

Alkatiri ataca a interferência Australiana em Timor
AIM (Moçambique) – Sexta-feira 24/11/2006

Maputo, 24 Nov (AIM) – O antigo primeiro-ministro de Timor-Leste, Mari Alkatiri, numa visita privada a Moçambique, acusou o governo Australiano de interferência nos assuntos internos Timorenses.

Apesar do facto de liderar a Fretilin, que permanece o maior e o mais popular partido político, Alkatiri foi forçado a resignar há algum tempo, este ano no que foi descrito como um “golpe de Estado constitucional ".

A causa imediata da violência que arruinou Timor-Leste no fim do Maio foi um motim por tropas Timorenses que tinham sido despedidas das forças armadas e que foi liderado por um homem que não teve qualquer papel na luta contra a ocupação Indonésia, mas que passou os anos da guerra em confortável exílio na Austrália.

A violência foi usada como uma desculpa para desestabilizar o governo Timorense e destituir Alkatiri, bastante detestado na elite governante Australiana por causa da dura (e com sucesso) postura negociadora sobre as reservas de petróleo sob o mar de Timor.

Alkatiri viveu muitos anos no exílio em Maputo e regressou para ver velhos amigos. Numa entrevista publicada na edição de Sexta-feira do seu semanário independente "Savana", Alkatiri sublinhou que houve uma mão Australiana no forçar da sua resignação.

Apontou que durante o ano e meio anterior, os media Australianos "lançaram uma campanha deliberada para denegrir a imagem do governo Timorense e da Fretilin em geral, e a minha imagem em particular ".

”No ponto mais alto da crise de Maio/Junho”, acrescentou Alkatiri, o primeiro-ministro de direita da Austrália, John Howard, "foi o único líder político que declarou que queria que eu resignasse, num acto claro de interferência nos assuntos internos de Timor".

Claramente que as negociações do petróleo foram um factos de peso por detrás disto. "As negociações foram duras ", disse Alkatiri, "e eu defendi com força os interesses Timorenses. Num bloco, obtivemos direitos de 90 por cento, quando inicialmente nos tinha sido atribuído somente 50 por cento, e noutro obtivemos 50 por cento em vez da oferta inicial de 18 por cento".

Perguntado sobre o papel da Igreja Católica, a religião seguida pela maioria dos Timorenses, Alkatiri respondeu "não gosto muito de falar da igreja como instituição, mas é um facto que parte da hierarquia estava militantemente oposta ao governo".

"Não tenho dúvidas em declarar que a Igreja Católica teve um papel duma oposição, organizando manifestações de duas ou três semanas ", acrescentou.

Um factor que complica é que o próprio Alkatiri não é cristão mas vem duma família muçulmana. "Admito que o facto de ser um muçulmano, num país maioritariamente católico, pode ser difícil de aceitar nalguns sectores católicos ", disse.

Quanto às inventadas acusações de que Alkatiri tinha distribuído armas a civis, a comissão de inquérito da ONU não encontrou qualquer prova, mas apesar de tudo recomendou que se continuasse a investigação.

Alkatiri não ficou surpreendido, e encara isto como uma maneira de salvar a face desses políticos Timorenses, nomeadamente do Presidente Xanana Gusmão, que tinham forçado a sua resignação. "O modo como o relatório da ONU foi apresentado mostra claramente que não quiseram afectar os que estavam no poder ", disse. Porque se a ONU tivesse claramente declarado que não havia base para as acusações contra ele, "então como é que havia de parecer a posição do Presidente, visto que ele pedira a minha resignação precisamente por causa dessas acusações ?"

Alkatiri descartou rumores de que tinha vindo a Moçambique para escapar à justiça Timorense. Avisara o Procurador-Geral previamente do seu plano de viagens, e deu-lhe os seus números de contacto.

Além do mais, Alkatiri permanece em contacto regular com o homem que o substituiu como Primeiro-Ministro, José Ramos-Horta. "Em Timor, encontramo-nos uma vez por semana ", disse. "Quando estou no estrangeiro, falamos regularmente ao telefone ".

A Fretilin deu apoio ao governo de Ramos-Horta. Ramos-Horta herdou os planos ambiciosos do governo de Alkatiri, mas Alkatiri pensa que ele tem sido "incapaz de definir claramente as dificuldades e de as atacar frontalmente".

Em particular, Ramos-Horta não restabeleceu a lei e a ordem e a autoridade do Estado, nem resolveu os problemas dos deslocados pelas lutas de Maio-Junho. "Essa devia ter sido a prioridade e não foi ", disse Alkatiri.

Foi severamente crítico de Gusmão. Apesar de não acreditar que o Presidente estivesse inicialmente envolvido nos planos para derrubar o governo de Alkatiri, envolveu-se mais tarde e mostrou "o ódio injustificado que tem contra a Fretilin".

Alkatiri admitiu o papel chave que Gusmão teve na resistência à ocupação Indonésia, a seguir à morte do primeiro líder da Fretilin, Nicolau Lobato. Gusmão introduziu um novo estilo de liderança, muitíssimo centrado na sua própria pessoa – e nos anos escuros dos 1980s, Alkatiri admitiu que isto resultou e que a resistência sobreviveu. Gusmão foi o líder de facto da Fretilin, mesmo quando formalmente se separou do partido.

Mas quando a independência chegou, a situação mudou radicalmente. A Fretilin reorganizou-se e Gusmão estava fora das estruturas do partido.

"O grande problema do Presidente Xanana é que perdeu a liderança da Fretilin", disse Alkatiri. "Não se pode liderar um partido estando fora dele. Somente os que estão preparados para se subordinarem eles próprios às estruturas da Fretilin podem liderar a Fretilin. O que o Presidente quer é, no mínimo, irracional. Foi aqui que começaram as nossas querelas ".

Alkatiri disse que não quer ser o candidato da Fretilin a primeiro-ministro nas próximas eleições. Em vez disso, ele preferiria trabalhar para desenvolver o partido.

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Líder amotinado de Timor quer conversas
Agence France-Presse - Novembro 26, 2006 08:05pm


De correspondentes em Dili

O comandante militar de Timor-Leste apelou ao diálogo com o líder amotinado Major Alfredo Reinado, que anda em fuga por assassínio e posse ilegal de armas.

Reinado também reiterou uma chamada ao diálogo quando interveio num seminário mas não foi detido por tropas internacionais que também estiveram presentes, disse uma testemunha.

O Primeiro-Ministro José Ramos-Horta disse hoje que Reinado não foi preso porque o comandante militar apelou a um diálogo. "Porque houve um desejo do Brigadeiro General Taur Matan Ruak para um diálogo com ele, de modo a que possa regressar à base e entregar-se, o Governo está a dar-lhe uma outra oportunidade," disse Ramos-Horta aos repórteres em Dili.

Disse que tal diálogo visava levar Reinado a entregar-se e a "contribuir para a justiça." "Mas ele não deve pensar que é a pessoa mais importante no presente, há muitas mais matérias que precisam de ser tratadas além de falar com ele," disse o Primeiro-Ministro.

Ramos-Horta, que n Sexta-feira urgira às tropas para prenderem Reinado, não elaborou.

Entretanto, o oficial amotinado apelou ontem ao diálogo na cidade de Suai quando interveio num seminário onde estiveram presentes soldados Australianos e Portugueses, disse hoje uma testemunha.

"Faço esta aparição porque houve o desejo do Governo por um diálogo, mas não veio nem um único líder (do governo)," disse Reinado em Suai, a cerca de 175 quilómetros a sul de Dili, segundo o jornalista Jeferino Bobo.

Apesar de vestido com roupas civis, Reinado foi escoltado por dois guardas pessoais armados, enquanto um soldado Português e dois soldados Australianos presentes não fizeram qualquer gesto para o prender.

Acredita-se que está escondido, com cerca de 10 seguidores numa base secreta perto de Suai.

Dili pediu a Reinado, a quem acusou de assassínio, para se entregar às forças Australianas.

Foi preso em Agosto com acusações de posse de armas apesar de promessas do seu grupo que tinham entregue todas as suas armas às tropas Australianas destacadas a seguir ao desassossego de que o major é acusado.

Pouco depois fugiu da prisão de Dili juntamente com mais de outros 50 presos.

Em Maio, Reinado liderou um grupo de tropas desertoras e foi acusado de desencadear um desassossego civil que matou 21 pessoas.

A violência levou ao destacamento de forças internacionais lideradas pelos Australianos.

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Líder amotinado de Timor, chefe militar apelam a conversações

AFP/ABC - Domingo, Novembro 26, 2006. 7:24pm (AEDT)

O Primeiro- Ministro de Timor-Leste diz que o comandante militar apelou ao diálogo com o líder amotinado Major Alfredo Reinado, que está em fuga por assassínio e posse ilegal de armas.

Reinado reiterou também o seu apelo ao diálogo quando interveio num seminário mas não foi preso por tropas internacionais que estiveram também presentes, disse uma testemunha.

O Primeiro-Ministro José Ramos Horta diz que Reinado não foi preso porque o comandante militar apelou a um diálogo.

"Porque houve um desejo do Brigadeiro General Taur Matan Ruak para um diálogo com ele, de modo a que possa regressar à base e entregar-se, o Governo está a dar-lhe uma outra oportunidade," disse aos jornalistas em Dili.

O Dr Ramos Horta disse que tal diálogo visava levar Reinado a entregar-se e a "contribuir para a justiça ". "Mas ele não deve pensar que é a pessoa mais importante no presente, há muitas matérias a que temos de responder além de falar com ele," disse.

O Dr Ramos Horta, que na Sexta-feira urgiu às tropas para prenderem Reinado, não elaborou.

Intervenção no Seminário

No Sábado, Reinado apelou ao diálogo quando interveio num seminário na cidade de Suai onde estiveram presentes soldados Australianos e Portugueses, disse uma testemunha.

"Fiz esta aparição porque havia um desejo do governo para um diálogo, mas não veio um único líder [do governo]," citou o jornalista Jeferino Bobo.

Quando lhe foi perguntado se temia a prisão, Reinado manteve-se desafiante.

"Estas pessoas que estão à frente dos vossos próprios olhos, vocês não prendem," disse. "Porque é que eu, que nem sequer fui considerado culpado por um tribunal, é um homem que está a ser perseguido e caçado?"

A ONU no mês passado pediu que o antigo primeiro-ministro Mari Alkatiri e outros membros de topo do seu governo sejam criminalmente investigados num relatório sobre a violência de Abril-Maio que deixou mortas 37 pessoas.

Não houve detenção

Apesar de vestido à civil, Reinado foi escoltado por dois guardas pessoais armados, ao mesmo tempo que um soldado Português e dois soldados Australianos não se mexeram para o prender.

Acredita-se que está escondido numa base secreta perto da cidade de Suai com cerca de 10 seguidores.

O Governo Timorense pediu a Reinado, a quem acusou de assassínio, para se render a tropas Australianas.

Ele foi preso em Agosto com acusações de posse de armas, apesar de promessas do seu grupo que tinham entregue as suas armas às tropas Australianas, que foram destacadas a seguir ao desassossego de que Reinado foi culpado.

Pouco depois, Reinado escapou-se duma prisão de Dili juntamente com mais de outros 50 presos.

Em Maio, Reinado liderou um grupo de tropas desertoras e foi acusado de desencadear desassossego civil que matou 21 pessoas. A violência levou ao destacamento duma força internacional liderada pelos Australianos.

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Traduções

Todas as traduções de inglês para português (e também de francês para português) são feitas pela Margarida, que conhecemos recentemente, mas que desde sempre nos ajuda.

Obrigado pela solidariedade, Margarida!

Mensagem inicial - 16 de Maio de 2006

"Apesar de frágil, Timor-Leste é uma jovem democracia em que acreditamos. É o país que escolhemos para viver e trabalhar. Desde dia 28 de Abril muito se tem dito sobre a situação em Timor-Leste. Boatos, rumores, alertas, declarações de países estrangeiros, inocentes ou não, têm servido para transmitir um clima de conflito e insegurança que não corresponde ao que vivemos. Vamos tentar transmitir o que se passa aqui. Não o que ouvimos dizer... "
 

Malai Azul. Lives in East Timor/Dili, speaks Portuguese and English.
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